O Canto da Fénix Negra escrita por Morgana Bauer


Capítulo 6
A Felicidade Não Dura Para Sempre


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o sexto capítulo. Espero que gostem.



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Capitulo VI

A Felicidade Não Dura Para Sempre

-É bom ter-vos de volta! – Disse Remus olhando os amigos.

-Acredita Monny, é bom estar de volta! – Replicou Sirius com um sorriso nos lábios.

Estavam os três sentados debaixo da mesma árvore onde se costumavam sentar no seu tempo de estudantes.

Dois dias se haviam passado desde o regresso de Sirius. Nesse período houvera muita conversa para por em dia e muitas histórias para recordar.

Harry trazia sempre um sorriso a iluminar-lhe o rosto: aqueles que ele mais amava estavam com ele e até Voldemort parecia estar a dar-lhes uma trégua. Não haviam registos de ataques, o que, embora trouxesse algumas preocupações, era também positivo.

Nesse momento, Lily surgiu acompanhada por Hermione.

-Então… - Riu Sirius – As duas bruxas mais inteligentes que já conheci resolveram juntar-se! Não vai surgir daí coisa boa!

-Oh, Sirius, pára lá com isso! – Disse Lily a rir.

-Tudo bem, tudo bem! – Respondeu-lhe o outro erguendo os braços no ar – Então Hermione, vais ter de me contar o que é que vocês têm feito nestes últimos tempos, desde aquela vossa incursão ao Ministério!

A jovem lançou-lhe um sorrisinho amarelo e depois disse:

-Bem, uma das últimas coisas que aconteceu foi o ataque a Hogwarts! O Dumbledore não estava cá, nem o Harry e as coisas pareciam que iam mesmo correr mal!

-Exactamente! – Confirmou Remus – Mesmo com a Ordem cá as coisas estavam muito mal paradas! A verdade é que Voldemort está cada vez mais forte! Mesmo que não estejam a ocorrer ataques ele deve estar a preparar qualquer coisa!

Todos olharam para ele.

-Ele tem de ser parado! – Declarou Sirius – Esta guerra já dura há tempo demais!

-Todos nós concordamos com isso, mas o que é que podemos fazer? - Remus inquiriu o amigo – Nós…

-Harry! – Interrompeu Sirius vendo o afilhado aproximar-se.

-Oi! – Disse o moreno recém-chegado. – Então temos aqui uma reunião e ninguém me avisou?

-Oh! Até parece! – Riu Sirius – Agora falando de assuntos sérios, que nestes dois dias ainda não tive tempo de ter esta conversa contigo: o que é que te passou pela cabeça para ires daquela forma para o Ministério?

-Eu sei, eu sei o que me vais dizer! Mas o que é que queres?! Tu estavas a ser torturado! Eu só conseguia pensar em tirar-te de lá!

Sirius sorriu.

-Eu entendo isso! Eu não sou propriamente um bom modelo a seguir quando se trata de cumprir regras, mas tens de tomar cuidado! Aquilo foi muito arriscado, foi mesmo muito arriscado!

Levantou-se e passou os braços em torno dos ombros do mais novo.

-Ainda vais ter de me contar como é que soubeste do regresso dos teus pais!

Harry riu ao lembrar-se de como tudo se passara. Fora há tão pouco tempo atrás! Olhou para os pais e começou a contar como tudo se tinha passado. Quando chegou à parte de contar do castigo foi Lily quem se pronunciou:

-Aquela…ai! Que vontade!

-Calma ruiva! – Disse James – Já passou! Aquela megera já não está cá! – Depois acrescentou baixinho de forma a que apenas Harry e Sirius o pudessem ouvir – Nem vai estar durante um bom tempo!

Harry ergueu uma sobrancelha, Sirius apenas sorriu. Remus, embora não tivesse ouvido também sorriu. Ele sabia o que James havia feito. Não era da sua natureza concordar com “vinganças” como a que ele tinha feito, mas entendia o porquê daquela atitude.

-Harry, soubeste alguma coisa do Draco? Desde que regressaram que ele tem estado na enfermaria e ninguém diz nada a respeito dele! - Hermione perguntou ao amigo mudando subitamente de assunto.

-Não muita coisa! A madame Pomfrey não me diz mais nada para além de que ele irá recuperar em breve! Mas eu acho que há mais qualquer coisa. O Snape anda estranho!

-O Harry tem razão! – Disse Remus pensativo – O Severus tem de facto andado estranho. Preocupado.

