I Need You escrita por Péricles


Capítulo 3
De volta para a Inglaterra


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem por esse atraso, como era natal eu não pude ligar o computador para escrever, porém ai está e para os leitores um Feliz Natal atrasado.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/574990/chapter/3

A viagem de Gina de volta à Inglaterra foi tranquila. Depois de dizer para Guga que essa era a sua decisão e ter chorado um pouquinho abraçada com a amiga, finalmente o motorista chegou ao aeroporto. Na entrada, alguns fotógrafos e repórteres bruxos esperavam por Gina, mas com um olhar ameaçador de Guga nenhum deles a encurralou. Depois, as amigas se abraçaram uma última vez e Gina embarcou.

Ela tinha que admitir, voar de avião era incrível e ao mesmo tempo assustador. Ela nunca imaginaria que os trouxas fossem capaz de criar algo que pudesse voar, ou que pudesse voar e carregar tantas pessoas ao mesmo tempo. Se Gina pudesse escolher, voaria de volta para a casa de vassoura, mas num país com tantos trouxas como o Estados Unidos, a Federação Internacional de Quadribol junto com o Ministério Americano decidiram que todos os bruxos deviam se locomover usando transportes trouxas. O voo demorou cerca de seis horas, e durante as horas em que Gina passou sentada sem poder fazer nada, um pensamento martelava o fundo de sua cabeça: O que ela iria fazer agora?

Quadribol era sua vida. Desde muito pequena, sonhava e se dedicava totalmente a ele. Ela se inscreveu nos N.I.E.Ms necessários para uma Jogadora de Quadribol, estudou mais sobre o esporte e treinou, treinou muito. Nem por um segundo passou por sua mente a possibilidade de não conseguir aquilo que desejava, ou então no caso, ter que desistir de tudo aquilo. Agora que aconteceu, isso estava deixando-a assustada. Onde uma ex jogadora de Quadribol podia arranjar um emprego?

E então, Gina se lembrou de Ludo Bagman. Ele é ex jogador de Quadribol do time das Vespas de Wimbourne e depois de se aposentar, conseguiu um emprego no Ministério da Magia no Departamento de Jogos e Esportes Mágicos. Será que Gina teria a mesma sorte? A ideia de trabalhar para o Ministério não lhe agradava nada, pois ela cresceu vendo bruxos e mais bruxos adentrando sua casa para cobrar o pagamento atrasado de sua mãe, já que o pai de Gina, Arthur Weasley, havia fugido logo depois que ela nasceu e os deixou atolados em dívidas. Por sorte, a sra. Weasley conseguiu fazer um trato com o Departamento de Administração da Suprema Corte dos Bruxos, que após a fuga de Arthur queria retirar a Sra. Weasley e seus filhos – Percy, Fred, Rony e Gina – da propriedade em que moravam. Mas como a Sra. Weasley apenas conseguia uns bicos como doméstica em casas bruxas e trouxas, ela quase sempre atrasava o pagamento e os bruxos do Ministério vinham mensalmente em sua residência.

É, definitivamente Gina não gostaria de trabalhar no Ministério.

Então, onde poderia arranjar um novo emprego? Ela foi remoendo essa pergunta durante toda a viagem até se sentir exausta e acabar adormecendo. Uma comissária loira com maquiagem exagerada acordou-a, dizendo que o avião iria pousar e quando aconteceu, Gina estava se sentindo completamente na fossa pois sonhou que virava uma mendiga que vivia invadindo o Caldeirão Furado para pedir comida.

O avião pousou, o que foi um alívio e uma decepção para a ruiva Weasley, e ela finalmente colocou os pés em terra firme, em sua terra, em sua casa: A Inglaterra. Gina sentia um misto de extremamente feliz e extrema tristeza ao mesmo tempo, porém era bom estar de volta em casa depois de dois anos desde que havia voltado para passar o natal com a sua família.

Gina atravessou o mar de pessoas que estavam no aeroporto e ao sair dos portões de embarque, uma enorme figura recaiu-se sobre ela, prendendo-a instantaneamente.

— Mãe – arquejou Gina, sem ar.

A Sra. Weasley apertava a filha em um abraço apertado e sufocante de urso. Passará dois anos se comunicando com ela apenas com cartas e mal se continha de emoção ao saber que a volta da filha agora era definitiva.

— Gina, querida eu estava morrendo de saudades – ela soltou a filha, que suspirou aliviada pela mãe não ter quebrado suas costas – Olha só para você, está tão magrinha. Não havia comida nos hotéis onde você ficava?

