O Peregrino escrita por Deusa Nariko


Capítulo 17
Capítulo XVII


Notas iniciais do capítulo

Décimo sétimo capítulo dedicado à danysasu e à saky farron pelas lindas recomendações! Muito obrigada *-*
...
Boa leitura!



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O Peregrino

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Capítulo XVII

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Taki no Kuni (País da Cachoeira), dias atuais.

Esperei que eles fizessem o primeiro movimento, jamais abaixando minha guarda e tendo que vigiar minha retaguarda e a de Jūgo também. Se minha intuição se mostrasse verdadeira, eu teria um desafio como há tempos não encontrava.

Esses caras, tsc. Não que a possibilidade de haver uma boa luta me frustrasse, mas eu precisava me atentar ao meu objetivo inicial: derrotá-los sem feri-los gravemente; eu ainda precisava de informações e as extrairia valendo-me de qualquer método — fosse este condizente com a moral de Kakashi ou não.

Nós estávamos encurralados: à minha esquerda, flanqueando-me, Jūgo se preparava para qualquer movimento dos dois Nukenins diante de nós, seu braço esquerdo, ainda transmutado, expelia dos propulsores acoplados uma imensa quantidade de chakra. Às minhas costas, Suigetsu ainda vigiava os movimentos do espadachim.

Flexionei meus joelhos, abrindo mais espaço entre os meus pés, arrastando o solado de minhas sandálias no solo rochoso. Cada segundo expectante separava-me da minha vitória e do resultado final que eu objetivava.

O som da queda d’água ao fundo se tornou quase indiscernível no palpitar enlouquecido do meu peito. Senti uma gota de suor escorrendo pelo meu pescoço, apesar da temperatura amena. Agarrei com força o punho da minha espada e cerrei os dentes, tenso como a corda de um arco.

Por fim, nós nos movemos, mais velozes do que um clarão. Avancei pela direita ao passo que Jūgo investiu pela esquerda, ainda me flanqueando. Nós intercalamos nossas trajetórias, colidindo-as, até que ele assumiu a dianteira, transmutando seu braço novamente para a forma de uma lâmina de machado. Ouvi o brado rouco que eclodiu do fundo da sua garganta no momento em que ele executou o primeiro ataque, objetivando acertar Ichiro — que esquivou do golpe com agilidade, recuando.

Saltei por cima do seu corpo no último momento com um pinote e pousei já rechaçando a investida de Raiden com minha espada. O Shinobi grisalho sustinha uma tanto envolta pelo elemento Raiton — e ela fazia frente à minha Chidorigatana, por mais que eu detestasse admitir. Faíscas desbordavam de ambas as lâminas e o clangor do campo de batalha era erigido.

Entrechocamos nossas lâminas algumas vezes antes de ambos recuarmos para melhor avaliarmos nossos próximos movimentos. À minha direita, Jūgo enfim conseguia acertar um golpe em Ichiro com seu punho de pistão, no entanto, este se revelou um simples Bushin de pedra. Apanhando-o com a guarda baixa, Ichiro emergiu do solo rochoso e formou selos para a sua técnica:

Doton: Doryūsō!

Imensas estalagmites brotaram do chão bem sob os pés de Jūgo. Ele até conseguiu esquivar de uma ou outra, balançando-se sobre as suas pernas, mas se viu encurralado pelas grandes estacas de pedra em pouco tempo. Cerrei os dentes e corri em seu auxílio, preparando o chakra necessário no meu braço esquerdo.

Projetei uma lâmina de Chidori do meu punho e percorri o espaço que nos separava velozmente, arrasando as grandes estacas de pedra com minha técnica, esmigalhando-as e liberando Jūgo. Postei-me ao seu lado no fim enquanto nossos adversários também se reagrupavam.

Arrisquei um olhar para à minha esquerda e encontrei Suigetsu e o espadachim de cabelo cor de areia. Vi Kazuhiko tentar acertá-lo, mas sem sucesso. Depois de uma esquiva mal executada e um truque com um Bushin de água, Suigetsu tentou acertá-lo pelos flancos com sua técnica de revolver de água. No último instante, porém, Kazuhiko conseguiu esquivar-se, salvando a própria pele do jato de água comprimido.

