I Need You escrita por Péricles


Capítulo 2
Um começo e um Fim




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/574990/chapter/2

5 Anos Depois...

O vento frio do outono fez ele apertar as vestes contra o corpo e tomar mais um gole de chocolate quente, mas tudo sem soltar a varinha. Sentado na beira do seu posto de observação improvisado com as pernas balançando para o lado de fora, Harry Potter esperava pacientemente alguma coisa acontecer. Estava no meio de uma floresta próxima ao Beco Diagonal. Ele havia sido escalado para proteger aquela área e de onde estava, com seu binóculo mágico ele podia ver tudo o que acontecia nas ruas de paralelepípedo do beco.

As horas em que Harry precisava ficar em silêncio por conta do trabalho eram ótimas e ruins. Ótimas, pois em sua mente ele poderia reviver os bons momentos que passou com seu filho James nos últimos cinco anos e em todas as risadas e coisas boas que ele tem tido com o pequeno desde então. Ruins, porque lembrar de James faz com que ele automaticamente se lembre de sua ex namorada Cho, a mãe de James, que após o garoto nascer, fugiu e abandonou os dois.

Pensar nela fazia o peito de Harry arder e se não fosse pelo treinamento de Auror, as lágrimas rapidamente inundariam seu rosto. Mesmo após cinco anos, ele ainda não podia acreditar que ela teve a coragem de fugir e de abandona-lo, abandonar seu próprio filho. Harry tentou procura-la. Nos arquivos do Ministério, na lista de Óbitos do Profeta Diário, pelo Feitiço de Rastreamento de Hermione, por todas as coisas que estavam em seu alcance, contudo, parecia que Cho simplesmente havia sumido do mapa, entrado num buraco no chão e desaparecido.

Então logo após superar o choque de perde-la, ele cuidou de James. Ficava desolado sempre que imaginava que ele cresceria sem uma mãe. Não por falta de opções, já que várias garotas davam em cima de Harry diariamente e a mãe dele, Lilian e sua melhor amiga Hermione, cuidavam de James como se ele fosse filho delas.

Logo após James completar dois anos, Harry deixou-o sob os cuidados de sua mãe e viajou para o local onde faziam o treinamento dos aurores. Durante esses dois anos cuidando de James ele não conseguiu arranjar nenhum trabalho fixo e seus pais lhe ajudavam em tudo, porém ele já estava cansado de depender dos outros. Precisava correr atrás daquilo que queria, e o que sempre quis era se tornar um grande Auror e com isso, ter dinheiro suficiente para dar um futuro digno a James.

Ele passou no treinamento e a dois meses vem trabalhando como Auror. Agora, James estava prestes a completar cinco anos e Harry estava bem feliz ali onde estava.

Tomou mais um gole do chocolate quente e deu mais uma olhada pelo binóculo. Tudo estava em calma nas partes Sul, Oeste e Leste. Na parte Norte, porém, Harry conseguiu visualizar dois bruxos discutindo enfaticamente e as coisas aparentavam não estarem indo bem.

O Auror levantou-se rapidamente, fez um rápido alongamento para acordar seus músculos que adormeceram por permanecer tanto tempo sentado e pelo vento frio e aparatou diretamente até lá.

Bem a tempo.

Um dos bruxos sacou a varinha e estava prestes a gritar um feitiço para acertar o outro, porém alguns anos de treinamento deixaram Harry mais rápido e esperto e já com a varinha na mão, ele gritou o feitiço que mais dominava.

— Expelliarmus.

As varinhas dos dois bruxos voaram diretamente até sua mão. Ambos olharam para ele, confusos. O bruxo que estava prestes a atacar era loiro, alto, com um nariz arrebitado e um ar extremamente arrogante. Vestia vestes negras e novas e tinha uma aura de sofisticação ao seu redor. O outro era ruivo, também alto, mas diferente do outro que era elegante, este era desengonçado. Vestia roupas surradas e fazia qualquer um perceber que não era uma pessoa com muito dinheiro.

— Muito bem, o que está acontecendo aqui? – perguntou Harry, autoritário.

— E quem é você? – perguntou o loiro de forma arrogante.

— Sou o Auror Harry Potter. Posso saber por quê iria atacar o homem?

O loiro soltou um barulho de deboche.

— Porque eu iria mostrar para esse Weasley qual é o seu devido lugar.

O homem ruivo olhou para ele, ameaçadoramente.

— Quais são seus nomes? – perguntou Harry.

— Ronald Weasley – respondeu o ruivo.