-Acham que o rapaz não melhorou? – Perguntou Lily.

-Eu gostava era de entender porque é que ele fez o ritual! Eu nunca falei com ele na minha vida, porque é que ele me iria ajudar?

-O Dumbledore diz que nós lhe devemos dar uma oportunidade. – Disse Hermione. – O Draco sempre foi tão…

-Parvo, idiota, mimado… Queres mais adjectivos? – Harry interrompeu a amiga.

-Harry! – Repreendeu-o Lily.

-Desculpa! Aquilo que eu quero dizer é que ele sempre foi um grandessíssimo idiota. Mas à algo diferente nele! O Draco Malfoy que nós conhecíamos nunca ajudaria o Sirius, ele nunca ajudaria ninguém para além dele próprio!

Remus concordou - Lily, eu também conheci o Draco quando estive a dar aulas e aquilo que o Harry diz é a mais pura das verdades! Ele era um daqueles meninos mimados habituado a ter tudo aquilo que sempre quis. Aconteceu qualquer coisa para aquele rapaz ter mudado tanto. E até eu estou curioso sobre o que foi!


“Sol. Está muito sol!” Foi a primeira coisa que Draco pensou quando despertou na enfermaria da escola. Tentou mover-se mas o seu corpo parecia não lhe querer obedecer. Estava cansado… tão, mas tão cansado!

-Finalmente despertou! – A voz de madame Ponfrey chegou-lhe aos ouvidos. Quando se tentou virar na direcção dela, a mulher acrescentou – Descansa! O teu corpo ainda está muito fraco, precisas de algum tempo para recuperar!

-Resultou? O ritual? Ele… resultou? – Essa dúvida assolou-lhe a mente. Se o ritual não tivesse resultado o mais provável seria ele ser mandado para o Ministério.

-Sim! Resultou! Agora preciso de te fazer mais exames! Os teus níveis de magia estiveram perigosamente baixos, tenho de confirmar que não terás nenhuma sequela!

O rapaz concordou. Com algum custo sentou-se na cama, sendo auxiliado pela velha enfermeira. Ela apontou-lhe a varinha e foi dizendo um a um todos os feitiços necessários. Quando por fim se deu por satisfeita, conjurou um tabuleiro que tinha um prato de sopa fumegante.

Draco apercebeu-se então que estava com fome. Parecia-lhe que não comia há dias.

-Madame Pomfrey! Há quanto tempo é que eu estou aqui?

-Dois dias, meu rapaz! Dois dias! – Respondeu-lhe ela enquanto deixava a enfermaria.

“Dois dias inconsciente! Isso é muito tempo para estar assim! Não admira ter tanta fome!”


Nas masmorras do castelo, o professor de poções andava de um lado para o outro com uma carta nas mãos. A preocupação estava espelhada no seu rosto.

“Raios! Ultimamente as coisas andam a complicar-se cada vez mais!”

A carta era de Lucius. Embora este nem suspeitasse do envolvimento de Severus na fuga do filho, ele estava a contar com a ajuda do “amigo” para encontrar o rapaz.

-Severus! - A voz de madame Pomfrey fez-se então ouvir pelo aposento, oriunda de um pequeno espelho que estava sobre a secretária – Tenho boas notícias. O sr. Malfoy acordou e pelos exames que já fiz ele parece-me estar bem! O ritual não lhe trouxe quaisquer consequências irreversíveis.

“Pelo menos isso, graças a Merlin!” Pensou ele, mas o que disse em voz alta foi:

-Muito bem, eu irei vê-lo assim que puder! – “O que vai ser bem rapidamente!” Acrescentou mentalmente.

A mulher voltou aos seus afazeres mas quando ele se preparava para deixar a divisão uma dor na marca negra que carregava no seu braço esquerdo tomou conta da sua atenção.

“Bolas! Só me faltava mais esta para alegrar o meu dia!”

Deixou as masmorras mas ao invés de caminhar para a enfermaria como era sua intenção, dirigiu-se até aos aposentos do director. Conhecia o Lord das Trevas suficientemente bem para saber que aquilo não fora uma convocatória, mas sim um aviso! Um aviso de que estava muito “temperamental”. E isso, pensou Severus enquanto subia as amplas escadarias, não era de todo um bom sinal!


-Porque é que nós não podemos ficar em Hogwarts com eles? – Ron e Ginny encaravam ambos a mãe.

-Nós já conversámos acerca deste assunto! O Harry precisa de estar sozinho com os pais. A escola começa dentro de uma semana, e vocês terão tempo de estar juntos.