Ele se juntou a nós em seguida, protegendo nossa retaguarda e grunhindo algo a respeito de sentir falta de sua espada, a Kubikiribōchō. Olhei em volta, criteriosamente avaliando nosso campo de batalha e as vantagens e desvantagens que ele nos proporcionava.

— Karin? — mencionei o nome para Suigetsu, que deu de ombros.

— E você ainda pergunta? Escondendo-se, é claro.

— Havia uma Kunoichi com eles — lembrei-o e desta vez reconheci uma leve alteração no seu tom de voz.

— Então espero que ela esteja se divertindo mais do que a gente, francamente — ignorei seu último comentário cheio de ironia com um revirar de olhos.

Kazuhiko também se reuniu aos seus parceiros, de forma que nos vimos equilibrados numericamente mais uma vez. Nós nos entreolhamos e, com um aceno de cabeça de Suigetsu, compreendi o plano que ele traçara.

Movemo-nos de novo então e nossos adversários copiaram nossos movimentos. Deixei que Jūgo lidasse com Raiden desta vez enquanto eu me lançava em direção a Ichiro. Ergui minha Kusanagi e a arremessei contra ele, errando-a propositadamente; ocultei um sorriso quando ele se desviou sem problemas, abaixando-se, e minha espada se cravou no solo bem às suas costas.

Nesse instante, fechei meu olho direito e usei meu Amenotejikara para trocar de lugar com minha própria arma. Quando o fiz, Ichiro percebeu meu plano tarde demais. Teletransportei-me numa fração de segundo, agachando-me e apoiando o peso do meu corpo na minha mão direita. Tracei um semicírculo com minha perna no chão, escorando-me na outra, flectida, e aplicando toda a força que eu tinha para derrubá-lo.

Deixei-o desnorteado momentaneamente. Então o golpeei de novo, levantando-me e levando meu joelho até a base de sua espinha dorsal, interceptando sua queda antes mesmo que seu corpo cogitasse colidir com o chão.

Depois, dobrei minha perna para acertá-lo com o pé, mandando-o alguns metros adiante com a força do meu chute. Ele rolou no solo rochoso e demorou a se recuperar.

Virei-me abruptamente, a tempo de desviar da espada de Kazuhiko. Creio que meu Sharingan e meus reflexos rápidos tenham me salvado daquele infortúnio. Abaixei-me para tentar acertá-lo num dos flancos, mas Suigetsu se lançou entre mim e ele, os braços estendidos:

— Agora, Sasuke!

Sem hesitação, envolvi meu punho com meu Chidori e transpassei-o no corpo de água de Suigetsu, usando-o para amplificar o alcance e dano do meu jutsu. O efeito foi imediato e devastador para Kazuhiko. Com a água presente no corpo de Suigetsu, a potência da minha técnica foi elevada ao máximo e a descarga elétrica que o atingiu o fez gemer de agonia.

Cerrei os dentes e mantive-me firme quando minha técnica também provocou certo dano ao corpo de Suigetsu — era um risco que ambos já havíamos corrido no passado. Eu sabia que isso o enfraqueceria a partir de agora.

Kazuhiko desabou no chão apenas semiconsciente, grunhindo baixinho ainda pelo estrago que seu corpo havia sofrido. Imediatamente cessei a técnica e retraí minha mão do corpo de Suigetsu. Ele cambaleou um pouco, mas recobrou o próprio equilíbrio em pouco tempo.

— Merda, eu tinha me esquecido do quanto isso é desconfortável — ele resmungou sem abandonar seu tom de diversão.

— Você está bem? — perguntei-o, mas ele acenou energicamente com a mão, fazendo pouco caso de minhas palavras.

