Acontece no Verão escrita por Joice Santos


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Amores da minha vida! Aqui está um novo e pequeno projeto meu. Espero que gostem. É meu presente de Natal pra vocês♥
Quero dedicar essa história primeiramente a vocês, minhas leitoras maravilhosas, e depois pras duas amigas que amo mais que lasanha: Heloá e Gracieli. Lolo, obrigado pelo apoio que sempre me deu, não só nas fics como também em relação as coisas da escola/faculdade. Você é minha diva e inspiração! Graa, minha vida, minha super incentivadora! Obrigado pelas conversas infinitas no telefone. Amo vocês, garotas!
Então, vamos lá?

E FELIZ VÉSPERA DE NATAL, FLOREES! o/



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Sempre pensamos que temos todo tempo do mundo. Que a vida está daquela forma e continuará assim para sempre. Se estiver perfeito continuará perfeito e se estiver ruim quem sabe pode melhor. Mas nem sempre é assim. Às vezes a vida nos prega uma peça.

E a vida nos pregou uma peça.

Eu e Rosalie namoramos há 2 anos. Sempre fomos amigos, desde que me entendo por gente! Mas era só isso. Duas crianças andando de bicicleta e correndo pelas ruas geladas de Forks.

Quando ela completou 12 anos seus pais resolveram se mudar para Nova York. Coisas do trabalho militar do senhor Hale, foi o que eles disseram. Então numa manhã chuvosa de Forks, coisa comum por aqui, eles se foram levando a garota de cabelos dourados, que eu começava a descobrir que amava, e seu irmão mais velho Jasper, meu melhor amigo.

Foram anos difíceis sem eles por aqui. No começo eu não queria saber de ninguém e talvez tenha sido isso que tenha feito minhas notas caírem. Mas meu irmão mais velho, Edward, me fez entender que a vida tinha dessas coisas. Pessoas vêm e vão, temos que nos conformar. E foi com os conselhos dele e a animação da minha irmã caçula saltitante, Alice, que consegui seguir em frente.

Queria poder ter mantido contato com Rosalie e Jasper após a mudança, mas isso não aconteceu. Eles não nos enviaram o número do novo telefone, nem endereço para mandar cartas. E como ainda éramos crianças, email não era uma coisa lá que usássemos com frequência, na verdade nem mexíamos em computadores a não ser para jogar. Então nunca soube se Rosalie criara uma rede social para ficar comunicável. Comunicável comigo.

E foram 3 anos assim, sem notícias nenhuma.

Numa tarde, nas férias de verão, aproveitando o pouco de sol, eu e Alice jogávamos no quintal de casa. Basebol. Alice arremessava com bastante força para uma anã de jardim, como eu sempre a chamava. E eu rebatia com mais intensidade ainda a fazendo ir buscar a bolinha muitas vezes na casa do vizinho ao lado.

Enquanto Alice voltava resmungando com a bolinha nas mãos, o carteiro acenou parando na porta de nossa casa. Ela correu até ele e voltou com um envelope branco nas mãos.

-De quem é Alice? –perguntei, me aproximando enquanto girava o taco de basebol em uma das mãos.

-Não sei, não tem remetente. – ela deu de ombros, virando a carta de um lado para o outro procurando. – Mas é pra você.

Atrás da carta, com letras bem desenhadas, estava escrito meu nome.

Porque um garoto de 15 anos receberia uma carta? – pensei.

Peguei o envelope e abri, Alice esticou o pescoço, tomada por sua curiosidade contínua, tentando ler.

-Dá licença, Alice. Desde quando você sabe ler, anã? – perguntei, virando de costas para ela.

-Emmett, eu já tenho 8 anos sabia? Sei ler faz tempo. – ela respondeu empinando o nariz.

Eu ri e desdobrei o papel. Era uma folha creme, de caderno, cheia de florzinhas nas laterais. Ótimo, agora as garotas do colégio vão ficar me mandando cartas?

A caligrafia era delicada e, na carta, dizia:

“Olá, Emmett.

Sei que deve estar achando

tudo isso muito estranho.

Imagino sua cara se perguntando

quem está lhe mandando uma carta.

Bom, isso você logo saberá.

