A Weasley encarava o lago, agora quase completamente descongelado, enquanto fazia anotações mentais sobre o livro em seu colo. Estava lá mais tempo do que conseguia contar folhando as paginas amareladas tentando lembrar de tudo importante, mas ela sabia que tinha algo faltando. Foi quando ela avistou o Malfoy andando em sua direção, a ruiva se preparou para sair, ele notou isso e apressou o passo.

Rose o visitou nas horas em que estava inconsciente mas quando soube que ele estava acordado se preocupava em passar o maior tempo possível longe da enfermaria e dele.

– Rose.

– O que?

– Você está fugindo de mim.

– Não estou mais aparentemente.

– O que aconteceu? – ela olhou para ele, o nariz ainda tinha um pequeno curativo e o corte em cima da sobrancelha já estava sem os pontos. Mas ela não conseguia, toda vez que piscava via seu rosto cheio de sangue, o nariz disforme e olhos perdidos.

– Pelo jeito você bateu a cabeça bem forte.

– Esta falando da briga? – tinha sido uma semana antes, Scorpius balançou a cabeça. – Não foi nada.

– Claro que não. – comentou irônica.

– Ta legal, já vi que não vai me contar o que aconteceu com você...

– Eu só estou cansada Scorpius, - interrompeu a ruiva. - parece que eu sou a sua mãe.

– Eu estava protegendo você. – se defendeu.

– Bom eu sei me proteger sozinha, obrigada.

– Rose, eu quero te proteger. – o loiro segurou seu pulso gentilmente Rose rapidamente o desfez.

– Eu não quero a sua proteção se isso tirar a dos outros.

– Não, esse olhar não.

– O que foi?

– Era assim que todos olhavam pra mim no primeiro ano. Essa mistura de confusão e medo, você quer me odiar e você tem medo de mim mas não tem certeza do porque. E acredite em mim Rose que muitos levam isso até hoje. Mas com você é diferente, sempre foi, você só não gostava de mim, não porque eu sou um Malfoy ou porque somos de casas rivais mas com você era mais simples, quando isso mudou?

– Quando tudo mudou Scorpius, quando eu parei de sonhar com um carreira e comecei a trabalhar por ela. Quando eu vi meus pais decepcionados comigo pela primeira vez, quando eu me apaixonei por você. O tempo mudou tudo.

Eles ficaram em silencio.

– E agora está mudando a gente. - disse ela.

– Não Rose, você esta fazendo essa mudança.

– E isso é crime agora?

– Não mas se quiser mudar a gente pelo menos me dê a oportunidade de opinar.

– Tá, então o que você acha?

– Que você precisa de um chá, um jogo de quadribol, quantos livros você conseguir carregar e falar com alguém. – Rose revirou os olhos.

– Te vejo por ai. – Scorpius colocou as mãos nos bolsos da calça e continuou andando.

* * *

– Rose eu vou conversar com você, e pare de ser babaca e pelo menos me responda. – reclamou Lucy ao seu lado.

– O que foi? – disse Rose desistindo de sua leitura.

– Você não engana, estava lendo esse livro semana passada.

– Eu posso estar lendo ainda.

– Você nunca esta com o mesmo livro depois de uma semana Weasley. – a morena se sentou no sofá fazendo um sinal para que a ruiva se sentasse com ela.

– Rose.

– Lucy.

– Estamos preocupados com você.

– Quem?- Lucy a lançou um olhar irônico.

– Quem? Esqueceu que seus primos são metade da população de Hogwarts?

O exagero da amiga a fez rir.

– Só metade?

– Nunca fui boa em matemática, eu sou uma bruxa pra isso importa. Não preciso saber pra que. – disse ela para interromper a Weasley que já ia começar seu discurso.

– Não sei por que estão preocupados. – mentiu Rose.

– Bem sue namorado apanhou por você e você nem se importou.

– Apanhou por mim? Ele te fez dizer isso?

– Scorpius bateu naquele cara com razão Rose.

A Weasley soltou um muxoxo.

– O que? Ele me chamou de sangue ruim?

– Você sabe que ninguém mais usa isso. Aquele cara, Marcus, ficou perguntando quanto Scorpius tinha pagado por você, já que obviamente ele só conseguiria você com dinheiro. Daí ele continuou com umas coisas que nem Albus conseguiu me contar, Scorpius ficou maluco.

– É,eu notei. – Lucy pegou a mão da amiga.

– Ele é louco por você, sua ruiva idiota.

– Ei!

– Desculpa é que vocês estavam tão bem antes e agora... O que eu estou tentando dizer é que você pode muito bem não ter um namorado, mas deixe ele saber disso.

– Podemos conversar lá em cima? – perguntou a ruiva.

– Claro.

Então subiram as escadas dois degraus por vez, e em pouco tempo Rose estava sentada na cama de sua melhor amiga dizendo tudo que estava em sua cabeça pelas ultimas semanas. Odiava ver que Scorpius estava certo sobre ela conversar com alguém, e com o resto.

Lucy a encarou.

– Rose, você precisa parar de se preocupar.

– O que? – perguntou a amiga exaltada, aquilo não fazia sentido.

– Eu sei que tem coisa demais acontecendo agora mas você precisa dar atenção a cada uma de cada vez. E parar de se preocupar com as outras enquanto resolve essa.

– Da certo com você?

– Albus me ensinou quando eu tive um ataque nas férias. – ela fez um gesto como se deixasse para lá.

– Obrigada Lucy. – Rose a abraçou.

– Ei, é para isso que eu sirvo. – respondeu Lucy saindo do abraço. - E para ser sua madrinha de casamento, óbvio.

* * *

Rose olhou em seu relógio de pulso enquanto corria pelos corredores, ainda dava tempo. Tinha que dar. Continuou correndo ignorando os olhares estranhos enquanto entrava nas masmorras, parou na frente do quadro da sonserina onde Albus a esperava.

– Você corre bastante. – comentou ele em seguida dizendo a senha para a serpente.

– Obrigada, Al.

– Lembre disso quando eu tiver filhos.

– Vou tentar. – a Weasley entrou no salão comunal da sonserina, um calafrio quase a fez dar meia volta mas então ela viu os cabelos loiros perto da lareira e se obrigar a andar até lá.

– Oi. – disse ela, o loiro olhou para ela por um segundo e voltou a encarar a lareira. Rose se sentou no tapete ao seu lado. - Eu pensei no que você disse.

– É, eu também.

Rose tinha ensaiado aquilo tantas vezes, por que não conseguia falar?

– Me desculpe. – disse ela finalmente. – Eu não devia ter ficado tão brava, foi um motivo bobo e eu agradeço por ter me defendido.

– De nada. – a ruiva sentiu a temperatura da sala cair.

– Scorpius...

– Mãe?

– Para, tá legal só para.

– Oh eu tenho que parar? – questionou irônico.

– Eu vim aqui pedir desculpas...

– Já pediu.

– Scorpius por favor.

– O que Rose? Não era você que queria acabar com isso?

– Não.

– Bem, mas pareceu. Em algum momento entre o me sinto a sua mãe e o não preciso de você para me defender.

– Eu errei tá legal, eu errei. Eu estava tão preocupada com o futuro e no que eu, você, nós iríamos fazer que eu esqueci que ter você era a parte principal do meu plano.

– Você... Você é tão Weasley. – disse ele depois de um tempo, Scorpius bagunçou os cabelos e pela primeira vez encarou a ruiva nos olhos.

Rose sorriu.