I Need You escrita por Péricles


Capítulo 5
O Beco Diagonal


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aqui está o novo capítulo



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No dia seguinte na Toca, a sra. Weasley acordava uma mal-humorada Gina para as duas irem ao Beco Diagonal. Se havia uma coisa que a caçula dos Weasley’s odiava, era acordar cedo. Rastejou para fora da cama, dormiu em pé enquanto tomava banho, vestiu as roupas na velocidade de uma lesma e desceu tropeçando as escadas para a cozinha, onde a sra. Weasley preparava o café.

— Bom dia, querida – ela disse quando Gina pisou duramente na cozinha, se apoiando nas paredes – Está um lindo dia, não?

— Não - disse ela, se sentando-se à mesa e servindo-se de uma grande xícara de café.

— Depois de cinco anos fora ainda não consegue acordar cedo de bom humor? – perguntou a sra. Weasley.

— Mãe, eu nunca vou conseguir acordar cedo de bom humor. Felicidade e acordar cedo são duas coisas que não combinam.

A sra. Weasley riu, também se sentando na mesa e se servindo de uma xícara de café.

— Quero só ver quando tiver filhos, vai ter que acordar de madrugada.

Gina agradeceu por sua mente ainda estar nebulosa de sono, pois provavelmente ficaria refletindo sobre as palavras da mãe e teria mais um motivo para se deprimir. As duas tomaram café e conversaram sobre as coisas que iriam comprar no Beco Diagonal.

— Certo, eu fiz uma lista – disse a sra. Weasley conjurando um pedaço de papel – Eu vou atrás dos ingredientes para a ceia e das coisas que faltam em casa enquanto você vai atrás das decorações de natal.

— E quanto aos presentes? – perguntou Gina bocejando.

— Se ver alguma coisa, pode comprar. Para a decoração eu tenho alguns galeões e...

— Mãe, nem pensar. Eu pago.

— Mas filha, eu...

— Escuta, eu também moro aqui entendeu? Por isso eu posso pagar a decoração.

— Mas eu não me sinto bem com você pagando e...

— Então sinto muito mãe, porque enquanto eu morar aqui a senhora vai se sentir cada vez pior. Não vou deixa-la gastar todos os seus galeões sendo que eu posso pagar.

— Mas é o seu dinheiro, Gina.

— Eu tenho mais do que suficiente. Por isso nada de discussão. Melhor irmos andando.

Ainda resmungando, a sra. Weasley pegou seu casaco e foi para o quintal, seguida pela filha. Ainda estava bem frio e o quintal estava coberto de neve, de modo que seus pés afundavam a cada passo. Elas andaram até a pequena estradinha, onde aparataram em um beco que ficava próximo ao Caldeirão Furado. Fazia anos que Gina não ia para aquele lugar, mas mesmo assim ele continuava o mesmo. Um estabelecimento com cheiro de mofo e velhice, contendo diversas mesas espalhadas por todo o local e alguns bruxos tomando café. Atrás do balcão, porém, ao invés do velho e enrugado Tom, um rapaz loiro bronzeado de olhos verdes limpava alguns copos e pratos.

— Quem é aquele? – perguntou Gina para a mãe.

A sra. Weasley enrubesceu.

— Oh, aquele é o filho do Tom, Andrew.

— O que houve com o Tom?

— Oh, bem... Ele faleceu ano passado de velhice.

— Coitado. – respondeu Gina. Ela gostava do velho Tom.

— Pois é. Desde então Andrew assumiu o negócio. Além de bonito ele também é muito simpático.

Gina soltou uma risadinha. Ver sua mãe se derretendo por um garoto que era uns trinta anos mais nova que ela era divertido e tirou o mal humor matinal dela.

Andrew ergueu os olhos e viu a Sra. Weasley.

— Ah, Senhora Weasley é um prazer revê-la.

— Olá Andrew – respondeu a Sra. Weasley, corando. – É um prazer revê-lo também. Como vão as coisas?

Ele saiu de trás do balcão e caminhou até onde as duas estavam. Era uns 10 cm mais alto que Gina e exalava um cheiro doce e agradável, bem diferente do local.

— Por aqui tudo normal, sabe como é, bruxos se hospedando, comendo. Estou fazendo de tudo para que o lugar não enfraqueça.

— Seu pai ficaria orgulhoso de você – respondeu de forma bondosa a sra. Weasley.

