Lágrimas Peroladas escrita por SBFernanda


Capítulo 12
Capítulo Onze: Treinamento


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo saiu mais rápido, viram? Eu não tive imprevistos e estou bem empolgada escrevendo.
Quero agradecer a MFR, Naruto s2 Hinata, Fluffy Mary e RebecaHyuuga pelos comentários. Vocês me deram aquele UP!



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Capítulo Onze: Treinamento

 

Apesar e estar tão ansioso para começar o treinamento quanto Sasuke, Naruto sabia que eles tinham de analisar aquilo primeiro. Por isso, encontrou com amigo em sua casa, onde imprimiram as fotos que tinha tirado do diário e começaram a analisar, ambos bem impacientes para começar logo. Estava cedo e ainda tinham tempo de sobra.

— Sakura apenas ficou chateada de não estar treinando também — comentou Sasuke, marcando algumas coisas e jogando para o loiro.

— Eu sei. Apenas não confio em mais ninguém. Você pode passar a ela depois — comentou Naruto, olhando aquilo que tinha recebido e acenando. — Além do mais, tem uma coisa que preciso verificar e tenho quase certeza que ela se desesperaria ao saber.

— O que é? — perguntou Sasuke agora sério. Ele não gostava de esconder nada de Sakura, então sabia que seria ele a contar o que quer que fosse.

— Tá, chega de ler. Vamos até o bosque,  lá eu já lhe conto e nós começamos. — Empurraram os papéis para cima da mesa e saíram. Nenhum dos dois disse mais nada enquanto corriam na direção do bosque. Apesar de estar em uma grande casa na cidade, Naruto havia descoberto um caminho direto de sua casa para o bosque que não demorava mais do que 15 minutos. Eles correndo chegavam em cinco. Uma grande vantagem de Kitsune, mesmo em forma humana.

Era sempre a mesma clareira, pois ali era o único lugar onde eles cabiam, inclusive em suas formas naturais, durante os treinamentos. Como naquele dia Sakura não estava, havia um espaço a mais. Naruto nada disse, simplesmente retirou o terno que usava, Sasuke entendeu que, em um raro momento, eles teriam de estar em suas formas naturais e imitou o amigo, no outro extremo da clareira. Quando este se virou, no lugar do loiro estava uma grande e imponente raposa avermelhada. Até hoje ele não sabia para que lado pendia a coloração de Naruto, laranja ou vermelho. Não importava quantas vezes olhasse, aquelas nove caudas sempre lhe chamavam atenção, pousadas calmamente.

Notando o olhar de Sasuke ali, Naruto simplesmente esperou. Acreditava que aquela curiosidade vinda do amigo e de sua esposa se devia a quase não o verem naquela forma. Naruto sempre evitava a forma de raposa nos últimos anos, era como se atraísse ainda mais atenção. Após alguns segundos ele se ergueu e Sasuke o imitou. Estava impaciente, mas agora não apenas para lutar, ele também queria saber o que o loiro queria dizer.

— Tudo bem. — A voz de Naruto era mais profunda naquela forma, ainda que não muito diferente, mas era como se refletisse as décadas que ele tinha. — Apenas fique quieto por alguns segundos, tudo bem? — pediu e se concentrou em tentar enxergar além de Sasuke. Não era nada fácil aquilo, mas lera com precisão no diário de Shakko. Apertou as garras no chão, tamanha a sua concentração e soltou em seguida um suspiro triste. — Como imaginei. — A grande e avermelhada raposa se sentou novamente. — Lembra da mancha na qual falei? — Sasuke esperou, ele conhecia aquela história.

— Sim, sim. Hinata vivia dizendo que você não podia sucumbir à mancha. Que podia se livrar dela. — Naruto acenava, afirmando.

— Isso… Bem, no diário de Shakko explica um pouco como isso surge e como se desenvolve. — Sasuke ficou interessado naquilo. — Alguma mágoa, rancor ou… vingança. Conforme vamos nos rendendo a isso é que essa mancha se desenvolve.

— Eu tenho, não é? — a Kitsune prateada perguntou, já sabendo a resposta. Naruto apenas acenou. — E você imagina que Sakura também, não é? — outra vez Naruto acenou.

— Vocês me procuraram em busca de vingança pelo o que Tenko fez com seu filhote. Sua mancha se inicia no coração. Eu a vi. Esses anos comigo talvez tenham feito ela crescer, eu não sei dizer. Minhas técnicas são como as de Tenko, afinal eu era seu aprendiz.

— E a sua?