Voltamo-nos para Jūgo, que tratava um embate tenso com Raiden e, antes que pudéssemos interferir, ele foi golpeado na mandíbula e lançado a uma boa distância. Reagrupamos ao seu lado, flanqueando-o enquanto ele se levantava um pouco abalado. Ichiro também já havia se recuperado completamente, pois logo se postara ao lado do homem grisalho. Kazuhiko, por outro lado, ficaria inconsciente por algum tempo; agora, nós tínhamos a vantagem numérica.

Eles também haviam chegado a essa conclusão, pois endureceram as feições e entreolharam-se, cúmplices, aquiescendo em seguida um para o outro. Tive um mal pressentimento a respeito disso.

— Raiden... Agora! — Ichiro bramiu para o seu parceiro grisalho ao mesmo tempo que reunia uma imensa quantidade de chakra num intervalo de milésimos de segundos (um feito louvável) e formava selos com as mãos.

Raiden, numa velocidade absurda, desapareceu do meu campo de visão num piscar de olhos, mas eu tinha problemas maiores agora; o chakra aquecido no peito de Ichiro transbordou de sua boca como a erupção de um vulcão, na forma de uma torrente de rocha derretida escaldante.

Yōton: Yōkai no Jutsu!

Estando tão próximo dele, eu não vi outra saída. Fechei meu olho do Rinnegan e direcionei o chakra necessário para o meu Sharingan, sentindo a costumeira aura violeta cercar todo o meu corpo.

Antes que a torrente de rocha amalgamada nos atingisse, o estágio inicial do meu Susano’o tomou forma, assomando sobre mim e sobre Jūgo na forma de um exoesqueleto humanoide ameaçador. Preparei-me para o impacto, mas a carcaça reforçada segurou bem o jato escaldante cuspido da boca de Ichiro, apesar de algumas costelas terem começado a derreter sob a temperatura elevadíssima.

Uma cortina de vapor densa, porém, tomou forma a partir do impacto da sua técnica e encobriu tudo ao nosso redor. Estremeci internamente com a constatação de que o ataque anterior havia sido apenas uma distração, para algo maior, com certeza.

— Fiquem alertas; não baixem a guarda sob hipótese alguma — ordenei a ambos, a mandíbula apertada devido à tensão.

— O que eles estão planejando? — Suigetsu indagou visivelmente abalado.

— Está sentindo esse chakra, Sasuke? — O murmúrio de Jūgo chamou minha atenção para a estática que carregava o ar dentro do Susano’o com uma eletricidade quase palpável; os pelos dos meus braços se eriçaram com a sensação. — É quase... — ele continuou, assombrado. — Quase tão grande quanto o chakra de uma Bijū.

A névoa ainda não havia se dissipado e sem o meu Sharingan eu certamente estaria tão cego quanto aqueles dois. Foquei minha atenção em cada ruído ou movimento externo ao meu Susano’o. Jūgo estava certo... Aquele chakra que se acumulava e adensava a cada minuto era quase inumano.

De chofre, distingui um fluxo de chakra inconstante e identifiquei sua trajetória:

— Por cima! — alertei os dois, preparando-me para o ataque enquanto a sombra corpulenta de Ichiro tomava forma na cortina de vapor que já se dissipava.

De espada em punho, avancei contra ele, com meu Susano’o copiando meus movimentos. O punho de Ichiro, carregado com uma quantidade impressionante de chakra, tocou o solo antes que eu pudesse alcançá-lo.

Doton: Goremū no Jutsu!

Com Suigetsu e Jūgo protegidos dentro do meu Susano’o, direcionei mais chakra para o meu olho direito e o exoesqueleto humanoide foi recoberto por mais uma camada da armadura enquanto pernas projetaram-se abaixo dos meus pés, impulsionando-me velozmente na direção de Ichiro. Preparei minha espada e minha técnica repetiu meu gesto com sua longa lâmina iridescente.

A técnica de Ichiro causou uma comoção nas rochas abaixo de nós. O solo desestabilizado por seu chakra moveu-se inacreditavelmente enquanto rachaduras alastravam-se por toda a área, tornando todo o terreno instável. Percebi que as rochas moviam-se em uma espécie de padrão, mais especificamente avolumavam-se sob os pés dele. Rapidamente, as rochas se amontoaram para formar uma criatura disforme e monstruosa que cresceu em tamanho e largura.

