O Peregrino escrita por Deusa Nariko


Capítulo 3
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Terceiro capítulo, dedicado à Zoetrope pela 1ª recomendação da Fanfic. Muitíssimo obrigada, eu amei! *-*
Boa leitura!



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O Peregrino

Capítulo III

Yu no Kuni (País das Fontes Termais), dias atuais.

Quando criança, eu costumava me esconder embaixo da minha cama durante tempestades violentas. Acreditava que poderia me esconder dos meus medos, que poderia afastá-los de mim se me encolhesse o bastante e permanecesse em silêncio.

Tive medo do escuro, tinha medo da chuva caudalosa, do vento gemedor. Eu tinha quatro anos, nem mais nem menos.

Havia acabado de conquistar a minha independência de Nii-san. Queria se forte como ele, destemido como ele. Cobiçava a serenidade metódica do meu irmão e sua placidez e confiança me inspiravam enormemente.

Itachi sempre seria o meu herói e modelo, independente das circunstâncias.

Em minha busca incansável para superar o meu irmão e receber a atenção que queria do meu pai, o meu maior medo acabou se tornando que eu não suportasse o peso do clã, que eu não me transmudasse no Shinobi orgulhoso que todos queriam que eu fosse, que eu terminasse apagado, eternamente sob a sombra de Itachi.

Que o meu pai jamais me notasse.

Quando a desgraça dos Uchiha recaiu sobre mim, percebi que havia me equivocado: o meu maior medo sempre havia sido a solidão. Nos anos que sucederam o massacre do meu clã, qualquer outra noção de medo que eu anteriormente conheci tornou-se frívola para mim.

Nada se equiparava às noites tempestuosas e solitárias, quando a chuva arranhava o vidro das janelas ou quando o canto do vento perpetuava o meu estado contínuo de latência e de triste inércia enquanto eu escavava com as minhas próprias mãos desnudas as paredes do meu cárcere, desesperado. Dia após dia.

Tive medo do esquecimento, tive medo da demência. Eu tinha nove anos, nada mais nada menos, e, no entanto, já conhecera toda a dor do mundo.

Eu senti o sabor amargo e desagradável deste mesmo medo em minha boca quando olhei para as contas esparramadas no assoalho gasto do estabelecimento. Despedaçadas, debochadas, tão pospostas como as pétalas da Higanbana que eu vira nos dias anteriores, perdidas em meio à neve sufocante.

Ali, eu me lembrei do horror emudecido, do desalento abominável. Eu me lembrei do perfume putrefato da morte e estremeci.

— Você está bem? — perguntou-me a mesma atendente de antes ao sondar a minha compleição visivelmente abalada.

Recompus-me apressadamente e a fitei, decidido:

— Conhece algum hotel por aqui? Nada luxuoso, apenas para pernoitar.

Ela calmamente puxou um pedaço de pano do avental e inclinou-se em direção a uma das mesas da casa de chá Yukiyanagi, limpando-a com um entusiasmo inabalável. Juntou os copos vazios e os meio cheios em uma bandeja, recolheu as tigelas de porcelana.

— Há uma estalagem barata, virando na próxima esquina, à esquerda. O proprietário, Naoto-sama, inclui o café da manhã nas diárias.

Anuí em agradecimento e fiz menção de passar pela mulher que, ao reparar em minha intenção de deixar o local, desistiu de tentar remover uma mancha na madeira escura e se inclinou para mim.

— As coisas têm estado tão tensas ultimamente, não? Antes, apenas algumas doses de sakê não levariam um homem a procurar por uma briga como um cão raivoso.

Soergui uma única sobrancelha, olhando-a inquisitivo. Ela corou quando reparou em meu estado momentâneo de confusão, então se explicou:

— Você parece ser um viajante e certamente veio de muito longe. No fim do último outono, parece que o Hokage e o atual Lorde Feudal de Taki tiveram alguns... Hmm, atritos. Algumas questões políticas que não foram muito bem discutidas e diplomaciadas, se é que pode se dizer assim e, bem, parece que essa situação se arrastou até agora. Ouvi dizer que por muito pouco as outras nações não se envolveram no conflito, especialmente Suna.

Ela se voltou para o balcão, carregando a bandeja com os copos e as tigelas vazias.

— Não é tão incomum agora que Shinobis da Folha e da Vila da Cachoeira tenham ressentimentos uns dos outros. As vilas menores, depois que a Quarta Guerra Ninja terminou, se sentiram, de certa forma, ameaçadas pelo poderio bélico das Cinco Nações Aliadas.

— Entendo — murmurei distante, mais uma vez virando o meu corpo em direção à saída, mas novamente a voz da atendente interceptou meus planos.