Estou chegando.

Com amor...

Alguém que sente saudades.”

-Emmett tem namorada, Emmett tem namorada! – Alice começou a saltitar cantarolando.

Mas eu não estava entendendo nada. Quem poderia ser? Sente saudades de mim? A única pessoa que eu esperava que sentisse minha falta estava a quilômetros de distancia e jamais voltaria para cá.

-Emm, quem é sua namorada secreta, hein? – a baixinha pulou do meu lado, olhando a carta e depois para mim. Conhecendo minha irmã ela estava tentando decifrar qualquer dica que pudesse transparecer por meu rosto.

-Não enche Alice! – Dobrei o papel e guardei no bolso. Entrei em casa e ela veio me seguindo, mas assim que viu a mamãe cozinhando o almoço foi logo para cozinha bisbilhotar.

-Mãe, sabia que o Emm tem uma namorada secreta? E ela está chegando aqui. – Alice tagarelou, ajoelhada na cadeira se debruçando sobre a mesa para tentar roubar as batatas fritas que mamãe havia acabado de preparar.

-Tira a mão daí, coisinha pequena. – Dona Esme deu um tapinha na mão dela e vi um bico se formar em seus lábios. – E que história é essa de namorada, Emmett? – Ela parou de mexer algo na tigela e me encarou antes que eu saísse de fininho da porta da cozinha.

-Não é nada, mãe. Alice está inventando. –revirei os olhos.

-É sim! Mostra a carta para ela, vamos mostra.

Censurei a baixinha com o olhar e ela apenas se encolheu.

-Que carta? – mamãe se aproximou, limpando as mãos no avental e estendendo uma para mim. Entreguei o papel pra ela, sabendo que não haveria como fugir.

-Deve ser alguma daquelas garotas do colégio. As meninas são loucas pelo meu filhote. – Mamãe me puxou num abraço e beijou minha cabeça, depois que leu.

-Mãe, não me chama assim. –pedi envergonhado e vi Alice se desdobrando de rir na cadeira.

-Mas você é meu bebê, Emm. Sempre vai ser. E você também, mocinha. –Ela foi até Alice e apertou as bochechas dela. O sorriso doce da minha irmã era uma das coisas que eu mais gostava de ver. –Agora vão subir e se trocarem para o almoço. Olha a cor das roupas de vocês!

-Sim, senhora. – bati continência para ela, que riu. Devolvi o sorriso para minha mãe, a melhor mãe do mundo e mulher mais doce que já conheci, e subi as escadas, seguido por Alice.

Tomei um banho rápido, estava soado por causa do jogo. Assim que saí do banheiro, de bermuda e secando os cabelos com a toalha, dei de cara com a anã sentada em minha cama balançando as pernas magricelas.

-O que está fazendo aqui, anã? – perguntei, olhando confuso para ela.

-Enquanto eu tomava banho comecei a pensar em uma coisa, Emm. – ela começou, mexendo num fio solto da colcha que cobria minha cama, e eu revirei os olhos.

-Não me venha com seus pensamentos filosóficos e suas perguntas constrangedoras agora, Alice. – a cortei, indo procurar uma camiseta no guarda-roupa.

-Shii, me deixa terminar. Eu não vou te perguntar de novo de onde vêm os bebês. Até porque a mamãe já explicou. – Ri de leve sacudindo a cabeça. Minha irmãzinha curiosa e inconveniente. – Eu pensei e se for a Rose quem te mandou a carta? Ela foi embora faz tempo e eu era muito pequena, mas eu me lembro dela. Vocês eram tão amigos. Talvez ela venha te visitar!

Alice concluiu e eu a olhei. Ela tinha um sorriso esperançoso. Mas eu não. Minha cara estava de desacreditado. Rosalie não voltaria, jamais, nunca. Eu tinha que aceitar. Já fazia tanto tempo...

-Ela não vai voltar Alice. Nunca mais. -Falei seco, ficando irritado por quererem me dar esperanças para uma coisa que eu tinha certeza que não voltaria pra mim. Vesti uma camiseta branca e saí do quarto. – Vamos almoçar logo. – a chamei da porta.

