Boa Sorte, Katniss escrita por Hanna Martins


Capítulo 18
Caminhando sobre rosas


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à Flávia Herondale, que fez uma recomendação simplesmente maravilhosa e me deixou cheia de ânimo para terminar o capítulo. Muito obrigada, sua linda!



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Flutuando, ainda não acreditando no que acabou de acontecer comigo, saio do banheiro. Olho para minha mão. Josh a apertou!

― Ai, ai, por que não emoldura logo a sua mão? ― diz o louro oxigenado, que está sentando na cama com os braços cruzados.

Mostro a língua para ele (a maturidade mandou lembranças). Continuo a enxugar o meu cabelo.

― Vem cá! ― pede Peeta.

Olho para ele.

― Não, não vou falar mais mal daquele anão!

― Ei, o Josh não é baixinho!

Peeta me olha com um arzinho sarcástico. Fala sério, esse louro oxigenado não tem limites.

― Só se for para você! Aliás, tampinha, é difícil alguém ser baixinho perto de você! Qualquer pessoa é um gigante perto de você!

Minha resposta é uma almofadada bem dada na cara do louro oxigenado. E devo acrescentar que foi direitinho no alvo. O que eu disse sobre continuarmos a brigar?

Peeta retira a almofada da cara e me olha. Lanço um olhar zangado para ele.

― Katniss...

Não respondo e continuo a enxugar o meu cabelo. Ele tenta me chamar outra vez, mas não obtém nenhuma resposta de mim.

― Katniss... ― Peeta se levanta e vem até mim. Ele me puxa para seus braços. Tento sair deles, porém não consigo muita coisa.

Peeta ri e senta comigo na cama.

― Você nunca vai poder fugir de mim!

― Você é que pensa! ― digo sarcasticamente.

Sem dizer uma palavra, ele pega a toalha de minhas mãos e começa a secar meu cabelo.

― Ainda é seu aniversário ― observa, olhando seu relógio de pulso (um legítimo Cartier, obviamente). ― São onze horas da noite... Acho que ainda não te dei os parabéns...

Peeta se levanta.

― Espera um minuto.

Ele caminha até o armário e apanha algo. Quando se vira para mim, vejo em suas mãos um pequeno cupcake, decorado com chantilly verde. Em cima, uma pequena vela.

― Foi o que achei! ― se justifica, me apresentando o cupcake, meu bolo de aniversário improvisado.

Peeta se senta novamente na cama. Assopro a velinha do cupcake.

― Feliz aniversário, Katniss! ― ele me abraça. Um abraço realmente bom, daqueles abraços tão apertados que não dá vontade de desgrudar, de tão gostoso que é. Acho que estou ficando sentimental demais!

Depois do abraço, beija minha bochecha demoradamente. E não pensem que é um simples beijo na bochecha. Não, com Peeta as coisas nunca são realmente simples. O beijo é intenso, me deixa desejando por mais. Ai, ai, ai esse louro oxigenado com doutorado em tirar a minha sanidade mental. Foco, Katniss, foco.

― Hum... Isto está bom ― digo, dando uma boa mordida no cupcake.

― Me deixa ver...

Ele morde o cupcake sem desviar os olhos de mim. Detalhe, ainda continuo segurando o cupcake. Por que tudo o que ele faz, tem que esse toque sensual?

― Até que está decente... ― ele me olha, lambendo os dedos. ― É claro que não é um dos cupcakes feito por mim... ― Ah, o louro oxigenado e seu grande ego.

Bufo.

― Você e sua mania de se achar a última bolacha do pacote!

― E eu não sou a última bolacha do pacote, Katniss Everdeen? ― fala de um jeito pretencioso.

― Só não se esqueça de que a última bolacha do pacote vem quebrada ― dou uma grande mordida do cupcake e por um breve momento, saboreio ver o louro oxigenado sem palavras.

Porém, ele logo se recupera, e dá os ombros.

― Você está passando tempo demais comigo!

― Isso é verdade! Se eu me tornar uma delinquente igual a você, minha mãe e Haymitch podem pedir uma indenização do seu pai por terem te acolhido em nosso apartamento!

Peeta ri.

― Aliás, o que você fez para seu pai te mandar para cá? ― falo, fingindo desinteresse. Essa é uma pergunta que sempre rodeou em volta da minha cabeça.

Ele me olha.

― Coisas do velho... ― responde simplesmente. Noto que embora seu tom seja divertido, há algo de estranho em sua expressão.

