Futuro, Volume II - Futuro Perdido escrita por MikaTag


Capítulo 10
A Penseira


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo Tris descobre umas verdades e Caleb tem uma confissão a fazer. Boa leitura.



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Se passou alguns dias desde quando estávamos na enfermaria com cuidados da Madame Pomfrey.

– Todos vocês receberam alta. Já podem seguir as suas vidas. – dizia ela.

Apesar de eu não me sentir cem por cento bem, eu saí de lá mesmo assim. Precisava visitar outros ambientes. Acho que deve ser umas duas horas da tarde, almoçamos e já que hoje não é dia de treino decidimos descansar um pouco. Deito na minha cama mas eu não consigo dormir. Sei que todos estão dormindo, porque eles não fazem um movimento e Rony ronca mais que todos.

Desde nossas suspeitas de que Hermione tenha virado uma Comensal, ou melhor Comensal da Morte – como me acostumei a chamar – ela nunca mais apareceu aqui na Audácia para dar notícias para ver Rony ou para saber como nós estávamos. Até hoje eu espero um dia no qual ela venha aqui na Sede trazendo Caleb para me ver, já que ela disse que ele não gosta muito de sair da Erudição.

Antes de deitarmos fui na sala de Snape – infelizmente esse foi o único jeito – para procurar umas informações.

Dei dois toques na porta.

– Entre. – diz ele com uma voz amarga.

Eu abri a porta devagar que fez um rangido um pouco alto. Nunca tinha ido a sala dele. Era uma sala totalmente estilizada em coisas rústicas. Do lado esquerdo tinha uma estante de madeira que ia do chão ao teto abarrotada de livros, do meu lado direito tinha um armário de madeira escura – a mesma da estante – e no centro uma escrivaninha que atrás dela tinha um mapa bem grande da cidade e uma cadeira, na qual ele estava sentado.

– Ah, é você. – disse ele com um tom de desprezo que só ele consegue – Seja rápida. Não tenho o tempo todo. Tenho muitas questões a resolver hoje. Estou muito ocupado.

Realmente ele parecia estar, estava com a cabeça baixa virada para um monte de papéis que inundava totalmente a mesa, e os cabelos oleosos cobrindo o seu rosto.

– Só queria uma informação. – digo – Na verdade uma localização.

– De onde você quer?

– Queria saber onde fica a Sede da Erudição. – digo com medo dele achar meu pedido ruim. Mas que mal teria.

– Pra que você quer saber? – pergunta ele levantando a cabeça para mim.

– Quero visitar o meu irmão.

Ele abaixa a cabeça, faz como se estivesse assinando um papel e levanta a cabeça novamente me mirando por alguns segundos levantando-se da cadeira se dirigindo ao mapa que estava atrás dele.

O mapa estava marcado com vários grampos coloridos, cada um em um ponto da cidade. Aproximei-me um pouco e pude perceber que cada grampo daquele tinha um estilo de papel com o nome do lugar em que ele estava fincado. Antes que eu pudesse localizar o da Erudição ele falou:

– Aqui. Neste lugar bem no centro da cidade. Ou Downtown como eles gostam de chamar.

– Quem gosta de chamar? – pergunto curiosa.

– O povo da Erudição. Se acham mais importantes que todos das outras facções. – diz ele se virando para mim e voltando a sentar na cadeira – Não foi a toa que Dolores Umbridge escolheu a Sede lá primeiro que todos. Para ser mais fácil para ela.

– Mais fácil?

– Sim. – diz ele massageando a têmpora como se estivesse tentando lembrar de algo – Ela disse que queria ser no centro porque a facção dela valorizada o conhecimento e a esperteza. Então todos os caminhos deveriam levar até lá, para ser o lugar mais fácil para ir a outros pontos da cidade.

– Entendi. – digo balançando minha cabeça – Mas ela sempre foi assim? Vamos dizer … rigorosa?

Ele olha para mim e se levanta da cadeira. Ele vem vindo em direção a mim e por um momento pensei que ele iria me empurrar para fora da sala por perguntar coisas demais. Sendo que disse que só queria uma informação. Mas ao invés disso ele se dirige ao armário que estava à minha direita. Ele abre a porta e o armário é repleto de prateleiras e elas estão cheias de frascos com uma substância similar a uma névoa. E no meio do armário tem um objeto como se fosse um círculo de pedra envolto de símbolos. Ele tira esse círculo de dentro do armário e põe em cima da mesa.

– Isso – e ele aponta para o objeto – se chama Penseira.

– E para que serve ela? – pergunto tocando nele. No centro dele é como se fosse água mas não parece um líquido. Passo minha mão pela água mas também não parece um gás. É meio indefinido. Ela emite uma luz prateada que reflete no meu rosto, bem bonita de se ver.

