Porque meu coração pertence à você. escrita por sadness engulfed


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Prólogo Devia ser umas 5 horas, talvez 6. O sol surgia no horizonte tornando o azul do céu alaranjado. Hoje seria um dia lindo. Deixei a água do café fervendo no fogão, enquanto caminhava em direção ao quarto de Gabriel. Eu não havia arrumado seu uniforme nem seu material escolar, na noite anterior. Logo ele chegara correndo para e dar um abraço de bom dia, com o mesmo 'sorriso meio torto' de seu pai se ele soubesse o que esse sorriso fazia comigo, talvez não o fizesse mais. Ele ainda estava com o cabelo molhado do banho, e demorou vestir o uniforme, já que é todo desengonçado assim como Daniel. Jessie, a vizinha já havia chegado para levá-lo à creche, e ele não havia nem tomado café ainda. Ele poderia ficar em casa hoje, não, não poderia ele já tinha faltado muito esse mês. E além do mais eu trabalho hoje. O café! Desci as escadas correndo, passei por Jess, e encontrei apenas algumas gotinhas de água na caneca, o resto havia evaporado. Coloquei outra água para ferver e preparei dois sanduíches para Gabriel lanchar no intervalo. Assim que Gabriel partiu, me lembrei. Era feriado hoje. Eu não iria trabalhar, e ele não teria aula. Peguei eu carro e fui à encontro deles. O marido de Jess deixou uma mensagem no meu celular, falando que ia me aguardar para buscar Gabriel, porque ele estava na caminhonete então não o caberia. Chegando lá, a estrada que eu costumava passar na volta estava interditada, peguei outro caminho. Então Gabriel gritou apontando para um parque: Olha mãe! Um parquinho! Vamos ficar aqui um pouco? Eu não queria ficar. Me trazia muitas lembranças. Lembranças que estavam em meu coração. Bom, não exatamente no meu. Ok, mas só um pouco.



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14 de julho de 1993

Eram mais ou menos duas da tarde, nós acabamos de chegar nessa cidade, eu comecei a sentir uma falta imensa de minha mãe conosco, embora eu nunca a tenha visto conversando com meu pai como namorados, eu sabia que eles amavam um ao outro. E que um dia nós estaríamos todos juntos e felizes num abraço apertado e quentinho, como os que nos dão em dias tristes, mas seria um dia muito feliz para nós.

–Papai, por que a mamãe não vem morar com a gente também?
–Porque ela está morando lá no céu agora.
–Porque ela não levou a gente?
–Porque sua mãe falou que a gente ia ter que esperar um pouquinho, até o céu ficar enfeitado o suficiente para receber a gente.
–Mas papai, eu queria tanto ter ido lá com ela. Olha papai, um parquinho! Vamos lá? Vamos? Vamos? Por favor?
–Ok, mas só um pouco. Temos que ajeitar as coisas da mudança.

No parquinho meu pai foi conversar com um amigo dele, e me deixou brincando nos brinquedos que eu quisesse. Logo avistei um menino de olhos claros e o cabelo caído sobre eles, brincando sozinho numa gangorra, gritando para o amigo do meu pai:
–Olha pai! A gangorra não consegue me deixar no alto igual a você! Oi Beto! – Ela sorria torto enquanto conversava e brincava. Ele parecia legal, então me aproximei.
–Você sorri esquisito.
–Você fala esquisito. Gostei do jeito que você fala.
–Meu pai disse que é porque não sou daqui. Também gostei do jeito que você sorri.
–Seu pai é o Beto? Ele é meu vizinho.
–É ele sim. Porque você tá brincando sozinho?
–As outras crianças não gostam de gangorra.
–Eu gosto. Posso brincar com você?
–Pode. Eu chamo Daniel. Como você chama?
–Eu chamo Julie. Daniel do sorriso torto?
–Não, meio torto. Julie que fala engraçado?
–É, acho que sim.
E nos pomos a rir.

