O Beijo da Inocência escrita por Dreamy Girl


Capítulo 3
Capitulo 3




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Apesar das noites que já tinha passado no apartamento de Naruto, ainda sentia mariposas no estômago cada vez que entrava em seu quarto para deitar-se. Estava ali há uma semana e ainda se sentia inconfortável porque não sentia que aquele era seu lar.

Estava tirando sua camisola de cetim quando as risadas de Naruto romperam o silêncio do quarto. Virou-se rapidamente franzindo o cenho enquanto ele a olhava divertido.

–O que é tão divertido?

–Você. Todas as noites perde tempo vestindo essa bonita camisola para eu tirá-la assim que se deita na cama.

Ela assentiu. As bochechas lhe ardiam.

Naruto sorriu e a puxou para a cama.

–Asseguro que… –disse e a beijou–, que nunca deixarei de te desejar –acrescentou e lhe mordiscou a orelha– A menos que esteja engessado da cabeça aos pés e mesmo assim, pensaria nisso.

–Assim é verdade que os homens só pensam em sexo.

–Às vezes também pensamos em comida.

Hinata riu.

–Minha mãe está escandalizada de que virtualmente me mudei para viver com você.

–Virtualmente não –disse enquanto lhe deslizava uma das alças pelo ombro– Se mudou para viver comigo.

–Estava apreensiva. Meu pai lhe disse que deixasse de se preocupar tanto, que íamos nos casar e é normal que queiramos passar um tempo juntos antes do grande dia para nos assegurar de que somos compatíveis. Por outro lado, Haru está bastante zangado. Acredita que está louco por me permitir viver com um homem que se deitou com metade da cidade. São suas palavras, não as minhas.

Naruto ficou sério e se aproximou dela.

–Sempre faz isso?

–O que?

–Dizer a primeira coisa que vem à cabeça.

–Não sei, nunca pensei nisso –replicou franzindo o cenho– Foi o que ele disse. Quero dizer que não dei muita atenção. É muito protetor comigo e sempre fica muito resmungão quando alguém se fixa em mim.

Ela se estremeceu enquanto o puxava para a cama. Cada noite a levava até lugares que mal tinha sonhado.

Se aquilo era uma amostra do que seria sua vida com ele, então estava claro que ia ser uma mulher muito feliz.

*****

–Nos acompanhando em nossa reunião desta manhã, temos via vídeo conferência Shikamaru Nara e Gaara Sabaku no –disse Naruto enquanto os rostos de seus amigos apareciam na tela da

parede– Shikamaru está na ilha de Saint Angelo, onde estamos construindo um de nossos hotéis. Quando terminar, este hotel será o padrão da cadeia Hyuuga. Bom dia, Shikamaru. Possivelmente queira nos explicar os avanços das obras.

Naruto cedeu a palavra a Shikamaru e olhou para Sasuke, que estava sentado em seu assento. Sabia bem como iam as obras porque se informava todos os dias. Embora Shikamaru seguisse o progresso das obras in situ, estava atento à sua mulher, que daria a luz a qualquer momento. Por isso, Naruto entrava em contato com o chefe de obras para tratar qualquer assunto que surgisse.

Sasuke não se vestiu adequadamente para a situação. Não estava de acordo com a ideia de que imagem era tudo no mundo dos negócios. Além disso, não lhe importava o que outros pensassem. Mesmo assim parecia fácil para Sasuke. Tinha nascido naquele mundo, diferente de Naruto, que teve que abrir caminho pouco a pouco.

Sasuke parecia disposto a passar o dia na praia ou sentado com uma cerveja em uma mão e um charuto na outra. Claro que Sasuke não fumava nem bebia. Não tinha nenhum vício. Era perfeito em sua imperfeição.

O pessoal do Tricorp escutava atentamente Shikamaru e tomava notas. Havia um ambiente de expectativa na sala. Todos sabiam que era uma questão de tempo que se anunciasse uma fusão.

Naruto preferia esperar. Talvez estivesse se tornando velho e fraco. Possivelmente nem merecesse estar prestes a dar o maior golpe de sua carreira. Porque quando estava a ponto de conseguir o que sempre tinha querido, foi falar com Hiashi Hyuuga para sugerir que adiasse o anúncio por seis meses. Acreditava preferível que Hinata não pensasse que os negócios tiveram algo a ver com o casamento e que a fusão se concretizasse mais tarde. Mas Hiashi não quis. Tinha insistido em que as coisas se fizessem conforme o planejado.

Pensava que Naruto se preocupava muito sobre a possível reação de Hinata. Ela o amava. Não era isso suficiente? Naruto se sentia envergonhado de que todo mundo soubesse que estava loucamente apaixonada por seu futuro marido.

