Boa Sorte, Katniss escrita por Hanna Martins


Capítulo 19
Katniss in Wonderland


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Mandy Mellark que me presenteou com uma linda recomendação, me deixando pulando de felicidade aqui. Obrigada, Mandy!!!
E queria pedir desculpas pelo atraso, meu notebook morreu..., só agora consegui dar um jeitinho para publicar. É por isso também que não consegui responder nenhum comentário (se jogando no chão, porque odeio não responder os comentários, é uma das partes que mais amo fazer por aqui).



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Sabe o que é dar adeus para algo? Saber que nunca mais irá vê-lo. Saber que o tempo acabou e nunca mais irá voltar. Saber que tudo o que você viveu agora faz parte de seu passado (ok, estou sendo um pouco dramática nesse momento, mas me deixem viver meu breve momento de protagonista de um seriado adolescente, tá legal?)

Encerrar um ciclo, dizer adeus, é tão difícil. Eu sabia que tudo iria acabar um dia, mas eu não estava preparada. Nunca mais. Nunca mais. Nunca mais. Oh, não, estou sendo alguém muito sentimental agora!

― Katniss! ― Madge me chama. ― Estava te procurando! Vamos, as aulas terminaram! ― fala, sorrindo. ― Não acredito que essa será a última vez que eu digo isso na escola. Tipo, não somos mais estudantes do ensino médio, agora somos universitárias! ― praticamente soletra cada sílaba.

― É, somos universitárias! ― falo animada.

É verdade que há um lado triste em deixar o colégio. No entanto, há outro lado bem mais feliz, agora eu sou uma universitária. Consegui ser aprovada na Universidade de Panem. Como a universidade fica aqui na cidade, vou continuar a morar com minha mãe e Haymitch. Isso é perfeito, já que eu não conseguiria me bancar no momento morando sozinha. Quem disse que seus problemas com a grana acabam quando você faz 18 anos? Muito pelo contrário, só aumentam.

― Quer correr pelo corredor pela última vez? ― falo, olhando para o imenso corredor, onde tantas vezes corri, tentando evitar chegar atrasada nas aulas.

Madge balança a cabeça energeticamente e nós duas, em meio a grandes gargalhadas, começamos a correr.

― Gale! Sai da frente, vou bater em você! ― grita Madge.

Gale não sai da frente, abre os braços e deixa que Madge vá de encontro a ele. Esse aí não perde a oportunidade para ficar agarrando minha amiga.

― Te peguei! ― diz, segurando Madge.

― Ei, estraga prazeres! Eu estava ganhando da Katniss na corrida ― aponta para mim.

― Valeu, Gale! ― faço um gesto de vitória com os dedos.

― Com um namorado desses quem precisa de inimigos?! ― Madge bufa.

Gale dá um beijo demorado na bochecha dela.

É, os dois estão namorando agora. A coisa toda começou depois que uma certa garota do primeiro ano começou a mandar recadinhos para Gale. Madge deu um ultimato no corredor na manhã seguinte ao ver a garota toda sorridente conversando com ele.

― Gale, você aceita ou não namorar comigo? ― perguntou de modo sério e sem vacilar, no exato momento em que ele bebia uma Coca-Cola.

Ele se engasgou com a Coca-Cola. Porém, depois de ter se recuperado, aceitou imediatamente. Desde, então, os dois são vistos com muita frequência juntos. E certo armário de limpeza do colégio tem recebido muitas visitas. Eles estão completamente apaixonados. Ainda bem que não fazem o estilo casal melado, caso o contrário ficar perto deles me causaria diabetes.

Só tem um único problema, Gale não vai estudar na Universidade de Panem. Ele foi aprovado em uma universidade que fica praticamente no outro lado do país. Madge acredita que não haverá problemas:

― Ora, existe o telefone, a internet, os feriados... Não é porque eu amo Gale que vou querer que ele fique perto de mim para sempre ― respondeu certa vez para duas garotas, que estavam fazendo um verdadeiro drama, porque seus namorados iriam para universidades em outras cidades. ― Se você ama alguém, precisa deixar a pessoa partir, se é amor, ela irá voltar, se não é... então... foi melhor assim ― deu uma boa gargalhada.

É, a distância não vai ser impedimento nenhum para esses dois.

