Lágrimas Peroladas escrita por SBFernanda


Capítulo 9
Capítulo Oito: De cara com a raposa


Notas iniciais do capítulo

Agradeço aos que comentaram, é sempre bom saber o que vocês estão achando. Obrigada pela força.



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Capítulo Oito: De cara com a raposa

 

Sonhos, sonhos e mais sonhos. Hinata estava começando a se perguntar se sua admiração pelo loiro não estava virando uma obsessão. Isso a assustava um pouco. Tinha se visto com ele em diferentes lugares que nunca tinha estado antes, o que não fazia nenhum sentido. Ainda assim, quando acordava, era com uma das melhores sensações e… familiaridade. Tinha tido apenas um encontro com Naruto, como poderia já sentir algo tão forte? Mas mesmo que estivesse assustada ela não conseguiria imaginar se afastando dele.

Naruto passara dois dias sem ir a ver, mas ligando em cada um deles, dizendo que estava buscando algumas coisas para a pesquisa dela. Quando ela perguntava onde, o loiro apenas respondia que as fontes eram segredo dele, mas que ela iria gostar. A jovem não tinha dúvidas disso, mas também estava ansiosa por o ver. Ridículo, disse a si mesma, revirando os olhos e sentindo o rosto quente, não era possível ter isso em tão pouco tempo. Mas ela tinha, não importava o quanto negasse.

Hinata trabalhava na biblioteca, mas quase não tinha o que fazer ali, era mais um serviço próprio, além de ajudar nas suas próprias pesquisas. Por não conseguir ficar quieta lendo naquele dia, resolveu arrumar as prateleiras que tanto mexia e era a maior causadora da bagunça que estava. Foi no meio disso que seu primo, Neji, apareceu com alguns Muffins.

— Será que a senhorita ocupada teria algum tempo para comer com o primo? ___ ele usou seu tom mais divertido, o que era algo raro de se ver em Neji. Hinata imediatamente se afastou das prateleiras e foi até ele, o abraçando.

— É tão bom lhe ver, Neji. — Se lembrava dele sempre cuidando dela, a protegendo de tudo. Hoje em dia, mesmo estando crescida, não era diferente. — O que faz aqui? Achei que estivesse viajando.

— Eu eu lá consigo ficar longe muito tempo? Além do mais… — Eles caminhavam para a mesa de Hinata, onde ela logo começou a juntar seus livros para que pudessem comer. — Eu prometi a seu pai que estaria sempre lhe protegendo, lembra?

— Eu estou bem, Neji. Bem e segura. — Ela revirou os olhos para o primo e ambos pegaram um muffin.

— Aham… E quem é o cara? - Hinata o olhou, assustada. Tinha parado com o muffin a caminho da boca. Neji riu. — Nosso tio disse que tem um cara com quem você saiu e disse que ele te liga todos os dias. Então, quem é?

— Neji… — ela praticamente gemeu, se afundando na cadeira e sentindo o rosto esquentar. Mas o primo apenas insistiu. — Naruto — disse apenas.

— Aquele que é dono da maior empresa da cidade? — Hinata achou exagero aquela ênfase. Naruto era bem simples, até. Então apenas acenou e deu uma mordida no seu muffin. — Soube escolher bem, hein, prima. — ele disse, apenas implicando com ela, mas Hinata fez uma careta, como se sentisse dor. — Ei, para, foi uma brincadeira. É que o cara sempre foi bem… inacessível.

Hinata não entendeu aquilo, lhe dando em que pensar. Inacessível? Naruto sempre pareceu prestativo. Não, ele era prestativo com ela. A procurava e, bem, foi ele quem a procurou primeiro. Será que, de alguma forma, ela o tinha realmente chamado a atenção desde o início?

Antes que qualquer um dos dois pudesse dizer algo, ouviu um pigarro e lá estava o loiro em quem acabara de pensar. Ele tinha uma careta ao ver Hinata e Neji ali. Ela corou, olhando para ele, como sempre, em roupas sociais — afinal, deveria ser o horário de trabalho dele — e com duas rosas nas mãos. Não era um buquê, eram apenas duas rosas. Por um instante, ele pareceu sem graça, percorrendo o olhar dela para seu primo, depois percebeu que ele ficara corado ao perceber o que segurava.

— Naruto-kun. — Quase engasgou ao perceber o sufixo que usava, era a primeira vez, mas ele sorrira. — O que… ahn… o que faz aqui? — Não conseguia falar alto. Neji olhava de um para o outro, como se os avaliasse.

