Lágrimas Peroladas escrita por SBFernanda


Capítulo 10
Capítulo Nove: O diário de Shakko




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/575604/chapter/10

Capítulo Nove: O diário de Shakko

 

Hinata estava sentada na cama, mesmo tendo chegado tarde, ela não conseguia dormir. Na verdade, ela nem mesmo conseguia parar de repassar o que tinha visto aquele dia. Sorria por isso, por Naruto também ter visto, assim ele também teria a mesma prova que ela. Mas também estava aliviada por eles terem conseguido escapar antes de serem realmente vistos, aquilo sim fora muita sorte.

Quando Hinata achara que não tinha mais como fugir, porque os sons das raposas estavam muito perto, eles viram o carro de Naruto. Ele simplesmente deu a volta, abrindo e puxando Hinata pra dentro já dando partida rapidamente. Apenas parou de correr ao chegar à parte movimentada da cidade. Não havia como correr ali.

O silêncio tinha se instalado no veículo durante todo o tempo. Hinata já tinha recuperado o fôlego e sorria abertamente quando Naruto parou em frente a um restaurante simples, perto da casa da Hyuuga.

— Sei que nosso encontro seria apenas amanhã, mas com os acontecimentos de hoje, será que poderíamos só jantar juntos? — Não seria um encontro, ela e ele sabiam disso, mas ele queria ficar com a jovem e, provavelmente, falar sobre o que viram. Hinata apenas concordou e ambos saíram em direção ao restaurante.

Comeram pouco, muito pouco. Hinata não parava de dizer “não acredito no que a gente viu” e Naruto ria, apenas concordando com ela. Comentaram sobre os detalhes. Na verdade, Hinata é quem mais falava sobre. Como a cor das Kitsunes, as caudas. Ela não sabia por que não tinham nove caudas.

— Ouvi dizer que apenas as raposas com mais de 900 anos possuem as nove caudas. Levam 100 anos pra cada uma aparecer — Naruto disse, não olhando nos olhos da jovem, mas se concentrando no prato a frente e comendo um pouco, como desculpa para sua ação.

— Onde ouviu isso? — Havia interesse, apesar da curiosidade sobre o assunto, ela queria uma fonte confiável.

— Jura que você nunca ouviu? Bem, faz tempo isso, se bobear o senhor que me disse isso já faleceu, ele morava naquela casa a caminho do bosque. — E realmente havia uma casa abandonada ali. Hinata apenas afirmou e se pôs a pensar.

— Então aquelas lá possuem 500 anos? — após dizer isso, suspirou, sorrindo. — Você sabe se elas envelhecem? Sabe…

— Não morrem por velhice. — Ele riu e ela também, porque isso era muito óbvio. — Não sei muito sobre morte das Kitsunes, mas algumas apenas... somem. É estranho. — Naruto parecia um pouco pensativo com aquilo. Isso a deixou confusa e curiosa, mas era algo que também sabia.

Após alguns instantes mais ali, sem comer mais, Naruto pagou a conta e a levou para casa. Estava muito mais tarde do que qualquer um dos dois imaginava que estaria já. Por isso, o loiro a levou até a porta e sorriu, um pouco sem graça.

— Isso não foi bem um encontro — se desculpou, ele parecia mesmo muito sentido. — Mas fico feliz por ter te encontrado lá hoje e você estar viva agora — brincou e ambos riram.

— Obrigada por aparecer — falou um pouco sem graça, encostada contra a porta. — Foi um bom encontro… — ela sussurrou, ficando vermelha. Ele não entendeu muito bem porque, afinal de contas, tinha sido um jantar às pressas. — Gosto de ficar com você, Naruto — sua voz saíra tão baixa, que o loiro não teria ouvido se fosse apenas um humano. Mas ele não era, por sorte.

Assim que os olhos na Hyuuga se encontraram com os dele, o loiro sorriu e se aproximou. Ambos fizeram a mesma coisa, olharam em volta, riram baixinho e em seguida encararam os lábios um do outro. Hinata suspirou, fechando os olhos levemente. Naruto respirou fundo, sentindo o cheiro dela lhe tomar e, assim, ele tomara os lábios da Hyuuga pra si, deixando seu corpo se colar ao dela contra a porta.

