Boa Sorte, Katniss escrita por Hanna Martins


Capítulo 10
Ciclo vicioso


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à Vitoria Mellark que recomendou a fic e me deixou sorrindo por todo o final de semana. Obrigada, obrigada, obrigada. sua linda.



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― Querido, você é um herói, foi defender dois pobres garotinhos que estavam apanhando de valentões e ficou assim! ― diz minha mãe toda preocupada com os hematomas de Peeta.

Esse cara não existe. Quando você pensa que não pode se surpreender com mais nada, ele vai lá e mostra que você estava absolutamente enganada. Como ele vai inventar uma história dessas? Peeta Mellark salvando garotinhos indefesos? É mais fácil ele ser um dos valentões que estava batendo nos garotos.

Infelizmente, não posso acabar com a farsa (sorte sua, Peeta Mellark). Não posso contar que os hematomas foram adquiridos na briga de ontem com Cato e Marvel. Porque se eu contar vai sobrar para mim. Minha mãe e Haymitch têm uma regra bem clara sobre brigas. Se você brigar, não vai ver a luz do sol por uns bons meses (espero que isso seja uma metáfora ou algo do gênero, mas eu não quero testar para saber). Sei que se eu contar, de alguma forma vou ser colocada nessa furada. Às vezes, é melhor ficar em silêncio para salvar sua vida.

Peeta sorri daquele jeito sacana “sou muito bom moço”. Seus lábios estão um tanto vermelho devido ao molho do macarrão... Mas o que deu em mim para ficar pensando nos lábios desse idiota? Tudo por causa daqueles beijos! Em menos de vinte quatro horas, fui beijada por Peeta duas vezes! Duas malditas vezes! Não bastava ele ter roubado meu primeiro beijo. Não, isso, com certeza, não era suficiente para sua mente maligna. Ele precisa me beijar outra vez e dessa vez o beijo foi ainda mais... intenso.

― Vou lavar a louça! ― digo me levantando da mesa.

Todos me olham um tanto espantados. Acredito que disse isso como se declarasse que iria à guerra.

Haymitch me ajuda com a louça, enquanto o oxigenado, por ter preparado o jantar, se estica no sofá e assiste TV.

Resmungo.

Haymitch apenas me analisa.

― Docinho, não tenho culpa que Peeta foi promovido a cozinheiro oficial dessa família por Effie. Agora ele está livre de lavar a louça.

Pois é, minha mãe adora tanto a comida de Peeta que fez questões que ele cozinhasse para nós.

― A vida é totalmente injusta! ― continuo a resmungar.

Terminamos de lavar a louça. Minha mãe pega o bolo que ela comprou ontem para aniversário de Peeta, coloca algumas velas e leva até a sala.

O oxigenado faz cara de “não precisava”. Mas, eu sei que isso é apenas fachada.

Pego um pedaço bem grande de bolo. Não vou desperdiçar um bolo desses. Não sou nem louca de fazer isso. O bolo é recheado com creme e pedacinhos de morango.

― Querido, eu sei que é simples, mas eu e Haymitch queremos te dar isso ― minha mãe entrega um embrulho para Peeta.

Essa é boa, então, o oxigenado também vai ganhar presente! Eu é que deveria ganhar presente por ter que aturá-lo todos os dias. Ninguém se lembra disso não?

― Ah, Effie, não precisava! ― diz com um sorriso tímido, fingindo estar todo envergonhado.

― É seu aniversário, querido, é claro, que tínhamos que te dar alguma coisa! Espero que goste.

Peeta abre o embrulho e retira um caderno de desenho, lápis, pincéis e tintas.

Seu rosto se ilumina com um enorme sorriso. E dessa vez, sei que não é todo falso, há realmente verdade naquele sorriso (por mais improvável que isso pareça).

― Sei que gosta de pintar ― fala Haymitch.

― Obrigado!

― Faça ótimos desenhos para decoramos nosso apartamento! ― diz Haymitch.

Haymitch está se tornando um ótimo piadista. Ok, que Peeta é um deus grego caído do monte Olimpo, está certo que ele é ótimo na cozinha. Mas desenhar também? Isso já ultrapassa a cota de qualidades que podem ser destinadas a uma única pessoa. Quero ver os garranchos que irão sair daí!