-Mas mãe… - A rapariga ainda tentou argumentar mas a mãe não lhe deu hipóteses.

-Não! Nos dias que correm nem sabemos se chegaremos ao amanhã vivos! Eu só quero a minha família reunida! – Algumas lágrimas começaram a aparecer-lhe no canto dos olhos – Quase vos perdi quando resolveram fazer aquela viagem ao Ministério da Magia! Eu só quero ter a minha família aqui! Comigo…

-Mãe… – Ron tentou falar,

-Eu não consigo…

-Mãe! Tem calma! Respira! Vem! – Os dois jovens conduziram-na até uma cadeira – Nós sabemos que é difícil para ti não nos ter a todos aqui, especialmente nesta altura. Tu tens razão em querer que nós fiquemos juntos. Eu e a Ginny entendemos isso. Nós não voltamos a falar deste assunto!

A mulher pareceu acalmar-se ao ouvir as palavras do filho. Ron apontou para a porta com a cabeça e depois saiu da sala seguido pela irmã.

-Estavas a falar a sério? Quando disseste que não voltarias a falar do assunto?

Ele olhou para ela e respondeu:

-Sim! A mãe tem razão! Nós não sabemos o que nos pode acontecer a qualquer momento, é normal ela querer ter-nos por perto. E depois, só falta uma semana até irmos para Hogwarts, depois podemos estar com eles!

-Bem maninho – Disse a ruiva a sorrir – não te imaginava assim tão carinhoso!

-Deixa-te disso! – Disse lhe ele na brincadeira.

Ela mostrou-lhe a língua e pôs-se a correr na frente dele.

-Ginny! Deixa-te disso. Temos de ir “desgnominizar” o jardim! – Disse ele com cara de tédio.

Mas a rapariga não lhe deu ouvidos e continuou com a brincadeira. Por fim ele rendeu-se e juntou-se a ela. Da entrada da porta, Molly via os filhos. Limpou discretamente uma lágrima teimosa com a ponta do avental e depois voltou aos seus afazeres com uma pontada de orgulho a brotar-lhe no peito.


-Temos de começar a pensar num sítio para vivermos! – James expressou por alto uma preocupação que lhe ia na mente há algum tempo.

Lily concordou com ele e até Sirius deixou aquilo que estava a fazer.

-É verdade! Quando as aulas recomeçarem nós não poderemos ficar aqui! E não me parece muito bem abusarmos da generosidade da Molly e do Arthur!

-Bem, a vossa casa em Godric’s Hallow ficou destruída e deve levar algum tempo a reconstruir! Podíamos ficar em Grimauld Place, mas eu continuo a odiar aquele sítio! – Disse Sirius pensativo. A perspectiva de voltar para aquela casa não lhe agradava em nada mas, pelo menos teria a companhia dos amigos.

-Então, ficamos em Grimauld Place! Podíamos pensar em encontrar um apartamento, mas não me parece que essa ideia seja do agrado de todos! – James levantou-se e começou a andar de um lado para o outro. – E quanto a trabalho? Já sabem alguma coisa sobre isso?

-Nem por isso. – Lily olhou para o marido – James, pára de andar de um lado para o outro! Tenho a certeza que o Dumbledore há-de ter pensado em qualquer coisa…

Tinham deixado os jardins e caminhado até aos aposentos onde estavam as suas coisas. Lily olhou em seu redor com tristeza. Há 16 anos atrás tinha uma vida construída: tinha um marido e um filho que amava, bons amigos, uma casa e um emprego de que gostava. Tinha tudo para ser feliz. De um momento para o outro, um louco destruíra isso tudo, fazendo-os viver primeiro num clima te terror para depois lhes tirar a vida. Agora estavam de regresso mas o medo não desaparecera e as coisas pareciam teimar em não se compôr!


Severus estava sentado no gabinete do Director. Albus Dumbledore estava de pé, junto da janela, observando a vista sem de facto prestar atenção ao que estava em frente aos seus olhos. Nos seus olhos, onde habitualmente se via um brilho enérgico, podia ver-se o cansaço que se apoderava dele.

-As coisas estão a ficar cada vez mais arriscadas, Severus! No entanto, o fim chegará! Eu sei disso!

-Gostava de ter a sua confiança! Eu não vejo nenhum fim para esta guerra! O Lord das Trevas está cada vez mais poderoso.

-Confia em mim meu caro, confia em mim! Neste momento não te poso dizer mais nada, existem certas coisas que ainda não são mais do que as conjecturas da mente de um velho, mas só te posso pedir que continues com o teu trabalho, mesmo sabendo o que isso implica!