Uma Kuchiyose, notei, e tão grande quanto o meu Susano’o.

— Porra, Sasuke, o que é isso?! — Suigetsu articulou às minhas costas e eu cerrei os dentes.

Ergui minha espada e impiedosamente a desci contra o colosso de pedra. O braço da criatura ergueu-se num reflexo inesperado e parou o golpe da espada do meu Susano’o; os dedos de pedra se fecharam em torno da lâmina grossa e imaterial, detendo-a.

Usei toda a minha força física para quebrar sua defesa, mas o Golem de pedra era tão ou mais forte do que eu. A salvo, no ombro da criatura, os olhos de Ichiro faiscaram de prazer perante a aparente equivalência de nossas técnicas.

— Eu sempre quis ver um Susano’o em ação com os meus próprios olhos! — gabou-se com um ar pomposo que me enervou além do limite.

— Então vou fazê-lo se arrepender disso — grunhi entre dentes em resposta, forçando minha espada a romper o braço do Golem, porém sem sucesso.

Numa decisão arriscada, recuei com meu Susano’o, saltando para trás. Ele ainda não estava em sua forma final e eu, inicialmente, não havia planejado ter de recorrer a todo o poder de uma das minhas técnicas mais formidáveis, mas se fosse necessário, eu o faria.

Uma vez tendo recuado uma boa distância, ergui o braço esquerdo do meu Susano’o, aquele que continha uma pequena balestra acoplada. Preparei meu chakra enquanto carregava uma flecha. Ichiro queria uma prova do meu poder? Bem, ele a teria.

Num piscar de olhos, liberei a imensa flecha iridescente e seu impacto sobre a criatura foi devastador: atingiu-a no flanco esquerdo, isso porque Ichiro havia começado a esquivar-se (mas já era tarde demais), abrindo uma fenda profunda na rocha. A criatura desestabilizou-se momentaneamente, cambaleando, mas Ichiro formou selos com as mãos e foi ágil para estabilizá-la de novo, remendando o dano que causei em pouco tempo.

Depois, ele reuniu mais chakra e, ainda mantendo os selos, fez com que seu Golem de pedra investisse contra mim. A partir da imensa quantidade de chakra que foi liberada, sua criatura foi recoberta por uma camada de rocha amalgamada e derretida, solidificando sua estrutura e aumentando seu tamanho em pelo menos mais três metros. Da imensa boca de pedra, anéis de fogo explodiram. Então, ele também podia usar sua Kuchiyose para potencializar sua técnica.

Não tive escapatória: reuni mais chakra e, enfim, meu Susano’o assumiu a sua forma completa. As asas do meu humanoide estenderam-se monumentais e eu mais que rapidamente as usei para esquivar dos imensos anéis de chamas fundidas que vinham na minha direção. O humanoide buscou impulso ao flectir seus joelhos e saltou na direção do céu que se tornara negro com nuvens escuras e carregadas, típicas de uma tempestade iminente.

Sobrevoei-o em ziguezague constante, ainda evitando os ataques que Ichiro disparava contra mim, que começavam a alternar entre os anéis de chamas fundidas e os jatos de lava escaldante. Era inacreditável que os seus ataques alcançassem aquela altura. Eu não avistava Raiden em lugar algum e isso, honestamente, já estava começando a me preocupar; precisava terminar aquele batalha o mais depressa possível.

Clarões propagavam-se acima das nuvens negras, trazendo consigo o prenúncio de uma tormenta violenta.

Em certo momento, decidi terminar com aquilo de uma vez por todas. Elevei o meu Susano’o o mais alto possível antes de mergulhar na direção de Ichiro com velocidade total. Apontei minha espada para o seu Golem de pedra gigante e, como um relâmpago, cruzei a distância entre nós, atacando-o com todo o meu poder.