Ficamos até tarde da noite assistindo filmes antigos na TV. Comemos pipoca e tomamos refrigerante. Uma noite que poderia ser perfeita, se não houvesse um “se”. Um “se” chamado Peeta Mellark. Não dá para tirar da minha mente o que aconteceu ontem e hoje.

Os filmes são bem interessantes. Porém, não são suficientes para prender minha atenção. E não ajuda em nada o fato de Peeta estar sentando perto de mim. Perto demais para meu gosto. Até posso sentir o cheiro de sua colônia. Aliás, o aroma de sua colônia deve ser um daqueles feitos especialmente para atrair garotas, pois é incrivelmente bom.

Haymitch e minha mãe vão dormir e ficamos apenas eu e Peeta na sala. Eu e Peeta. Peeta e eu...

― Vou dormir! ― falo me levantando do sofá determinada a escapar da presença perturbadora do oxigenado.

Peeta nada fala, age como se tudo estivesse normal.

Tento dormir. Conto carneirinhos. Recito mentalmente (todas) as músicas da Mockingjay. Mas nada, absolutamente nada, funciona. E eu preciso dormir, antes que Peeta entre no quarto. Só de pensar que teremos que dormir no mesmo recinto! Ontem, ele estava totalmente inconsciente. Porém, hoje, as coisas mudam de perspectiva.

Ah, desgraçado de louro oxigenado! Quando mais sinto raiva dele, mais eu penso nele, quando mais eu penso nele mais eu sinto raiva dele e quando... Isso está virando um circulo vicioso!

Puxo o cobertor até minha cabeça. Queria poder me esconder de meus próprios pensamentos.

O tempo passa e o sono nada de me visitar.

A porta se abre, me deixando sobressaltada. Será que agora estou em um filme de terror?

Ouço os passos lentos de Peeta. Eles estão vindos em direção ao beliche, agora deve deitar-se na cama. No entanto, o som não vem. Aguardo mais alguns instantes e nada.

Retiro o cobertor da minha cabeça e me deparo com Peeta me observando com uma expressão de psicopata. Consigo deter um grito ― com muito esforço ― não quero acordar minha mãe e Haymitch.

― Você ficou maluco?

Peeta sorri.

― Sabia que não estava dormindo ― diz com uma expressão triunfal.

― Idiota! ― me viro para o outro lado da cama, evitando seu olhar, disposta a colar meus olhos com super bonder se for preciso para dormir.

― Então, você pode ficar me olhando enquanto eu durmo como uma stalker e eu não posso te observar dormir? ― provoca.

Não! O desgraçado estava acordado anteontem! Quero minha mãe! Mãe, me ajuda, por favor!

Me viro para ele.

― Eu não estava observando você dormir! ― preciso manter minha dignidade.

― Sei... sua baba caindo em mim foi apenas ilusão? Admita, tampinha!

Esse maldito Peeta!

― Não sei do que está falando! ― me sento na cama.

Ele arqueia a sobrancelha direita e me encara. Eu não vou desviar o olhar, não vou, não vou... Argh! Desvio o olhar derrotada. Sustentar o olhar dele é uma tarefa ingrata para mim, principalmente depois do que aconteceu entre nós.

― Não te culpo, tampinha. Se eu fosse uma garota e tivesse um garoto como eu em sua frente também ficaria tendo pensamentos pervertidos ― em seus lábios há um sorriso malicioso. ― Eu entendo perfeitamente você.

Como alguém pode ser assim? Que mundo Peeta habita?

― Sério? ― falo cheia de ironia.

― Quer uma prova?

Sem aviso prévio, ele... tira a camiseta. Sim, ele acabou de tirar a camiseta. O que essa criatura está pensando?

― Olha só para você! Tenho que tomar cuidado para não escorregar nesse monte de baba que está saindo de sua boca ― ele continua com aquele sorrisinho malicioso em sua face.

Onde vamos parar assim?

― Já vi melhores! ― desdenho. Preciso provar que sou imune ao poder de seduzir até mesmo as pedras de Peeta Mellark.

― Mesmo?

Ele desliza a mão por seu abdômen “tablete de chocolate” de forma altamente perigosa para qualquer mulher existente na face da terra. Não, eu não vou cair neste joguinho.

― Claro! ― afirmo.

― Tenho certeza que não. Você está me olhando como um faminto ― seu tom é baixinho e sexy, igual aquele de hoje à tarde, quando me beijou. ― Quer um pedacinho de mim, não?

