Com a ajuda de Honoka e Aoi, caminho sofregamente até o carro. Ambos se ofereceram para me carregar, mas recusei. Eu havia chegado até aqui arrastada, eu iria embora com meus próprios pés. Me sento no banco traseiro da conhecida BMW preta e fecho os olhos por um momento. Honoka se senta ao meu lado e segura minha mão. De alguma forma, aquilo me acalma um pouco. Meu corpo pesava uma tonelada e minha mente estava à mil. Yuui havia me dito para ir. O mesmo Yuui que havia matado o homem que havia me torturado. Eu estava confusa.

“Você precisa ter um pouco de paciência com ele, Rin. Yuui nunca foi muito bom em se expressar e por conta disso acabou criando um grande mal-entendido. Não duvide tanto que ele a ama. ” – Ouvir aquela mulher bonita falar de Yuui com tamanha intimidade me irritava mais do que deveria.

“Você parece conhece-lo muito bem. ” – O esforço para esconder o ciúme em minha voz é completamente em vão. Honoka olha para mim e gargalha levemente.

“Sim, eu conheço Yuui desde que era uma garotinha, antes mesmo de conhecer Kannon. Claro que naquela época ainda o chamava de Onii-chan. Não tenho muitos familiares que sei que posso contar, a família de Yuui, sua família, é uma das únicas. Então às vezes preciso defende-lo um pouco. Não adianta eu tentar apenas colocar juízo na cabeça dele. ” – Eu coro um pouco constrangida por tê-la acusado. Ela sorri de meu constrangimento e acaricia meus cabelos.

“Sabe, Yuui e eu sempre tivemos muito em comum. Ambos temos a mesma opinião sobre como nos alimentar, sobre o que realmente importa. Ambos fazemos de tudo para conseguirmos o que queremos e não abrimos mão quando conseguimos. E claro, nós dois acabamos dando trabalho demais a quem amamos e muitas vezes, mesmo que não intencionalmente, acabamos por feri-los. Dê a ele a chance de se explicar. Chegue em casa e tome seu banho, se alimente, e quando ele voltar, deixe-o falar. Brigue com ele se for necessário, grite, esperneie. Bata nele, ele com certeza merece. Mas o ouça, para não se arrepender pela eternidade. ” – Começo a chorar e ela me abraça me consolando.

Quando chegamos à mansão, sou novamente ajudada por Aoi e Honoka. Os dois me levam até nosso quarto e logo Ichigo aparece com uma grande garrafa térmica com sangue. Eu tomo ávida e as duas me ajudam. Quando termino de beber, Honoka se levanta.

“Eu preciso ir. Ichigo vai te ajudar. Nós duas precisamos nos conhecer melhor em um momento mais propício. Vou te chamar para o chá semanal que eu e titia tomamos, vai ser divertido. ” – Ela me abraça. – “Você pode me procurar se precisar. Abra sua mente Rin. ”

Honoka beija meu rosto e sai. Ichigo chega ao meu lado para me ajudar a ir até o banheiro. A esse ponto, minhas feridas já estavam curadas. Dispenso os cuidados de Ichigo e entro no banheiro. Precisava de um momento sozinha, em breve Yuui chegariam, então...