Baby, it's cold outside! escrita por Jones, Samantha Silva, isa


Capítulo 1
Yours - Harry/Gina - Abbie Jones




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Enquanto ele dormia, ela o admirava. Assistia seu peito se inflar e se encolher enquanto tentava manter-se o mais silenciosa possível, pois assim talvez fosse capaz de ouvir as batidas do coração dele ao mesmo tempo em que observava suas pestanas se moverem. Era sinal de que ele estava sonhando, ouviu dizer.

Depois se pegou perdida em devaneios de o que aconteceria se ele acordasse e a visse o encarando como uma esquisita com leves tendências psicopatas – constatou que provavelmente se assustaria. Então deitou-se novamente, dessa vez vestindo a camisa de flanela quadriculada que ele parecia gostar tanto que vestia como uniforme, não era bem sua favorita das roupas que ele usava já que na opinião dela ele vestia sempre as roupas erradas: ora grandes demais ou escuras demais ora velhas demais (até para uma Weasley), mas era herança do natal de segunda mão da rua dos Alfeneiros número quatro.

Entretanto, ela se sentia ainda mais próxima dele de uma maneira que não sabia explicar, talvez ficasse estranho explicar já que envolvia uma mistura de sentidos e conforto, o perfume dele e a pele macia e cheia de sardas dela, o tom vermelho da camisa e a maneira como Gina se sentia bonita e parte de algo dentro dela eram, combinadas, quase como uma metáfora para o quão incrível tudo poderia ser dali para a frente. Gina observou como o cabelo ruivo vivo contrastava com o cabelo totalmente escuro dele, como a pele muito branca dela parecia ter dois tons a menos que a meio parda dele, como os lábios dele permaneciam entreabertos enquanto ele respirava e o quanto ela desejava que ele estivesse sonhando com ela – por mais egocêntrico que isso pudesse soar.

Quando adormeceu desejando que todas as manhãs de vésperas de natal fossem daquela maneira, foi a vez de Harry acordar e sorrir para a imagem mais bonita do mundo em seu travesseiro: Gina descabelada em sua camisa xadrez, deitada de lado em direção ao rosto dele com os braços flexionados a milimetros dele. Queria dizer o quanto tinha sentido a falta dela, o quanto queria passar todos os futuros natais ao lado dela e que ele a amava. Muito.

“Eu te amo.” Ele disse em tom quase inaudível.

Ela apenas balbuciou algo e bufou no fim. Harry teve vontade de rir, mas sabia que talvez o barulho a acordasse e ela parecia estar feliz em seu sonho. Queria que ela contasse seus sonhos a ele, queria ser tudo e mais um pouco na verdade, por mais obsessivo e assustador que isso pudesse soar. Agradeceu aos céus por ela não ter escutado ele dizer que a amava enquanto dormia, parecia injusto e a parte insegura dele gostaria de que ela estivesse desperta o suficiente para responder pelo menos “eu também”.

“Você... Disse... Alguma coisa?” Gina disse, coçando os olhos e bocejando entre as palavras.

“Feliz Natal!” Ele respondeu rápido até demais.

“Foi isso mesmo? Já é Natal?” Ela disse meio perdida. “Que horas?”

“Hmmm.” Harry olhou para o ultimo presente de aniversário que a Sra. Weasley o deu: um relógio com fotos de corujinhas que se pareciam terrivelmente com Edwiges cujos ponteiros tinham uma foto de Gina no que demarcava as horas, uma de Ron no que mostrava os minutos e outra de Mione nos segundos. – Duas Gins e seis Rons.

“Que?” Gina coçou o cabelo dessa vez até olhar para a parede novamente. – Duas e meia? Da tarde?

“Sim.” Harry disse despreocupado.

“Temos que estar lá em casa às quatro.” Gina disse, levantando-se e procurando suas roupas, calçando o sapato errado e caindo na cama novamente. “Certo, temos uma hora”.

Ficaram encarando o teto do quarto de Harry no novo apartamento por alguns minutos enquanto contavam sonhos que envolviam Thundercats no caso de Harry e mincepies no caso de Gina, de dedos entrelaçados. Também de dedos entrelaçados adentraram A Toca.

Quando Harry respirou fundo e sentiu o cheiro da torta de abóbora com canela, se lembrou de que sempre haveria algo de especial no natal.

Algo especial na árvore enfeitada com pontos brilhantes de luz, bolinhas e adornos especiais que representassem de alguma maneira quem fazia parte do natal Weasley – do qual ele participava desde os tempos de escola por não ter força de vontade para recusar um convite educado e se sentir estranhamente confortável intruso ou não. A Sra. Weasley era bem enfática ao dizer que todos deveriam estar n’A Toca às quatro da tarde na véspera de Natal para pendurarem seus símbolos na árvore e participarem do jantar em família, então graças a fascinação pelo mundo trouxa do Sr. Weasley, todos se sentavam perto da lareira após o jantar para contarem histórias de Nata(praticamente as mesmas todos os anos, na verdade) e se Arthur conseguisse um sinal satélite, assistiam a uma maratona de filmes trouxas de natal, até pegarem no sono amontoados nos sofás, cadeiras e colchões espalhados pela sala. A Toca na verdade, se tornou um sobrado um pouco mais amplo ao passar dos anos, ele notava agora, como se os Weasley soubessem que talvez em alguns anos a casa não suportaria a montoeira de netos, noras e genros, agregados e os próprios Weasley.

No dia seguinte acordariam às oito da manhã para abrirem os presentes, porque Ron não aguentaria esperar até um horário humano para rasgar embrulhos e ficar olhando para Hermione com expectativa enquanto ela repetia “Ah, não precisava” muito feliz, mesmo ele errando os presentes ano após ano. Normalmente levariam a manhã inteira rindo e experimentando os novos presentes, se alimentando de pequenos lanches até a Sra. Weasley surgir com os chás e as pequenas tortinhas de frutas secas. Porém desde que atingira a maior idade, o Sr. Weasley deixava Harry e Ron bebererem da garrafa de vinho de antes do almoço com ele enquanto divagava sobre os natais anteriores e o quão velho estava ficando. E então comeriam até o fim da vida se levantando apenas para uma das lendárias partidas de xadrez bruxo entre Ron e Sr. Weasley ou para nos realocarmos para a poltrona mais próxima.

Era uma data que mesmo com todas as coisas de trabalhos, responsabilidades e falta de vida social, Harry ansiava e aguardava preciosamente como se fosse o melhor dia de todos do universo, porque eles realmente se superavam todos os anos.

Gina podia ver nos olhos dele o quanto aquilo tudo era importante pra ele e não podia evitar sorrir, enquanto seus pés se enrolavam sob a mesa.

Sussurrou ao seu ouvido: “Feliz natal”

Ele beijou a ponta de seu nariz ao responder “Hey, feliz natal – meio adiantado”.

Gina riu e disse quase inaudivelmente, “Eu também te amo, seu idiota” e acrescentou “Da próxima vez, espera eu acordar de verdade e escove os dentes antes de sussurrar a três centímetros da minha cara.”.

Não era como se não tivessem dito antes ou como se já não soubessem, mas dizer a cada vez mais trazia uma sensação maior de felicidade e perspectiva, vontade de encarar o futuro incerto contanto que eles fizessem parte da vida um do outro, de dedos entrelaçados e pernas enroladas. Um do outro.

Aquelas palavras sagradas eram uma prévia (além da base e de tudo, na verdade) de todos os natais que viriam até o fim de suas vidas, tudo seria mais mágico que o comum.


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