Durante o almoço, mamãe e papai notaram que eu estava nervoso e Alice já quis tagarelar o porquê. Mas eu não deixei. Ela engoliu seco assim que viu meu olhar. Terminei de comer e fui para o quarto, me jogando na cama. Não queria pensar nela ou em Jasper. Na falta que eles me fizeram durante esses 3 anos. Eu já estava acostumado com a ausência deles.

Olhei para a parede ao lado, vendo o mural de fotos. Eu, alguns amigos do colégio nos bailes dos alunos, Alice fazendo caretas, mamãe e papai na noite de Natal com meus avós, até Edward e sua namorada Bella estavam ali. Todos aquelas que faziam parte da minha vida. Escondida embaixo de uma foto de Alice e eu posando ao lado de um boneco da neve no último Natal, aparecia a pontinha de uma foto que quis esconder. Fui até o mural e a tirei dali, absorvendo os detalhes e as lembranças que aquela imagem me proporcionava.

Eu, Rosalie e Jasper. Juntos na praia La Push. Aquele dia era o aniversário de 14 anos do Jazz, o último que ele passou aqui. Nossas famílias se reuniram e armaram toda uma festa surpresa. Ideia da Rose é claro. Assim que consegui levar o Jazz até a praia, todos estavam embaixo de uma tenda com balões e a dona Carmen, mãe deles, segurava um bolo branco com chantilly azul. A cara de surpresa dele foi hilária! E depois do discurso de agradecimento, Rosalie atirou bolo nele. Acabamos a festa completamente lambuzados e foi assim que saímos na foto.

Aquele foi um dos melhores dias da minha vida!

Mas não tornaria a ser repetir, e disso eu estava convicto.

O resto do dia passou monótono pra mim. Não quis brincar com Alice, nem ir ao treino de hóquei do Edward. Ele agora jogava profissionalmente e era muito bom ir vê-lo treinar, mas hoje não estava a fim de sair.

[...]

Era fim de tarde do dia seguinte. Alice estava pulando corda com as gêmeas filhas dos vizinhos da frente. Eu estava entediado ouvindo música, sentado no degrau da frente da minha casa.

Um carro preto muito bonito passou e o acompanhei com o olhar, vendo-o parar em frente à casa de paredes laranja claras. Era a casa de Rosalie. Talvez alguém a tivesse comprado ou alugado. Isso sempre acontecia, algumas famílias já a alugaram, mas não ficaram mais que alguns poucos meses, Forks não é lá uma cidade muito interessante para se viver.

Ajeitei o boné e voltei a prestar atenção em Alice e suas amigas. O sol não estava forte, mas o dia estava consideravelmente quente e isso era bom. Eu gostava do verão. Ri me lembrando de quando éramos crianças, eu, Jazz e Rose correndo por essa rua. Ela sempre reclamando que o sol a fazia soar e que isso era nojento. Ela adorava o frio, o inverno, a neve caindo, mas também gostava dos raios de sol batendo contra sua pele branca e a aquecendo.

-Ei garoto, sabe se os Cullen ainda moram aqui? – A voz da garota preencheu meus ouvidos e levantei o rosto para olhá-la.

Não era possível eu estar vendo quem realmente estava vendo. A garota alta tinha cabelos dourados que brilhavam conformes as faíscas do sol batiam em suas mechas. A pele branca estava com as maças do rosto coradas. A pinta acima da boca não me deixava enganar. Os lábios vermelhos abertos num sorriso arrasador.

Rosalie Hale estava parada bem ali na frente.

-Rose? –Arfei ainda tonto com sua presença angelical em frente. Tirei o boné, ficando de pé e me aproximando. Ela caminhou alguns passos, cruzando o portãozinho da frente. O sorriso havia sumido e agora sua expressão era... Triste?

-Emm? – meu apelido saiu abafado de sua garganta e logo ela estava chorando com as mãos cobrindo a boca.

Não estava aguentando mais. Cortei a distância que nos separava e a abracei. Meus braços em volta se corpo, agora com belas curvas. Eu a sentia tremendo sob meu abraço e isso fez com que eu apertasse mais.