— Draco Malfoy – respondeu o loiro.

Só então Harry se lembrou deles. Havia estudado no mesmo ano que eles em Hogwarts e até dividiu o dormitório com Ronald até o 3º ano, porém o ruivo havia reprovado de ano e teve que cursá-lo novamente.

— Vocês têm noção do risco de duelarem em pleno Beco Diagonal? Poderiam acertar alguém. Há crianças por aqui – advertiu Harry.

— Tudo o que eu estava fazendo era livrando o mundo bruxo da escória que são os Weasleys – defendeu-se o loiro.

— Não ouse falar mal da minha família, Malfoy...

— E o que vai fazer? Chamar sua manada de irmãos e me bater? – perguntou Draco, ameaçador.

— Ou eu posso lhe bater aqui mesmo – e dizendo isso, Ronald deu um passo na direção de Draco, mas com um aceno da varinha de Harry, foi empurrado de volta para o seu lugar

— Muito bem, vocês dois. Aqui não é lugar de briga. Se querem resolver suas diferenças eu aconselho um local afastado sem testemunhas que vocês possam machucar. Vão andando antes que eu aplique uma multa em vocês dois.

E dizendo isso, entregou a varinha novamente para eles, que trocaram um olhar mortal entre si e foram cada um para um caminho diferente. Harry suspirou, dispersou o pequeno grupo de pessoas que se amontoará ali para ver o que estava acontecendo e aparatou de volta para sua cabine de observação na floresta.

Tomou mais um gole de seu chocolate quente que ainda estava quente e observou, absorto em pensamentos, a vasta floresta alaranjada. Ele tinha muita sorte de ter uma vista como essa e adorava seu trabalho. Ele estava feliz.

Enquanto isso, em alguns milhões de quilômetros de distância, Gina Weasley recolhia suas coisas que estavam espalhadas pelo chão do quarto do hotel. Ela finalmente retornaria para a Inglaterra depois de cinco longos anos jogando pelo time das Harpias de Holyhead.

Não que ela não gostasse de jogar, amava Quadribol e amava o time, mas depois de tomar um balaço na cabeça e quase correr um risco de uma hemorragia cerebral, ela decidiu que havia chegado a hora de se aposentar. Jogou seu último jogo na noite anterior contra os Azulões de Fitchburg e as Harpias ganharam por pouco. Os azulões eram bons, vencedores da Liga Internacional de Quadribol sete vezes, porém graças à Merlin, a apanhadora das Harpias, Dulce Griffiths apanhou o pomo, deixando o jogo 250 a 230 para as Harpias, o que levou o time a conquistar pela 10ª vez a Taça Internacional de Quadribol para a Inglaterra. Gina deu algumas entrevistas depois do jogo, comemorou com as meninas no vestiário e depois subiu para o seu quarto. Estava cansada e acabada, porém feliz por ter ganhado seu último jogo. Seria deprimente demais perder e se aposentar na mesma noite.

E então, agora ela estava arrumando sua mala. Partiria hoje mesmo dos Estados Unidos direto para a Inglaterra. Estava morrendo de saudade de sua família e curiosa para conhecer a mais nova integrante Roxanne Weasley, filha de Fred com Angelina Johnson que havia acabado de nascer. Por isso, praticamente jogava tudo o que encontrava pelo quarto na mala, como se ela fosse um aro e as coisas que ela jogasse fossem as goles. Por Merlin, ela sentiria saudades de jogar.

Com tudo dentro da mala, agitou a varinha e ela se fechou. Colocou a roupa que havia separado no banheiro, deu uma ajeitada na cascata ruiva de cabelos, pegou a mala e praticamente correu pelo corredor até o elevador. Apertou freneticamente o botão, e esperou impacientemente sua chegada. Quando as portas se abriram, Gina deu de cara com a última pessoa que gostaria de ver: Max Brankovitch, apanhador dos Azulões.

Ele deu um sorriso cínico quando a viu, exibindo seus ofuscantes dentes brancos e ao mesmo tempo passando a mão por seu cabelo loiro empapado de gel.

— Olá docinho. Que prazer em revê-la.

Gina grunhiu. Odiava esse cara. Esse ano, a Liga Internacional de Quadribol ocorreu nos Estados Unidos e todos os times ficaram hospedados no mesmo hotel, o que foi um enorme erro já que os jogadores se encontravam e freneticamente bruxos do Ministério Americano tinham que alterar a memória de alguns trouxas que juravam terem visto duas pessoas com varinhas na mão jogando bolinhas de luz coloridas um no outro. Para Gina foi pior ainda, já que no momento em que Max a viu, não parou de enche-la. E como se Merlin se divertisse vendo Gina encrencada, os dois sempre se encontravam.