Gosto de Madge e de seu jeito simples de ver as coisas. Ela não tem medo de quebrar a cara, de viver, apenas quer aproveitar o momento, sem se importar com o depois.

Volto para o apartamento. Minha mãe e Haymitch ainda estão no trabalho. Aliás, isso aqui anda bem vazio, constato, enquanto faço um lanche para mim. Vazio demais.

Faz mais de um mês que o louro oxigenado voltou para Londres. Como estão as coisas entre nós? Confusas.

A última semana que ele passou aqui, foi... não sei como explicar. Não, não deixamos de nos pegar, nem nada (afinal, quem resiste aquele deus grego chamado Peeta Mellark dormindo no mesmo quarto que você?). Mas, sei lá, Peeta estava um tanto diferente, distante? Sempre dava a impressão que queria me dizer algo, porém recuava no final.

Quanto a mim? Tentava não pensar no fato que ele estava voltando. Até que o dia fatal chegou.

Acordei exprimida contra a parede, nos braços de Peeta. Naquela noite havíamos quebrado a regra de não dormimos juntos, enquanto Haymitch ou minha mãe estivessem no apartamento. Ele ainda dormia. Fiquei observando-o dormir.

― Hum... você não perde a mania de ser um stalker e ficar encarando os outros dormirem? ― disse ainda de olhos fechados, causando um pequeno susto em mim.

― Ei! ― protestei.

Ele abriu os olhos vagarosamente e sorriu para mim, daquele jeito que só ele sabe fazer. Poderia ficar o olhando, o dia inteiro.

― Bom dia... ― beijou o meu pescoço de maneira demorada.

― Bom dia ― respondi, pousando a minha mão em seu braço e o percorrendo lentamente. Devo acrescentar que ele estava apenas vestindo uma cueca Calvin Klein (claro).

Peeta se ajeitou na cama. Ele sempre conseguia que nós dois coubéssemos direitinho na cama de solteiro, mesmo com aquele tamanho todo dele.

Lentamente suas mãos e seus lábios percorreram cada centímetro de meu corpo. Aquilo simplesmente me deixava perdida em um mundo particular, que fica totalmente fora da Via Láctea. Suas carícias provocavam meu corpo, cada centímetro de minha pele tornava-se tão quente quanto o próprio fogo.

Ele me deixou sem a única peça de roupa que me cobria, uma camiseta dele.

Nós dois nos misturamos novamente. Sem pressa, lentamente. Até que nossos corpos explodiram, saciados.

Peeta me abraçou forte, escondendo sua cabeça em meu ombro. Ficamos assim por um longo momento.

― Katniss... ― murmurou.

Porém, naquele instante, um barulho vindo da cozinha fez com que nos separássemos o mais rápido possível. Vestimos nossas roupas que estavam espalhadas pelo quarto. Peeta saiu primeiro, e eu, depois de alguns minutos.

Haymitch e minha mãe estavam na sala conversando com Peeta. Minha mãe dava mil e uma recomendações, enquanto expressava o quanto adorou ter Peeta como hóspede.

O voo de Peeta era de manhã. Eu tinha aula e uma prova de matemática, por isso optei não ir até o aeroporto. Pelo menos, essa era uma parte da verdade. A outra, era que eu não sei se suportaria ver Peeta entrando no avião.

― Katniss, você vai chegar atrasada no colégio! ― advertiu minha mãe, olhando para o relógio.

― Já estou indo...

― Não vai comer alguma coisa? ― perguntou minha mãe preocupada.

Comer? Como se come com um bolo imenso em sua garganta?

― Eu como no colégio — respondi evasivamente.

Peeta me olhou e veio em minha direção.

— Então... acho que é isso ― disse, sorrindo. — Foi bom te ver novamente, Katniss.

— Dessa vez, nossa docinho não te deu um soco e não te deixou chorando! ― Haymitch deu uma gargalhada.

— Não... — Peeta sorriu daquele jeito enigmático.

Olhar para meus pés me pareceu uma atividade bem interessante repentinamente.

— Katniss... ― ele me chamou.

Senti seus braços me envolvendo em um abraço forte.

— Logo nos veremos — murmurou para que apenas eu ouvisse.

Mas antes que eu pudesse perguntar alguma coisa, me soltou.

— Tchau, Peeta... ― consegui falar.

— Katniss, o horário! ― lembrou minha mãe.