– Serve para guardar pensamentos nossos. Quando temos muitas coisas para lembrar, ou queremos esquecer de algo. Tiramos eles e jogamos aí. – terminando a frase ele faz uma demonstração no qual ele pega as pontas dos dedos indicador e polegar puxam da sua têmpora um tipo de fumaça prata com uns fios também prateados. Ele os joga na Penseira. – Desse jeito.

– Sim … e como podemos vê-las? – tem uma curiosidade me consumindo. – Não temos nada disso lá em Chicago.

– Não, vocês não tem mesmo. A tecnologia daqui é muito mais avançada que a de vocês. E respondendo sua pergunta, nós as vemos se mergulharmos aqui – ele aponta – na Penseira.

Já estava prestes a entrar nela quando ele falou:

– Mas não é dessa lembrança de que nós vamos tratar.

Ele sai de trás de Penseira e anda até o armário cheio de frascos com a substância prateada, que agora sei que dentro deles tem várias lembranças.

Snape procura por entre os frascos até achar a que queria.

– Aqui está! – exclama ele, mas com o mesmo ar sério – Uma lembrança da Umbridge.

Só de pensar que eu entrarei em uma lembrança da Dolores eu fico ainda mais empolgada.

Logo após ele jogar a substância na Penseira, ele diz:

– Você primeiro.

Eu olho para dentro dela, consigo ver uns resquícios de pensamentos, ou flashes, e mergulho de cabeça por ela. Sinto como se estivesse caído no vácuo. Uma sensação me puxando para baixo até eu me bater contra um chão duro. Vejo Snape cair ao meu lado. Aproveito para ter uma visão melhor do ambiente em que eu estou. Ele era totalmente branco, uma sala, com um sofá, uma escrivaninha com um computador em cima dela. Atrás dela tem uma janela bem grande com vista para uma floresta. Tudo isso como na Sede da Erudição de Chicago, e logo percebo que também estou numa, mas aqui, em Atlanta. Sei disso porque consigo ver Umbridge passando pela minha frente em direção a porta mas sem notar que eu e Snape estamos ali.

– Vamos segui-la – diz Snape.

E antes que ela pudesse fechar a porta nós passamos por ela. Seguimos ela por um corredor. Isso me faz lembrar de todas as simulações que um dia eu já presenciei. A do teste, a do medo, todas.

Umbridge para de repente em frente a uma porta e dá dois toques na porta. A porta se abre rapidamente e um homem que não conheço com cabelos loiros lisos batendo nos ombros e uma pose de durão aparece.

– Lúcio meu caro – diz Umbrigde – queria saber se já podemos dar início à o nosso plano.

– Por favor Dolores – diz o homem que percebo que é Lúcio Malfoy – entre.

– Não, não. Só quero a sua confirmação.

– Pois sim senhora. Podemos começar a qualquer momento.

Ela dá um sorriso que eu consigo ver que não é coisa boa.

– Pois então Lúcio. Vamos dar início à caçada.

A cena se dissolveu e estou em um lugar que reconheço sem precisar de dica nenhuma. Estou no local onde ficam as casas da Abnegação. Sinto uma saudade mas, sei que agora não é hora de sentir saudade. Para onde estou olhando vejo que não há problema nenhum, está tudo tranquilo e começo a me perguntar porque eu estou aqui. Mas eu me viro e não posso acreditar o que eu estou vendo: um paredão de membros da Abnegação virados de costas com as mãos atrás da cabeça. Muitos membros, muitas pessoas, adultos, idosos e crianças.

Olho para além deles e vejo que há uma fila de homens e mulheres com a palma das mãos abertas em direção a eles, dentre elas uma se destacava uma menina com cabelos loiros, quase brancos, aparentava ser bem nova. Acho que já até sabia o que todos eles iriam fazer. E todos gritam ao mesmo tempo:

– Avada Kedavra!

Mas antes que eu pudesse ver todos os corpos dos membros da Abnegação caindo a cena se dissolve e eu estou novamente na sala de Snape.

Fico sentada no chão e começo a chorar.

– Igualzinho … – digo – Igualzinho ao que aconteceu em Chicago. Só muda que fomos da Audácia que fizemos isso. Sob efeito das simulações.

Snape me olha friamente. Mas sem esboçar emoção nenhuma.

– E todos aquelas pessoas … que soltaram o feitiço … eram … Comensais?

– Eram sim.

– Então, quer dizer, que há muitos Comensais da Morte? Eu pensava que eram no máximo uma dúzia.

Ele me volta seu olhar para os papéis e responde:

– Sim … há muitos deles por aí. Temos que tomar muito cuidado, ainda mais que eles estão livres para usar as maldições imperdoáveis. Ela os usa como espiões.

E com essa última informação eu saio da sala dele.