Peeta é muito escorregadio. Quando ele não quer falar sobre algo, sabe sair como ninguém da situação.

― Sei... você deve ter aprontado alguma! ― insisto. Não vou me deixar levar pelo louro oxigenado. ― O que foi? Será que foi mais grave do que fazer todo o grupinho dos populares brigarem?

― Aquilo realmente foi divertido, não foi? ― solta uma estridente gargalhada.

― Aquilo foi idiota! ― afirmo. Mas que droga, Peeta está conseguindo desviar minha atenção do assunto. ― Mas me conta, o que você fez para seu pai te dar um castigo desses?

― Você quer mesmo saber? ― seus intensos olhos azuis me analisam. ― E não vai parar de perguntar até eu contar, não é?

Balanço a cabeça com bastante vigor (mas do que o necessário, aliás).

― Tubo bem... ― ele me olha por um longo minuto. ― Eu... incendiei algo...

― Você o quê? ― quase cuspo o pedaço de cupcake que estou mastigando.

― Não foi nada grave... mas acho que o velho não deve ter ficado nada contente... ― embora ele esteja sorrindo com os lábios, seus olhos não acompanham a expressão.

Peeta... Por que às vezes é tão difícil compreendê-lo?

Ele olha para mim.

― Sabe que toda essa conversa sobre fogo... ― coloca a mão em minha nuca e se aproxima de mim ―, me deixou com vontade de fazer uma coisa... ― seus lábios estão praticamente colados nos meus.

Mas, ele não beija meus lábios. Não, ele me provoca. Passa vagarosamente o polegar por meus lábios. Seus olhos vão dos meus lábios aos meus olhos e destes aos meus lábios. Quando ele me olha dessa maneira, sinto que estou hipnotizada.

Seu nariz toca o meu. Mas ele ainda não me beija. Planta um beijo em minha bochecha. E depois escorrega (muito lentamente) os lábios até meu pescoço. Até chegar um ponto bem sensível. Peeta conhece muito bem meus pontos fracos. A ponta de sua língua dá uma pequena lambida nesse local, provocando um arrepio em mim. Seus lábios começam a sugar minha pele. Por que ele faz isso? Por que ele gosta tanto de tirar meu juízo?

― Peeta... ― digo, puxando seu cabelo.

Como um garotinho travesso (só que sem um pingo de inocência), ele me olha e sorri.

Meus lábios atacam os seus. Droga, droga, droga! Nunca resisto por muito tempo! Mas eu não sou culpada por Peeta ser tão tentador. Mais tentador que uma barra de chocolate (perdoem-me barras de chocolate).

Jogo Peeta em cima da cama. Meus lábios se divertem explorando o pescoço, o maxilar, a boca de Peeta. Minhas mãos, que não são nem um pouco bobas, começam a levantam sua camiseta. Em um minuto consigo me livrar dela e posso explorar livremente seu torso (feito por alguém muito cruel, que adora brincar com a sanidade de uma garota).

Peeta subitamente inverte nossas posições.

― Também quero me divertir um pouquinho ― fala maliciosamente.

Antes que eu possa falar qualquer coisa, sou atacada por seus lábios. Sinto suas mãos em minhas calças. Elas habilmente abrem meu zíper. Minhas calças vão parar em meus joelhos. Ele acaricia lentamente minha coxa. Provocando prazerosas sensações em mim. Minha pele queima. Seus dedos entram em minha calcinha. E, céus, como alguém pode pensar, respirar ou fazer qualquer assim? Isso deveria ser proibido por lei! Sou completamente arrebatada pelos movimentos habilidosos de seus dedos. É muito difícil me controlar nesses momentos. Nesses momentos em que não penso, em que respirar para mim é uma tarefa que desconheço.

Lentamente Peeta começa a escorregar seus lábios até meu ventre. Com os dentes abaixa a minha calcinha.

― Ah! ― é o único som que consigo emitir.

Há sensações que nenhuma palavra no mundo inteiro poderia descrever. As palavras fogem de mim, e eu delas. Porque sei que qualquer palavra seria insignificante agora.

Peeta emerge em minha frente, com os cabelos totalmente revoltos. Absurdamente belo. Acaricio seu rosto. Ele apanha minha mão e sorri. Desliza as minhas calças por minhas pernas, juntamente com minha calcinha, e atira as peças em algum canto do quarto.