Peguei minha mochila, dei um aceno para Peeta. Me encaminhei até a porta e olhei para ele novamente. Tratei de fechar a porta o mais rápido possível, porque não queria que ele visse as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Essa foi a última vez que vi Peeta.

Os dias passaram. Tratei de me focar na entrada da universidade. E, sabe que até que funcionou. Pelo menos não fiquei igual a uma daquelas mocinhas de novela que respiram, comem, andam e dormem pensando no mocinho. Além disso, o louro oxigenado está mais para vilão do que para mocinho de novela mexicana. A vida seguiu em frente.

Se tive notícias dele? Sim, tive. Nós dois trocamos alguns e-mails. Claro que não todos os dias, porque Peeta está viajando, uma viagem em família...

Anteontem, recebi um e-mail dele:

“Tampinha, aposto que você iria adorar estar aqui na Irlanda! Estou me divertindo muito aqui. A parte chata é que tenho que aturar o velho no meu pé. Poxa, ele não vai me dar um descanso?

Estou enviando em anexo uma foto de um monumento (eu, claro), aí atrás é uma ponte qualquer...”

É estranho não brigar mais com o louro oxigenado, e nem mais saborear seus beijos.

Vou para meu quarto, que agora me parece grande demais. Será que tomei uma daquelas porções da Alice que encolhem as pessoas? E acabei encolhendo, por isso estou vendo tudo muito grande? Essa é uma boa hipótese.

Não, Katniss, nada de sentimentalismos!

Resolvo fazer uma limpeza no meu quarto. Afinal, logo terei que enchê-lo com os livros da faculdade. Universidade, aí vou eu!

Passo o resto do dia limpando e organizando meu caos, que eu chamo de quarto. Quando minha mãe e Haymitch chegam, ele está limpíssimo.

― Que forma mais estranha de comemorar o final do colégio... ― observa Haymitch. ― Só mesmo a docinho para ter uma ideia dessas!

Minha mãe sorri, enquanto eu faço uma careta para Haymitch.

― Me passa o macarrão, mãe! ― peço, ainda fazendo uma careta para Haymitch.

― Ah, Katniss, já foi visitar a universidade para ver onde é seu bloco?

― Mãe, ainda falta três meses para as aulas começarem!

― Eu sei, querida, mas você não vai querer se perder no primeiro dia de aula, vai?

Minha mãe tem razão. Eu realmente não vou querer me perder no primeiro dia de aula. Só de pensar que vou para a universidade dentro de três meses, quase tenho um surto. Será que vou gostar de lá? Os professores vão ser legais? E meus colegas como serão? O que será que me espera na faculdade?

― Ei, Katniss! Terra chamando docinho! ― fala Haymitch. ― Você escutou?

― O quê?

― Ontem, o William me ligou...

Demora um segundo para eu associar o nome a pessoa. Às vezes, me esqueço de que o senhor Mellark, não se chama “Senhor Mellark”.

― Ligou? ― falo, pegando uma garfada de macarrão.

― É, ele está muito agradecido por ter acolhido o Peeta aqui... ― me analisa. ― Quer retribuir, ele perguntou se nós queremos passar alguns dias em Londres.

Meu queixo quase cai. Eu não ouvi direito. Não ouvi.

― Mas, eu e Effie não podemos. O William até comprou as passagens... ― estou ainda processando as informações. ― Pensamos que seria ótimo que você fosse em nosso lugar. Que tal, Katniss?

― Sim! ― respondo imediatamente.

― Será daqui a um mês...

Não estou escutando mais nada. Eu vou para Londres é tudo em que consigo pensar.

Eu nunca viajei tão longe assim antes. Sério, nem fui até outro estado, muito menos para outro país. Até achei idiotice quando minha mãe me obrigou a fazer o passaporte, já que minhas expectativas de fazem uma viagem naquele momento eram nulas. Mas, agora eu vou para Londres. Eu vou para Londres. E... eu vou ver Peeta.

Gostaria de dizer que o mês passa correndo. No entanto, isso não é verdade, ele passa lentamente.

Consegui um emprego de verão no restaurante dos pais de Madge, para pagar algumas despesas na viagem e guardar algo para a faculdade.