-Rose, você está aqui. – minha voz saiu embargada e só então percebi que também chorava. Afastei-a milimetricamente, só para poder olhar seu rosto. Os olhos castanhos claros, aquele tom de mel que tanto senti falta, estavam cristalinos com as lágrimas. Brilhavam como joias para mim. Meus dedos percorreram sua bochecha, secando as lágrimas, até alcançaram a pinta no canto da boca. Acariciei ali e ela sorriu em meio ao choro. Ela estava linda, sempre fora, mas agora estava ainda mais perfeita.

-Emm, meu Deus! Você... –ela colocou as mãos no meu rosto sorrindo e eu devolvi o sorriso, apreciando cada detalhe de suas feições delicadas, querendo absorver cada novo detalhe. –Senti falta delas. De você sorrir e elas aparecerem. –Rose acariciou minhas bochechas e sabia que estava se referindo as minhas covinhas. Ela achava que me davam certo charme e eu gostava de rir para que elas aparecessem e deixassem minha garota encantada.

-E eu senti mais ainda falta de você. Nem pode imaginar o quanto. – meus olhos percorriam seu rosto, examinando cada detalhe daquela perfeição. –E agora você está aqui! – sorri abertamente ela e ela também. –Não posso acreditar. Minha Rose... – sussurrei a última frase. Encostei minha testa na dela, nossos olhares presos como se houvesse um fio invisível que não nos deixava desviar.

Se fosse um sonho eu não queria acordar nunca mais. Rosalie Hale, a garota loira, doce e teimosa, com quem eu cresci e brinquei que foi tirada de perto de mim, por quem eu era apaixonado e só percebi quando foi embora. Ela, a minha Rose, estava ali.

-Eu disse que meu irmão tinha namorada! – Escutei a voz da baixinha e me virei, vendo-a apontar para mim e Rosalie sorrindo de nariz empinado enquanto as gêmeas atrás delas estavam de boca aberta.

-Alice, para com isso. – reclamei.

-Viram Meghan e Melissa? Meu irmão tem namorada, meu irmão tem namorada! – ela cantarolou para as meninas que deram de ombros e correram até onde haviam largado a corda de pular e retomaram a brincadeira.

-Vai brincar com suas amigas, Alice. – pedi ficando nervoso e constrangido.

-É a Alice? Sua irmãzinha? Ela cresceu. – Rose falou encantada, olhando para a anã.

-Nem tanto, mas sim é ela.

Rosalie foi até Alice e ficou de joelhos na frente dela, segurando suas mãozinhas.

-Oi Alice, acho que nãos e se lembra de mim, né? Você tinha uns 4 ou 5 anos quando fui embora. – Rose falou, olhando nos olhos da minha irmã.

-Você é a Rose, é claro que lembro. Você era a melhor amiga do meu irmão. Eu falei de você ontem, não foi Emmett? – ela esticou o pescoço para me olhar atrás de Rose. – Ele não acreditou em mim, mas eu sabia que era você. A carta que o Emm recebeu, era sua, né Rose? – Alice tagarelou tudo de uma vez, fazendo Rosalie rir. As duas se abraçaram e Rose ficou de pé.

-Então minha carta chegou? Que bom. E porque não acreditou que poderia ser minha? –ela perguntou, vindo até mim. Segurei sua mão, ainda extasiado com sua presença aqui. Precisava senti-la para ter certeza que não iria embora.

-Porque fazia 3 anos que não recebia notícias suas. Não queria me apegar à esperança de que você poderia voltar e isso não acontecer. – falei, olhando para nossas mãos entrelaçadas. Ela apertou minha mão me dando um sorriso sincero tão lindo. Era indescritível a sensação de tê-la novamente ao meu lado.

-Mas agora eu estou aqui, Emm. E vou ficar pra sempre. – meus olhos se arregalaram e ela riu.

-Isso é sério? – perguntei esperando que não fosse uma brincadeira. Não conseguiria tê-la por algumas horas novamente e depois vê-la sendo arrancada de mim outra vez.

-Super! Posso entrar? Eu te conto tudo. –Ela pediu, olhando para a porta da frente de minha casa.