A espada iridescente do meu Susano’o atingiu a criatura em cheio no ombro direito e o impacto de meu golpe foi tão violento que reverberou em ondas de choque por toda a extensão daquele terreno, agitando as águas mais abaixo e esmigalhando os penedos mais acima. Também esmigalhou a criação de Ichiro, derrubando-a com outro estrondo tão ou mais portentoso do que os antecessores.

Ichiro não conseguiu evitar sua queda, despencando até o chão. O sorriso macabro no seu rosto, entretanto, tirou-me o sabor da vitória. Seus olhos maníacos contemplavam o céu escuro, as rajadas ininterruptas de vento, as águas que ainda se agitavam; o ar se enchia de uma estática característica, pesada.

Pousei perante ele, danificando o solo já instável sob os nossos pés, mas não ousei me desfazer do meu Susano’o. Algo não estava certo. O chakra para o qual Jūgo me alertara anteriormente havia crescido de tal forma que se tornara uma energia tangível, carregando a atmosfera de eletricidade.

— Ei, Uchiha! — Ichiro demandou minha atenção; seu tom zombeteiro me deixou alarmado. — Diga-me... Alguma vez já batalhou com um deus?

Franzi o cenho e estiquei o punho de meu Susano’o para recolher seu corpo ferido. Apanhei-o entre os dedos e fiz questão de apertá-lo um pouco, o bastante para deixá-lo levemente desconfortável.

— Sasuke, o que é aquilo? — Suigetsu indicou com o dedo para uma sombra que aparentava galgar entre as nuvens acima das nossas cabeças, os longos cabelos grisalhos e as vestimentas arrebatadas pelo vento não mentiam.

Havia uma tempestade agressiva a caminho e nós colidiríamos com ela dentro de pouquíssimo tempo.

⊱❊⊰

Ho no Kuni (País do Fogo), três anos antes.

Nos despedimos à porta do apartamento de Kakashi quase uma hora e meia depois. Havia sido... Nostálgico, de certo modo. Reviver aqueles anos perdidos, aqueles dias que tentei de todas as formas apagar das minhas lembranças.

Agora sei que fui um tolo por tentar fazê-lo.

Naruto tomou outro caminho um pouco depois, acenando para mim e para Sakura com entusiasmo e um sorriso cheio de dentes; nós prosseguimos. Porém, com cada passada pude jurar que Sakura se tornava mais e mais desconfortável com a minha presença. O silêncio entre nós era pesado, palpável como uma parede que nos dividia.

Resolvi eu mesmo quebrá-lo quando percebi que ela não o tentaria:

— Hmm, parabéns — murmurei e corrigi-me quando notei seus grandes olhos esbugalhados sobre o meu rosto. — Pela sua promoção, eu digo.

Escondi minhas faces que queimavam, aproveitando-me da iluminação parca que provinha dos postes de luz. Sakura se aprumou, balançando a cabeça lentamente.

— O-obrigada, Sasuke-kun. É muita responsabilidade, contudo, e eu só espero deixar Tsunade-sama e o Kakashi-sensei satisfeitos com o meu desempenho.

Franzi o cenho, aturdido.

— Vai deixá-los mais do que satisfeitos, Sakura; confie em si mesma — decidi apoiá-la porque sempre estive ciente dos problemas que ela tinha com a sua autoestima.

Lembro-me até hoje da primeira etapa do Exame Chūnin. Bastou que eu a olhasse para saber que havia algo errado. Não consegui me conter depois disso: tive que tentar animá-la, assegurar-lhe do seu verdadeiro potencial. Sakura só precisava ter se dedicado mais aos seus treinamentos na época, mas hoje... Bem, hoje ela é formidavelmente temida e respeitada no campo de batalha.

— Obrigada, Sasuke-kun — ela me agradeceu com um sorriso, abaixando as faces rosadas.

Continuamos seguindo pelo mesmo caminho e acabamos adentrando uma viela estreita, iluminada apenas pelas lanternas de seda vermelha penduradas sob os alpendres das residências, e isso pareceu confundi-la por um momento:

— Ano, Sasuke-kun... O seu apartamento fica do outro lado da vila, não é?