Os olhos do professor de poções encontraram-se com os do bruxo mais velho. Nos olhos azuis de Albus a pena e o arrependimento bailavam. Pena por ver alguém com quem se preocupava numa situação em que a morte podia vir ao seu encontro a qualquer momento, e arrependimento por, em parte, ser responsável por isso.

-Você sabe que eu continuarei com a minha função! Aconteça o que acontecer!

-Tens alguma ideia de quando será a próxima convocatória?

Severus abanou a cabeça e depois disse:

-Será em breve, isso posso assegurar-lhe! Ele está demasiado irritado ou feliz com alguma coisa. Vai querer descontar em alguém… – Uma sombra passou pelos olhos do professor de poções e o director entendeu imediatamente o que se estava a passar.

Snape levantou a manga esquerda das vestes e lá estava a marca negra, ligeiramente vermelha. Estava na hora, Voldemort convocara-o!

Deixou a sala em passo apressado sem dizer mais nada. Precisamente naquele momento Harry, que caminhava em direcção à biblioteca com Hermione, levou a mão à testa e não conseguiu controlar um grito de dor.


-Harry, estás bem?

Harry e Hermione caminhavam lado a lado rumo à biblioteca. Depois de muito argumentar, a rapariga convencera-o a ir com ela. Fora bastante complicado arrancá-lo da companhia dos pais e do padrinho!

-Harry, estás a ouvir-me? – Na voz de Hermione denotava-se preocupação.

O amigo olhou para ela, mas os seus olhos estavam desfocados. E então, do nada, ele levou as mãos à cicatriz e gritou antes de cair desmaiado no chão.

A rapariga procurou ajudar o rapaz. Não conseguiria pegar nele, por isso levitou-o e caminhou rapidamente até à enfermaria. Entrou lá em passo acelerado chamando por madame Pomfrey sem sequer ligar para Draco que lhe lançou um olhar curioso.

A mulher saiu disparada do seu gabinete sem entender o porquê de tal desacato na sua enfermaria. Quando viu o que se passava ajudou a rapariga a deitar Harry e depois começou a lançar-lhe uma bateria de feitiços enquanto perguntava a Hermione:

-O que é que se passou com ele?

-Eu… não sei! Nós íamos a caminho da biblioteca e de repente ele levou as mãos à cicatriz e desmaiou!

A mulher deitou uma nova mirada ao rapaz antes de se levantar e caminhar apressadamente até ao seu gabinete. Contactou Dumbledore e depois voltou para junto dos jovens.

-Infelizmente não há muito que possamos fazer! – O seu tom era sério. – Temos de esperar até que ele acorde e nos conte o que aconteceu!

Passado alguns minutos, James e Lily irromperam pela enfermaria, seguidos de perto por Sirius e Dumbledore.

-O que é que lhe aconteceu? – Perguntou a mãe do rapaz com a preocupação estampada no rosto.

-De novo a cicatriz? – Perguntou Dumbledore olhando seriamente para o aluno inconsciente.

-Parece que sim! Mas desta vez foi mais grave. Lembro-me que o ano passado ele veio cá algumas vezes pedir-me uma poção para as dores de cabeça, mas ele nunca tinha chegado a desmaiar!

Lily e James encaram-se preocupados ao ouvir a mulher.

-Nós sabemos que as dores que ele sente na cicatriz estão ligadas com as emoções de Voldemort. Se o Harry desmaiou então apenas podemos esperar o pior pois parece-me que isso só pode ter um significado: Voldemort está demasiado feliz!

Todos os presentes encaram o director. Ele tinha razão: aquilo não era mesmo nada bom!


-O fim aproxima-se! Esta guerra está prestes a terminar e nós iremos vencer! – Sentado no seu imponente trono, Lord Voldemort falava para os seus seguidores. Todos os Death Eathers encararam o seu senhor com expectativa. Vendo isso ele continuou – Já conseguimos penetrar as barreiras de Hogwarts uma vez. Agora iremos repetir essa proeza! Atacaremos o castelo com toda a nossa força, e destruiremos quem quer que se atravesse no nosso caminho. As aulas estão prestes a começar. Aquelas pobres criancinhas nem sonham o que as espera na sua amada escola!

Risos ecoaram por toda a sala. Severus juntou-se ao coro de gargalhadas, não se atrevendo sequer a pensar no quão terrível aquela notícia era.