— Obrigado – ele olhou para Gina e franziu a testa – Ei, acho que conheço você... Você não é Gina Weasley, Artilheira das Harpias?

— Ex artilheira, eu me aposentei. Mas sou eu mesma. – respondeu Gina.

— Ah sim, claro, saiu no Profeta Diário. Prazer, eu sou Andrew Allavasky, filho do Tom que era o dono do local.

— Gina Weasley, prazer – eles apertaram as mãos e ela não pôde deixar de reparar no quão o aperto de Andrew era firme e estável.

— Bem Andrew, foi um prazer revê-lo, mas eu e Gina temos que fazer as compras de natal – interrompeu a Sra. Weasley.

— Ah sim, claro. Só tome cuidado, uma onda de roubos está acontecendo no Beco Diagonal e o Ministério não consegue pegar os assaltantes.

— E quando eles conseguiram pegar algum ladrão? – murmurou Gina baixinho, porém Andrew escutou e soltou um pequeno risinho.

— Obrigada pela dica. Aliás, onde passará o natal? – perguntou a sra. Weasley.

— Ah, bem... – foi a vez de Andrew enrubescer – Eu não tenho planos para o natal já que eu sempre passava com meu pai.

— Oh, sinto muito querido. Por que não vem passar o natal conosco esse ano?

Os olhos de Andrew brilharam de entusiasmo.

— Eu adoraria Sra. Weasley, obrigado.

— Não seja por isso. Vejo você no natal então, até lá.

— Até – eles e despediram e Gina e sua mãe foram para os fundos do bar para entrarem no Beco Diagonal.

— Ele não é uma gracinha? – perguntou a Sra. Weasley.

— Sim e muito novo para a senhora, não acha?

— Ora Gina, eu sei disso, mas não significa que não posso me divertir um pouquinho com ele, não é?

Gina soltou uma forte gargalhada e tirou a varinha das vestes. Bateu com ela na parede dos fundos do bar e o tijolo em que a varinha foi tocada se moveu para o lado, seguido de outro e mais outro e logo todos os tijolos da parede se abriram em um arco, revelando uma ruela estreita repleta de lojas pintadas de dourado, vermelho e azul, com vitrines exibindo dos produtos mais exóticos ao mais simples.

Gina e a Sra. Weasley caminharam pelas ruelas até chegarem a uma construção de mármore branco com uma placa bordada a ouro que dizia “GRINGOTES”, onde entraram e foram levadas aos seus cofres por carrinhos controlados por duendes. Depois que elas pegaram a quantia desejada de galeões que precisavam, saíram para a ruela novamente.

— Tudo bem, você vai atrás da decoração e eu dos ingredientes e outras coisas necessárias ok? Nos encontramos no Caldeirão Furado em uma hora e meia.

E dizendo isso elas se separaram cada uma indo para um lado. Gina conseguiu comprar as luzinhas de natal e meias vermelhas para pendurar nas lareiras da casa, além de presentes para Fred, Angelina, Audrey e Roxanne, quando ao sair da Floreios e Borrões com um livro embrulhado para Percy, uma surpresa lhe surpreendeu.

Tudo aconteceu muito rápido. Gina colocou as sacolas das compras em uma mão enquanto com a outra abria sua bolsa e conferia quantos galeões ainda tinha, quando um vulto veio correndo em sua direção, a derrubou no chão e saiu correndo com sua bolsa. Gina caiu e bateu a cabeça em um paralelepípedo da rua, ficando desorientada por alguns segundos. Quando recobrou a consciência ainda conseguia ver o ladrão que a assaltou usando vestes totalmente negras, correndo na direção contrária segurando sua bolsa. O presente para Roxanne estava lá dentro.

Sem pensar, Gina se levantou e correu atrás dele tentando equilibrar o peso das demais sacolas. Não podia deixar que ele levasse o presente de sua sobrinha embora. O ladrão percebeu que ela o seguia e sacou a varinha, disparando uma série de feitiços. Gina rapidamente também sacou sua varinha e se defendeu de todos, enquanto ainda corria na direção do assaltante. Ela tinha que admitir correr atrás de um ladrão era perigoso, mas ao mesmo tempo excitante.

Ele virou para a esquerda e Gina também e quando ele estava prestes a virar para a direita, Gina disparou um feitiço.