Ademais, Hiashi disse que além do desinteresse de Hinata pelos negócios familiares, as possibilidades de que percebesse eram muito limitadas. Que conselho tinha dado Hiashi a Naruto? Que a mantivesse ocupada e feliz.

De repente, na metade do relatório de Shikamaru, um estranho som alagou a sala. Todos olharam a seu redor. Naruto franziu o cenho. Que demônios foi isso? Parecia o som de um telefone, mas nunca antes o tinha ouvido.

Então, todo mundo se virou lentamente para ele e se deu conta de que era seu telefone.

–Que demônios…? –murmurou.

Naruto tirou o telefone do bolso e viu o nome de Hinata na tela.

–Me desculpem um momento – disse ficando de pé– Responderei lá fora.

Saiu rápido, aborrecido com a expressão zombadora do Sasuke. Parecia muito certo de quem estava ligando para ele.

Assim que saiu da sala de reuniões, apertou o botão para atender e levou o aparelho ao ouvido.

–Uzumaki.

Hinata não pareceu perceber seu tom sério e a ausência de saudação.

–Oh, olá, Naruto. Como vai seu dia?

–Bem. Escuta, precisa de algo? Estou na metade de uma reunião.

–Oh, não é nada importante –disse ela– Só liguei para dizer que te amo.

Um inconfortável nó se formou no seu estômago. O que devia responder? Pigarreou.

–Hinata, mudou o som das chamadas de meu celular?

–Ah, sim, assim saberá quando eu ligar. Que bom, não!

Naruto fechou os olhos. Aquele som estridente ia convertê-lo no bobo do escritório, por não mencionar que Sasuke não deixaria de zombar dele por um longo tempo.

–Sim, muito bom. Escuta, nos veremos esta noite. Continua de pé nosso jantar as nove, não?

–Sim, claro. Estarei no refúgio até as oito, assim nos veremos no restaurante.

–Tem como chegar?

–Tomarei um táxi.

–Enviarei alguém para te buscar. Fique no refúgio até que chegue. Me assegurarei de que a peguem às oito.

Ela suspirou, mas não discutiu.

–Que tenha um bom dia, Naruto. Estou desejando que esta noite chegue.

–Obrigado, eu também.

Ficou olhando o telefone durante longos segundos e logo apertou vários botões. Como se trocava o som do toque de chamadas?

Para seu pesar, ligava todos os dias. Não sabia como, mas sempre dava um jeito de interrompê-lo na metade de uma reunião ou quando estava acompanhado.

Depois de algumas vezes, começou a silenciar o telefone ou pô-lo em modo vibratório, mas em algumas ocasiões se esquecia e aquele som tinha interrompido a reunião.

Com duas semanas, começou a divertir-se. Alguns o olhavam com simpatia, algumas mulheres, inclusive com ternura. Mas Sasuke não deixava de zombar.

Hinata ligava quando queria, por isso, por desgraça para ele, nunca sabia quando ocorreria. Às vezes queria pedir seu conselho sobre algum detalhe do casamento, como as flores. Como opinar se nem sequer sabia distinguir um tulipa de uma gardênia? Também tinha perguntado pelos convites.

Gaara e Shikamaru não tinham passado por aquilo para organizar seus casamentos. Os dois escolheram celebrações simples. Naruto estava passando mal por isso. O casamento estava sendo organizado por todo o clã Hyuuga. Estava a ponto de se jogar no rio Sumida.

*****

–Naruto?

Naruto mostrou a cabeça pela porta do banheiro, antes de voltar para cama secando o cabelo com uma toalha. Hinata estava deitada de barriga para baixo, agitando os pés no ar, com o queixo apoiado na mão. Tinha o cenho franzido, o que indicava que estava pensando algo.

–O que houve? –disse sentando-se na borda da cama.

–Onde vamos morar? –perguntou ela, virando-se um pouco para olhá-lo– Digo depois de casarmos. Não falamos disso.

–Pensava que viveríamos aqui.

Hinata franziu os lábios e enrugou o cenho.

–Ah.

–Você não gosta deste apartamento? É maior que o seu, por isso pensei que estaríamos mais confortávels aqui.

Hinata se levantou e sentou ao seu lado, com as pernas cruzadas.

–Eu gosto. É um apartamento maravilhoso, embora muito masculino. É como um apartamento de solteiro. Não parece adequado para ter crianças ou animais de estimação.

–Animais de estimação? Eu não sei a respeito de animais…

Hinata franziu ainda mais o cenho, o que deixou Naruto angustiado. Hinata não costumava ficar triste à toa, o que era bom porque achava muito difícil resistir a ela quando não estava contente. Possivelmente era porque sempre estava contente.

–Sempre quis uma casa no campo, um lugar onde as crianças e os animais de estimação pudessem correr e brincar. A cidade não é um bom lugar para formar uma família.

–Muita gente forma uma família aqui. Você se criou aqui.

