Lágrimas Peroladas escrita por SBFernanda


Capítulo 4
Capítulo Três: Reminiscência


Notas iniciais do capítulo

Reminiscência = imagem lembrada do passado; o que se conserva na memória; lembrança vaga ou incompleta.



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Capítulo Três: Reminiscência

 

Se havia uma festa que durava muitos dias, essa era o ano novo japonês. Eram três dias de comemoração, começando pelo dia 31. As pessoas ficavam bem animadas, afinal de contas, por mais que o cristianismo estivesse presente ali também, a religião predominante era a budista e, por isso, o Natal não ganhava tanto destaque como em outros países.

Havia se passado dois dias desde que Naruto soubera da volta de Hinata e achava até mesmo engraçada a data que ela voltara. Tão perto da real data que eles começaram a estar juntos em segredo. Ele ainda não tinha tomado coragem para ir atrás dela, não tinha se decidido como o fazer, como abordá-la, sem erros. Por isso mesmo ele apenas a admirava de longe, escondido em seu carro. Sasuke não cansava de brincar com o amigo, dizendo que ele mais parecia um adolescente apaixonado.

Naruto começou a ficar irritado com isso. Sabia que o amigo tinha razão. Não podia simplesmente parar de agir e ficar olhando. Se havia algo que sempre tivera certeza é que esperara Hinata voltar apenas para poder ficar com ela novamente. Não importava o quanto tivesse de lutar, isso era algo que ele não abriria mão nunca.

Naquele dia 31 de dezembro, as ruas estavam cheias. As pessoas compravam quimonos novos para poder ir aos templos logo ao nascer do sol, convidavam amigos e compravam mais coisas desnecessárias. Naruto se sentou do outro lado da rua da biblioteca e enquanto esperava Sakura, que seria sua companheira em seu plano mirabolante, ele deixava que as lembranças do último Ano Novo com Hinata lhe preenchessem a mente.

Ele olhou para cima, o rosto sempre corado de Hinata agora estava assim por mais um motivo. Ela estava ofegante e com um pequeno sorriso no rosto. Ele sorriu por isso, selando os lábios nos dela e escondendo seu rosto em seu pescoço.

— Eu acho… que eu deveria ir -— ela sussurrou, o abraçando e tentando esconder o próprio rosto.

— Ah, não… Fique até a última badalada — ele pediu. A voz estava rouca, a respiração contra o pescoço da jovem. Ela estremeceu e ele sorriu.

Todo dia 31 os sinos dos templos soavam 108 vezes. Havia toda uma explicação relacionada a afastar os pecados do mundo da pessoa e coisas que Naruto não tentava entender, ele não se importava com aquilo, mas riu ao lembrar disso. Sob o olhar indagador de Hinata ele riu novamente.

— Eles soam os sinos para afastar a tentação, o pecado, e nós aqui fazendo justamente o oposto. —  Seu comentário rendeu mais um pouco de vermelhidão ao rosto da jovem. Ele riu baixo e se inclinou, beijando o queixo dela, descendo ao pescoço.

— Isso não é certo. Eu poderia ser presa em casa por isso — murmurou, fechando os olhos. Por mais que ela dissesse aquilo, Naruto sentia a pele dela arrepiada a cada beijo seu. — Pior… você poderia ser forçado a se casar comigo!

— Isso é pior? — Ele parou quase imediatamente, de modo que Hinata o olhou quase assustada. — Eu não me importaria de me casar com você. Ah, Hina… — ele suspirou, colocou a mão esquerda embaixo da nuca dela, a puxando para si. Ambos ficaram meio virados na cama, meio entrelaçados pelas pernas. — Você diz que tem medo e ainda assim aqui está comigo. O que é esse medo então?

— Medo de, ao descobrirem, virem atrás de você — ela confessou baixo agora. Fechou os olhos e encostou a testa na dele. — Não suportaria que lhe fizessem algo. Entende isso? Ela veria a mancha, eu sei…

— Um dia isso irá. Eu abri mão disso por você — ele falou. Quando essa “mancha” se fosse, nada impediria que ela contasse a todos o que eles tinham. E não era medo ou vergonha, como Tenko gostava de dizer, era para que ele vivesse. — Eu te amo hoje, agora, mais do que nunca. — E pela intensidade daquelas palavras, ele sentiu o corpo dela estremecer sob o dele.