— Impedimenta — ela gritou e uma barreira invisível surgiu na frente do assaltante, atirando-o para trás. Ele voou no ar e aterrissou aos pés de Gina, que assumiu uma posição autoritária digna de Molly Weasley, com as mãos na cintura e um olhar ameaçador.

— Acho que você está com uma coisa que me pertence – falou ela.

O sujeito estava vestido todo de preto, com uma máscara cobrindo seu rosto, onde Gina só conseguia ver seus olhos castanhos. Ele ainda segurava a bolsa da Weasley e arquejava de dor.

— É só uma bolsa, moça – ele disse.

— Você realmente não sabe o valor que uma bolsa tem para as mulheres. Então, vai me devolver ou terei que fazer crescerem furúnculos no seu rosto.

Eles ouviram um “Creac” e ambos se viraram.

— O que está acontecendo aqui? – perguntou autoritário um rapaz alto, de olhos verdes e óculos redondos.

O coração de Gina deu uma cambalhota. Não era possível. Ela o encarou, olhando no fundo daqueles olhos verdes-mar maravilhosos que por anos a fez ter ótimos sonhos. Ele não havia mudado nada, com os mesmos cabelos rebeldes e os mesmos óculos redondos, mas ainda sim continuava muito bonito e ainda fazia Gina sentir atração por ele. Encarando-a com um olhar autoritário, Harry Potter esperava uma resposta de ambos.

— Será que vou ter que perguntar de novo? – ele disse – O que está acontecendo aqui?

— E-eu... – começou Gina.

— Eu vou dar o fora daqui – falou o assaltante, e antes que Gina, Harry, ou a pequena multidão que se formou ao redor deles pudessem fazer alguma coisa, ele aparatou.

De repente, o sentimento de paixão que surgiu em Gina quando viu Harry sumiu, sendo substituído por raiva. Ele a distraiu e agora o ladrão havia ido embora levando sua bolsa e o presente de Roxanne.

— O que foi que você fez? – ela gritou para Harry que perdeu o olhar autoritário e ganhou um olhar confuso.

— Como é que é?

— Eu o tinha dominado, ele iria devolver minha bolsa, mas você apareceu e o afugentou.

— Ei, eu salvei sua vida – respondeu ele, também adquirindo um tom de voz nervoso.

— Ah claro, todo mundo sabe que palavras são mortíferas. Ele estava abatido no chão – falou Gina, começando a andar de um lado para o outro. A todo o momento, mais pessoas iam chegando para ver o show.

— Senhora...

— Senhorita – corrigiu ela.

— Senhorita – grunhiu Harry – Você está falando com uma autoridade do Ministério, exijo mais respeito.

Gina olhou para ele com o olhar mais cínico que tinha.

— Oh, você é do Ministério? Não me diga que é Auror? Patrulha o Beco Diagonal, não é? Que ótimo trabalho você está fazendo, tão bom que deixou o ladrão escapar. Sem ajuda de Auror nenhum eu consegui captura-lo, mas por culpa sua, Senhor Autoridade de Ministério, ele fugiu.

A multidão ao redor murmurou em concordância deixando o rosto de Harry queimando de vergonha. Uma civil a estava ofendendo. E o pior era que ele sabia que ela estava certa. Havia acabado de assumir o posto de Auror há alguns dias, mas os assaltos já aconteciam há semanas. Só durante o seu turno, ele havia presenciado três contando com esse, porém nos furtos anteriores, ninguém conseguiu imobilizar o assaltante. Mas Harry não admitiria isso.

— Nós vamos captura-lo... – ele começou.

— Quando? – ela o interrompeu – Quando mais uma bolsa for levada? Aquele ladrãozinho disparou feitiços contra mim, feitiços que poderiam ter acertado as pessoas que estão aqui fazendo suas compras. Quando você irá captura-lo? Quando ele acertar um civil inocente? Esse é o excelente trabalho do Ministério – soltou ela, misturando cada palavra em raiva e cinismo.

Gina nunca nutriu amores pelo Ministério, e certamente o fato de Harry ter feito ela perder sua bolsa com o presente de sua sobrinha, não ajudava em nada.

A multidão agora a aplaudia, que ainda nervosa, andava de um lado para o outro com as mãos na cintura, a cada palavra dita envergonhando mais e mais Harry, que começava a pegar raiva da tal garota.

— Com licença, com licença, por favor – disse uma voz da multidão e uma mulher gorda de cabelos ruivos apareceu – Gina – ela correu até a menina e a abraçou – Eu estava na Sra. Olivia – Tudo para Cozinha quando ouvi um tumulto e vi você correndo disparando feitiços. O que você pensa que estava fazendo Ginervra?