O Lord ergueu uma mão dispensando todos os presentes. Quando o mestre de poções se preparava para também deixar a sala, foi subitamente chamado.

-Severus, aguarda um momento! – Voldemort levantou-se e caminhou até uma antecâmara. Foi prontamente seguido sem precisar de dizer algo.

-Mestre! – Disse Severus enquanto se ajoelhava em frente ao seu Lord e baixava o olhar.

-Diz-me, tens algumas novidades para mim acerca daquilo que se passou na batalha que se desenrolou em Hogwarts há alguns meses?

-Não, meu Senhor! Nem mesmo Dumbledore fez alguma descoberta a respeito disso!

Voldemort caminhou em seu redor não deixando de o observar por um momento que fosse. Snape sabia que a sua mente estava a ser revirada de uma ponta a outra em busca de informações, mas sabia também que por mais que procurasse o outro não encontraria nada.

-E em relação ao filho do Lucius? Que eu me lembre tu e ele tinham uma relação bastante próxima. Ele não te contactou, nem te disse o que estava a planear fazer?

-Não, meu Senhor! Ele nunca mencionou isso para comigo!

-Severus, Severus, porque é que será que de repente eu não estou a acreditar em ti?

-Meu Senhor, eu estou a dizer a verdade! – Severus sentiu uma nova intrusão na sua mente.

-Posso ver na tua mente que sim, no entanto também sei que és um oclumens exímio.

Nenhum movimento foi executado da parte do homem ajoelhado. Nem enquanto o outro lhe revirava a mente, nem quando este ergueu a varinha. Sabendo aquilo que o aguardava cerrou os dentes e preparou-se para aguentar a dor que não tardou a chegar.

-Severus, espero que este tempo que tens passado em Hogwarts não te tenha posto ideias de liberdade na cabeça! – Como não obteve resposta continuou – Mas não te preocupes, em breve não precisarás de voltar àquela escola!

O Senhor das Trevas continuou a rodear o homem caído.

-Tu és um dos meus mais fiéis seguidores. Dumbledore nem suspeita que alguém tão próximo dele possa estar sob o meu domínio. – Uma gargalhada ecoou – E quando ele souber vai ser tarde demais. A sua amada Hogwarts vai ser atacada a partir do interior! Eles nem vão saber o que os atingiu!

Deixando o professor de poções estirado no chão, Voldemort deixou a sala. “Tenho de sair daqui!” Pensou Severus Snape enquanto a custo se levantava do chão. “Tenho de sair daqui!”


-Harry! – Lily pulou da cadeira em que estivera sentada ao ver o filho tentar abrir os olhos. – Finalmente despertaste!

Harry tentou olhar em seu redor para perceber onde estava.

-Que susto que nos pregaste rapaz! – Disse Sirius aproximando-se com James da cama do afilhado.

-O que é que aconteceu? – Perguntou Lily passando carinhosamente a mão pelos cabelos revoltos do filho. – A Hermione contou-nos que num momento estavas bem e depois desmaiaste!

-Dumbledore! Eu … preciso de falar… com ele! Hogwarts corre perigo!

Os dois antigos Marauders e Lily entreolharam-se.

-Vamos chamar o Dumbledore! – Disse James enquanto se virava para a porta. No entanto ele não necessitou de deixar a divisão pois o director entrou em passo apressado.

Este não olhou para ninguém, excepto para Madame Pomfrey que escolhera aquele preciso momento para deixar o seu escritório.

-Severus? – Murmurou a mulher.

Dumbledore pura e simplesmente acenou com a cabeça e ambos deixaram a enfermaria em passo apressado.

-O que é que se passou aqui? – Perguntou Lily olhando ora para o marido ora para o amigo.

-Snape! – Exclamou Sirius. E depois esclareceu – Deve ter vindo de uma “reunião” de Death Eathers. As coisas não devem ter corrido bem!

Alguns minutos se passaram até que Madame Pomfrey e Dumbledore voltassem, acompanhados desta vez pelo professor de poções que estava inconsciente.

-Deite-o naquela cama! – Ordenou a enfermeira, ao mesmo tempo que pegava na sua varinha e em alguns frascos de poções.

Ela aproximou-se da cama e foi murmurando feitiços à medida que ia administrando as poções correctas.

A respiração do homem desmaiado estava acelerada mas à medida que a mulher trabalhava foi acalmando.

-Como é que ele está? – Perguntou Draco. O jovem tinha-se aproximado e estava agora junto a Sirius.