— Oi Max – respondeu ela, cerrando os dentes.

— Vai mesmo se aposentar? – perguntou ele, olhando para a mala dela.

— Sim.

— É uma pena. Não vou ter ninguém para encher. Mas ao mesmo tempo é um grande alívio para as Harpias hein. Podem finalmente colocar uma artilheira que seja realmente boa.

— O que quer dizer com isso?

— Ah, todo mundo sabe que durante as duas primeiras Ligas você era ótima, nada demais, mas foi decaindo nas últimas três.

Gina estava perplexa. Quem esse garanhão sedutor pensava que era para insulta-la desse jeito? Está certo que após as suas duas primeiras ligas seu desempenho caiu um pouco, mas isso era culpa da pressão que todos colocavam nela. Era a mais jovem do time e todos exigiam demais dela e isso a deixava nervosa.

— Se eu não fosse tão boa, como nós ganhamos de você ontem?

— Vocês ganharam porque a Dulce apanhou a pomo, não porque você é boa. Nós fizemos 230 pontos e vocês só conseguiram fazer 100 e nem todos os pontos foi você quem fez.

— Mas nós ganhamos a Liga – relembrou Gina.

— Não por você. Me diga, qual foi o último jogo em que você foi a artilheira que fez mais pontos? – perguntou Max, com um ar malicioso de deboche.

— Ora e quem é você para dizer alguma coisa? Você mal consegue apanhar o pomo. Está ocupado demais vendo seu reflexo nos telões para fazer qualquer coisa.

Max lançou um olhar mortal para ela e abriu a boca para responder, porém a porta do elevador se fechou. Bufando de raiva, Gina decidiu que era melhor descer pela escada. O saguão estava lotado de repórteres e fotógrafos conversando com alguns jogadores quando ela chegou. Visualizou alguns cercando Max e sorriu satisfeita ao ver que ele estava incomodado com todos aqueles flashes. Tentou seguir discretamente até a porta, mas foi barrada por uma barreira humana de fotógrafos e repórteres.

— Gina, diga para a gente por que vai se aposentar – pediu uma mulher loira vestindo um ridículo terno feminino marrom segurando um bloco de papel e uma pena de repetição rápida.

— Eu decidi que era hora. – respondeu Gina, tentando tampar os olhos do flash das câmeras.

— Mas por que decidiu isso agora, de uma hora para a outra? – perguntou uma mulher morena com outro terno feminino rosa ridículo.

— Estou com saudade da minha família e já passei tempo demais jogando pelas Harpias...

— Tem alguma coisa a ver com o seu mal desempenho nos últimos jogos? – perguntou um homem velho com um chapéu enorme.

— O que? – perguntou Gina perplexa, tentando sempre enxergar o rosto dos repórteres o que era impossível por causa do brilho ofuscante dos flashes das câmeras. – Não, eu não...

— Tem algum homem na jogada? – perguntou uma mulher.

— Você está apaixonada?

— Foi demitida?

— Gina, conte para a gente por favor.

Perdida. Era assim que Gina se sentia. Não conseguia enxergar nada e as perguntas dos repórteres a atingiam como uma forte onda do mar. Ela não tinha ideia de onde estava ou o que tinha que fazer e tudo o que via era o branco do flash. Estava sentindo que ia desmaiar a qualquer momento.

— Ok, tudo bem, deem o fora. – Gina sentiu mãos em seu ombro e logo depois a sensação de ser puxada para fora daquele cardume de repórteres.

Sentiu o vento frio do outono bater em seu rosto e o barulho de uma típica cidade trouxa explodiu em seu ouvido, porém tudo o que conseguia ver era um clarão em seus olhos, resultado da cegueira momentânea depois de ser exposta a tantos flashes. Em seguida, ela sentiu que estava descendo as escadas que ficavam em frente ao hotel, e foi forçada para dentro de um carro, ouvindo a porta bater. Sua visão foi voltando lentamente e ela reconheceu a chique limusine que pertencia ao time das Harpias. A porta do outro lado se abriu e Guga Jones, atual capitã de time entrou.

— Obrigada por me tirar lá. Sentia que ia desmaiar a qualquer momento – agradeceu Gina.

— Sem problemas. Não ia deixar você desmaiar bem no dia em que está se aposentando, as pessoas iriam achar que você estava morrendo.

