Recomeço escrita por Little Pancake


Capítulo 1
Capítulo 1 - ÚNICO




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Já haviam se passado algumas semanas desde a queda de Kuvira. Tudo estava finalmente voltando ao normal no Reino da Terra e claro, em Republic City. Todos estavam voltando a cumprir suas tarefas diárias normalmente. Mako voltou a entrar em ação na polícia. Ele estava na missão de recuperar as riquezas e pertences que os seguidores de Kuvira haviam roubado da família real. Mesmo não trabalhando mais para Wu, o mesmo nunca mais lhe deu sossego; Asami, estava cada vez mais ocupada em sua empresa. Desta vez, colaborando em dar vida a uma antiga invenção que Varrick havia guardado. Os dois trabalham bem juntos, apesar dos pesares, fazem uma bela dupla de gênios; Bolin virou assistente de Varrick, mas finalmente um assistente de verdade. Ele desde o início deixou bem claro que não seria um capacho escravizado, como Zhu Li tinha sido todos esses anos. E mesmo Bolin achando Varrick um tanto quanto perspicaz, pra não dizer louco, ele reconhecia a sua mente brilhante para invenções. Sem falar, que até mesmo com as discussões hilárias diariamente – que Asami era obrigada a aturar – aqueles dois estavam na verdade, se tornando grandes amigos; Korra estava no templo, de volta aos seus treinos de dobra de ar. Como ainda não era mestre na técnica, havia muito trabalho a ser feito. E assim eram seus dias, ela estava se sentindo muito bem e esperançosa com a vida, apesar de tudo. Eram dias cheios de treinos e disciplina, porém produtivos e satisfatórios. Para todos no geral, voltar a "rotina maçante" parecia cada vez mais aliviante. Korra não via os amigos tanto quanto gostaria, mas estava radiante e feliz por cada um deles; Opal andava meio preocupada por não estar com Bolin sempre, como antes. Ela temia que de alguma forma ele pudesse estar se metendo em alguma grande bobagem de novo. Mas Korra sempre a reconfortava, dizendo que todos precisavam dar mais crédito a ele, pois Bolin realmente estava se esforçando para crescer, amadurecer e encontrar seu lugar. E que de certa forma, um pouquinho de distância, era bom para o relacionamento dos dois. Korra e Opal começaram a criar grandes laços de amizade. Com idades próximas e ambas ainda estando em treinamento de dobra de ar, as duas se ajudavam muito. Para Korra, os amigos eram tudo. Jamais perderia o contato novamente. Eles a faziam feliz, a faziam viva e completa. Eles a colocavam pra cima e sabiam exatamente quando e como fazer isso. Ela desejava profundamente ser alguém tão especial para eles, como todos eram para ela.

Quando a Avatar não estava ocupada, adorava passar seu tempo livre no seu lugar preferido: o local da ilha voltado para meditação com vista para o mar. Sempre achou incrível a vista de lá e gostava muito de passar horas observando. Às vezes nem por estar pensando ou meditando sobre algo de seriedade extrema, mas pelo bem que fazia estar ali, em contato com ela mesma e com a natureza ao seu redor. Era um dos lugares que mais sentiu falta de estar durante esses anos se recuperando no Polo Sul. Por isso, desde que voltou a Republic City, não saía mais dali.

Em um final de tarde, a Avatar estava observando o mar pensativa, sentada a beira da plataforma de madeira do local de meditação, como costumava fazer. Não fazia muito tempo em que a rotina havia voltado, mas Korra nunca se sentiu tão confiante. E com aquela tarde tranquila e o frescor que vinha do mar, tudo só conspirava para a deixa-la ainda mais animada. Mesmo sendo a Avatar e carregando toda a responsabilidade que isso significava, havendo muitas coisas a enfrentar dali em diante, ela nunca se sentiu tão certa de que tudo estava e seria diferente, pelo menos de alguma forma. Ela estava perdida a milhões de pensamentos e nem escutou os passos que se aproximavam. De repente... Uma voz:

— Korra?! — Era Mako. Ela nem precisou se virar para saber que era ele. Jamais se esqueceria o quão agradável era o tom aveludado de sua voz. Ela desceu da madeirinha sorrindo e disse:

— Olá, detetive! De volta à ação, é isso mesmo? — Ele sorriu de volta e continuou caminhando até Korra.

— Sim, sim! Nem acredito que voltei à rotina! — Disse Mako entusiasmado e com ar de alívio em sua voz. Mas imediatamente, percebeu que talvez tivesse invadido um momento de privacidade de Korra, talvez ela estivesse querendo ficar sozinha, pois parecia pensativa.