As mãos de Naruto estavam apoiadas no rosto da jovem, usando os polegares para lhe acariciar ali. Seus lábios se moviam com os dela de forma lenta, sentindo cada movimento desses com os seus. Ele não se afastou, pois sentia as mãos dela em sua camisa, segurando-o ali. Mas quando ela começou a ficar ofegante ele finalizou o beijo dando-lhe um leve selinho e sorriu, abobalhado, a olhando. Queria gritar que a amava, mas não podia, então apenas pensava enquanto a admirava.

— Acho… acho… — ela gaguejou e riu de si mesma, sem conseguir terminar a fala.

— Entre, Hinata. Já está tarde… — ele falou, ainda sorrindo, e se afastou para que ela pudesse entrar. — Nos vemos amanhã.

A Hyuuga apenas acenou, afirmando, e abriu a porta. Quando estava quase dentro de casa, voltou e deu um rápido selinho no loiro, que foi pego de surpresa por ela. No segundo seguinte, apenas via sua pequena entrando.

Hinata viu ele se afastar e entrar no carro pela janela. Só depois disso é que ela fora tomar um banho e agora estava lá, sentada na cama lembrando de tudo aquilo. Por mais que tentasse, sabia que ainda demoraria a dormir.

Ao sair da casa de Hinata, Naruto sabia o que encararia na sua. Não estava nervoso, mas não estava muito ansioso para aquilo, tampouco. Não foi diferente do que imaginava. Sasuke e Sakura estavam lá, sentados no seu sofá. A rosada com os braços cruzados e uma expressão de poucos amigos. Sasuke estava indiferente, como sempre. Ele não disse nada, apenas retirou a gravata que ainda usava e jogou o paletó em cima da poltrona. Se sentou ali, retirando os sapatos.

— Não vai dizer nada? — Pronto, ele quase sorriu quando ouviu Sakura falar. — Vocês nos espiam e é isso? Você marcou com a gente mais tarde, Naruto, não era…

— Se me deixar explicar, eu vou explicar. Mas pare de fazer suposições. — Ele a cortou. Ela olhou para Sasuke, pedindo apoio.

— Então explique, Naruto.

— Hinata viu a… brincadeira de vocês lá da biblioteca e foi para lá sozinha. Eu estava afastado, cheguei mais cedo, mas senti a presença dela e esse foi o único motivo de ter me aproximado — ele explicou. Os dois ficaram pensativos e em seguida, Sakura corou.

— Achei que tivesse feito um plano para ela descobrir a verdade.

— Claro que achou, porque talvez fosse algo que eu fizesse, mas não agora. — Ele soltou um pouco os botões da camisa, apenas para não ficar tão próximo de sua garganta. — Peço perdão por isso, eu a tirei de lá o mais rápido possível.

— Percebemos — Sasuke disse rapidamente e se levantou. — Entendo que não estava em suas mãos, Naruto.

— É. Hina é bem curiosa, ein — a rosada até brincou e o loiro sorriu. Ambos estavam de saída. Ele apenas acenou de volta e seguiu para o banheiro.

Agora que Hinata sabia que as lendas eram verdade, o que mudaria? Era o que ele mais se perguntava e preocupava também. Não sabia como abordar aquele assunto com ela, mas não queria se desesperar também. Sasuke já tinha até mesmo proposto que ele nunca contasse, mas não podia fazer isso. Ele a queria como antes, com ela sabendo todos os seus segredos e sem medo. Mas ele a fizera temer as Kitsunes naquele dia. Haveria uma forma de mudar isso? Foi pensando nesses meios que ele adormeceu.

Neji foi quem acordou Hinata naquele dia. Preocupado que a prima não estivesse bem, ele entrou em seu quarto e a sacudiu um pouco. Hinata acordou assustada e sem saber o que sonhara. Odiava quando isso acontecia, pois passava o dia pensando no que seria. Neji apenas perguntou se estava bem, ficara preocupado porque ela nunca se atrasara, no que ela explicou que apenas tinha ido dormir tarde, mas logo estaria saindo novamente.

O primo a deixou ali e saiu, no que, imediatamente, Hinata se levantou. Ao fazer isso um pedaço de papel caiu também. Estranhou aquilo, ainda mais por não reconhecer a letra, mas fosse quem tivesse escrito, lhe deixou curiosa.

 

“Experimente procurar em sua própria biblioteca.”

 

Alguém sabia o que ela estava procurando e sabia também onde encontrar. Isso sim a assustou. Naruto não parecia saber onde estava o que ela e ele procuravam e aquela não era letra nem de Neji nem de seu tio. Quem então? Suspirou, caminhando para o banheiro. Tomou banho, café e se arrumou rapidamente. Porém, quando estava saindo de casa, lembrou-se do bilhete sem assinatura.