–Daniel! Vamos, Beto vai nos dar uma carona até em casa.
–Vamos Julie!
–Nossos pais estão nos gritando, Ju. Vamos?
–Vamos. Cadê sua mãe, Dan?
–Meu pai disse que quando eu nasci, ela ficou muito feliz que decidiu enfeitar o céu inteirinho para mim. Só que ela não veio me buscar até hoje.
–A minha mãe também tá enfeitando o céu pra quando eu for morar lá. Elas devem ser amigas.
–É mesmo.

Seguimos para casa, sem parar de conversar um minuto. Daniel era muito legal. Dava vontade de levar ela pra mim. Ainda bem que ele morava do meu lado.

Ele brincava comigo de casinha. Em troca eu brincava com ele de corrida ou então de carrinho. Ele também tinha 5 anos, então o papai não se preocupava em deixar ele dormir aqui. E nem eu dormir na casa dele. Até porque a gente se dava muito bem com Jess, a irmãzinha dele, ela era 2 anos mais nova que a gente, mas nós incluíamos ela em todas nossas brincadeiras.

Quando meu pai me colocou na creche, eu fiquei feliz em saber que eu ia ficar na sala 3 junto com ele. Ele era muito inteligente também. Embora eu também fosse, ele sabia mais coisas que eu. Foi com ele que aprendi a falar o alfabeto inteirinho sem olhar e a contar até 100 – Primeiro ele me ensinou de 10 a 20, depois de 20 a 30 e assim por diante–, também me ensinou a escrever o meu nome o dele com letra cursiva.

A partir daí, não nos desgrudamos mais. Fazíamos tudo juntos. Tudo mesmo.

•••

14 de julho de 1999

–Você tem mesmo que ir?
–Tenho Ju, mas vou ficar só essas férias. –Sempre passávamos as férias de verão juntos desde que nos conhecemos, então ele sempre adiava as férias que deveria passar com sua tia para ficar comigo.
–Eu sei Dan, mas sei lá, acontece que não vou aguentar ficar sem você aqui – eu dizia, fazendo aquela carinha de cachorro pidão.
–Ju, não faz assim, eu prometo que volto antes do prazo para a gente brincar muito.
–Promete? De coração?
–Prometo. De coração. Pelo meu, e pelo seu.
–Então, tá. Agora vai lá, pega esse trem e aproveite a praia bastante com sua tia, porque aqui não tem disso não. Ah, e traz alguma coisa de lá pra mim?
–Essa é minha Julie!
Começamos a rir, mas logo Paulo, o pai de Daniel, anunciou que eles deviam ir para a estação logo, pois o trem partiria ás 18 e tinham que estar lá com 1 hora de antecedência. Meu pai se ofereceu para levá-los, afinal, se Paulo fosse de carro, não haveria como trazer o carro de volta, pois o carro não pode andar de trem. Dei até pulinhos quando soube que poderia ir até a estação. Embora eu não quisesse ver o Dan me abandonando aqui.
–Quem disse que vou te abandonar garota? –Daniel estava lindo, alegre e com o 'sorriso meio torto' na cara.
–Ninguém, mas é que não consigo me imaginar sem você por 15 dias.
–São só 15. Imagina se eu ficasse lá 1 mês?
–É, mas... –Julie foi interrompida pelo sinal do trem. – Seu trem está vindo!
–Tchau, Julie que fala esquisito.
–Tchau, Daniel do sorriso meio torto.
Rimos e ficamos lá, um bom tempo, nos abraçando, antes que o trem partisse.
–Adeus!– eu dizia isso, e tinha certeza que ele estaria lá, com o rosto colado a janela, vendo eu e meu tchau ficar cada vez mais distante.


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que gostem, e que não deixem essa história flopar. Até porque, será uma história linda, espero.
Bj de luz no corassa1 de vocês :*



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