— É… bem… nada demais, apenas vim lhe entregar isso. — Ele estendeu as rosas para ela e sorriu, sem graça, coçando a nuca. — Bem, eu queria te ver, só isso.

Agora ambos estavam corados e um pouco sem graça. Por sorte, Neji se levantou, passando a mão pela calça para limpá-la e em seguida a estendeu para Naruto.

— Você deve ser Naruto, certo? Sou Neji, primo de Hinata. — Por um instante Naruto o encarou com curiosidade, mas em seguida apertou sua mão, dando um breve sorriso.

— Prazer em conhecê-lo, Neji — disse simplesmente.

— Bem, Hina, nos vemos em casa. Cuide-se. — Os dois jovens ficaram olhando para o outro se afastando. Só então Naruto se virou para Hinata.

— O que fará amanhã à noite? — Ela sorriu ao ouvi-lo. Seria mais um encontro? Respondeu um “nada”, baixinho. — Tudo bem, então eu lhe pego às sete. Não vamos ao mesmo lugar, mas prometo que não morrerá de fome — disse, sorrindo. Ela se levantou, percebeu que ele já estava indo.

Porém, antes, o loiro se aproximou dela, lhe tocando o rosto levemente. Ele sussurrou alguma coisa, mas fora extremamente baixo, a ponto de a Hyuuga não conseguir ouvir. Antes que pudesse perguntar o que era, Naruto aproximou o rosto do dela e a Hyuuga imediatamente fechou os olhos.

— Você me permite? — ele sussurrou. Era isso que tinha falado antes. Sentia a respiração dele contra seus lábios. Ela não disse nada, apenas um breve aceno e, no segundo seguinte, eram os lábios dele que estavam contra os seus. Hinata suspirou ali mesmo e moveu os lábios sobre os dele em uma resposta ao beijo casto que recebia.

Não demorou muito, ele se afastava, sorrindo. Hinata demorou para abrir os olhos, mas já sentia o seu rosto corado. Quando encontrou os olhos dele, pôde notar um brilho diferente. Exatamente o que Sakura tinha dito alguns dias antes, sobre como ele ficava, aquilo lhe fez sorrir um pouco boba. Naruto se despediu e ela foi colocar as rosas em um jarro que ali tinha. Era a sua mesa e agora tinha algo que lhe lembraria Naruto e o beijo que ganhara como uma promessa para a noite seguinte.

Sua tarde passou tranquila, como sempre. Ela montava a sua tese lentamente, mesmo que soubesse que sempre iria acabar mudando alguma coisa aqui ou ali, gostava de se ocupar enquanto o tempo passava. Mas foi um movimento estranho que chamara a sua atenção. Pelo canto dos olhos, notou uma pequena movimentação. Depois achou que era nada, mas, passados alguns minutos, isso se repetiu. A biblioteca estava quase vazia àquela hora, já começava a escurecer. Hinata se levantou e foi até a janela. De lá dava para ver uma parte da floresta ao longe e aquilo lhe surpreendeu. Ela não via a calma de sempre, na verdade era como se algo acontecesse lá dentro. Curiosa, a jovem chamou seu tio. Aquilo era normal?, perguntara a ele e o senhor deu uma risadinha.

— Querida, você estuda sobre essas raposas o dia todo e ainda não sabe? — Então, com aquela simples pergunta, ela soube que suas suspeitas estavam certas. Acenou com a cabeça e seu tio se afastou.

Em um impulso que ela não sabia de onde vinha, pegou suas coisas e saiu apressada. Não corria para não chamar a atenção, mas acabou andando bem rápido em direção à floresta. Não avisara ao tio, mas tinha plena certeza que ele saberia onde a encontrar.

Não demorou muito para entrar na área menos movimentada da cidade e logo que o fez começou a correr em direção à floresta. Não queria perder a coragem e a ousadia que tinha adquirido para fazer aquilo. Ela queria ver, mesmo que não pudesse ter suas respostas ainda, ela precisava ver, saber que era realmente verdade.

Apenas seguia os sons, que eram incrivelmente altos agora e, sem dúvidas, estavam bem mais pra dentro da floresta. Não, não era uma floresta, era um bosque. Hinata tropeçava em algumas raízes conforme entrava mais ali, pois as árvores eram um pouco mais velhas. Ela sentia isso, assim como sentia que estava bem perto. Por um instante temeu. E se aquela não fosse uma Kitsune boa, na verdade? Bem, agora não tinha como voltar atrás.