Por mais que a biblioteca que pensasse fosse exatamente a que estava indo, ela se sentia incomodada com aquilo. Tinha certeza que não era aquela a referida. Olhou em volta e quase riu de si mesma ao lembrar… Eles tinham uma biblioteca em casa. Era muito pequena até, mas continham os livros que Hinata mais gostava ali. Não custava tentar. Ligou para o tio, avisando que demoraria um pouco mais naquele dia e então seguiu para o seu antigo santuário, ou assim gostava de pensar que ele fora.

De imediato, não achou nada. Ela conhecia cada livro ali, não havia nada novo, mas depois, decidida a encontrar fosse o que fosse, começou a passar por cada prateleira, olhar e tocar cada livro. Era algo muito demorado. Ela acabou encontrando livros de sua infância e, estava desistindo na penúltima estante, quando encontrou algo que realmente não se lembrava. Era um livro completamente branco, sem qualquer nome na frente.

Hinata sentou em uma poltrona com ele no colo, olhando. Não era um livro, exatamente, notou assim que abriu, era como um caderno de anotações. Na primeira folha tinha apenas um nome: “Shakko”. Era como se ela já tivesse ouvido aquele nome em algum lugar. Passou a mão por ali e virou a página. Escrito a mão estava uma espécie de prefácio:

 

“Nenhuma outra batalha poderia ter sido igual aquela, simplesmente porque estávamos prontos para tudo. Morrer era a minha preparação, por mais que meu maior objetivo fosse viver.

Durantes muitos anos, fomos vistos como seres a ser temidos e odiados. Nunca aceitei isso. Eu queria o melhor para o meu povo. Fossem eles Kitsunes ou humanos, porque eu fazia parte dos dois agora. Tenko me dizia que aquilo era burrice, que eu nunca seria verdadeiramente forte por isso. Ele estava enganado. Deixo esta espécie de diário a cada Kitsune que quiser saber como isso aconteceu. Como minha força cresceu a ponto de eu me tornar conhecida como a Kitsune Benevolente. Não sou a melhor, não possuo nada que me diferencie de mais ninguém. Qualquer um que tenha verdadeira bondade e amor podem ter os mesmos poderes que eu. Sigam meu treinamento, sempre se lembrando que ele é apenas para fazer o bem, para vencer a escuridão que Tenko quer tanto levar sobre cada humano.

Tenko não é a única Kitsune maligna que se encontra pela Terra, mas é a pior delas e o meu maior inimigo. Não me arrependo de ter poupado sua vida em nossa batalha, mas me arrependo de não tê-lo salvado. A escuridão o tomou de uma forma que nunca pude imaginar. Espero que meus registros ajudem as futuras gerações a se prepararem melhor e a traçar o melhor caminho. Uma marca ruim pode ser apagada, basta que se dedique a isso.

Shakko”

 

Hinata se perguntava como nunca tinha visto aquilo antes. Não era algo que passaria despercebido. Era o diário de uma Kitsune. Não qualquer uma, mas a Kitsune Benevolente. Ela lera tanto sobre isso, sobre a batalha desta com a Maligna: Tenko. Sua família sempre estudara e fora fascinada pelas Kitsunes, ela sabia, mas eles tinham o diário de uma delas. Ficara fascinada por aquilo, realmente abismada. Seu principal impulso, mesmo que não soubesse explicar o motivo, fora apenas um:

Pegou o telefone e discou rapidamente para Naruto, que atendeu de imediato.

— Quando conversou com aquele senhor… — Ela nem mesmo o cumprimentou. Estava quase ofegante. — Ele lhe falou algo sobre Shakko?

— Hinata? Ér… — Ele parecia estar pensando sobre aquilo. — Bem, acho que sim. Por quê? O que foi?

— Encontrei o diário dela. — Ela estava rindo e podia sentir Naruto prendendo a respiração do outro lado da linha. — Você quer ver? Tem tanta coisa aqui, acho que…

— Estou indo. Está em casa, não é? — foi o que ele perguntou e quando ela afirmou, ele se despediu rapidamente e desligou. Estava ansiosa, porque de alguma forma sabia que estava mais perto da verdade. Mas qual verdade? Ficou confusa ao pensar nisso e encarou a capa do diário. Branca… Shakko deveria ser a Kitsune branca.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lágrimas Peroladas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.