Lágrimas Peroladas escrita por SBFernanda


Capítulo 2
Capítulo Um: Nova Vida


Notas iniciais do capítulo

As partes em itálico são lembranças. As destacarei assim para melhor dissociar do tempo presente.

Espero que gostem e aproveitem a leitura.



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Capítulo Um: Nova Vida

 

Um jovem de cabelos loiros e um terno preto saía do grande prédio ao crepúsculo. Assim que seus pés atingiram a calçada pavimentada, ele suspirou e passou a mão esquerda pelo rosto. Seu olhar seguiu para o céu. Era mais um dia que chegava ao fim.

— Senhor Naruto. — Uma jovem de cabelos loiros corria de dentro do prédio vestindo um terninho feminino. — Senhor… — Ela estava sem fôlego, também pudera, correndo daquela forma. — O senhor Uchiha acabou de ligar, pediu que não deixasse o senhor se esquecer que marcou com ele esta noite.

— Não me esqueci, Ino. Se ele ligar novamente, diga que deu o recado e está de pé. E não fique até tarde. — Ele deu um suspiro novamente quando a loira tornou a entrar e então seguiu para seu carro.

Carro. Anos atrás aquela "belezura" não existia e todos andavam a cavalo ou à pé. Claro, havia carruagens para as moças, mas nem todas podiam se dar a esse privilégio. Agora quase qualquer um podia ter um carro.

Naruto vivia nas mordomias que a fortuna de raposa poderiam lhe dar. Era quase certo que todas as raposas tinham riquezas, coisas que herdavam. De onde vinham, Naruto não se importava mais, era tudo herdado. E ele fizera bom uso. Com a modernidade, vieram empresas grandes, de diversas formas e para diversas coisas. Ele investira em uma e dera muito certo. Dedicava o seu tempo quase por completo ali, mesmo que fossem coisas banais que o entendiavam.

Mas era quase o tempo todo. Suas noites eram com seus dois amigos. Seus dois aprendizes. Nunca se imaginou como um mestre, mas aqueles dois apareceram desesperados e implorando por orientação. Relutou em aceitar, afinal de contas, ele ainda estava aprendendo.

Jogou a cabeça para trás, batendo-a no encosto do banco do carro e então, com um suspiro, dirigiu até o local onde combinara com os dois. Se lembrava com clareza, como fora, anos atrás, o encontro.

Ele estava em sua forma natural, sentado na clareira e olhando para a lua. Era uma daquelas noites em que valia a pena ficar acordado. Estava cansado por ter passado tanto tempo meditando e treinando. Tudo o que precisava era paz, principalmente para a sua mente ainda ferida. Mas era justamente o que não teria.

Sentiu a presença antes mesmo de vê-los. Estavam sorrateiros, receosos e isso ele podia ver em seus olhares. Levantou-se, se preparando para qualquer coisa e quando fez isso eles pararam a uma distância segura.

À sua frente havia mais duas raposas. Uma era prateada, com cinco das nove caudas perfeitamente formadas. A outra era um tanto incomum… Violeta? Ele nunca havia visto uma raposa daquela coloração, por isso seu olhar se prendeu com curiosidade sobre ela. Para mostrar que estavam juntos, a raposa violeta se aproximou da prateada e uma de suas caudas se entrelaçou com a da outra. Ele sentiu vontade de rir daquilo.

— Você é Kyuubi? — A voz da prateada era serena e masculina. Ele olhou para esta com interesse então.

— Faz muito tempo que ninguém me chamam assim. — comentou. Isso servia como um sim.

— É claro. Fiquei sabendo sobre isso. Agora prefere que te chamem de Naruto, certo? — Ele apenas acenou, confirmando. Esperava uma apresentação correta. — Sou Sukken e esta é minha esposa, Spirit. — Nomes interessantes para Kitsunes, Naruto pensou, mas nada comentou. O silêncio se estendeu.

— E em que posso ajudá-los? — ele perguntou. Era bom resolver logo aquilo, queria ficar sozinho novamente.

— Precisamos de um mestre. Um mestre que conheça ambos os lados. — Sukken, a raposa prateada, comentou. Naruto riu no mesmo instante e o casal se olhou receoso.

— Sinto não poder ajudá-los. Não sou o mais indicado para isso. Com sua licença... — ele apontou com a cauda laranja para a direção oposta, para que ele saíssem. Ao contrário dos dois, Naruto, em sua forma natural era uma raposa alaranjada com toda as nove caudas.