A expectativa de viajar para Londres me deixa totalmente absorta. Sei que a ideia de eu visitar Londres foi de Peeta, pois no dia seguinte, quando contei para ele que iria até Londres, escreveu:

E quem você acha que deu a ideia para o velho? Ele estava querendo encontrar uma forma de agradecer sua família por ter cuidado de seu precioso filho. Então, eu sugeri que convidasse vocês para visitar nossa casa. Muito inteligente da minha parte, não?”

E o dia, finalmente, chega.

Quando dou mim, estou em um avião. E detalhe, na primeira classe! Eu, que nunca andei de avião antes, estou na primeira classe. Tenho que repetir só para constatar que não é uma ilusão. O senhor Mellark é bastante generoso para comprar passagens para mim, de ida e de volta, na primeira classe.

Um frio na barriga terrível é meu companheiro de viagem. Quando chego em Londres, estou exausta. Nunca pensei que ficar sentada, sem fazer absolutamente nada, cansasse tanto! Estou ainda um tanto atordoada devido à viagem. Sabe quando você sai fora do ar? Então, me encontro exatamente assim.

― Sorte que sua bagagem é pouca, caso o contrário iria deixar você carregar sozinha! ― diz alguém atrás de mim, pegando minhas malas.

― Peeta! ― reconheço imediatamente.

Me viro e ele está aqui. Perto de mim. É como se a última vez que havíamos nos encontrado, fosse ontem.

Ele sorri para mim, um daqueles sorrisos que só ele sabe dar.

― Não vai me dar um abraço em agradecimento pela viagem que consegui para você?

― Você não muda mesmo, louro oxigenado! ― rio, enquanto praticamente pulo em seus braços.

Ao sentir o calor do corpo de Peeta, o cheiro inconfundível de sua colônia, me dou conta de quanto senti falta de tudo isso.

― Nem você, tampinha ― murmura em meu ouvido.

Alguém pigarreia atrás de nós.

― Senhor, posso levar as malas para o carro? ― fala um rapaz ruivo, vestido um uniforme igual ao daqueles motorista que você só vê em um filme.

Espera um pouco... ele acabou de chamar o Peeta de senhor?

― Sim, Darius, pode levar tudo para o carro.

Darius pega minhas malas das mãos de Peeta.

― Vamos em seguida ― informa Peeta para o motorista.

Olho para Peeta.

― O que foi?

― Você tipo... tem um motorista! ― digo abismada.

― Não sei o porquê da surpresa...

Olho para ele. Eu sabia que Peeta era rico, mas sempre pensei que ele gostava de exagerar um pouquinho na fortuna dele.

Peeta passa a mão por minha cintura e começamos a andar.

― Com foi a viagem? Está cansada?

Começamos a conversar sobre a viagem. Novamente, tenho a sensação de que continuamos uma conversa que foi interrompida ontem.

Peeta aponta para mim alguns lugares de Londres, enquanto estamos indo para sua casa. Ela não fica exatamente em Londres, mas nos arredores.

Estou tão fascinada em observar cada lugar por onde passo, que levo um pequeno susto, quando Peeta sussurra em meu ouvido.

― Chegamos!

Olho ao meu redor. Estamos em frente a um enorme portão. Eu só vi um assim nos filmes.

O portão é aberto. Uma paisagem que se assemelha aquelas dos filmes da Disney se apresenta em minha frente. Tudo é cheio de árvores e uma grama perfeitamente verde cobre o chão. Há uma grande rua.

― Peeta... onde fica sua casa?

― Lá! ― ele aponta para algo bem distante de nós.

Meus olhos seguem a direção que ele aponta. Um castelo. Aquilo lá é um castelo? Será isso algum problema ocasionado pelo fuso horário que me faz ver coisas não existentes?

― É um castelo?! ― digo abobalhada.

― É, pode se dizer que é uma espécie de castelo... foi construído há uns quinhentos anos... ― explica simplesmente.

Inacreditável. E eu pensando que aquela história da casa dele ter mais de 60 banheiros era mentira!

Onde exatamente eu vim parar?

Me sinto igual Alice entrando na toca do coelho branco.


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Notas finais do capítulo

Odiaram? Gostaram? Peeta foi embora, mas ele e Katniss não ficaram muito tempo separados... Essa viagem promete ser esclarecedora... No próximo capítulo um segredo será revelado... Só sei que vou me brindar aqui para não ser assassinada...