Agora estou aqui deitada tentando descansar mas não consigo. Então eu me levanto e vou em direção à cobertura da Sede. Subo vários lances de escadas e quando chego lá sinto pela primeira vez desde que cheguei aqui o vento bom no meu rosto, espairecendo todas as preocupações. Vejo que o trem está vindo e me preparo para saltar. Ele passa pela minha frente e começo a correr em sua direção, salto e me agarro a uma fenda que há ao lado da porta para se apoiar. Sento me de frente a porta e vejo a cidade toda passar pelos meus olhos. As ruas aqui são bem mais movimentadas do que em Chicago. As pessoas tem muito mais coisas à fazer do que lá.

Percebo que estou chegando ao centro da cidade, devido ao número de edifícios e aos seus respectivos tamanhos, que começam a ficar mais altos também. Preparo-me para saltar no momento exato e dou um pulo. Caindo no chão, estou um pouco enferrujada para isso. Quase arranho todo o meu rosto.

Vejo que estou numa praça, e tem muitas pessoas estão vestidas de azul, olho para minha direita e vejo um prédio com muitas janelas, reconheço ele na hora. Erudição.

Entro pela porta principal e vejo lá um quadro bem grande com o rosto de Dolores Umbridge. Não sei como as pessoas não sentiram repulsa por ele e o jogaram fora.

Observo que tem um balcão bem grande com umas mulheres trabalhando e teclando nele. Chego próximo e digo:

– Oi, gostaria de procurar uma pessoa.

A moça mal me olha, continua teclando no seu computador.

– Olá? Eu queria saber sobre uma pessoa.

– Calma só um momento. – diz ela voltando a teclar no seu computador.

Dou um tapa bem forte no balcão e digo:

– Não! Você vai me falar onde está Caleb …

– Beatrice? – ouço uma voz conhecida. Viro-me e vejo que é Caleb. Ele voltou a usar seus óculos que ele usava quando era da Erudição. Corro para abraçá-lo ele retribui.

– O que você está fazendo aqui? – pergunta ele.

– Vim falar uma coisa com você. Desgrudo-me dele e olho em nossa volta – Mas acho que aqui não é seguro.

– Ok. Sei de um lugar no qual nós poderíamos falar.

Então ele me conduz por uma série de corredores nos quais eu não tinha entrado nem aqui nem na Sede lá em Chicago. Entramos em um escritório.

– Caleb espera … esse aqui é …

– É sim! É o meu escritório! – ele exala felicidade.

– Que ótimo – olho em volta um escritório muito bonito, com muitos livros e estantes – mas enfim … eu vim aqui para te alertar sobre os perigos que está rolando.

– Tris … são tudo boatos – diz ele

Encaro ele por um minuto. Não pode ser verdade o que ele está falando. Não pode.

– Boatos!? Como assim você acha que são boatos?! EU VI MEU AMIGO SER AMALDIÇOADO

– Tris …

– FOI UM COMENSAL DA MORTE! – grito como se ele não tivesse me interrompido.

– Tris … não fale assim … preciso te falar algo …

– O que você tem mais para me falar? – digo batendo o pé bem impaciente.

– Eu … fui chamado para ser um Comensal.

Acho que meu dia não pode ficar pior.

– O que? Isso não é possível! CALEB COMO VOCÊ PODE? SEU IDIOTA!

– Tris! – diz ele corando – Eu sou muito bom e eles me …

– Não quero saber. – digo colocando as mãos para cima como se fosse para ele não me tocar – Eles já fizeram coisas horríveis no passado dessa cidade. E continuam fazendo! Você viu o que aconteceu lá com aquele Harry Potter. Ele poderia ter me engarguelado. Em vez de Tobias. Acho que você não está vendo a gravidade do problema. – e saio do escritório dele em direção à minha Sede. A qual não pretendo sair durante um tempo.

– SEU IRMÃO O QUE? – grita Tobias.

– Shhhhh – digo para ele – fica quieto ou pelo menos fala baixo.

Tobias me olha com os olhos arregalados. Estamos no dormitório. Todos já tinham acordados e estavam fora daqui no momento.

Dava para conversar normalmente agora.

– As vezes fico pensando se foi ele quem soltou a maldição Imperius em Harry. – digo

– Não. Não poderia ter sido ele. – responde Tobias – Ele quase não sai. Mas tenho minhas suspeitas.

– Sei … Hermione também é bastante suspeita para mim.

– É … mas acho que ela não faria isso com um dos melhores amigos.

Penso um pouco e chego a conclusão.

– Tobias. Você precisa pegar uma parte de Hermione!

– HÃ? PARTE?

– Não uma parte de carne Tobias … qualquer coisa … um cabelo, lágrima, algo assim, qualquer coisa.

– Mas por quê? Pra que isso?

– Nós precisamos ver algumas lembranças dela.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Logo posto mais. Tenho uns capítulos prontos e tenho mais ideias para continuar escrevendo. Até o próximo capítulo.



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