— Volte mais tarde, à noite, eu vou consertar o seu colar para você. Pelo jeito que o olha, suponho que tenha um grande valor sentimental.

Anuí mais uma vez e, por fim, deixei a casa de chá com a cabeça cheia, os pensamentos alígeros zumbindo fracamente enquanto eu matutava as informações que recebera. Konoha e Taki? Kakashi e o Lorde Feudal? O que teria acontecido ao ponto de gerar atrito entre duas Nações? Ao ponto de que a Aliança Shinobi por pouco não interferisse?

Suspirei. O cansaço começava a cobrar o seu preço sobre mim. Tinha me deslocado sem descanso por algumas boas milhas durante todo o dia, talvez eu pudesse tentar descobrir mais quando estivesse devidamente instalado e cómodo em Akane.

Então, segui as instruções da atendente da casa de chá e cheguei à estalagem que ela havia me indicado, decidido a pernoitar na cidade para que pudesse colher mais informações indiretamente. Naoto, um senhor grisalho e baixinho, acabou se revelando um estalajadeiro prestativo e extremamente cortês.

Eu estava a ponto de me registrar e subir para o meu quarto quando o mesmo Shinobi da Folha que encontrei na casa de chá adentrou o recinto, espanando neve dos sapatos no carpete da entrada. Eu abaixei o olhar, ainda que ele não tivesse me reconhecido na casa de chá mais cedo — eu preferiria não me arriscar de todo modo.

Naoto, atrás do balcão (no qual quase desaparecia por conta de sua baixa estatura), levantou os olhos por trás da armação engraçada de seus óculos para olhar seu novo hóspede.

— Oh, você por aqui ainda, Sageki? Pensei que partiria hoje.

— Pois é, decidi adiar a partida para amanhã, Naoto-ojii-chan.

O Shinobi se debruçou sobre o balcão com um desânimo aparente e mal prestou atenção em mim, a silhueta farroupilha bem ao seu lado.

— Algum motivo em particular? — inquiriu o homenzinho, movendo-se por trás do balcão para apanhar o livro de registro dos hóspedes e abri-lo diante de mim. — Ouvi dizer que dois Shinobis tiveram um desentendimento na Yukiyanagi. Era você?

O homem suspirou e arrastou as mãos pela cabeleira castanha. O hitaiate com a insígnia da Folha fulgia no centro de sua testa e me lembrava do meu próprio hitaiate; Naruto o guardava em segurança para mim em Konoha, para quando eu estivesse pronto para voltar.

— É, ojii-chan, um cara de Taki completamente bêbado me provocou e eu me deixar levar. Foi só isso.

Naoto soltou um muxoxo e em seguida apontou para mim onde eu deveria assinar. Eu menti o meu sobrenome como costumeiramente fazia porque não queria causar alarido, a presença de tantos Shinobis em Akane já era desconfortável o bastante por si só.

— De qualquer forma, Kosuo e Mamoru chegam amanhã — ele acrescentou taciturno. — Com as ordens do Hokage para suspender as buscas pelo corpo, não há muito mais que possamos fazer.

— Uma lástima, de fato — concordou Naoto, entregando-me a chave do meu quarto.

Sageki, o tal ninja de Konoha, ainda não havia se dado ao trabalho de prestar atenção em mim, de modo que me esgueirei discretamente para o quarto designado. Tentei ignorar o aperto em meu peito quando encaixei a chave na tranca e me fechei no recinto modesto.

Havia uma cama simples no centro do cômodo, mas os lençóis esticados sobre ela estavam limpos e cheiravam a sabão. O piso desgastado preservava lembranças e vincos de um passado longínquo e um aquecedor ruidoso mantinha o ambiente aconchegante. Eu me sentei à beirada do colchão, testando-o, então deitei, depois de tirar o meu manto e manter a minha espada ao meu alcance.

Procurei pegar no sono, mas sem sucesso. Revirei-me no colchão, angustiado por alguma razão que não compreendi e não procurei compreender. Depois de mais ou menos uma hora e meia, desisti de tentar; o sono não vinha.

Voltei a descer as escadas da estalagem e sem que percebesse refiz o percurso para a Yukiyanagi, repentinamente ansioso.

Caía o ocaso sobre Akane quando alcancei a entrada da casa de chá pela segunda vez naquele dia. Os últimos fachos de luz fulguravam através dos pingentes de gelo e da neve.

Adentrei o estabelecimento e sentei à mesma mesa de antes, aguardando que fosse atendido, o que não demorou a acontecer.

— Você por aqui de novo? — aproximou-se a mesma atendente com um sorriso simpático. — O que vai querer?