— Eu atrapalhei alguma coisa? Digo, você quer ficar sozinha pra pensar, ou algo do tipo? — Disse ele, quase se esquivando para voltar para trás... Quando Korra o parou.

— Claro que não! Eu só estava sem nada pra fazer e resolvi vir pra cá. Ficar horas sentada neste lugar me faz um bem danado, você nem imagina.

— Ah, imagino sim! Na verdade, eu me lembro muito bem. Quando alguém não sabia onde você se metia, eu já percebia que ninguém havia procurado por aqui ainda. — Os dois deram uma gargalhada e ela concluiu:

— Verdade, verdade! Você sempre chegava ao templo e vinha direto pra cá, não é?! E parece que isso não mudou ainda. Talvez seja seu senso de detetive, que não falha mesmo. — Os dois riram novamente ficando levemente acanhados. Mas logo Mako se iniciou:

— Vim saber como está indo!

— Tenho estado mais tranquila. Mesmo me conformando que é só questão de tempo. — Korra então sorriu para disfarçar uma tristeza repentina, que Mako captou na hora.

— Questão de tempo? — O dobrador de fogo no fundo sabia o que ela quis dizer, mas ele sempre gostou de ouvi-la desabafar.

— Sim! Daqui a pouco aparece outra pessoa insana querendo basicamente dominar o mundo e de certa forma me matar. Mas... Faz parte de ser o Avatar não é?! E eu finalmente depois de tanto tempo, aceitei isso. É difícil, mas eu nunca estive tão confiante e animada para ser o Avatar. Chega a ser engraçado! — Diz ela em um tom divertido. — Tenho conversado bastante com o Tenzin, ele tem me mostrado e me ensinado grandes valores. E eu finalmente estou apta a ouvi-los e entende-los. Sabe, eu não posso deixar de viver minha vida, só por isso. Eu posso e vou tentar equilibrar as coisas de agora em diante. Pena que só fui cair na real sobre isso agora.  — Ela disse sorrindo.

— E não espere que vá enfrentar todos esses "insanos que dominam o mundo’’ sozinha. Eu estou aqui! E como Bolin costuma dizer, o Time Avatar está todo aqui. — Disse Mako a reconfortando, como sempre.

— É, pois é! Outra coisa que eu aprendi na marra. — Korra falou rindo. – Que não tenho que fazer tudo sozinha. Obrigada por todo o apoio esse tempo todo Mako. De verdade! Você nem tinha obrigação... Obrigada mesmo.

— Ajudar a pessoa que mudou a minha vida e a vida de todos ao seu redor é um prazer, não uma obrigação! — Mako se expressou radiante, mas ao mesmo tempo temendo o que suas palavras poderiam causar. Mas Korra precisava saber daquilo. Ela sorriu grandemente e palavras não precisaram ser ditas. Eles continuaram sorrindo e se comunicando com o olhar, ao mesmo tempo tímidos de certa forma. Perceberam então, que quase nada havia mudado.

 

— E você, como vão as coisas? — Korra perguntou com uma expressão curiosa. — Nós não tivemos um tempo relativamente digno de conversar, depois que eu voltei. 

— Bom, na verdade não aconteceram muitas coisas desde que você partiu. Eu continuei na polícia, fui obrigado pela Lin a trabalhar para o Wu... Bom e agora voltei a investigar novamente. Pode parecer preguiça de contar tudo, mas foi somente isso que aconteceu. — Mako relatou diretamente, rindo meio sem graça.

— Ainda não estou convencida de que tenha acontecido só isso, mas tudo bem. — Korra disse observando-o com um sorriso calmo.

— Estou te falando, pode parecer que não quero contar "acontecimentos incríveis", mas realmente foi só isso. Ah! Só pra não dizer que nada aconteceu, abriu um restaurante de iguarias da Tribo da Água! Às vezes, eu almoçava ou jantava lá e me lembrava de você. E de quando me obrigou a experimentar lagartos marinhos. — Korra gargalhou como se fosse a última gargalhada de sua vida, e ele a acompanhou em sua alegria.