Antes que Hinata pudesse dizer algo, ele a beijou. Ficaram assim por longos minutos até que mais uma badalada soou. Hinata se afastou e olhou para o relógio. Ainda não era a última. Quando olhou para Naruto, ele estava ajoelhado na cama, os olhos nela. Abriu a boca para perguntar algo, mas ele negou com a cabeça. Logo em seguida, os lábios dele estavam em seu tornozelo, sua perna erguida. Suspirou, mordendo o lábio inferior conforme Naruto subia com os lábios por sua perna, assim como as mãos.

— Diga que ficará para ver o nascer do sol comigo — ele pediu, rouco.

— Kyuubi....

— Irei fazer você ficar de qualquer forma, mas gostaria que escolhesse isso — ele falou sorrindo malicioso. Ela não viu, ainda estava sentindo o corpo esquentar… — Isso é um sim? — ele perguntou e ela gemeu. — Que bom! — comemorou, sorriu e então, novamente, ele se debruçava sobre ela e a beijava.

— NARUTO! — Ele acordou de seus devaneios, dando um pulo, assustado. Sakura tinha acabado de lhe dar um tapa na cabeça. — Estou há tempos aqui te chamando. Onde estava? — Ele sabia que era uma pergunta retórica, mas sorriu, se levantando.

— Exatamente no lugar onde você vai me levar agora. Sei lá, inventa um livro e nos apresente. — Ele foi bem direto. Tinha até pensado em ir sem Sakura, mas depois pensou melhor… Agora já não tinha tanta certeza se era uma boa ideia.

— Não sei pra quê tô aqui, mas tá bom. — A rosada deu de ombros, entrando na biblioteca e começando a tagarelar sobre livros que nunca interessariam Naruto. O loiro, por sua vez, se perguntava como Sasuke aguentava aquilo há tantos anos… décadas!

Seus olhos então foram à Hinata, que estava perdida no meio dos próprios papeis, concentrada. Sakura estava tão bem em seu papel de atriz que nem mesmo notou o amigo indo até onde a outra estava. Fora simplesmente impulsivo.

— Que pesquisa interessante… — ele soltou e então travou. O plano não era esse. Hinata deu um pulo ao ouvir a voz dele. Por um instante ele viu medo, susto e agora era outra coisa… Ela corou. Ele sorriu.

— Ah… isso? — ela começou a juntar os livros e papeis rapidamente. — É só algo para um curso meu. Desculpe, está procurando algo?

— Ein? — Ele se esquecera por um instante de sua desculpa para estar ali. Balançou a cabeça e então riu. — Ah, a namorada do meu amigo. Ela quer comprar um livro pra ele. Mas não aguento a falação dela. — Ele riu e apontou para Sakura.

— Ah, você a conhece? — Ao notar o que havia falado, a jovem corou. — Digo, é que eu a conheci ontem… Ela parece ser bem legal e… É legal termos amigos em comum né? — Pronto, ela corou ainda mais.

Naruto sorria. Como ela era linda daquela forma. De qualquer forma, mas ele amava aquela timidez. Hinata se afastava por isso e ele foi atrás, rapidamente.

— Ei, calma. Eu concordo com você. E já que eu vivo segurando vela pra esses dois durante o nascer do sol você… Bem, não que montar um castiçal não? — ele brincou. Ela riu, por sorte, ainda que sem graça.

— Eu deveria passar com meu tio — ela sussurrou. Não sabia dessa parte. Quando olhou confuso, ela o mostrou o dono do local. Hinata renascera sobrinha do dono da biblioteca, ou assim pensava. — Mas posso aparecer, ou tentar. — Ela deu de ombros, ainda corada.

— Eu espero que consiga. Sakura e Sasuke podem ser bem inconvenientes quando estou sozinho. — Ele começou a se afastar. — Aliás, não nos apresentamos. Qual seu nome?

— Ah, claro, Hinata.

— Prazer, Hinata — ele falou, pegando a mão dela e levando ao lábios, exatamente como quando se conheceram da primeira vez, com os olhos fixos nos dela. O rosto corado assim permaneceu. — Sou Naruto. — E então foi como se ela levasse um choque. Arregalou os olhos e se afastou.

O loiro não entendeu aquilo. Tudo o que pôde fazer foi ver sua amada se afastar, sair correndo assustada e nem mesmo olhar para trás. Alguma coisa tinha acontecido. Seu nome despertara algo nela. Mas isso não fazia sentido.

— Ela não deveria lembrar — sussurrou e, sem se preocupar com Sakura, ele saiu dali rapidamente


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