— Sim mãe, mas eu tinha que ficar em forma para os jogos ou então a vassoura não me aguentaria de tão gorda – falou a Weasley mais nova, ajeitando as roupas depois do abraço.

— Bobagem. Quer dizer então que você queria comer, mas não podia.

— Bem... sim...

— Ah, minha filha estava passando fome – bradou a Sra. Weasley de forma dramática, ao mesmo tempo em que dava mais um abraço de urso em Gina – Que bom que está de volta, minha querida, mamãe vai alimenta-la direitinho viu, pode deixar.

Gina soltou um barulho parecido com engasgo. Não por conta do novo abraço de urso da mãe – que a propósito, estava acabando com suas costas – mas sim porque ela não podia acreditar que já estava de volta. Sentiu tanta saudade de sua mãe e do seu jeito protetor.

— Vamos para um beco aparatar – disse a Sra. Weasley, se soltando da filha e pegando sua mala.

— Mãe, deixe que eu a levo – falou Gina, puxando sua mala da mão de sua mãe.

— Nada disso, você está de volta e eu quero fazer alguma coisa por você.

— Realmente não precisa me mimar mãe...

— Ah – falou a Sra. Weasley, soltando a mala – Que pena que você não quer mimos, pois tenho uma torta de abóbora no forno esperando por você em casa, mas já que você não quer ser mimada...

— Vamos deixar o lance de não me mimar para mais tarde ok?

A Sra. Weasley riu e pegou a mala da mão da filha e as duas saíram do aeroporto fofocando sobre as coisas que Gina fez durante esses dois anos. O vento frio da noite de Outono envolveu Gina em um abraço de boas vindas e ela colocou um casaco.

— Oh, eu li no Profeta Diário que vocês ganharam o jogo de ontem, estou tão orgulhosa – falou a Sra. Weasley olhando bondosamente para Gina.

— Obrigada mãe, mas foi tudo por causa da Dulce, se ela não tivesse pegado o pomo nós não teríamos ganhado.

— Ah sim, 250x230, o jogo não estava justo.

— Como assim não estava justo?

— Ora, não estava justo porque você não estava ganhando.

Gina riu. Lembrou-se então de que sua mãe não entendia nada de Quadribol e de quando ela era pequena se divertia com os comentários confusos e sem sentido da mãe sobre o esporte.

— Sorte que o apanhador do outro time não pegou o pomo antes senão teria sido 380 á 100 e não teria sido legal... talvez não tenha sido sorte já que o apanhador do outro time era o Max.

— Quem é esse Max? – perguntou a Sra. Weasley.

— É um idiota – Gina revirou os olhos - Parece que tem um feitiço no nariz de tão empinado que é.

— Oh, você falando assim dele me lembrou do...

— Malfoy – completou ela - Eu também me lembrei dele quando vi Max pela primeira vez. Aliás, como é que estão as coisas por aqui? Está conseguindo pagar tudo em dia? Como está conseguindo dinheiro se não me deixou mandar para você?

— Ora Gina, que tipo de mãe eu seria se pedisse o seu dinheiro? – esbravejou a sra. Weasley - Não, ele é seu. Além do mais eu já consegui um jeito de ganhar uns trocadinhos.

— Novas faxinas nas casas dos outros? – perguntou Gina, enquanto ela e sua mãe entravam em um beco que ficava a algumas quadras do aeroporto e lá poderiam aparatar.

— Nada disso, eu... Não vou estragar a surpresa. Você verá quando estiver pronto. Vamos?

A Sra. Weasley estendeu sua mão para a filha, que a pegou e juntas aparataram direto na estradinha em frente à casa onde Gina cresceu e sentirá tantas saudades: A Toca.

Parecia um galinheiro de vários andares. Era magicamente equilibrada e feita de madeira. Quatro ou cinco chaminés estavam encarrapitadas no telhado vermelho da casa. Todas as janelas se encontravam fechadas e as luzes da cozinha estavam apagadas. Ao redor da casa, alguns objetos bruxos e trouxas para o cuidado dos jardins estavam espalhados por aqui e ali, além de algumas galinhas ciscando e uns gnomos rebeldes andando de um lado para o outro.

A Sra. Weasley Bufou.

— Eu não acredito que o Ronald não colocou as galinhas para dentro do galinheiro e nem desgnomizou o jardim. Ah mas se eu pego ele...

— O Rony ainda mora aqui? – perguntou Gina, absorvendo aquele cheiro de grama misturado com galinhas que a brisa soprava, o que para alguns era repugnante, mas para ela significava Casa.