Eu... eu... quer... Não, eu não quero! Quero bater minha cabeça em uma parede para ver se volta a funcionar direito.

― Argh!

Me deito e cubro minha cabeça. Isso é uma retirada estratégica, viu? Vou acabar matando o louro oxigenado e irei presa, minha mãe vai ficar furiosa e acabará me batendo, com isso ela também irá para a prisão. Haymitch com a prisão da minha mãe, vai acabar morando nas ruas, já que não sabe se cuidar direito. Assim será o fim de nossa família. Estou fazendo um grande ato em não matar esse oxigenado, impedindo a destruição de nossa família.

Tenho uma noite de insônia. Não paro de pensar que embaixo de minha cama está um Peeta Mellark dormindo. E possivelmente sem camiseta. Mas eu não vou conferir. Isso é mais aterrorizante que aqueles filmes de terror.

Quando acordo, já passa das dez da manhã. Não sei como consegui dormir um pouco.

Encontro minha mãe e Haymitch lendo o jornal na mesa da cozinha e, para minha falta de sorte, Peeta também está aqui, mexendo em seu notebook.

― Querida, dormiu bem? Você está com uma expressão cansada! ― diz minha mãe preocupada.

― Só estou cansada de ontem ― o que não é totalmente mentira.

Pego uma torrada e um copo de chocolate quente. E evito ao máximo me lembrar da existência de certo Mellark. Chega de pensar nesse ser. Ele não merece meus pensamentos, diz meu lado ajuizado, enquanto o meu lado totalmente desmiolado insiste em trazer a minha mente flashbacks de certos acontecimentos.

Que raiva desse louro oxigenado. Ele acabou com minha paz.

Trato de comer minha torrada. Melhor me concentrar na comida que ganho mais.

O telefone toca. Haymitch atende.

― Olá, Greacy Sae! Peeta? Sim, ele está ― ele olha para Peeta. ― É para você.

O louro oxigenado pega o telefone.

― O pudim que fiz ontem? Claro que posso!

Não entendo muita coisa da conversa. Ele desliga o telefone e volta se sentar à mesa.

― Greacy Sae disse que uns clientes gostaram tanto de um pudim que fiz ontem para a sobremesa que eles voltaram de novo e trouxeram os amigos para comer do meu pudim ― anuncia com um sorriso triunfante no rosto. ― Ela quer que eu vá trabalhar hoje novamente lá.

― Que notícia maravilhosa, querido! ― fala minha mãe empolgada, como se ele houvesse acabado de ganhar um Nobel ou algo parecido.

― Peeta realmente é um gênio na cozinha! ― elogia Haymitch.

E eu continuo a comer minha torrada. O team Peeta está com cada vez mais adeptos. Preciso dizer mais alguma coisa?

Fazer o oxigenado trabalhar era para ser doloroso, mas como a sorte o ama, é claro que precisava transformar isso em um grandioso evento para demonstrar como Peeta é perfeito em tudo o que faz.

Aproveito o domingo para terminar meus deveres de casa. Acredito que nunca fiz tantos deveres de casa como fiz hoje. Tudo para evitar certos pensamentos impróprios.

Minha mãe e Haymitch vão visitar alguns amigos à tarde. Como estou morrendo de sono, devido a passar a noite praticamente em claro, resolvo tirar um cochilo.

O cochilo se estende por horas, quando acordo já passa das quatro da tarde. Estou um pouco sonolenta, acredito que um banho será bom para me despertar.

Mas... como? Só pode ser uma conspiração contra a minha pessoa! Apenas há essa explicação.

Peeta está diante de mim, usando apenas uma minúscula toalha.

― Tsc, tsc, tsc, que coisa feia, invadindo novamente o banheiro só para me ver do jeito que vim ao mundo? Dessa vez, você não teve tanta sorte assim ― sorri de modo totalmente cafajeste.

― Por que você não tranca a porta? ― praticamente grito exaltada, morrendo de raiva de toda essa situação surreal.

― Hum... do jeito que você é, fechaduras não são um empecilho para sua luxuria!

Me perdoe, mãe, mas vou matar certo Mellark, não dá mais para aturá-lo. Simplesmente não dá.