— Não venha me falar mal dos lagartos, porque você passou a amar depois, lembra? — Então Mako continuou sorrindo e disse:

— É, você tem razão! Você me mostrou muitas coisas, Korra. E eu nunca te agradeci por isso. — Eles sorriram um pouco constrangidos um para o outro, e Mako desejou por um instante, não ter ido tão fundo. Assim ele continuou:

— Ah! Também houve um tempo em que o clima estava louco, chovia o dia inteiro, mas quase no fim da tarde abria um sol incrível. E também às vezes, em dias assim, nevava durante a madrugada e era bem esquisito. Bom, isso eu te contei nas cartas...

Houve um silêncio e Mako queria voltar no tempo e não ter tocado naquele assunto, porém Korra então disse:

— Eu me lembro. Eu li cada uma delas com carinho acredite! — Mako ficou meio decepcionado consigo mesmo, por tê-la feito perceber que ele ainda estava um pouco chateado em relação a isso. Então quis consertar:

— E eu não duvido disso, Korra! — Disse ele forçando um sorriso em meio ao desânimo.

— Mako, olhe pra mim! — Disse Korra diretamente. — Eu somente escrevi para a Asami uma vez! E foi porque eu realmente só precisava dividir o terror que estava dentro aqui dentro, com alguém que eu teria certeza que quando lesse aquilo e percebesse a loucura que eu estava passando, não pegaria o primeiro barco para a Tribo da Água. Naquele momento o que eu menos precisava era ver todo mundo. Por mais que meu coração doía de saudades de todos vocês, eu precisava me recuperar sozinha. Eu não queria que vocês me vissem da forma em que eu estava. E se eu escrevesse para o Bolin, ele provavelmente contaria a você tudo o que estava acontecendo. E então, você viria do mesmo jeito e... — Mako então interrompeu:  

— Korra! Por favor, não precisa se explicar. De verdade! Eu sei de tudo isso! Na hora em que eu descobri, eu não sabia ou eu simplesmente não compreendi. Mas agora eu entendo. Mesmo assim, não quero mais ver você fazendo isso... Isso de se recuperar de algo sozinha, seja lá o quão difícil for a situação. Eu estou aqui pra você! Eu sempre vou estar! Não se esqueça.

Os dois novamente sorriram radiante um para o outro e se comunicaram com o olhar. Era incrível que depois de todo aquele tempo, eles ainda se sentiam daquela forma. Então Korra um pouco hesitante, decidiu perguntar:

 

— Mako... Nesse tempo todo, você não conheceu ninguém especial? Sabe, você merece isso...

— Bom, não que eu me lembre. — disse ele, impressionado pela pergunta e forçando um sorriso. — Eu tenho estado muito focado nas minhas coisas, não tenho pensado muito nisso desde que... — Ele percebeu que tinha ido um pouco longe demais novamente. Houve uma pausa e Mako olhou para o horizonte pensativo, enquanto Korra parou o analisando e impressionada com o que acabara de ouvir. Ela não acreditava que ele estava sem ninguém todo esse tempo. Mas não achou conveniente lhe fazer mais perguntas. Ficou um pouco envergonhada com tal ponto em que a conversa havia chegado, e decidiu acompanha-lo encarando o horizonte. Ele então criou coragem, olhou para ela pegando uma de suas mãos em seguida, e retomou:

— Korra, você lembra o que eu te disse naquele dia? — Korra, olhou de volta para ele e o toque das mãos só a fez lembrar mais do tal dia e daquele determinado momento.

— Eu nunca esqueci e nem vou! — disse ela confiante.

— Então por que você está agindo como se não lembrasse, me fazendo esse tipo de pergunta? — Korra ficou observando sem saber o que dizer. Mako então percebeu que acabou se exaltando demais sem motivo, e novamente ficou decepcionado consigo mesmo.

— Me desculpe. Eu... Eu não queria. É só que quando eu disse "sempre", eu realmente quis dizer que seria sempre. A vida continua, mas eu sabia que aquilo não passaria igual às outras coisas. Você me mudou pra melhor Korra. Eu... Eu sempre vou amar você. Mesmo que eu não deva.

— E você diz isso como se eu não tivesse dito nada de volta, não é?! — Ela abriu um sorriso radiante, e ele não se conteve e sorriu de volta. — Eu só queria que você seguisse com a vida, apesar de tudo. Só perguntei porque queria ver se você realmente havia feito isso. Eu queria te ver feliz independente de qualquer coisa. Pois de qualquer forma, você estaria comigo, como esteve e está.  — Disse korra.