Volta a me beijar. Retirando de mim, qualquer vestígio de pensamento que tenha restado em minha mente.

Enrosco minhas pernas em seu quadril. Ele se senta na cama e me faz sentar-se em suas pernas.

Suas mãos passeiam por meu corpo, assim como as minhas pelo seu.

Minha pele, minha boca, meus olhos, meu olfato, meu ouvido, todos apenas têm um único desejo, Peeta. Meu corpo todo se concentra nele, nas sensações que ele me provoca.

Sinto sua mão livrando-se de minha blusa e seus lábios ávidos percorrendo meu pescoço, meu colo e meus seios. Deixando a pele, absurdamente, sensível desse local, completamente em chamas.

Ele se afasta um pouco de mim, e fazendo um verdadeiro malabarismo pega algo no criado mudo. Em um breve lapso de sanidade, consigo distinguir sua carteira. Ele apanha uma camisinha. A coloca rapidamente.

E nós dois nos misturamos. Nos misturamos tão perfeitamente que não é possível nos distinguir. Onde começamos? Onde acabamos? Não há uma resposta para isso.

Não penso nada e até acho bobagem pensar. Os pensamentos não têm lugar aqui. Sou apenas eu e Peeta e nada mais. Nada mais.

Meu corpo explode, igual a um vulcão, como apenas Peeta consegue fazer. Escondo minha cabeça em seu pescoço, aspirando seu delicioso e inconfundível aroma.

Eu e Peeta ficamos em nosso mundinho particular por um tempo indeterminado. Nosso mundinho é um local em que o tempo não existe.

Por fim, caímos na cama. Sorrimos um para o outro.

― Acho que hoje podemos dormir tranquilos sem nos preocupar que Effie ou Haymitch podem entrar por aquela porta ― diz, apontando a porta com a cabeça.

Desde que minha mãe quase entrou no quarto, em uma noite em que eu havia escapulido para a cama de Peeta, passamos a tomar mais cuidado. Evitamos dormir juntos quando minha mãe ou Haymitch estão no apartamento.

― Dormir, é? ― falo de maneira irônica.

― Ou não dormir... ― ele me puxa para seus braços e me beija.

Acredito que essa noite, dormir é uma das coisas que menos faremos.

Quando acordo de manhã, sinto os braços de Peeta me envolvendo e sua suave respiração em minha nuca.

Me viro cuidadosamente, para não acordá-lo, e observo como até mesmo dormindo, Peeta possui a incrível capacidade de ser belo. Sua pele perfeita (que até parece ter nunca conhecido sequer uma espinha na vida), seus cílios dourados e longos, seu nariz pequeno e desenhado por algum pintor muito bom, sua boca vermelha e extremamente apetitosa...

Tenho que quase gritar para mim mesma parar de ficar observando-o dormir. Olho para o relógio de pulso dele. Nove horas. Eu e Madge havíamos combinado de tomarmos café da manhã juntas. E eu estou mega atrasada.

Tomo um banho rápido e vou para o simpático Café que fica a duas quadras do hotel em que estamos hospedados. Deixo Peeta dormindo, já que por alguma razão me dá pena acordá-lo agora.

Madge já está no Café, quando chego, por sua cara sei que ela chegou há muito tempo.

― Madge!

― Pensei que iria me deixar prantada aqui!

― Desculpa, perdi o horário ― digo, enquanto puxo uma cadeira.

― Sei... ― fala maliciosamente.

― Madge Undersee, não me olhe assim! Além disso, a senhorita me deve uma explicação. O que foi aquilo ontem?

Madge sorri misteriosamente e toma um grande gole de seu cappuccino.

― Você e Gale?...

― Ontem estávamos no ônibus... sem fazer nada... Sei lá, de repente, olhei para o Gale... ele estava... como posso explicar? Diferente? Eu não sei... Você sabe que sempre achei o Gale um idiota.

Madge e a velha história de Gale e o chiclete no cabelo.

― Mas ele não está tão idiota assim agora... além disso, não posso negar que ele é um gato!

Sorrio.

― E ontem no ônibus, eu olhei para ele, vi aquela boquinha linda e... de repente estava beijando Gale, e ele beija muito bem!

Uau, fico sem palavras. Sem nenhuma palavra, sério. Aposto que Gale não esperava ser atacado pelos lábios vorazes de Madge.

― E agora?