— Vou te acompanhar até a casa dos seus pais — informei-a, pois achei que estivera óbvio desde que deixamos o apartamento de Kakashi e nos despedimos do Naruto.

Minhas palavras a deixaram visivelmente desconfortável e eu não compreendi.

— Ah, não precisa fazer isso, Sasuke-kun. Eu não quero te incomodar e já está tarde...

— Você não quer que eu te acompanhe? — inquiri sem rodeios ou delicadezas, ora eu não era muito conhecido pela minha sutileza (jamais fui).

Sakura arquejou um pedido de desculpas e agradeceu-me pela cortesia, voltando a caminhar ao meu lado. Havia apenas os sons de nossos calçados no asfalto e a canção de uma cigarra solitária, ao longe, afora isso, estávamos de novo presos àquele silêncio desagradável.

— Sasuke-kun? — ela me chamou de repente e eu a olhei, esperando que continuasse. — Por que você faz isso?

Detive-me pela primeira vez — o que forçou Sakura a parar também, estacando um pouco mais adiante de mim.

— Por que eu faço o quê?

Ela mordiscou o lábio e desviou o olhar, constrangida. Pareceu querer retirar sua pergunta por um momento, mas só por um momento, porque então me olhou incisivamente; seus olhos queimavam nos meus.

— Por que eu nunca sei o que esperar de você? — exclamou frustrada, deixando cair os ombros. — Quer dizer, uma hora eu realmente acredito que você está pouco a pouco se abrindo de vez para nós... Mas logo em seguida... — hesitou, constrangida de novo. — Logo em seguida você se fecha e eu me sinto tão derrotada por não poder fazer nada para te ajudar... Eu quero te ajudar! — reiterou mais alto. — E eu não me importo que você não me veja da mesma forma como eu te vejo. — Sua voz baixou para um sussurro quase inteligível e suas palavras me deixaram estupefato. — Eu só quero que você seja feliz, independentemente de como ou com quem seja...

Sakura rapidamente enxugou uma lágrima no canto do olho antes mesmo que esta pudesse correr por sua bochecha corada. Estava atônito, quase em choque com o que acabara de ouvir. Então era isso o que ela realmente pensava sobre os meus sentimentos? Era isso que ela achava que eu sentia?

— Irritante — grunhi com a mandíbula apertada e ela me olhou assustada. — Está sempre assumindo o que eu sinto, não é mesmo?

Eu sei que deveria me controlar, mas todas as vezes que Sakura julgou mal meus sentimentos ou minhas intenções para com ela me vieram à mente e eu sucumbi ante uma raiva perigosamente passional. Teria que mostrar para ela o que eu verdadeiramente penso, sinto e desejo acima de tudo? Ótimo.

— Sasuke-kun, eu não entendo...

Silenciei-a com um gesto e, ainda cheio de raiva e consumido pelo meu desejo (o desejo que reprimi por tantos anos), puxei-a bruscamente contra o meu corpo. Fulminei-a com meu olhar e colidi minha boca com a dela para que ela nunca mais ousasse pronunciar tais palavras profanas. Para que nunca mais dissesse que eu não a via da mesma forma que ela me .

O que mais eu teria que fazer ou dizer para convencê-la a respeito do que verdadeiramente sinto? Do que senti em todos esses anos por ela?

Tsc, tão irritante e, ao mesmo tempo, inteiramente minha.


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Notas finais do capítulo

Sim, a batalha termina no próximo capítulo, não se preocupem :v E não me matem por esse beijo no finalzinho! Huehuehuehue
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Obrigada a todos pela compreensão e carinho, meu avô está melhorando pouco a pouco, mas ainda inspira cuidados ^^
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E obrigada também pelos lindos reviews! Não deixem de comentar nesse também, ok? Eu andei meio enrolada com minhas Fanfics tanto por causa dos meus problemas pessoais quanto pela perda do meu pendrive T-T Mas aos poucos vou recuperando meu ritmo. Perdoem qualquer erro de digitação, eu digitei esse cap. quase todinho hoje e por mais que eu revise, sempre deixo passar um errinho ou outro.
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Enfim, até o próximo!