-Não muito bem! – Murmurou a enfermeira sem desviar a atenção do paciente. – Mas já o vi em pior estado!

Aos poucos, Snape foi recuperando a consciência. Por vezes o seu corpo ainda se contorcia num espasmo involuntário mas já conseguia manter os olhos abertos.

-Severus! Consegues ouvir-me? – Perguntou o director calmamente.

Um aceno indicou que sim, o mestre de poções estava a ouvi-lo.

-Um ataque… ele está a planear um ataque a Hogwarts! – Murmurou o espião um pouco a custo.

-Isso era algo com o qual já contávamos! – Disse o director.

-Passa-se mais alguma coisa! Voldemort estava muito feliz. Eu pude senti-lo! – A voz de Harry fez-se ouvir.

-É… verdade… Este ataque vai ser feito… a partir do interior!

-A partir do interior? Como assim? – Questionou Sirius.

-Não sei… Ele não deu nenhuns pormenores! Mas por aquilo que deu a entender, ele pretende infiltrar alguém no castelo!

-Isso é impossível! Como é que ele pretende infiltrar cá alguém? – Perguntou Lily.

-Infelizmente não é impossível! Aquilo que aconteceu durante o Torneio dos Três Feiticeiros prova-nos exactamente isso!

-E o que é que vamos fazer? – Sirius interpelou Dumbledore. Este olhou-o por algum tempo sem se pronunciar. Por fim, no tom cansado de quem já viveu muito e sabe de mais disse:

-É certo que temos de fazer algo! Não pudemos deixar os alunos desprotegidos. – Parou por momentos. – Neste momento só vejo uma solução possível para esta situação!

Todos o observaram expectantes. Ele não se fez rogado e continuou a expor o seu plano:

-Mas para o pôr em prática preciso da colaboração de todos vocês!

Os presentes encaram-se. O tom do velho director era sério por isso James disse:

-Pode contar connosco para proteger Hogwarts! Este sítio é como a nossa casa!

-Muito bem! A melhor forma de combatermos um infiltrado, é infiltrarmos nós alguém!

-Como assim? – Desta vez foi Pomfrey quem interrompeu o director.

-Os professores não conseguirão manter uma vigilância completa no castelo. Por mais que nos esforcemos, existem sempre coisas que nos escapam. – Nesse momento lançou um olhar repleto de significados a James e a Sirius – Se Voldemort pretende infiltrar um Death Eater como estudante ele terá de contactá-lo. Alguém, infiltrado como aluno, terá mais hipóteses de descobrir se isso se passa do que um professor!

Harry olhou para o director. Infiltrar alguém como aluno? De que é que serviria? Tudo bem, os alunos ficariam mais protegidos mas, como é que o “infiltrado” poderia saber quem era o espião? A não ser que Dumbledore…

-Você desconfia de alguém? Desconfia que ele queira infiltrar alguém em particular?

Dumbledore olhou Harry com os seus olhos azuis a brilhar.

-Sim Harry! Neste momento posso dizer que tenho uma desconfiança! Mas será melhor guarda-la para mim, pelo menos por hora.

Resolveram respeitar a vontade do velho director e instalou-se então na enfermaria um silêncio perturbador.

-Quem irá fazer isso? – Perguntou Madame Pomfrey que até então não se tinha pronunciado – Será algum Auror do Ministério?

Os olhos de Dumbledore voltaram a brilhar ante aquela pergunta. Virando-se na direcção de James e Sirius perguntou:

-O que me dizem de voltar a ter aulas?

-Nós?! – Perguntou Sirius incrédulo. Só podia estar a ouvir mal. Aquilo significava que… que ele não teria de voltar para aquela horrível casa! Que ele voltaria para aquele que fora o seu …lar! – Mas não seria melhor Aurores do Ministério?

-Tu e o James são Aurores treinados, e parece-me que ainda não existe ninguém que conheça o castelo como vocês! É claro que temos de discutir alguns pormenores, mas vocês parecem-me as pessoas indicadas!

Os dois amigos entreolharam-se. Aquela não era de todo uma má proposta. Não era mesmo!


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Notas finais do capítulo

E este foi o sexto capítulo.
Por favor, deixem a vossa opinião, acreditem que é mesmo muito importante para mim saber o que estão a achar. Porque... bem, eu sei que existem várias pessoas a ler, mas gostava de saber se estão a gostar e o que posso fazer para melhorar. Eu prometo lê-los todos com o maior carinho, e responder assim que possível =)
Bem, é tudo

Kisses e... comentem
Morgana Bauer



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