– Megan, não por favor!! – Pedi dando tapinhas em suas costas já que a mesma estava engasgada. – Por favor não vomita em...

Tarde de mais. Megan vomitou nela mesma, na minha camiseta e em meus braços. Ótimo.

– Eu pedi pra você não vomitar em mim... Agora vamos dar um banho em você. – Olhei para meu braço, eu sentia seu vomito quente descendo para a minha mão. – E depois, vou tomar um banho.

Subi até o banheiro com ela no colo e preparei sua mini-banheira.

– Não Megan, não faz isso. – Ela começou a bater suas pequenas mãos na sua banheira e começou a molhar o banheiro. – Não é divertido. – Ela continuava batendo na água, agora estou molhado e cheio de vomito de bebê. Maravilhoso. – Depois vou ter que arrumar o banheiro inteiro...

Não adiantava falar, ela continuava a jogar água em todo canto.

Depois de dar um banho na Megan e coloca-la para dormir, fui tomar o meu banho. Olhei para os lados, tudo molhado. O sabonete estava no chão, já que Megan derrubou, e o shampoo estava em algum lugar daquele minusculo comodo. E claro, um cheiro de vomito.

– Tenho que me limpar, limpar isso e ficar de olho para Megan não acordar. Ótimo. – Falei coçando minha cabeça.

(...)

– Fala se eu não sou um ótimo pai?? – Mostrei meu banheiro para Dez e Trish, que estavam em casa.

– O que que tem?? – Perguntaram juntos.

– Megan vomitou em mim e nela mesma. E olha, estamos limpos. E vocês tinham que ver o banheiro, tava uma bagunça por causa dela. – Apontei pra Megan agora nos braços de Dez.

– Nossa parabéns!! Quer uma medalha por isso?? – Trish bateu palmas. Como sempre um amor de pessoa. – Agora porque chamou a gente aqui??

– Eu quero sair. E vocês vão cuidar da Megan. – Sorri.

– Opa opa!! Não. Se vai sair, leve ela junto. – Dez estendeu Megan na minha direção.

– Não posso. – Devolvi ela para ele.

– Onde vai ?? – Trish se pronunciou. Respirei fundo.

– Visitar Ally. – Dei um sorriso fraco. – E levar todas as cartas que Dez deveria ter levado. – Encarei Dez, ele deu um riso fraco e saiu da sala deixando eu e Trish sozinhos.

– Austin... – Respirei fundo me preparando para o seu longo discurso de como sou idiota e blá blá blá... – Pode ir. – Ela sorriu.

Fiquei esperando ela voltar com seu discurso, mais ela simplesmente foi atrás do Dez cuidar da Megan. Peguei minhas coisas e a chave do carro.

– Talvez eu demore um pouco. – Eles assentiram e continuaram a brincar com Megan.

Sorri imaginando como Trish daria uma ótima mãe, e (talvez) o Dez daria um ótimo pai. Eu sei que eles iam conseguir ter uma família. Sorri e fechei a porta de casa.

– Ok. Vamos lá. – Suspirei e liguei o carro.

O clima estava tenso então liguei o radio. Mais nenhuma musica conseguia tirar aquele peso de mim. No caminho parei numa floricultura para comprar flores (Avaah).

Voltei ao meu caminho. A cada quilometro que o carro corria, meu coração batia mais forte.

(...)

Estacionei o carro. Peguei as flores, as cartas, e claro, seu diário.

Encarei o enorme portão. Aqui estou eu novamente. Suspirei antes de abrir aquele portão enferrujado soltando um barulho a cada centímetro que ele dava.

– Vamos Austin. – Falei para mim mesmo.

Olhei em volta e comecei a andar rápido. Eu sabia muito bem onde ela estava. Já me perdi aqui uma vez, mais não posso me perder agora. A cada passo que eu dava eu procurava pelo seu nome.

Aqui esta, Ally Dawson.