–Não vivi sempre aqui. Não nos mudamos para cidade até que fiz dez anos. Antes vivíamos num rancho, ou ao menos era um rancho antes que meu pai o comprasse.

–É algo do que podemos falar quando chegar o momento –disse Naruto– Agora mesmo, meu objetivo é te fazer minha esposa, passar uma semana sem interrupções com você em nossa lua de mel e que se mude definitivamente para meu apartamento.

–Eu gosto quando diz coisas como essa –disse Hinata e o beijou na bochecha.

Ele arqueou uma sobrancelha enquanto ela se afastava.

–Que coisas?

–Como que não pode esperar para que estejamos juntos –disse e o rodeou pela cintura.

De novo, Naruto sentiu uma estranha sensação no peito.

–Já não falta muito –disse, em um intento de animá-la– Sempre podemos voltar a falar do assunto de onde viveremos mais pra frente. Agora mesmo, quero que nos concentremos em estar juntos –acrescentou lhe acariciando o cabelo.

Ela o abraçou com força e voltou a soltar-se, como tinha feito antes, para olhar seu rosto com intensos olhos azuis.

–Podemos falar de outra coisa?

–Claro.

–Quando diz que nos concentremos em estar juntos, quer dizer que prefere esperar para ter uma família? Nenhuma vez falamos de filhos. Acredito que deixei claro que quero ficar grávida logo, mas não sei sua opinião.

Em sua cabeça se formou a imagem de Hinata grávida, com um radiante e bonito sorriso nos lábios. O surpreendia o quão gratificante isso parecia e ficou perplexo.

Em algum momento, tinha deixado de pensar em seu casamento com Hinata como uma obrigação. Resignou-se ao inevitável e a verdade era que poderia ter sido muito pior. Era inteligente, boa pessoa, doce, afetuosa e terna. Seria uma mãe maravilhosa, muito melhor do que a sua tinha sido. Mas, seria ele um bom pai?

–Naruto?

Baixou a vista e a encontrou olhando preocupada para ele. Instintivamente tentou lhe tirar aquela preocupação e a beijou na testa.

–Estava pensando.

–É muito cedo para ter esta conversa. Sinto muito. Meu pai sempre diz que me antecipo muito. Não posso evitar. Quando quero algo, faço tudo o que posso para consegui-lo.

Não pôde evitar sorrir. Era uma descrição muito acertada dela. Aproveitava a vida e não parecia se preocupar se dava um tropeção. Pessoas como ela eram um mistério para ele. Era incapaz de compreendê-las.

A puxou até que a fez sentar-se em seu colo.

–Acredito que vai ser uma mãe magnífica. Estava te imaginando grávida e gostei. Isso me fez recordar que não usamos proteção, o qual é uma irresponsabilidade que me faz perguntar se no fundo queria inconscientemente te deixar grávida.

Ela suspirou e se acomodou em seu peito.

–Esperava que dissesse isso. Refiro-me quanto a ter filhos. Em parte acredito que será melhor esperar, mas sempre quis ter uma família grande e não quero ser uma velha quando terminarem o colegial.

–É consciente de que não fizemos nada para evitar uma gravidez –disse ele em voz baixa.

–Importa-se? –perguntou ansiosa– Quero dizer se importaria que ficasse grávida antes de nos casar.

–Seria muito hipócrita da minha parte me incomodar por algo que podia ter evitado.

–Só queria estar segura. Não quero que comecemos mau. Quero que tudo seja perfeito.

–Acha que já está grávida? –perguntou acariciando sua bochecha– Por isso levantou o assunto esta noite? Não quero que tenha medo de me contar nada. Nunca me zangarei com você por algo que também é minha responsabilidade. Era virgem a primeira vez que fiz amor com você. Os métodos anticoncepcionais deveriam ter sido minha responsabilidade.

–Não. Quero dizer que não sei, mas acredito que não.

Naruto apoiou a testa na dela e notou que já estavam se comportando como casados. Confiava em Hinata e se sentia a vontade com ela. Havia uma sensação de bem-estar que não podia negar. Possivelmente depois de tudo, Hiashi Hyuuga sabia o que fazia.

–Bom, se estiver, maravilha. De verdade. Quero que me diga se acha que está. E se não estiver, já podemos remediar, certo?

–De acordo –disse ela sorrindo e com as bochechas ruborizadas.

–O que acha de irmos para cama?

Ficou ainda mais vermelha e sorriu com acanhamento.

–Me esforçarei para te deixar grávida –sussurrou Naruto junto a seu ouvido.

–Te amo muito, Naruto. Sou a mulher mais sortuda do mundo. Estou desejando que nos casemos para ser oficialmente sua.

Enquanto abaixava a cabeça para unir seus lábios aos dele, Naruto pensou que estava muito equivocada. A pessoa sortuda não era ela.


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