— Eu não tinha um motivo assim. Quando me juntei a ele foi para ter poder. Não me importava com mais nada, só em ser forte e ele procurava alguém para isso. Para mim, foi perfeito. Minha mancha começa aqui. — levou a pata até a cabeça, mas logo a abaixou. — A primeira coisa que devemos fazer é mudar nosso treinamento, nos basearmos no de Shakko. Não sei se vai funcionar, ambos queremos nos vingar e posso afirmar que minha mancha é também no coração depois que Hinata… — ele parou. Sentia seu corpo vibrar com a lembrança. Talvez eles nunca se livrassem daquilo.

— Precisamos tentar. Sakura nunca se perdoará se souber que nem mesmo tentou se livrar de algo que a associe a Tenko — Sasuke comentou, se levantando. — Por onde começamos?

— O bom é que estamos bem evoluídos na meditação. Pelo que vi, isso sempre foI um grande requisito para qualquer treinamento de Shakko. — podia jurar que os lábios da Kitsune a sua frente se repuxaram um pouco em um sorriso. — Acho que podemos começar tentando o contato com a natureza. Era assim que Shakko utilizava seus poderes.

— Isso é tão gay — comentou Sasuke, mas já se sentava, com as caudas a sua volta. Estava se preparando para entrar em transe.

— Shakko era uma Kitsune fêmea, Sasuke, Isso é muito normal — comentou Naruto com um tom divertido e imitando o amigo. Por ter quatro caudas a mais, estas acabaram ficando espalhadas atrás de si.

Nenhum dos dois falou mais, apenas se concentravam em tentar sentir, da maneira que fosse, a natureza que precisava reconhecê-los. Muitas horas se passavam, ambos tinham dificuldade em conseguir uma conexão forte o suficiente para que conseguissem usar qualquer poder que fosse relacionado a elementos naturais. Sasuke ficava frustrado e apertava as patas no chão. Naruto se sentia um pouco desiludido. Tinha esperanças de virar o jogo com aquele treinamento, mas se com o primeiro já não conseguia…

Foi com esse pensamento que ele sentiu algo. Não era nada além de um sopro que percorreu todo o seu corpo, parando exatamente onde ele imaginava ter a mancha. Abriu os olhos, surpreso e um pouco assustado com aquilo. Olhou para Sasuke, para saber se o amigo tinha sentido aquilo, mas apenas o encontrou com os olhos abertos, mas desfocados, e uma expressão frustrada.

Novamente fechou os olhos, pedindo internamente para que se fosse uma resposta que lhe dessem um sinal. E novamente o sopro, batendo contra seu peito e sumindo. É claro que ele entendia. Sua mancha o impediria de muitas coisas, mas a natureza ainda o reconhecia como parte dela. Quase suspirou aliviado, mas qualquer som que fizesse poderia desconcentrar Sasuke, que por algum motivo tinha dificuldades.

Aproveitando suas respostas, Naruto tentou manipular algo. O vento, talvez. E começou de fato. Enquanto sua boca se abria, ventos iam em sua direção e começavam a girar, formando uma bola ali, que quanto mais tempo ele mantinha, maior ficava. Com os segundos, ele percebeu que começava a fazer barulho. O ditado popular de “o vento uiva” era mais real do que nunca naquele momento.

Sasuke cambaleou quando uma parte da terra se ergueu, o derrubando. Mas ele pareceu feliz com isso. Mesmo concentrado no que fazia, percebera que o amigo estava também começando a ter a permissão da natureza. Mas os olhos da raposa prateada estavam agora na grande bola de ar condensado em frente à boca da Kitsune vermelha. Ele costumava fazer aquilo com fogo, como era comum das Kitsunes, mas com o ar… Era ainda mais impressionante.

Para não soltar sobre o amigo, Naruto se virou para o lado oposto, em direção ao bosque, onde sabia que por muitos quilômetros tudo o que haveria seriam árvores, e soltou aquilo. A devastação foi completa. Algumas árvores, inclusive explodiram e ele quase pôde ouvir o chiado em reprovação da natureza. Fez uma careta, na qual Sasuke riu, e ambos, sem ao menos se comunicarem, apoiaram as patas um pouco a frente do corpo e fecharam os olhos. Era como se a energia saísse do chão, passeasse por seus corpos e descarregasse no chão novamente. Naruto não podia negar que era uma sensação estranha, engraçada e maravilhosa. Ele nunca tinha sentido tanto poder antes.

Talvez Shakko tivesse descoberto, de fato, como era ser poderosa. O poder de Tenko dependia da vida humana, ele precisava da maldade que fazia para continuar a ter poder. Shakko precisava apenas de tudo a sua volta. Ela nunca perderia e ele tinha certeza absoluta disso quando sentia aquilo passando por si. E sabia que o amigo também sentia aquilo. Ao abrirem os olhos, as árvores estavam no lugar, não mais tombadas e jogadas. Apenas as que tinham explodido é que ainda permaneciam daquela forma.