— Sim – suspirou a Sra. Weasley – Está ajudando Fred com as Gemialidades Weasley, mas eu vivo dizendo a ele para parar com isso e arranjar um emprego de verdade só que ele me escuta? Não. Vá para dentro querida, que eu vou cuidar disso aqui.

— Não mãe, deixa comigo. Estava morrendo de saudades de desgnomizar o jardim.

A Sra. Weasley encarou a filha com um ar desconfiado e divertido.

— Oh... bem... Nunca vi ninguém ter saudades de gnomos rebeldes e gordos... tudo bem, eu vou verificar se sua torta está pronta.

E dizendo isso, entrou marchando para dentro de casa, resmungando como seus filhos estavam ficando esquisitos.

Gina sorriu, feliz de estar em casa e tratou de desgnomizar o jardim. Era divertido capturar os gnomos, roda-los até deixá-los tontos e depois atira-los para longe, isso a lembrava dos tempos em que era garotinha e odiava fazer isso.

“Antes eu odiava, agora sinto saudades de fazer isso. Minha mãe tem razão, sua filha é esquisita” pensou Gina enquanto arremessava o último gnomo para longe.

Ela perseguiu as galinhas e as pôs dentro do galinheiro, depois com um movimento de varinha, todos os objetos espalhados pelo quintal estavam organizados dentro do depósito.

— Gina, eu... – A Sra. Weasley abriu a porta da cozinha e ao ver seu jardim arrumado em questão de minutos soltou uma exclamação de surpresa e depois olhou estupefata para a filha – Oh minha querida, eu senti tanta saudade de você. Seus irmãos demoram séculos para fazer isso e ainda fazem mal feito.

Gina riu e entrou na cozinha e seu peito ardeu. Tudo ainda era do jeito que ela se lembrava. A cozinha era pequena e apertada com uma mesa escovada no centro, rodeada de cadeiras. Os objetos de cozinha diversos da Sra. Weasley estavam todos limpos e organizados nas prateleiras de um armário de madeira onde havia também alguns livros de receitas e o velho rádio de pilha. Na parede, o Relógio da Família Weasley ainda estava lá e o ponteiro de Gina estava agora indicando “Casa” enquanto o de Fred e Rony indicavam “Festa” e o de Percy indicava “trabalho”. A lareira estava acesa e lançava uma sensação de proteção sobre Gina, deixando a cozinha aquecida e familiar.

Gina puxou uma das cadeiras e se sentou enquanto observava o local e sua mente era abarrotada de lembranças de quando era pequena. A Sra. Weasley tirou uma fresquinha torta de abóbora do forno e serviu um pedaço para Gina, que quando reparou já havia comido metade da torta sozinha.

— E ainda diz que não estava passando fome – resmungou a Sra. Weasley enquanto sintonizava o rádio em uma estação em que tocava as músicas da agora falecida Celestina, sua cantora bruxa favorita.

As duas ficaram conversando até bem tarde, quando ouviram um “creac” vindo do quintal e alguns segundos depois a porta da cozinha se abriu lentamente e Fred e Rony entraram. Os dois levaram um susto ao ver a Sra. Weasley.

— M-mãe... Pensei q-que a senhora... estaria d-d-dormindo. – gaguejou Rony.

— Muito bonito hein Ronald Weasley – começou a Sra. Weasley, se levantando e caminhando lentamente até onde o filho estava encolhido contra a porta – Eu não o mandei guardar as galinhas no chiqueiro e desgnomizar o jardim? Será que eu ainda sou a mãe nessa casa? Por que você não fez o que eu mandei?

— Mãe, eu tenho 29 anos – bradou Ronald tentando soar corajoso, mas com o rosto aterrorizado enquanto observava a mãe irritada.

— E ainda mora aqui, portanto, ainda está sob meus cuidados e deve me obedecer. Se você usasse essa sua energia para arrumar um emprego ao invés de ficar indo em festinhas com o Sr. Gemialidades Weasley...

— Ei – questionou Fred – Por que está me pondo no meio? Ele é quem não fez o que você mandou.

— Mas eu faria se você não tivesse me chamado para a Despedida de Solteiro do Rolf...

— Francamente Ronald, eu não coloquei uma varinha no seu pescoço e o obriguei a vir comigo...

— CHEGA – gritou a Sra. Weasley – Ronald, da próxima vez em que você me desobedecer, eu juro por Merlin que irá se arrepender. E Fred, da próxima vez que arrastar seu irmão para outra festa sem ele ter feito o que eu mandei você irá se arrepender também.