Sorri para ela e a conduzi até a porta. Entramos seguidos por uma Alice mais animada que o normal gritando “A Rose voltou, mamãe!” como se fosse notícia de manchete. Mas para falar a verdade, pra mim era. Era a melhor notícia do mundo. A garota que tanto senti falta, que achei que jamais fosse voltar a ver ou ter notícias, estava bem ali sentada comigo no sofá de mãos dadas. Eu não a deixaria ir embora, nunca mais.

E foi no sofá da sala de estar da minha casa na presença da minha mãe, pai e Alice, que Rosalie nos contou tudo. Sobre a vida dela em Nova York e a nova mudança de volta pra cá. O pai dela foi transferido de volta para Forks e como só faltavam 2 anos para ele se aposentar ficariam morando aqui permanentemente. Não conseguia parar de sorrir com a notícia, com a presença dela ali. Perguntei de Jasper e ela disse que irmão estava ainda em Nova York, seguindo carreira militar como o pai, mas que viria nos visitar em Forks assim que pudesse e quem sabe não conseguiria ser transferido para cá também.

Quando os pais dela ligaram pedindo que voltasse para casa na hora do jantar fiz de tudo para convencê-la a ficar, o que não foi tão difícil. Falei com o senhor e a senhora Hale pelo telefone e, usando do fato de estarmos querendo matar a saudade que sentimos por 3 anos, eles permitiram que Rose ficasse. Jantamos juntos quando meu irmão chegou, ficando muito feliz por ver Rose de volta a cidade.

Pedimos licença, terminando antes de todos, e arrastei Rose para cima, a levando para meu quarto.

-Isso aqui não mudou muito, não é?! – Ela riu olhando em volta. Quando viu o mural de fotos, a nossa foto agora por cima, a pegou e sorriu deixando as lágrimas de emoção e saudade tomarem conta e trazerem de volta a memória aqueles momentos incríveis.

-Esse dia foi... – cheguei atrás dela começando a falar.

-Perfeito! – sussurrou secando as lágrimas. Ela se virou para mim, abrindo aquele sorriso que fazia meu coração falhar e o mundo parar. – Senti sua falta, menino das covinhas fofas. – Rose acariciou meu rosto me chamando pelo apelido de quando éramos crianças.

-Eu também, loirinha. Mais do que tudo. –Dei um passo cortando a mínima distância que ainda havia entre nossos corpos.

Não éramos mais as crianças que brincavam de bola na rua, agora nós éramos adolescentes cheio de hormônios fervilhando. E meu coração não parava de esmurrar forte no meu peito. Afastei uma mecha de seus cachos dourados que caíam no rosto e colei nossos lábios num selinho demorado. Foi melhor do que jamais pude imaginar. Sua boca tinha gosto doce e refrescante. Rose era simplesmente a melhor garota do mundo.

Quando me afastei devagar abrindo os olhos, ela sorriu e eu fiquei sem graça.

-Rose, me desculpe. Eu... – não sabia o que dizer, não sabia se ela havia gostado tanto quanto eu.

-Tudo bem, Emm. – ela segurou minhas mãos. – Eu... Eu estava guardando ele pra você. – ela falou abaixando a cabeça envergonhada.

-Como assim? – perguntei confuso.

-Meu primeiro beijo. Queria que fosse com você, sempre quis. – suas bochechas estavam vermelhas e ela ficava ainda mais linda com vergonha.

-Foi perfeito. – segurei seu queixo, erguendo sua cabeça para que ela me encarasse. Ela sorriu, mas ainda estava constrangida.

-Você... Já tinha beijado alguém antes?

-Já, mas as duas vezes foram no jogo da garrafa. – Eu ri e ela me acompanhou. – Mas pode ter certeza: nenhuma delas se compara a você. –falei olhando fundo em seus olhos cor de mel. Ela me roubou um selinho rápido e se jogou em minha cama.

Me deitei na cama ao lado dela e ficamos encarando o teto, até que Rosalie começou a me contar do colégio que estudou esses anos e eu fiz o mesmo. Conversamos tanto e rimos como fazíamos quando éramos crianças. Parecia que ela jamais tinha ido embora. Não percebi quando foi, mas ela havia adormecido provavelmente cansada da viagem. Fiquei ali acariciando seus cachos macios, apreciando a companhia da minha loirinha, minha Rose.