Mas nada a prepararia para aquilo. Para de fato ver o que tanto esperava. Na verdade sua maior surpresa era ver duas. Elas brigavam, ou assim lhe parecera no início. Depois de poucos segundos notou outra coisa. Havia um ar de diversão ali. Hinata arriscaria que era uma brincadeira, mas depois a palavra “treino” veio à sua mente. Estava fascinada, era como se pudesse sentir o que elas sentiam, isso era mesmo possível? Hinata se apoiou na árvore, se escondendo o quanto podia e não se atrevendo a chegar mais perto. Não queria que percebessem que ela estava ali.

Prestando atenção nas duas Kitsunes à sua frente, Hinata ficou ainda mais deslumbrada. Uma, a que era mais rápida e se esgueirava da outra com agilidade, era violeta. Nunca imaginaria uma Kitsune daquela cor. Esta era a que parecia mais divertida com tudo aquilo. A outra, extremamente concentrada, era prateada. Hinata prendeu um suspiro, sorrindo. Ela realizara um dos seus sonhos e naquele momento soube que sempre esteve certa. Ninguém mais poderia dizer que eram apenas mitos.

Viu as duas raposas se atacarem, mas ao contrário de tudo o que esperaria ver, nada foi nem remotamente parecido ao que realmente viu. As duas rolaram pelo chão, fazendo algumas árvores tombarem e foi assim que Hinata descobriu o que vira pela janela da biblioteca. Mas nesse rolar, uma começou a se entrelaçar na outra. Primeiro as caudas, depois o próprio corpo em si. A Hyuuga se concentrou no rosto delas e não parecia ser algo hostil, pelo contrário. Seus olhos se abriram, surpresa pelo que tinha acabado de ver. Um casal.

Foi então que sentiu uma mão em sua boca e alguém lhe puxando para trás. Se aquela mão não estivesse ali, teria gritado, sem dúvidas. Imediatamente se debateu, mas fosse quem fosse a puxava para longe, até ela não ver mais as Kitsunes. Foi então que a pessoa lhe virou e ela encarou ninguém menos que Naruto ali. Ele tinha uma careta estranha no rosto, como se fosse sorrir, mas também estivesse… preocupado?

— Hinata, o que faz aqui? A essa hora ainda! — Ele estava mesmo preocupado, ela percebeu. Hinata não entendeu, ele não percebera o que ela tinha encontrado?

A Hyuuga riu baixo, apoiando as mãos nos joelho e em seguida apontou pra trás. Ele seguiu o olhar e então a pegou pela mão, lhe puxando para ainda mais longe.

— Naruto-kun, você não vê? São mesmo verdadeiras. O que a gente está procurando, está bem ali! — Ela usava sua costumeira voz que era bem baixa.

— Eu vi, Hinata, mas algo me diz que não era pra estarmos aqui. Você viu o mesmo que eu, certo? Eles estão… — Ele parou, fazendo uma careta e a puxando para longe mais rapidamente. A Hyuuga começou a tropeçar nas raízes por isso.

— O quê? — Naruto olhou pra ela, sugestivamente. — Ah! — Ela ficou completamente vermelha. — É claro… — murmurou e abaixou a cabeça. Mas então percebeu que estava escuro. Não saberia voltar se não fosse Naruto, sem dúvidas. Seu senso de direção era péssimo, sempre fora. — E o que você faz aqui?

— Fui falar com você e seu tio disse que você estava aqui — Naruto falou rápido demais. — Agora nem lembro mais o que eu ia falar. — Riu sem graça e ela também. Hinata pensou que era normal, afinal de contas, se visse algo assim, também esqueceria. — Você é mesmo muito curiosa, ein? Nem se importa com o perigo.

Hinata sorriu sem graça e então eles ouviram barulhos. Ouviu o loiro murmurar um “droga” e a olhou. Fez uma careta e apertou-lhe a mão.

— Vou precisar que corra comigo. Meu carro está logo ali, então vamos poder nos afastar mais facilmente. Acho que perceberam nossa presença. — Hinata ia perguntar como, mas é claro que Kitsunes não eram apenas raposas gigantes. É claro que eles tinham algum poder. Ela acenou, afirmando, e ambos começaram a se afastar, o mais rápido que as pernas da Hyuuga lhes permitia, enquanto eles ouviam sons entre as árvores.


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