Harry soltou um pequeno risinho pelo nome de Gina e ganhou um olhar mortal da garota.

— Eu fui assaltada, mãe.

— Ah – arquejou a sra. Weasley – Não me diga que você estava perseguindo o ladrão? Você tem noção do perigo? Poderia ter sido morta, poderia ter acertado alguém, você pode ser presa sabia? Nunca, nunca mais faça uma coisa dessas está me entendendo?

— Mãe, o presente para a Roxanne estava dentro daquela bolsa, eu não poderia deixar que aquele pé rapado levasse – defendeu-se Gina, fazendo Harry pensar em como ela era teimosa.

— E por conta disso você o perseguiu? Por Favor, Gina, eu achei que você fosse inteligente.

— Mãe, Gina? – gritou uma voz da multidão e logo Rony surgiu, seguido de Fred.

— O que aconteceu? – perguntou Fred.

— A senhorita aqui estava perseguindo bandidos. – esbravejou a sra. Weasley.

— Legal – responderam Rony e Fred em uníssono, ganhando um olhar mortal de Molly – Quer dizer, isso não é nada legal, Gina – falou Rony – Poderia ter sido morta.

— Fred, me desculpe, o presente para a Roxanne estava dentro da bolsa que o ladrão levou. – desculpou-se ela.

— Ah tudo bem, maninha – Fred passou um braço eu redor dos ombros de Gina – Só pelo fato de você ter perseguido um ladrão já é um presente e tanto.

— Pensei que houvesse algum Auror monitorando o Beco Diagonal, onde ele está? – perguntou Rony.

— Estou aqui – respondeu Harry, chamando a atenção de todos para ele. – Ei, você não é Ronald Weasley? – ele perguntou.

— Sou, por quê?

— Eu sou Harry Potter, estudamos juntos até o 3º ano em Hogwarts, depois você reprovou.

As orelhas de Rony ficaram vermelhas.

— Ah... oi Harry.

— Você disse Potter? – perguntou a sra. Weasley. Harry assentiu – Por acaso você é filho de Lilian e Tiago Potter?

— Sou.

— Por Merlin, como você está crescido Harry. Eu sou Molly Weasley, estudei com seus pais em Hogwarts, mas depois que a Gina nasceu acabamos perdendo contato. Como eles estão?

— Bom, minha mãe largou o emprego no Departamento de Execução das Leis Mágicas, mas meu pai ainda trabalha no Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.

Subitamente, a atenção de Gina aumentou. Trabalhar no Departamento de Jogos e Esportes Mágicos não era o que ela queria, mas era a única opção viável que ela via.

— Oh, é uma pena que Lilian tenha saído do trabalho, ela adorava o emprego.

— Ela saiu para me ajudar a cuidar do meu filho – respondeu Harry, coçando a cabeça envergonhado.

— Por Merlin, você já tem um filho? – perguntou a sra. Weasley admirada.

— Sim, o pequeno James de cinco anos.

— Que graça. Olha Harry, foi um prazer revê-lo, mesmo que não se lembre de mim. Pode me fazer um favor? Pode entregar o meu novo endereço para Lilian e Tiago?

— Claro – a sra. Weasley conjurou uma pena e um pergaminho, escreveu seu endereço e entregou a Harry.

Depois os dois se despediram e a sra. Weasley pegou suas sacolas, sendo seguida por Fred, Rony e Gina por último. Antes de ela ir embora, Harry lançou um olhar cínico para ela que mesmo ela não querendo admitir, fez seu coração derreter.

— Tenha mais cuidado quando for fazer compras, Weasley – recomendou ele.

Gina lançou outro olhar cínico para ele, que dessa vez atiçou algo no peito de Harry.

— Tenha cuidado quando estiver patrulhando o beco, alguma civil pode atiçar uma multidão contra você, Potter.

Dizendo isso, Gina saiu andando seguindo sua mãe, deixando Harry plantado observando-a partir. Aquela garota ativou alguma coisa no peito dele, alguma coisa que estava adormecida desde a época em que ele conheceu Cho. Mesmo não conhecendo aquela garota ruiva teimosa, não via a hora de encontrá-la de novo.

E esse próximo encontro, sem dúvida seria interessante. Para ambos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado
Nos vemos depois
o/



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