— Eu não preciso ter alguém dessa forma, para seguir a vida. Eu posso segui-la sem precisar fazer isso. Eu jamais vou conseguir sentir por outra pessoa o que eu sinto por você Korra. Seria injusto fazer isso com alguém. Eu preferi deixar as coisas como estavam, e elas ficaram assim. — Falou ele, com um ar desesperado, porém aliviado. Tinha já um tempo que ele precisava dizer tudo aquilo a ela e não acreditava que a oportunidade havia chegado finalmente.

— Mako, os meus sentimentos de três anos atrás estão intactos e vivos aqui dentro ainda. Eu duvido que eles sairão algum dia, mas eu não tenho mais problemas quanto a eles. Eu só aprendi a conviver com isso também. E você estando perto, já preenchia e preenche quase tudo. Esses três anos na Tribo da Água, eu tava tão fora de mim e sem saber direito quem eu era, qual meu verdadeiro valor, que fui enganada pela ilusão de que eu tinha te esquecido por um momento. Mas naquele instante em que te vi no nosso reencontro, eu mal consegui te olhar nos olhos. Parecia que todo aquele sentimento perdido, tinha voltado todo de uma vez no meu peito. Eu de certa forma agradeço o Wu ter interrompido, pois me deu tempo de me recompor. — Os dois gargalharam de leve. Então Mako disse, diretamente impulsivo, porém muito confiante:

— Eu confio em nós dois! Eu confio que a gente pode enfrentar o que for se estivermos juntos! Eu não acredito que estou dizendo isso, mas era uma coisa que eu queria e devia ter dito no dia em que terminamos. Eu apenas confio em nós! E eu não preciso de mais nada além dessa garantia.

— Mako... Eu também confio! — Falou Korra, lentamente. — Eu venho acreditando em coisas que sempre estiveram aqui e ali, mas eu nunca as percebi. E acho que essas coisas, me dão tranquilidade para acreditar também que isso... Nós... Seja possível. Mas é que...

— É o que Korra? — Mako disse atenciosamente, mas sem conseguir disfarçar o ar de inquietude.

— Eu só... Só tenho medo, mesmo. Eu acredito em nós, mas o medo sobre isso... No momento se sobressaí muito. — Disse ela, um pouco triste e pensativa.

— Eu jamais vou te forçar a nada. Mas se um dia estiver pronta pra tentar... Não hesite em me falar. Eu vou estar aqui o tempo todo! Bom, isso você já sabe. — Ele sorriu um pouco abatido. Korra então rapida e delicadamente, segurou seu rosto e sorriu com o frescor daquele olhar de felicidade, que ela conhecia bem. E esse mesmo olhar fez Mako logo se lembrar, de todas as coisas incríveis que passaram juntos. Ela então falou:

— Eu em momento algum falei que não tentaria, detetive. Eu só realmente te avisei que tenho medo ainda. Muito medo! Mas eu confio em você mais que tudo! Saiba disso.

Mako mal podia acreditar no que estava acontecendo. Tudo o que conseguiu fazer foi puxá-la para o mais perto possível. E os dois se abraçaram num beijo, que por eles duraria a eternidade.

Com isso, o momento foi interrompido pelo grito histérico e estridente, de Ikki:

— Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!!! A Korra e o Mako voltaram, a Korra e o Mako voltaram... — Ikki não parava de repetir. Tirando o casal, ela foi praticamente a pessoa que mais ficou triste anos atrás com o término. Ver eles juntos novamente, encheu o coraçãozinho da pequena de esperança e os olhinhos de lágrimas. Ela era a prova viva, mais pura e inocente do quanto eles davam certo.

Korra e Mako sempre foram discretos e isso não havia mudado. Eles nem tinham falado sobre, mas provavelmente contariam aos poucos a todos sobre tudo. Mas com Ikki, foi impossível! No momento em que a baixinha gritou, eles se assustaram, mas logo depois, caíram na gargalhada, principalmente Korra. Mako estava ainda analisando tudo lentamente. Ele mal podia acreditar que seu amor tinha voltado. Voltado pra valer. Ele ia tentar de tudo, pra nunca mais ela ir embora. E ele estava com uma segurança e um pressentimento tão bom de que ela tentaria o mesmo. Naquele momento eles se olharam ainda abraçados. Ela lhe deu um beijo no rosto. Os olhares se conversaram novamente. Eles sabiam que não seria fácil. Mas quando tinha sido? No passado, eles desistiram quase que de início. Anos depois aquele sentimento ainda estava ali. Eles precisavam tentar, eles iam tentar! Eles se amavam, eram mais maduros, eles sabiam que no fundo daria certo. E com isso, o desafio foi lançado.


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