― Agora, continuamos nos pegando ― diz simplesmente, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. ― Gostamos de nos beijar e... por que não? ― dá os ombros.

Eu e Madge passamos algum tempo conversando no Café. Madge volta para seu hotel e eu para meu, já que logo temos que voltar para a casa.

Peeta já se levantou, constato ao encontrar a cama vazia. Localizo-o na sacada.

Aproximo-me lentamente de Peeta. Ele tem uma daquelas expressões indecifráveis no rosto.

― Ah, Katniss! ― finalmente, percebe minha presença após alguns instantes. ― O clima está bom hoje, não? ― diz, enquanto olha para céu.

Um céu incrivelmente azul, da mesma tonalidade dos olhos dele, constato.

― Sim, está ótimo.

― A primavera é mesmo fantástica. Com certeza, é minha estação favorita... ― diz, observando algumas árvores floridas que ficam na rua.

Peeta parece um tanto estranho, ou é impressão minha?

― Peeta...

Ele se vira para mim.

― Hum?

― Nada... é que você...

― Katniss, eu vou voltar para Londres daqui uma semana ― diz, me olhando.

Não era para sentir isso, não, de nenhuma maneira eu poderia sentir isso, mas parece que acabei de entrar em um lago gelado.

― O quê? Você vai voltar para Londres daqui uma semana... ― repito as palavras sem compreendê-las.

― É, o velho acha que já aprendi minha lição... ― sorri, mas não consigo decifrar o significado de seu sorriso.

― Quando você soube? ― indago, sem o olhar.

― Semana passada...

Semana passada? Certa raiva se apodera de mim.

― Por que não me disse antes?

Ele dá os ombros.

― Eu... ― parece estar querendo me dizer algo, porém subitamente muda de ideia. ― Não sei...

Começo a sair da sacada lentamente.

― Katniss! ― Peeta me chama. Porém, eu o ignoro. ― Katniss!

Uma coisa estranha está alojada em minha garganta. Meu coração bate desgovernadamente. O que está acontecendo comigo? Sinto essa mistura de raiva, frustação e... vazio.

― Katniss! ― Peeta para em minha frente.

― Preciso... ― não sei o que preciso ―, comprar algo para minha mãe. O ônibus vai sair daqui a pouco ― digo sem olhar para ele.

― Katniss?

― Eu já volto, tá legal? ― falo com certa impaciência.

Ele me olha com dúvida, porém acaba me deixando passar.

Ando e ando. Mas nada que eu faça, tira essa sensação estranha do meu peito. Peeta vai embora. Ele vai embora! E ele nem me disse nada antes? Ele sabia que iria embora. As palavras ficam martelando em minha cabeça.

Não sei o que pensar. Nós dois temos... temos... temos isso! Não sou igual aquelas garotas que começam a se envolver com um cara e já veem uma casa, dois filhos e um cachorro. Não, nunca quis isso, e nem remotamente isso passou pela minha mente quando estava com Peeta.

No entanto, por um breve instante, me esqueci completamente que tudo isso iria acabar, que Peeta iria voltar para Londres... Droga, o que está acontecendo comigo?

É como se eu estivesse andando sobre rosas. Belas e perfumadas rosas. E houvesse me esquecido que as rosas têm espinhos. No entanto, agora me recordo dos espinhos das rosas e que não há como andar sobre elas sem me ferir.

― Katniss? Ei, Katniss! ― me dou conta que acabei de voltar para o quarto de hotel e que estou diante de Peeta. ― Desculpa por não ter avisado antes...

Nada digo.

― Katniss, está tudo bem?

Balanço a cabeça. Ele me encara. Seus profundos olhos azuis me interrogam.

― Você vai... sentir minha falta?

Não respondo.

― Eu vou sentir a sua... ― afirma, enquanto me envolve em seus braços.

― Eu também... ― murmuro, com uma voz inaudível.

― O quê? ― ele solta de seus braços e me encara.

― Eu também vou sentir a sua falta, louro oxigenado! ― quase grito.

Ele apenas sorri e me envolve novamente em seus braços. Fecho meus olhos e aspiro seu aroma.

Peeta vai embora. Não mais brigas, não mais provocações, não mais ver seu sorriso, não mais saborear sua boca... Tudo isso acabou.


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Notas finais do capítulo

Odiaram? Gostaram? E agora como as coisas vão ficar? Katniss e Peeta cada vez mais envolvidos. Mas justamente agora, ele vai voltar para Londres!