Os dois passaram a encarar os próprios pés, fazendo Gina rir.

— Um tem 29 e o outro tem 33 e ainda levam bronca da mamãe?

Rony e Fred se assustaram e olharam para Gina, percebendo agora a presença dela na sala. Então os dois correram e deram um grande abraço na irmã, que retribuiu de bom grado.

— Há quanto tempo está aqui? – perguntou Rony.

— Acabei de chegar. Aliás, você me deve uma já que eu que limpei o quintal. – respondeu Gina.

— Então aquele papo de se aposentar era sério? – perguntou Fred, sentando-se á mesa junto de Rony.

— Sim – respondeu Gina – Passei tempo demais longe dessa família... alguém tinha que voltar e desgnomizar direito aquele jardim.

Eles riram e Gina se encheu de uma energia quente e reconfortante por estar em casa.

Eles ouviram outro “creac”, a porta da cozinha se abriu novamente e Percy entrou, vestindo vestes elegantes de seu trabalho no Ministério.

— Por Merlin, finalmente limparam aquele quintal – disse ele, tirando o seu casaco e o pendurando ao lado da porta, depois ele se virou e viu Gina. – Eu estou vendo certo ou o estresse do trabalho está me fazendo ter alucinações de novo? Gina?

— Não bobão, é uma alucinação, se você for tentar toca-la sua mão a atravessa – respondeu Fred.

Gina abraçou Percy e seu peito agora estava inundado da energia reconfortante. Estava com sua mãe e com seus irmãos, como nos velhos tempos, rindo e se divertindo. E como sentiu falta disso.

O resto da noite foi um borrão para a garota. Gina se lembra de ter conversado com todos, contado o porquê de ter se aposentado, ouvido as novidades de todos, comer todo o resto de sua torta de abóbora sem dividir com ninguém – ganhando alguns xingamentos por isso – depois, Fred e Percy foram embora e enquanto a Sra. Weasley arrumava a cozinha, ela e Rony subiram para seus quartos para dormir. Quando adentrou seu quarto, seu peito já havia se afogado na energia quente e reconfortante, mas ressuscitou apenas para morrer de novo. Estava tudo exatamente como ela tinha deixado. Sua cama com o lençol das Esquisitonas, sua estante com seus livros de Quadribol, sua antiga vassoura pendurada na parede, sua escrivaninha cheia de esquemas e técnicas de jogadas, seu criado-mudo ao lado da cama contendo lembranças da época da escola e á um canto, seu antigo malão de Hogwarts.

Após se trocar e se deitar, Gina começou a chorar. Ela não tinha certeza totalmente de que estava de volta até deitar em sua cama. E ao perceber isso, o choque de realidade recaiu sobre ela como uma avalanche. Ela estava feliz por estar de volta, mas ainda não sabia o que iria fazer da sua vida. E isso a assustava tanto que ela começou a chorar.

Gina ouviu uma batida no armário e se assustou, pulando da cama. Ela pegou a varinha e caminhou até lá. Alguma coisa estava dentro de seu armário e queria sair. Será que era um bicho papão? Mas ela era boa em azarações em Bichos Papão, tanto é que era até conhecida na escola por isso. Se fosse um ela poderia lidar com ele, certo? Mesmo que estivesse enferrujada e que não praticasse esse feitiço a cinco anos, certo? Ela esperava que sim.

Tremendo, Gina abriu a porta do armário lentamente e um borrão roxo pulou diretamente em seu rosto, assustando-a e fazendo-a disparar um feitiço que ricocheteou na parede e acertou sua prateleira de livros, derrubando-os no chão com um enorme estrondo. Era Arnaldo, o seu antigo Mini Pufe. Gina sorriu, aliviada. Arnaldo ainda estava vivo? E quem o trancou dentro do armário?

A porta do quarto se abriu e Rony e a Sra. Weasley entraram com as varinhas em mão.

— O que houve, o que foi? – perguntou Rony.

— Ah, é o Arnaldo. Ele me assustou e eu disparei um feitiço. Nada demais.

— Pensei que estivesse em perigo – falou a Sra. Weasley, guardando a varinha.

— É, eu também – respondeu Gina, rindo

Sua mãe e seu irmão saíram de seu quarto e ela se deitou com Arnaldo. Abraçando-o fortemente, por um instante, conseguiu se esquecer da enorme nuvem que pairava sobre ela.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Need You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.