Parto para cima dele com toda a minha fúria. No entanto, ele é bem mais rápido do que eu. Peeta pega meus pulsos e me segura contra a parede. Ele se curva até ficar da minha altura.

― ...

― ....

― ....

Ficamos nos encarando. Mas não consigo sustenta o olhar por muito tempo, assim como ocorreu ontem à noite, sou a primeira a desviar meu olhar. Qual é? Quem iria conseguir ficar encarando um cara que está usando apenas uma toalha (minúscula) para cobrir suas partes e com o corpo praticamente encostado no seu? Essa pessoa, se existir, é minha heroína.

― Está querendo outro beijo? ― provoca.

― Estou querendo comprar um coelho! ― toma essa, Peeta! Quem é agora o todo poderoso?

Mas ele não se deixa intimidar por minha ameaça. Em vez disso, aproxima seu rosto ainda mais do meu. Seus lábios estão muito perto dos meus, perigosamente pertos.

Seus olhos pousam em meus lábios e em seguida voltassem para meus olhos, me lançando um olhar desafiador.

― Você não irá querer me beijar, se eu fizer isso?

Imediatamente, seus lábios roçam em meu pescoço de leve, e, droga, sinto minha pele ficar arrepiada.

― Ainda não quer me beijar?

Rio sarcasticamente. Eu não deveria ter feito isso, me arrependo instantaneamente, quando sua boca apanha minha orelha direita e dá uma pequena mordida. Mas não é qualquer mordida, é algo completamente diferente. Sinto uma sensação estranha brotando dentro de mim.

― Ainda não admite que quer me beijar? ― indaga com uma voz coberta com pura sensualidade.

― Não! ― digo firmemente.

Seu corpo pressiona o meu na parede. Socorro! Posso sentir cada parte de seu corpo. Seu corpo seminu. Seu corpo com incrível abdômen “tablete de chocolate”. Seu corpo ainda úmido do banho que acabou de tomar. Seu corpo quente e confortável...

Esse joguinho está indo longe demais e o pior é que não consigo parar de jogá-lo. No que estou pensando? É como se eu não tivesse mais domínio de minhas ações ou do meu próprio corpo.

― Ainda não quer me beijar? ― ele volta a me encarar. Seus lábios estão muito próximos dos meus. ― Hein?

Sem que eu possa impedir, sem que eu consiga pensar no que estou fazendo, me vejo apanhando os lábios de Peeta. Ele solta meus pulsos e suas mãos vão passear pelo meu corpo, seja lá qual for o poder de suas mãos, apenas sei que me deixam queimando em cada centímetro tocado e desejando que toquem em mim mais e mais.

Minha língua procura pela sua e quando a encontra, todo meu corpo estremece. A sensação que tenho é como se estivesse flutuando ou como se estivesse afundando no mar. Sensações tão conflitantes que ao mesmo tempo são uma só e se completam. Devo estar ficando mal da cabeça.

Meus lábios gostam da sensação de tocar os seus, a textura de seus lábios é deliciosa.

Sem eu me dar conta, ele me ergue nos braços e me deposita na bancada do banheiro. Enrosco meus pés em seu quadril.

Minhas mãos escorregam por suas costas, explorando cada centímetro. Nesse momento, não existe consciência, não existe meu lado racional. Tudo que existe é apenas meu corpo e as sensações que sinto.

Os lábios de Peeta pressionam os meus com delicadeza e firmeza. Seu corpo está colado no meu. Não há qualquer espaço entre nós. E eu não desejo que haja espaço entre nós. Sinto que mergulhei completamente em seu corpo quente e úmido. Nossos corpos estão tão juntos que não sei mais onde começa seu corpo, onde termina o meu.

O fogo que sinto, está cada vez mais forte. Todo meu corpo queima. Estou completamente entorpecida.

Um som sai de minha garganta. O que me faz acordar de meu delírio. Novamente cai no joguinho de Peeta. A lembrança desse fato me faz criar forças para afastar ele de mim. O empurro e saio de cima da bancada. Sem olhar para trás saio, quase aos tropeções, do banheiro.

Prometo a mim mesma que não vou cair em esta furada novamente. Não quero que Peeta consiga seu objetivo, me enlouquecer.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Katniss vai conseguir cumprir sua promessa e não cair mais nos joguinhos de Peeta? As coisas estão ficando cada vez mais quente entre eles... onde será que isso irá parar?