Boa Sorte, Katniss escrita por Hanna Martins


Capítulo 27
O terceiro elemento


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à Julia Freitas que presenteou a fic com uma recomendação, que me deixou mega animada para terminar o capítulo. Obrigada, Julia!



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Peeta se aproxima de mim. O que esse cara está pensando? Seu corpo quase encosta no meu... Espera... eu conheço esse joguinho! Ele não está pensando nisso? Está?

Esse louro oxigenado é ridículo. Será que ele não conseguiu ninguém para se divertir e por isso tem que vir atrás de mim? Não, eu não vou permitir isso. Afinal, ele deveria estar se divertindo com sua querida noiva Delly.

Se ele pensa que vou cair nesse truquezinho barato está bem enganado. Eu também sei jogar.

Sorrio. Por um segundo, vislumbro certa confusão nos olhos de Peeta. Aposto que ele não estava esperando por isso.

— O que você está querendo? — indago, o encarando.

— Nada... — lança seu sorriso mais sexy.

Não desvio meu olhar dele. Vamos jogar um jogo, Peeta.

— Sei... o que você quer, louro oxigenado?

Peeta encurta ainda mais a distância entre nossos corpos. Dou um pequeno passo para trás. Minhas costas tocam a parede. Peeta coloca a mão na parede. Ele se curva, ficando quase da minha altura. Posso sentir sua respiração em meu pescoço. Ele cheira a shampoo e sabonete. Um cheiro muito agradável. As pequenas gotas de água escorrem por seu rosto, seu queixo, seu pescoço, rolam por toda a extensão do seu torso e se perdem na barra da toalha branca.

— Hum... — ele continua a ter em seu rosto o seu melhor sorriso sexy, daqueles que fariam qualquer garota cair aos seus pés, rendida.

— Peeta — pronuncio seu nome vagarosamente, saboreando cada sílaba, cada fonema.

— Katniss... — ele me imita.

Minha mão vai parar em seu abdômen tabletes de chocolates. Deslizo calmamente. Peeta me olha, parece querer desvendar meus propósitos... Acerco meus lábios dos seus, mas não os toco.

Peeta entreabre a boca e se acerca ainda mais de mim. Desvio meu rosto dele e escondo minha cabeça em seu pescoço. Meus braços vão parar em suas costas.

— Katniss! — sua voz soa como uma advertência.

Meus lábios roçam seu pescoço, provocando um pequeno arrepio nele. Deslizo minhas mãos por suas costas, calmamente.

— Peeta... — digo com toque travesso em minha voz.

Retiro minha cabeça de seu pescoço e o encaro, sorrio.

— Você não acha que eu ainda tenho dezessete anos, acha?

Minhas mãos vão parar na toalha de Peeta. Arranco-a.

A expressão de Peeta deveria ser gravada em vídeo e reproduzida um milhão de vezes. Sério, até deveriam fazer gilfs com essa expressão. Iria ser um grande sucesso na internet.

— Idiota! — falo sarcasticamente.

Jogo a toalha no chão e saio sem olhar para trás.

— Katniss, volte aqui! — grita.

Abro a porta e trato de me escapulir o mais rápido possível, se o oxigenado conseguir me capturar agora... nem quero pensar nisso.

Mas, isso foi muito divertido.

Resolvo esperar Ren em frente ao prédio.

Ele não demora a aparecer.

— Katniss! — Ren me cumprimenta com um caloroso abraço.

Seu perfume é muito bom. Ok, Katniss, chega de ficar aspirando o perfume do Ren como se fosse um daqueles cachorrinhos que adoram cheirar os outros (certo, não sou boa com as metáforas, me processem).

— Então, aonde vamos?

— Estava pensando em irmos num restaurante que fica aqui perto...

— Nada disso! — espero que isso tenha sido uma alucinação auditiva, porque se eu me virar agora e constatar que realmente o louro oxigenado está aqui, teremos Peeta Mellark à milanesa para o jantar.

O que foi que eu te fiz mundo? Ao me virar, vejo Peeta com um largo sorriso no rosto (desta vez com as devidas roupas).

— O jantar é por minha conta! Tem um restaurante ótimo que conheço, o chef é meu amigo...

Ren olha para Peeta e para mim, uma tentativa de compreender a situação.

Aquele oxigenado não podia deixar aquilo passar. Ele tinha que se vingar!

— Não, obrigada, Peeta — coloco o meu melhor sorriso e tento dispensá-lo.

— Ora, vamos! Eu só quero desfrutar da companhia de meus amigos! — ele passa o braço pelos ombros de Ren.

Amigos? Só falta Peeta se considerar a partir de agora, o melhor amigo de Ren.