– Ah Ally, eu sinto tanto a sua falta. – Sorri.

Coloquei as flores em cima do seu tumulo.

– Essas são suas flores preferidas. Tulipas vermelhas. – Meu coração estava acelerado. – Eu te escrevi algumas coisas, mais o Dez como sempre não veio aqui te entregar. – Coloquei os papeis amaçados em baixo das flores para não voar. – Eu tenho uma carta aqui, que não vai para o jornal. Sera algo somente nosso.

“Pequena,

Sim. Sim, eu me lembro de tudo.

Lembro de todas nossas brigas, que não foram poucas, mais no dia seguinte a gente fazia as pazes já que nós não conseguíamos ficar longe um do outro.

Lembro de nossas conversas de madrugada no celular, e seu pai sempre brigava com você porque ficava a noite inteira conversando comigo. Nossas conversas durante a aula, e a professora sempre chamando nossa atenção. Nossas conversas sem sentido com o Dez e a Trish.

Lembro de todos os seus sorrisos, todas as suas gargalhadas. De como você ficava fofa corada. De quando eu pagava algum mico em publico apenas para te fazer rir quando você estava na tpm.

Lembro de todos os nossos beijos, acho que isso não tem como esquecer.”

As letras começaram a ficar embaçadas, comecei a piscar rápido e senti uma gota escorrendo pelo meu rosto. Enxuguei rapidamente e continuei a ler.

“Então Ally, eu me lembro de tudo. E dói saber que isso são apenas lembranças...

Você não faz ideia de como eu queria que você estivesse aqui comigo. Eu sinto tanto a sua falta.

As vezes fico acordado a noite inteira imaginando como seria se tivesse aqui comigo, e como consequência acordo com os olhos inchados de tanto chorar.

E aqui esta a foto de nossa filha. O nome dela é Megan, e ela tem o seu rosto.

De seu eterno,
Loiro.

P.S. Eu te amo (Seu filme preferido)”

– Ally, por favor, não me faça mais ler seu diario. Ele me trás lembranças, e por mais que sejam boas, são dolorosas demais para mim. Dói muito saber que você não esta aqui comigo, e como eu queria que estivesse...

Minha voz já estava falha, e meu rosto molhado, mais fiz um esforço para continuar a falar.

– Nenhum infinito é maior do que o tamanho da minha saudade, e da minha dor. Eu te amo tanto. Acho que sempre te amei, mais fui tonto o bastante para não perceber isso.

Dobrei minha carta e deixei em baixo das outras.

Me ajoelhei no chão sobre a grama e encarei seu nome escrito naquele mármore.

– Eu daria tudo para o meu nome estar ai, e não o seu. Eu queria que você vivesse mais, eu queria que você e eu fossemos felizes. Juntos.

Mais uma vez minha voz falhou. Eu tentava falar mais alguma coisa, mais nada saia. Respirei fundo e olhei para cima não permitindo mais nenhuma lagrima a descer.

– Eu sei que você não esta ai. – Apontei para seu tumulo. – Sinto seu cheiro no nosso quarto, esculto você lendo seu diário para mim, e as lembranças são tão reais que parecem que estou vivendo o passado agora. Eu sinto que você não esta ai. Sinto que esta em algum lugar me esperando, e eu estou esperando por você. Por mais que isso pareça loucura, é verdade. Estou esperando por você, e esperarei minha vida inteira se for preciso. Eu só quero te ver novamente.

Dei uma pausa e suspirei novamente tentando achar as palavras certas.

– Eu sei que você não esta ai Ally!! A verdade dói muito para poder aceitar. Todos falam que eu estou louco, mais sei que você não esta ai.

Coloquei minhas mãos na nuca e fechei meus olhos.

– Eu te amo tanto. Tanto.

Dessa vez permiti deixas as lagrimas caírem.

– Eu estou te esperando... – Sorri fraco.