[...]

E foi assim o dia do nosso reencontro. O dia que meu mundo tornou a ter cor, que meu céu voltou a brilhar porque Rosalie era meu sol e sem ela tudo ficava cinza.

Víamo-nos todos os dias. Os pais dela matricularam-na no mesmo que colégio que o meu e por sorte tínhamos as mesmas aulas. Sentávamos juntos, íamos embora juntos. Fazíamos tudo que a distância desses anos não nos permitira. E foi assim que o sentimento de algo mais forte entre nós cresceu.

Dois meses depois da chegada de Rosalie a pedi em namoro. E foi com o sorriso de fazer meu coração falhar as batidas e um beijo selado repleto de amor que ela me fez o garoto mais feliz do mundo dizendo um sonoro e sincero sim.

Eu estava completo de novo. Rosalie preenchia tudo em mim, não havia mais saudade. Já havia falado inúmeras vezes com Jasper por telefone ou internet. Parecia que nada mais poderia estragar minha felicidade.

Mas eu estava enganado. Como que para me provar que tudo que é bom, perfeito, dura pouco, aquilo surgiu. Como agulha pontiaguda pronta para estourar nossa bolha de alegria. A doença. O câncer.

Rosalie se sentia mal constantemente. Tinha tonturas, vomitava, seu nariz sangrava. E foi no verão do ano seguinte a sua volta que descobrimos da doença. Ela foi diagnostica com Leucemia Mieloide Aguda (LMA). Esse tipo de câncer se caracteriza pela rápida proliferação de células anormais e malignas, que não desempenham sua função e ainda se acumulam na medula óssea, interferindo na produção normal de outras células sanguíneas. Além disso, crescia de forma rápida o que pedia um tratamento imediato.

Foi um choque para a família Hale. No começo a mãe de Rosalie não quis acreditar, não queria aceitar de forma alguma que sua garotinha estava doente. Mas depois de tanto conversar com médicos, psicólogos e ter a ajuda do marido, ela soube que devia lutar pela filha.

No início, Rose se revoltou. Não queria falar com ninguém, nem comigo. Ficava horas por dia trancada no quarto e só saia para ir ao hospital nos horários de consulta e tratamento. No dia de seu aniversário de 16 anos não nos deixou fazer uma festa e se recusou a receber presentes e visitas. Dizia que não fazia sentido comemorar mais um ano de vida se logo estaria morta. Isso quebrou o coração da Sra. Hale. E o meu também. Eu não podia deixar a garota da minha vida se abater por uma doença idiota.

Então, no dia seguinte, peguei meu skate e fui até a casa dos Hale, decidido a tirar Rosalie daquele quarto. A mãe dela me deixou entrar e me mandou subir. Bati na porta e esperei, mas sabia que ela não ia me deixar entrar assim tão fácil.

-Vai embora. – sua voz soou fadigada.

-Rose, sou eu. Me deixa entrar.

-Não, Emm. Vai embora.

-Ok. Então acho que vou chamar outra garota pra dar uma volta comigo.

Não demorou muito e escutei a porta ser destrancada e aberta. A figura de uma Rosalie magra, vestindo um moletom largo e com o cabelo num rabo de cavalo completamente torto surgiu na porta.

-Nossa! Você está péssima. –brinquei, entrando no quarto. Ela revirou os olhos.

-Eu estou com câncer, o que você quer? Uma modelo? – ela respondeu se jogando na cama.

Eu sabia que logo isso iria passar. Rosalie estava apenas querendo ser durona.

-Para de ser chata. Vem, vamos dar uma volta de skate. – estendi minha mãe pra ela num sinal convidativo. Ela me encarou, mas não moveu um músculo da cama como se quisesse mostrar que não sairia dali.

-Não quero sair, Emm, me deixa aqui, por favor.

-Você não tem que querer. Você vai comigo. – me sentei na cama ao seu lado. – Rose, eu não aguento mais te ver assim, largada, sem vontade de viver. E não me diga que vai morrer. Eu te conheço muito bem para saber que você não é o tipo de garota que desiste fácil. – segurei seu braço e o balancei. – Agora levanta daí, lava esse rosto e vamos.

