A música soava na tenda quando Harry segurou a mão dela. Hermione entendeu a intenção dele e, rindo, aceitou o convite da dança, embora soubesse que a situação seria ridícula se os dois não estivessem sozinhos. Se Ron aparecesse? Bom, seria difícil que ele os encontrasse, ainda mais naquele estado de espírito e cabeça dura como era. Ela esperava que ele fosse demorar um bocado de tempo para encontra-los.

Mas ela não teve tempo de pensar mais. Já estava dos braços de Harry, dançando no ritmo da música, sentindo o calor de suas mãos nas suas, nos seus quadris, de volta nas suas mãos, deu seu olhar sobre ela. Então ela estava girando e girando e rindo, e ele também. E era tão bom ouvir sua risada e tê-lo aí perto!

A música acabou e uma mais lenta tomou o seu lugar. Agora seus corpos estavam muito próximos, mantidos assim pela mão dele na cintura de Hermione. Ela pousou sua cabeça no ombro do amigo e riu. Riu pela dança; riu pela risada de Harry; riu pelos desastres que aconteciam e estavam por acontecer; riu pelos seus pais na Austrália, riu por Ron, que sabia-se lá aonde havia ido parar. Rir para não chorar foi como ela definiu, mais tarde. E quando percebeu, lágrimas escorriam pelo seu rosto, impulsionadas por soluços.

– Vai ficar tudo bem – ele disse.

– Eu estou aqui – abraçou-a.

– Nós estamos bem – beijou o alto de sua cabeça.

Ela sabia que talvez nada voltasse a ficar bem, mas sabia ainda mais que Harry só queria ajudar. Então retribuiu o abraço até que suas lágrimas secassem e nada mais sobrasse além de sua respiração ofegante e um soluço ou outro.

Harry afastou-a apenas o suficiente para que pudesse ver seu rosto, agora vermelho e inchado, marcado pela lágrimas, e secá-lo com a manga de sua blusa.

A música que tocava era melancólica e triste.

– O que houve? – perguntou Harry. A preocupação transbordava de sua voz.

– Tudo – ela respondeu simplesmente, não deixando que as lágrimas voltassem a escorrer.

Os olhos azuis de Harry estavam com um brilho triste. Mais brilhantes que de costume. Ela sorriu e abraçou-o novamente. E foi quando notou: ela não precisava de Ron, ela tinha Harry. Harry que não havia lhe abandonado quando mais precisava. Harry que não havia lhe deixado por uma namorada boba e melosa. Ciúmes? Estava mais para raiva e ódio. Ela sabia que não era justo, ele fora embora por causa da maldita horcrux... Mas ela não abandonaria enhum dos dois por um motivo como esse, tinha certeza. Lembrou-se dos diversos momentos em que ele a havia deixado com raiva, em que ele havia ficado com raiva dela por motivos quase sempre inexistentes, o modo como ele comia e comia e, não importava quando ou o que acontecia, comia mais.

Olhou para Harry e lembrou-se de como ele sempre estava presente, de como ele sempre tinha um ombro e um abraço reservados para ela.

A música que tocava agora era agitada. Não combinava em nada com o momento. Mas nenhum dos dois estava disposto a se afastar para desligar o rádio. Hermione decidiu por ignorá-la e concentrar-se na respiração do amigo.

– Você não está sozinha – ele disse com um sussurro – Sabe disso, não sabe?

Ela assentiu e fechou os olhos por um momento. Imaginou que ambos estavam de volta a Hogwarts, como em seu primeiro ano. E no segundo e no terceiro e no quarto... Uau, aquilo não fazia tanto tempo quanto parecia.

Harry afastou uma mecha do cabelo dela, embora o dele próprio estivesse bagunçado, como sempre. Deixou que a mão dele passasse da sua orelha para sua bochecha e ficasse pousada ali. Ela pôde sentir a respiração de Harry no seu rosto e sabia que ele estava muito próximo, mas não abriu os olhos. Não precisava. Seus lábios se roçaram e ela sorriu, subindo as mãos para o pescoço e cabelos dele. Harry entendeu isso como uma permissão e quebrou o espaço que havia entre os dois.

Era a primeira vez em que Hermione beijava alguém e ela estava feliz que não tivesse sido Córmaco ou Krum. Ou Ron, não pôde deixar de pensar com certa melancolia. Portanto, o beijo se aprofundava. Ela queria mais,

Sentiu a cama bater na parte de trás de seus joelhos e a garota cedeu. Sentiu o corpo de Harry sobre o seu e ofegou. Eles estavam realmente juntos e ela não se sentia culpada. Era só do que ela precisava, dessa certeza.

Harry apoiou sua testa na dela e Hermione sentia cócegas onde o cabelo dele ­– grande demais por sinal – tocava em seu rosto. Mas ela não se importou. Os dos braços dele, agora mais fortes que na última vez em que ela havia notado, estavam cada um de um lado da sua cabeça, sustentando o próprio peso.

Ela precisava dele mais do que precisava.

– Nós terminaremos isso juntos. Com ou sem o Ronald.

Harry beijou-a novamente, agora com urgência, mas suavidade. Suas mãos subiram por baixo da blusa de Hermione. Ela corou, mas permitiu que a mão dele passeasse pela sua barriga até seu sutiã. Um arrepio percorreu seu corpo e ela não precisava mais de roupas. Deixou que ele tirasse sua blusa e a dele próprio. Uau, ele não era tão magro quanto aparentava. Havia músculos ali. Passou uma mão pelo seu peito enquanto ele a beijava novamente. Por vontade própria, a mão dela desceu para o cinto das calças dele e abriu-o.

Harry parou de beijá-la por um momento. Então ela se lembrou: ele também nunca havia feito aquilo. O máximo que chegou om Cho e Gina foram uns beijos... Bom, ela não sabia com certeza. Uma pontada de ciúmes cutucou-a e ela a afastou. Não pensaria nos Weasley ou em qualquer outro agora.

Afastou suas mãos das calças dele e subiu-as para o rosto. Deu um leve beijo em seus lábios e sorriu. Ele sorriu de volta e deitou ao seu lado. Ambos tentavam guardar cada detalhe daquele momento. Eles enfim sentiam-se em paz e não sabiam quando isso aconteceria de novo.

Ela gostaria de dançar com ele novamente. Ela queria que eles dançassem até o fim do amor.