Desta vez, pedi por outra porção de arroz acompanhada por chá verde. Os doces não me atraíam e eu detestava natto desde menino. Ela anotou meu pedido e voltou para trás do balcão. Um tempo depois, retornou e me serviu.

— Parece que as coisas acalmaram um pouco agora, não?

— Hmm.

Ela riu de minha resposta desinteressadamente monossilábica, mas não pareceu se abalar por isso.

— Ah, eu consertei o seu colar! — Seu rosto se iluminou antes de ela dar a volta e se afastar com pressa, retornando logo em seguida. O colar de contas vermelhas luzia em sua mão. — Tenho certeza de que não falta nenhuma conta, tome aqui. — E o estendeu para mim.

Hesitante, eu o apanhei e o coloquei em torno do meu pescoço. Assenti em agradecimento, mas não fui capaz de ir mais longe do que isso. Havia apenas uma pessoa em todo o mundo que me fizera vocalizar a minha gratidão e eu o fizera por duas vezes. Infelizmente, ela estava longe de mim agora, mas segura. Era isso o que importava, não?

— O meu nome é Asaye. E o seu?

— Sasuke — respondi num suspiro audível e a mulher sorriu.

— Oh, é um nome muito bonito e distinto. Assim como você.

Mantive-me em silêncio e isso pareceu constrangê-la um pouco.

— Bem, não vou atrapalhá-lo mais, deguste a sua refeição com calma — recomendo-me, retirando-se com passos arrastados, nem mesmo disfarçando o seu desânimo por minha rejeição.

Tentei ocupar minha mente com pensamentos inócuos, bobos, mas foi em vão. Havia algo errado, eu praticamente sentia isso, farejava o seu odor característico no ar. Na verdade, estava tão convicto disso que deixei minha refeição inacabada, paguei pelo que pedi e deixei a casa de chá. Incomodava-me profundamente agora que eu não conseguisse dormir e tampouco me alimentar.

A noite caiu sobre a cidadezinha turística, de forma que as luzes artificiais e coloridas das lamparinas eram a única fonte de aluminação nas ruas. Assim que pus os pés fora da Yukiyanagi, vi Sageki, o Shinobi de antes, de Konoha, sair de um restaurante, cabisbaixo.

Estreitei o olhar e, num impulso, decidi segui-lo, esgueirando-me pelas marquises de lojas, espreitando nas sombras. Minha respiração era uma névoa densa e meus dedos estavam dormentes por conta do frio.

Eu segui o tal Sageki até um entroncamento mal iluminado, onde as penumbras da noite adensavam e onde o ar frio condensava nas vidraças das janelas e das vitrines. Apoiei-me em uma parede e afiei meus ouvidos para ouvi-lo quando se encontrou com outro Shinobi da Folha.

— Algum sinal de Mamoru ou Kosuo? — ele perguntou, abatido, e o outro meneou a cabeça em negativa.

— Eles devem chegar pela manhã; depois disso, nossas ordens são de retornar para casa e manter sigilo absoluto sobre essa missão.

Sageki suspirou longamente.

— Eu não acredito que o Rokudaime vai se deixar ser intimidado por aquele merdinha de Taki.

— Hei, ele está prezando pela paz entre as vilas — o outro ralhou. — Mal faz três anos que a guerra terminou.

— Eu sei, eu sei — concordou Sageki esbaforido. — Ainda assim, estamos falando de deixar um companheiro da Folha para trás. É como praticamente abandoná-lo. Eu me sinto péssimo.

— Não se não há mais nada que possamos fazer — discordou o outro pragmaticamente. — A garota se foi, só podemos aceitar. Assim, voltaremos para casa com a consciência tranquila, cientes de que fizemos tudo o que podíamos.

— É, mas não era uma Kunoichi qualquer — Sageki insistiu com um ardor inquestionável. Estreitei mais o meu olhar, meu Sharingan brilhava no negrume da viela, lendo perfeitamente os lábios dos dois ninjas.

— Esqueça isso — recomendou o outro, confortando-o com um toque no ombro.

Por reflexo, inclinei o meu corpo em direção a ambos; meu coração acelerou, rimbombando em meu peito. As próximas palavras de Sageki deixaram-me estático, atordoado, perdido.

— Não me conformo que a aprendiz da Godaime tenha caído dessa forma. Quero dizer, quão fortes serão aqueles caras da Higanbana Sangrenta?

— Fortes o bastante para causar comoção entre os Cinco Kages, pelo visto.

Minha mão direita tremeu e minha respiração tornou-se errática, pesada. O ar parecia tóxico para os meus pulmões.

— ...seria uma nova Akatsuki? — Sageki sacudiu a cabeça enquanto eu me apoiava na parede fria, vacilante.