O louro oxigenado sabe conquistar muito bem as pessoas quando quer. Ninguém é imune ao charme Mellark.

— Certo — concorda Ren, fazendo eu me arrepender de não ter feito picadinho de Peeta mais cedo.

— Isso vai ser divertido! — Peeta sorri.

Já disse o que penso sobre quando alguém afirma que algo vai ser divertido. Você nunca está incluindo na diversão.

Lanço meu olhar assassino para Peeta, que me retribui com um sorrisinho e até uma piscadinha. Que atrevimento desse cretino!

— Ótimo, vou pegar meu carro! — Peeta sai todo animado com o fato de ter estragado meu encontro.

— Ren... sobre Peeta... desculpa...

— Tudo bem, Katniss. Vai ser bom conhecer um pouco de seu passado — ele sorri.

Acredito que conhecer o meu passado não seja nem aqui, nem na lua uma boa ideia. Mas eu tento me manter calma e retribuo seu sorriso. Não vou deixar Peeta sair ganhando.

Como prometido, Peeta nos leva ao restaurante do seu amigo. Um restaurante muito chique, daqueles frequentados somente por pessoas que tem muita grana no bolso.

Peeta trata de manter toda a conversação entre ele e Ren.

Perfeito, agora eu sou a vela desses dois. Peçam logo um quarto de uma vez.

— E foi assim que eu criei o pão “Em chamas” — diz Peeta, dando um gole em seu vinho.

Ren ri.

Ninguém me avisou que eu teria que disputar Ren com Peeta Mellark. Isso é injusto. Peeta sempre ganha tudo!

— Sabe, Ren, Peeta sempre criou em inúmeras confusões no colégio — falo, antes que esses dois resolvam pedir um quarto de fato.

— Mesmo?

Peeta ri.

— Nem tanto... Katniss gosta de exagerar — fala com um sorriso travesso, deixando a pobre moça que vai passando por perto a ponto de ter um desmaio. Por favor, Peeta, tenha um pouco de consideração com as outras pessoas.

— Ah, é? O que me diz daquela briga que criou com os populares do colégio?

Ren nos olha, interessado.

— Não foi nada...

— Não foi nada, é? Você colocou todos os populares um contra o outro! — meu tom é bastante sarcástico.

— O que você fez, Peeta? — indaga Ren.

— Essa é uma velha história... Não vale a pena — Peeta sorri.

— Tem razão, Peeta, o passado precisa ficar no passado, não é mesmo? — o encaro.

— Nem sempre, Katniss. Nem sempre. O passado é algo do qual nunca poderemos fugir — Peeta toma outro gole de vinho. — Não é mesmo, Ren?

— É, Peeta, você tem uma boa teoria.

— Vê, Katniss? Ren concorda comigo.

Como resposta, envio uma garfada de comida a minha boca.

Disputar Ren com Peeta realmente não é algo justo.

— Por falar em passado, sabia que Katniss era uma fã daquelas que colecionavam até figurinhas da sua banda predileta — isso mesmo Peeta anuncie para todo mundo sobre minha coleção secreta de figurinhas da Mockingjay! Em pensar que só faltou o Josh para eu completar meu álbum.

— Ei, não fale assim. Mockingjay é Mockingjay! — protesto. — Mas algumas pessoas não conseguem superar certos medos — digo, olhando para Peeta, me referindo ao seu medo de coelhos.

— Então, Ren, hoje está frio, não?

Peguei você, Peeta Mellark!

Após o nosso jantar que deveria ser algo bom e divertido para mim (o que claramente não é caso), Peeta resolve deixar Ren em seu apartamento. Vocês não acham que há algo de muito errado nessa história? Isso está parecendo o encontro de Ren e Peeta, em que eu sou o terceiro elemento!

— Tchau, Ren, espero que possamos sair outras vezes! Isso foi tão divertido! — Peeta se despede de Ren.

Desço do carro.

— Sinto muito, Ren...

— Não se preocupe, eu me diverti, Katniss!

— Sério?

— Sim, Peeta é... alguém bem interessante. Além disso, adorei saber algumas coisas sobre você... — sorri.

— Ei, não acredite em tudo que aquele lou... cara diz! — dou um pequeno soco em seu braço.

Ren ri.

— Vamos, Katniss? — fala Peeta com sua voz mais gentil, saindo do carro. — Você não vai querer chegar atrasada amanhã, novamente, no trabalho!

Olho para Ren. O louro oxigenado se põe entre nós.

— Vou indo, então! — Ren começar a caminhar em direção ao prédio.

Recebo um olhar vitorioso de Peeta. Bufo.

— Vamos, senhor apressadinho, você conseguiu o que queria! — jogo toda a ironia e frustação na minha fala.