E sem precisar falar outra vez, Rosalie fez o que pedi. Ela sabia, no fundo, que eu estava certo, só não queria admitir.

Rose saiu do banheiro vestindo calça jeans, que estavam mais largas devido a perda de peso, e um moletom azul escuro. O tênis de correr branco tinha o cadarço desamarrado no pé esquerdo e ela colocou o pé sobre e cama para amarrá-lo.

-Acho bom essa volta valer a pena, Emmett. Estou cansada. –resmungou quando saímos de sua casa. O vento daquela tarde nublada soprou, balançando os cabelos de Rose e os fazendo chicotearem seu rosto.

-Para de ser chata, loirinha marrenta. – zombei. Beijei sua bochecha e ajeitei em sua cabeça a touca do casaco.

Estávamos agora numa antiga ponte de concreto, mais afastados dos bairros. Não havia movimento de carros por ali e quase ninguém passava por aquele caminho.

Coloquei um pé no skate e estendi a mão para Rose, que segurou prontamente, se equilibrando sobre ele em minha frente. Cuidadosamente dei um impulso e as mãos dela voaram para minhas pernas, como sempre fazia. Sempre andávamos juntos de skate, mas ela tinha medo de cair, mesmo sabendo que eu jamais deixaria que isso acontecesse.

Minhas mãos seguraram cuidadosamente sua cintura e lá fomos nós. A brisa soprou em nossos rostos. Ao longe dava pra ouvir o barulho da cidade, o ruído dos pássaros. Rosalie abriu os braços, dava pra sentir seu sorriso, mesmo que eu não pudesse vê-lo. Eu também estava sorrindo, estava feliz e satisfeito. Minha meta do dia estava cumprida, despertar o sorriso mais lindo da garota que eu amava.

Só queria poder fazê-la desfrutar dessas sensações todos os dias.

Depois de um tempo, Rose e eu voltamos pra casa dela. A Sra. Hale ficou feliz em vê-la sorrindo, menos emburrada. Ficamos na sala, abraçados, enquanto a mãe dela preparava o jantar. Na tevê uma série passava, mas eu não estava prestando atenção. Meu mundo todo estava entre meus braços agora e eu não queria pensar em outra coisa. Somente em acariciar seus cabelos dourados enquanto seu aroma doce preenchia meu ar.

-Eu queria poder andar de skate pra sempre, Emm. Me sentir livre, sem dor, sem medo do amanhã. Aproveitar o momento sabe. – Ela falou depois de um tempo que estávamos em silêncio.

Sua cabeça estava aconchegada em meu peito e, quando se virou para me encarar, pude ver os olhos, intensos e cor de mel, brilharem com o acúmulo de lágrimas. Curvei a cabeça na direção de seu rosto e selei nossos lábios num beijo casto. Queria lhe transmitir segurança, mas, infelizmente, nem eu sentia isso por completo.

-Você vai ficar bem, Rose. Eu sei que vai. Sabe que não vivo mais sem você. – uma lágrima rolou por seu rosto de porcelana, um tanto pálido, e eu a sequei com o polegar. –Não chora tá? Vamos aproveitar o momento. – falei, usando quase suas palavras.

-Nem eu, Emm. Não posso nem pensar em me separar de você. – ela ergueu a mão, seus dedos frios tocaram meu rosto. Segurei sua mão e a beijei demoradamente.

Essa era uma realidade que minha mente insistia em pensar, mas eu sempre fugia. Não queria cogitar um mundo sem Rosalie. A distância que vivemos todos esses anos foi dura, chata, triste. Mas eu sabia que ela estava bem enquanto estava longe. Em algum lugar, bem e sorrindo.

E agora, como seria? Se ela... Não! Nisso eu não queria pensar.

O pai de Rose retornou do trabalho e fomos jantar. Rose contou do nosso passeio, estava sorrindo ainda, mas o brilho não chegava aos seus olhos.


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Notas finais do capítulo

Então, honeys? Mereço comentários?
A fanfic é inspirada no filme Uma prova de Amor, um dos meus favoritos♥
Amanhã tem a 2ª e última parte da história.
Beijinhos!



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