— Mas… você desafiou Tenko — Spirit falou afobada. — Precisamos de você.

— Olha, Violeta, eu não venci Tenko ainda. Aquela raposa velha está desaparecida fazem décadas desde que… — Ele parou. Muitas raposas conheciam sua história porque era uma “lenda”. Ele passara anos pesquisando sobre diversas coisas, inclusive o por que do sumiço do corpo de Hinata.

— Estamos aqui para ajudar também. Tenko é muito mais velho e se nos ajudar, podemos ajudá-lo no futuro. — Sukken parecia disposto a convencer Naruto, não importava o que precisasse dizer.

— Por qual motivo realmente me procuram? — Era sua palavra final, sem uma explicação lógica, não os ajudaria.

— Tenko roubou nosso filhote — Spirit logo comentou. Seu pesar pôde ser sentido por todos há quilômetros de distância. — E então, há poucos dias, nos mandou seu corpo.

O ódio que Naruto tinha por seu antigo mestre apenas aumentou. Ele sabia bem por que Tenko havia feito aquilo e, justamente por isso, seu ódio parecia aumentar.

— Os ajudarei — disse com aquele ódio transparecendo na voz. — Mas vocês terão de utilizar a forma humana, exceto quando eu disser que não. — Ambos concordaram prontamente.

Logo, na frente de Naruto estava um casal bem particular. Um homem, com cabelos médios e pretos, muito branco e com um olhar muito profundo. E um pouco atrás dele, escondendo a nudez recém adquirida por conta da transformação, estava uma mulher magra e com cabelos rosados. Naruto esperava violeta, mas não disse nada.

— E encontrem nomes mais… humanos — disse para os dois. — Nos encontraremos amanhã. Mesmo horário, não se atrasem. — No segundo seguinte, ele apenas os ouviu se afastando. Não sabia no que tinha se metido, mas sentia que era o certo. E teria ajuda para encontrar Hinata, afinal.

— Naruto? — Ouviu uma batida no carro, era Sukken, ou melhor, Sasuke. Saiu do carro e ambos caminharam em silêncio para a mesma clareira de sempre. Por mais que os tempos mudassem, aquela área permanecia preservada. Lendas locais falavam de espíritos de raposas guardiãs que ali moravam. Ele era grato pela mente das pessoas.

— Onde está Sakura? — o loiro perguntou pela esposa do amigo. Eles se entreolharam e Sasuke sorriu de leve.

— Investigando sobre o que nos pediu. Ela disse que não desistirá, Naruto.

— Já fazem anos e eu também não desisti. Nunca desistirei, Sasuke — ele explicou com simplicidade, encostando-se em uma árvore e olhando para o outro. — Devemos esperá-la?

— Isso depende do que vai nos ensinar hoje — disse também se encostando na árvore. Sasuke era do tipo que absorvia tudo com um olhar, respeitava Naruto não como mestre, mas como um amigo e já estava com seus próprios poderes e truques.

— Hoje iremos apenas meditar. — disse se sentando no chão. Percebeu o olhar do moreno e ergueu as sobrancelhas. — O que foi? Você desenvolveu muito apenas meditando, se lembra disso?

— Sim, mas sinto falta das lutas — confessou enfim. Naruto não estava no clima para isso. Vinha sonhando todas as noites com a morte de Hinata e isso o estava destruindo. Antes que percebesse, confessou ao amigo. — Você sabe que isso é um sinal, não é? Se ela ainda não está por aqui, em breve estará.

Sim, ele sabia disso, mas evitava criar esperanças demais. Estava pronto para encontrá-la depois de todos aqueles anos? Ela não o reconheceria e tudo o que ele queria era poder abraçá-la e beijá-la. E não poderia. Estava pronto para isso? Não tinha certeza.

— Eu a encontrei! — Sakura apareceu gritando e ofegando. No mesmo instante, o loiro se levantou e foi até a rosada, a segurando pelos ombros.

— O quê? Onde? É ela mesmo?

— Sim, é ela. Eu tenho certeza. Foi como nos disseram que seria. Em um dia não estava, no outro está como se sempre tivesse estado. Pele branca, cabelos azulados e… — ela parou o que dizia e abriu um grande sorriso para Naruto — olhos perolados.

Era ela. Não havia mais ninguém nesse mundo com aqueles olhos. Olhos que viam alma. O coração do velho Kitsune se aqueceu. Ele, enfim, a veria novamente.


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