No entanto, Peeta não parece nenhum tiquinho perturbado.

Nosso trajeto de volta ao apartamento é silencioso. Muito silencioso.

Decido uma coisa. Está na hora de eu e Peeta termos uma conversinha. Essa é uma conversa que já deveríamos ter tido antes.

— Peeta, por que está fazendo isso? — pergunto seriamente, quando entramos no apartamento.

— Fazendo o quê? — indaga, me olhando.

— Isso! Atrapalhando meu encontro! O que deu em você? O que pensa que está fazendo? — tento manter meu tom calmo.

— Nada...

O encaro, parece que ter uma conversa séria com Peeta é mais difícil do que fazer elefantes voarem. E eu que pensei que ele havia mudado. Ele agora está com uma expressão inocente. Até parece que eu estou sendo a vilã aqui.

— Escuta, Peeta, eu não sei o que você está pretendendo, mas eu não sou aquela garota que você conheceu a seis anos atrás. Eu mudei! Se você está querendo uma garota para se distrair, enquanto está aqui, eu não vou ser essa pessoa! — minha voz é firme, mas não é elevada.

A expressão de Peeta muda subitamente. Agora, ele exibe uma expressão que não consigo decifrar.

— Katnis... — ele hesita.

Espero que ele fale alguma coisa, mas como nenhum outro som sai de sua boca, prossigo.

— Nós tivemos... não sei o que tivemos... mas seja lá o que foi aquilo, ficou no passado. É melhor você parar de agir assim! Eu já superei aquilo.

Os olhos de Peeta me estudam. Sinto raiva, não consigo decifrar o que se passa em sua cabeça. Por que Peeta é tão difícil?

— Tem certeza, Katniss, que você me superou?

— Tenho! — respondo sem hesitar. — Não venha bagunçar com minha vida novamente! Eu gosto de Ren e quero que dê certo!

Peeta suspira.

— Você não me perdoou, não é? — pergunta, enquanto desvia seus olhos de mim.

— A questão não é essa aqui. A questão aqui é o fato de você estar agindo feito uma criança mimada que perdeu seu brinquedinho. Um brinquedinho que não era nem o seu favorito — falar essas palavras é doloroso. — E depois de ver outra criança com o brinquedo, quer ele de volta. Mas eu não sou seu brinquedinho, Peeta!

— Katniss... — me interrompe subitamente. — Eu sei que eu errei, eu deveria ter falado para você sobre Delly... sobre meu noivado, sobre nosso relacionamento aberto...

— Mas não falou! — rebato. — E eu não quero conversar sobre isso mais. Aquilo ficou no passado... um passado que prefiro não recordar.

Encaro Peeta.

— Agora deixa eu viver meu presente!

— Você realmente quer sair com aquela cara? — seu olhar me desafia.

— Quero! E você nem tem o direito de se intrometer em minha vida! Eu nem deveria estar falando isso para você!

Peeta caminha até mim.

— Não, Katniss, você não me superou!

— O quê?

Fala sério! O que esse idiota está querendo? Desse jeito, eu preciso pegar lápis e papel para desenhar, porque ele não está compreendendo minhas palavras.

Seu corpo toca o meu. Dou um passo para trás, seu corpo segue o meu, dou outro passo para trás, novamente, ele encurta a distância entre nós. Mais um passo para trás, e eu caio no sofá.

Peeta se coloca sobre mim. Eu acho que a próxima geração Mellark não existirá em breve, porque se ele ousar me tocar, suas partes baixas não vão mais funcionar por um bom tempo.

— Sai daqui! — falo secamente.

— Só estou comprovando uma coisinha — ele me olha.

Sua mão apanha uma pequena mecha do meu cabelo. Esse cara está brincando com o fogo.

— Katniss, se você conseguir provar para mim que você me superou, vou deixar você e aquele cara em paz.

Não, eu não estou ouvindo isso.

— Idiota! Você pensa que é quem para fazer isso?

— O cara que você não superou.

Me segurem, vou socar a cara do louro oxigenado. Sei que deixarei várias garotas chorando por estragar a cara dele, mas ele está merecendo.

— Me prove, Katniss! — sua voz é rouca, baixinha, deveria ser proibido alguém ser tão sexy assim.

Olho para ele. Resolvo entrar no joguinho dele. Ele vai ver só. Vai sonhando, Peeta, é obvio que superei você!

— E como eu deveria provar? — digo, lançando meu olhar desafiador para ele.

— Me beije! — acaricia seus lábios com o polegar.


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Notas finais do capítulo

E agora? Será que Katniss vai aceitar a proposta de Peeta? Ela já provou que pode enganar ele muito bem, quando deseja...