— Sim, a julgar pelo último relatório que recebemos da Kunoichi. Uma pena que ela não o tenha concluído. Mas é de suma importância que relatemos o que descobrimos para o Hokage.

— É, você tem razão. De qualquer modo, já não temos mais o que fazer aqui. Vamos aguardar por Mamoru e Kosuo e então partir.

— E espalhar a notícia — acrescentou o outro com relutância: — Haruno Sakura, a aprendiz da Godaime Hokage e lendária Sannin Tsunade, morreu há aproximadamente duas semanas, no país da Cachoeira.

De súbito, a refeição incompleta que eu tivera há algumas horas regurgitou em meu estômago. Eu me curvei, ainda apoiado na parede de tijolos enquanto vomitava violentamente, o gosto amargo de bile encheu minha boca.

Por último, a minha vista escureceu.

Ho no Kuni (País do Fogo), três anos antes.

— Sasuke-kun? — Ouvi Sakura me chamando, seguido do som de seus passos enquanto ela contornava o meu leito e se sentava à beira do colchão. — O que ainda faz acordado?

Suas mãos alisaram apenas superficialmente a manta que cobria minhas pernas. Seu olhar amável encontrou o meu na luminescência prateada daquela noite enluarada de Konoha.

— Já está tarde — ela ralhou comigo, usando aquele mesmo tom afetivo que comumente usava com seus pacientes mais irredutíveis.

— Não consigo dormir — eu lhe disse; a minha cabeça pesava no travesseiro, nos meus pensamentos, lembranças de tudo o que já vivi aqui. — E você — eu me virei para ela, sorrindo de canto —, por que está aqui ainda?

Ela devolveu-me o sorriso, mas este era afiado, confiante. Ela cresceu tanto.

— Vim me assegurar que dessa vez você não vai fugir do hospital. Acabei de dar uma olhada no Naruto, ele me parece bem — ela comentou com naturalidade, olhando-me ainda tão docemente. O que eu fiz para te merecer, Sakura?, eu me perguntava.

Era só a minha segunda noite na vila e Sakura ainda se preocupava que eu fosse escapulir do hospital à surdina, no meio da noite. Não que eu tivesse algum outro lugar para ir, mas minhas motivações para ficar eram diferentes dessa vez.

— Não vou a lugar algum — assegurei e o cheiro dela me anestesiou quando se inclinou para ajeitar os travesseiros sob as minhas costas, afofando-os.

— É, eu sei — ela admitiu relutante e virou o rosto para esconder o rubor em suas bochechas.

Quando me olhou novamente, por pouco não perdi o fôlego.

— Mas tente dormir, Sasuke-kun. É importante para a sua recuperação — ela balançou a cabeça com uma súbita recordação. — Eu vivo dizendo ao Naruto que Iryō Ninjutsu não resolve tudo.

— Sim — eu anuí e ela voltou a sorrir, seu sorriso era o suficiente para iluminar todo o quarto, para afastar a escuridão (a minha escuridão). — Mas toda vez que fecho os olhos...

— Você se lembra de coisas ruins? — ela conjecturou e eu suspirei.

— As boas também me assombram.

— Só se lembre de que você não está sozinho — assegurou-me e eu olhei para a minha única mão quando ela enlaçou nossos dedos, seu braço atravessado sobre as minhas pernas. — Nós estamos aqui. Eu estou aqui, Sasuke-kun.

Apertei seus dedos nos meus e lhe dei um meio sorriso, anuindo. O calor nas mãos macias dela era agradável, era perfeito. Quisera eu, um dia, repousar a minha alma angustiada em suas mãos capazes, Sakura.

Ainda quero, para ser franco.


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Notas finais do capítulo

Cliffhanger pra vocês! Hehe Não esperem que o Sasuke vá reagir de boa com essa notícia, ele pode até dar uma boa pirada, afinal "perdeu" alguém que ele ama, de novo. E todos sabemos o que acontece a um Uchiha quando ele perde alguém amado.
...
Tava testando algumas capas, mas acho que achei a definitiva e a que mais gostei *-*
...
Enfim, obrigada a todos que comentaram, E NÃO DEIXEM DE COMENTAR, PLEASE! ;-; É importante que eu saiba se a Fanfic está agradando.
...
Espero que não estejam estranhando esse Sasuke, ele está baseado no Sasuke que vimos nos mangás 698 e 699, porque aquele é o verdadeiro Sasuke, alguém extremamente sensível, profundo e amável, que estava escondido por baixo de todo aquele ódio. Eu fiquei tão feliz quando vi aquele "Sasuke", até chorei :')
...
Bom, nos vemos nos reviews!
Até o próximo.



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