Gina riu, agradecida. Adorava Guga Jones. Ela é uma mulher atraente, beirando aos trinta, com uma longa cabeleira negra e um corpo de dar inveja. Entrou para os Harpias três anos antes de Gina e a dois anos é capitã do time. Gina a conheceu quando ainda estava no 2º ano em Hogwarts e Guga estava no 6º, e se deram bem logo de início. Foi uma grande festa quando as duas se reencontraram no time.

— Realmente, muito obrigada Guga.

— Já disse que não foi nada. E aí, como é que você está?

— Estou bem – Gina observou o motorista entrar na limusine, colocar a chave na ignição e dar a partida e de repente os prédios de Atlanta passavam velozes pela janela.

— Quero dizer, como você está com tudo isso?

— Tudo isso o que? – perguntou Gina, distraída.

— Ginevra Weasley se eu tivesse uma vassoura nesse exato momento usaria ela para bater na sua cabeça. Como assim “tudo o que”? Você está se aposentando, está deixando o time das Harpias.

— Eu sei, mas é que eu percebi que preciso cuidar da minha vida. Quer dizer, foram incríveis esses cinco anos em que joguei pelo time, porém acho que já está na hora de seguir em frente.

— Francamente. – a capitã rolou os olhos - Oi? Sou eu. Pode falar tudo comigo, o que está te incomodando?

Gina olhou pela janela, relutante. O céu estava nublado e ela via o vento forte levantar algumas páginas de jornais e folhas de árvores. Ela não se sentia bem admitindo que um balaço a fez desistir de sua carreira. Foi duro para ela tomar essa decisão, e compartilha-la com o resto do mundo foi mais duro ainda. Por todo o mundo bruxo, as pessoas faziam suposições do que aconteceu com Gina. Algumas revistas diziam que ela estava apaixonada, outras, que ela foi demitida e a que mais a deixou perplexa e enraivecida foi o artigo postado no Profeta Diário pela Rita Skeeter, afirmando que Gina estava grávida. Ela era bombardeada de corujas com cartas de seus fãs implorando para que não abandonasse o time, mas ela não conseguiria continuar. Estava com 23 anos e quase morreu de hemorragia cerebral. Isso a assustou, e fez com que pela primeira vez na vida, ela se sentisse incapacitada e com medo. Por fim, percebeu o quanto essa profissão era perigosa. Ela amava Quadribol, mas conhecia muitas histórias de jogadores que morreram durante o jogo e não estava a fim de ser a próxima.

E então, ela olhou para Guga e começou a dizer.

— Lembra... lembra daquele... hm... balaço que... me atingiu...

Guga revirou os olhos novamente.

— Não me diga que é por causa disso. Gina, olha para mim e presta atenção. Esse é o risco da profissão. Todos os jogadores de Quadribol correm esse risco, é um jogo perigoso. Vários balaços me acertaram, mas você acha que eu desisti? Não, eu continuei em frente. Pelo jogo, pelos fãs.

— Eu amo meus fãs e também amo o jogo. Mas eu só tenho 23 anos e quase morri de hemorragia cerebral. E se eu continuar no time e no próximo jogo um Balaço me acertar e eu cair dura ali mesmo?

— Mas você vai desistir de tudo assim, sem mais nem menos? Vai abandonar o Quadribol?

— Eu... não quero abandonar o Quadribol. Quadribol é minha vida – confessou a ruiva.

— Então. Na vida a gente tem que correr alguns riscos.

Gina olhou novamente pela janela.

— Mas eu não quero correr esse.

Guga suspirou.

— Você é jovem. Está assustada com tudo isso, eu entendo e respeito sua decisão. Mas você acha que é a decisão certa?

Gina não sabia a resposta para essa pergunta. Será que abandonar o time por conta de um balaço era realmente a decisão certa? Ela não era covarde. Não era do tipo que fugia dos problemas. Mas algo assustador aconteceu com ela naquela noite, e ela nunca mais queria voltar a se sentir assim.

Com os olhos marejados, ela olhou para a amiga.

— Pode não ser a decisão certa, mas é a que eu preciso tomar agora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oláaa.
Como vocês puderam perceber, Harry e Rony não são amigos, eles apenas se conhecem de vista. Eu precisei alterar isso para a história fazer sentido, e para isso precisei fazer o Rony repetir de ano.
Fiz umas longas pesquisas sobre Quadribol para escrever esse capítulo e os times e nomes que eu citei são reais e realmente existem nos livros de HP.
Bem, e isso é tudo o que tenho pra falar.
Vejo vocês no próximo capítulo.
o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Need You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.