PRÓLOGO

O rei Edwin George II estava morrendo, aos poucos ele ia perdendo a vida, tão lenta e dolorosamente que ele desejava morrer de uma vez mas ele tinha sangue azul correndo pelas suas veias e deveria lutar até onde desse, teria que aguentar a dor por seu povo, pela sua esposa e por tudo em que acreditava.

— Violet, venha aqui, minha querida. — chamou o rei com a voz arrastada, tossindo secamente logo em seguida. Os melhores médicos tinham examinado-o e tinham lhe dado no máximo um ano de vida, isso se tivesse muita, muita sorte mesmo. Tratava-se de uma doença raríssima que iria devastando cada vez mais o seu sistema imunológico, até que não sobrasse mais nada.

— Meu amado rei, não gaste sua voz comigo. — pediu a mulher enquanto sentava-se ao seu lado na cama, acariciando delicadamente o rosto pálido do homem deitado a sua frente, a rainha Violet conteve um suspiro. Como uma doença pudera ser capaz de destruir tão rapidamente o seu amado? Era inacreditável, num ele estava doente e no outro...daquele modo. — Quer que eu chame um médico? O que deseja?

— Minha querida, eu vou morrer, vou morrer dentro de um ano, no máximo.... — começou o rei, mas fora interrompido pela própria tosse, como se fosse para confirmar a sua afirmação, os olhos da rainha já estavam marejados.

— Não diga isso, meu amado. — pediu a mulher a beira dos prantos, os seus olhos fixando-se nos de Edwin. — Por favor, por favor... Nós vamos dar um jeito, juntos, eu prometo, conseguiremos vencer essa maldita doença!

— Violet, não tente enganar-me, não tente! — disse o rei parecendo indignado, fez-se silêncio no quarto. — Me desculpe, só acho que estou sob muita pressão... Mas quero lhe fazer um pedido, querida.

— Qualquer coisa que agrade ao meu amado, qualquer coisa. — prometeu a mulher abrindo um sorriso fraco, os dedos ainda acariciavam gentilmente o rosto do homem.

— Eu vou morrer dentro de um ano e não temos um herdeiro para governar Illéa. — começou o rei. A rainha quase chorou mas segurou-se, era uma mulher forte, a mão saindo do rosto do marido e indo instintivamente até a barriga, fazia anos que eles descobriram que a rainha não podia ter filhos, "uma árvore seca!", segundo ela mesma. Ou seja, não havia herdeiros legítimos para o trono de Illéa e isso era preocupante. Todas as noites a rainha desejava que tivesse acontecido um engano e ela pudesse ter filhos, pudesse dar uma criança para seu Edwin, era frustrante. — E isso não pode acontecer, algum aspirante pode tomar o trono que foi de minha família por merecimento, por tanto tempo!

— O que... o que você está sugerindo? — perguntou a rainha com uma certa ansiedade, os olhos marejados, ela estava resistindo a vontade de chorar e não parar mais.

— Estou sugerindo que encontremos a minha filha. — ele disse cheio de convicção, a rainha levantou-se abruptamente.

— Isso seria pura humilhação! — ela praticamente gritou, a verdade é que a única filha do rei era bastarda, nascida durante a sua própria Seleção, ele havia engravidado uma das Selecionadas, a que realmente amava e ela fora expulsa do castelo, expulsa da sua casta, perdera tudo, mas ele mesmo nunca tivera coragem de procurar a mulher e a filha, que deveriam ser da casta Oito por causa dos acontecimentos.

— Violet, o futuro de Illéa vale mais do que o seu orgulho. — dise o rei firmemente. — Que as buscas comecem, que toda Illéa vá em busca da Princesa Perdida.