— Não há nada mais incrível! — Naruto soltou, olhando maravilhado para o bosque.

— Realmente… Mas você sentiu o mesmo que eu, não é? — Quando ouviu Sasuke dizer aquilo, o olhou curioso. — Ela repudia o que temos dentro de nós e fará de tudo para destruir. Você não se sente cansado?

Só então Naruto percebeu que estava ofegante. Seus treinos, enfim, o cansariam. Ele entendia o que Sasuke queria dizer. Mesmo os aceitando, por saberem que estava fazendo isso para se livrarem da mancha, a natureza não aceitava aquilo convivendo no mesmo espaço. E como esse era o desejo deles… Ela agia dentro para tirar o que tinham de ruim. Hinata tinha razão, Shakko sabia como cada um poderia se livrar da própria mancha. Mas ele não tinha certeza se queria se livrar por total. Ele precisava manter a sua vingança. Ele ainda precisava matar Tenko.

— Então, vamos treinar de fato? — Ele ouviu Sasuke, com um ar divertido e quase esqueceu de seus temores. Fez um galho se partir e as folhas serem lançadas na direção do amigo.

— Está demorando muito — dizendo isso, o galho enfim atingiu uma das caudas, parte sensível, apesar de forte, para qualquer Kitsune. Sasuke soltou um urro e a luta começou.

Agora a energia circulava ao redor deles, além de fazer parte de cada golpe que se utilizava poderes. Por mais que ainda fosse difícil e cansativo, eles se divertiam e se desenvolviam a cada momento. Horas e horas apenas para treino, para desenvolverem suas capacidades. Isso lhes mostrava que era o caminho certo, porque a cada vez se lembravam do que tinham lido.

 

“Utilizem técnicas que juntem suas habilidades com a natureza, ela vai guiá-los. A cada avanço, mais facilidade terão para controlá-la. Você e o meio ao redor se tornarão um.”

 

Shakko era incrivelmente inteligente, Naruto não tinha dúvidas. Por mais que sua mancha o atrapalhasse, nada que aquela Kitsune tinha dito fora errado. Com um dia de treino ele estava mais forte do que em muitos anos. O mesmo se aplicava a Sasuke, ele conseguia até mesmo se divertir estando a fazer algo tão sério.

Mas havia limites. Quando o das duas Kitsunes chegou e foram ignorados, o preço foi cobrado. Os corpos se chocaram, não parando quando eram para parar. Nenhum poder os ajudou e um grande tremor correu toda a cidade, porque duas grandes Kitsunes caíram inconscientes.

Sakura, que estava perto da biblioteca, pensando em ir conversar um pouco com Hinata depois de ter passado o dia a observando, virou-se na direção do bosque e sem pensar duas vezes correu para lá.

Hinata demorou a notar o que estava havendo, mas ao perceber de onde vinha, ela correu para a janela e ali ficou. Por algum motivo, não se atreveu a ir até lá. Olhou para o diário de Shakko em suas mãos e se sentou ao lado da janela, voltando a ler os detalhes que ela dera em seu treinamento.

 

“Só houve um momento que não me cansei enquanto treinava. Foi após a luta com Tenko. Eu sentia que tinha feito tudo certo, mas sentia que faltava algo. Eu amava minha forma natural, mas amava os humanos. E quando vi os olhos dele me observando, eu soube… eu tinha de ficar forte para protegê-lo.”

 

Hinata tinha certeza que a força para se manter digna dos poderes da natureza em uma Kitsune era esse sentimento. Anotou com sua letra ao lado com um lápis: “Amor”. Shakko amara um humano.

No segundo seguinte o telefone tocava. Não demorou para atender e se surpreendeu com a voz de Sakura do outro lado.

— Hinata? Oi, desculpe, estou ligando a pedido de Naruto. Bem, ele pediu pra dizer que não poderá ir ao encontro hoje. — A voz da rosada estava um pouco abafada e ela se perguntava o por que. — Ele e meu noivo sofreram um acidente. Estão bem, mas precisam ficar em casa.

Naquele momento, Hinata soltou o livro que tinha nas mãos e perguntou a Sakura se ela poderia lhe passar o endereço de Naruto. Mesmo com a rosada dizendo que não havia necessidade, ela insistiu. Não era nada de Naruto, não poderia insistir assim, mas não se importava. Precisava ver se ele estava mesmo bem e então o deixaria descansar.

Jogou o caderno em sua bolsa e saiu em disparada, apenas avisando que sairia mais cedo ao tio. Seu desespero era palpável. Não sabia explicar, mas sabia que tudo estaria bem assim que o visse.


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