Scorpius encarava o teto já entediado de fazer isso. Já conhecia cada pedaço de madeira, já contara todos eles com sua extensão e quantidade de pregos por tabua, mas não conseguia evitar. Olhar para o mesmo ponto parecia liberar seus pensamentos que iam de um lado para outro mas sempre paravam na mesma coisa.

Rose.

O loiro ainda não sabia sobre o que ela tinha ido pensar mas confiava nela o suficiente para saber que ela contaria quando quisesse e pressiona-la só pioraria as coisas. Quer dizer não foi como se ela tivesse chutado ele para longe, eles já não iam se ver nas férias de inverno mesmo então era só um jeito de aproveitar o tempo.

Mas por que ela o avisara então? Principalmente daquele jeito, nervosa.

Bem, Rose esta sempre nervosa com alguma coisa, pensou. Logo sorriu imaginando seu rosto corado perto do dele, era quando ela parecia mais calma do que nunca.

* * *

A família de Rose não comentou nada sobre ela não ter terminado de jantar, até porque estavam tão entretidos com o relato do irmão mais novo sobre o jogo que tiveram na semana anterior que seria muita surpresa se tirassem os olhos dele e focassem-nos na ruiva. Não que os pais não lhe dessem atenção, mas às vezes passar despercebida era a melhor opção.

Mais tarde em seu quarto a ruiva tentava pela décima vez relaxar, imaginou suas amigas dizendo isso á ela enquanto se deitava na cama e encarava o teto. As estrelas coladas que brilhavam no escuro a fizeram sentir nostálgica. Velha. Adulta. Maturidade. Triste. Levantou-se novamente.

Chegou até a escrivaninha onde tudo aquilo tinha começado. O papel amarelado a encarava friamente mesmo que mais pergaminhos o cobria quase inteiramente, mas o símbolo a incomodava, deixava suas palmas suadas e seu coração batendo rápido.

O símbolo de Beauxbatons, as flores desenhadas pareciam um rosto com a sobrancelha arqueada mandando uma pergunta silenciosa, mas que Rose ouvia retumbando em sua mente.

Você vem?

*

– Rose você vem? – perguntou Hermione do lado de fora da porta.

– Já vou. – respondeu a ruiva arrumando o cabelo. Já era véspera de Natal e todos os Weasley’s já se juntaram na Toca para ter o famoso jantar da Sra. Weasley, Rose se esforçou a sair de seu estado vegetal e tirar o pijama.

Se olhava no espelho usando seu vestido creme, sapatilhas vermelhas e tentava arrumar alguns fios soltos de seu coque, desistiu e saiu do quarto. A sala de jantar tinha sido ampliada para satisfazer a todos daquela família tão grande, o que também fazia muito barulho. Um barulho confortável e feliz, com risadas que se misturavam com o cheiro de comida Rose não conseguiu evitar de sorrir.

Depois de passear pela sala tendo suas bochechas apertadas, sentindo todos os perfumes e braços em volta de si todos com algo sobre como ela estava bonita ou crescida, menos seu tipo George que falou que ela parecia um lápis de cor invertido.

Ela até conseguiu conversar com os primos que não via muito, brincou com Remus filho de Fred e Victorie agora com seis meses e que gostava muito das sardas da ruiva. E a comida estava pedindo para ser devorada então Rose se sentiu melhor com a primeira garfada. Depois de jantar as pessoas se espalharam pela casa criando seus círculos de conversa tão grandes que podiam ser chamados de quadrados, a ruiva ficou na sala de estar ouvindo seu pai e tio George contarem a historia sobre como a loja acabou com um buraco na parede, agora usado como decoração. Quando a campainha soou atravessando o barulho das conversas.

* * *

Scorpius ficou cansado de olhar para o teto e de conversar com seus amigos sobre qualquer coisa que não fosse ela. Albus estava o odiando por isso provavelmente, mas mesmo assim tinha convidado o loiro para o jantar de Natal na Toca.

O loiro iria lá nem que fosse pela janela. Tá se a janela fosse igual a do quarto da ruiva talvez a porta fosse uma ideia melhor. Agora encarando aquele simples pedaço de madeira nunca sentiu mais nervosismo na vida, nem percebeu quando tocou a campainha.

James Potter abriu a porta.

– Senhor loiro Malfoy.

– James. – o rapaz lhe abraçou e indicou a casa com a mão segurando uma taça de vinho.

– Albus seu amigo contratado chegou. – anunciou o moreno indicando a piada interna deles de que Albus teria contratado Scorpius para ser seu amigo já que por um tempo ninguém acreditou que aquilo fosse possível.

– Eu já parei de pagar ele a um bom tempo. – respondeu Albus vindo até o amigo.

– Então outra pessoa esta pagando ele. – respondeu o irmão os fazendo rir. Scorpius tirou o casaco e entrou na sala de estar, se não tivesse treinado aquilo no espelho teria saído correndo ao encontro da ruiva assim que a vira naquele vestido. Ela estava mais linda que o normal, e o loiro há pouco tempo não considerava aquilo possível.

Rose o avistou e andou até ele normalmente e mandando seu olhar confuso/bravo a cada passo.

– O que esta fazendo aqui? – sussurrou Rose ao abraçar o garoto.

– Você vai ver.

– Scorpius, como vai? – perguntou Hermione dando um sorriso caloroso.

– Estou bem senhora Weasley, e a senhora? Feliz Natal por sinal.

– Oh Feliz Natal querido, estou ótima. E seus pais?

– Me convenceram a passar aqui na verdade. – ele sorriu, Rose ficou parada no canto admirando sua habilidade de ser gentil com todos mesmo com Ron Weasley sentado desconfortavelmente na poltrona a sua direita.

– Senhor Weasley, boa noite. – Ronald hesitou antes de apertar a mão estendida do rapaz.

– Malfoy, o que o trás aqui?

– Vim a convite do Albus senhor e tenho algo pra perguntar a você.

– A mim? – Ele assentiu sustentando o olhar debochado do homem ruivo a sua frente.

– Senhor, eu amo a sua filha e ficaria honrado se me desse sua permissão para que Rose fosse minha namorada.

– O que? – perguntou Ron assustado.

– Hã Scorpius? – disse Rose encolhida de vergonha. – Será que não podemos conversar um pouco?

– É claro ruiva, mas não agora O.K? – sussurrou ele.

– Ótimo ponto Rose. – Ron se levantou ficando alguns centímetros mais alto que o garoto. – O que te faz pensar que minha filha queira namorar você?

– Bem ela já aceitou senhor.

– Já? – exclamou ele olhando para a filha, Rose estava congelada no mesmo lugar mas conseguiu balançar a cabeça em concordância. – Saia de perto dele Rosinha, e você Malfoy saia de perto da minha filha.

– Senhor...

– E da minha casa, fora!

– Pai! – a voz da filha mais velha foi à única coisa que fez o homem parar. – Eu amo o Scorpius, e nós vamos ficar juntos você querendo ou não mas seria muito melhor para todos se você deixasse. – ela andou até o Malfoy e entrelaçou seus dedos.

– Mas- Mas por que ele? Você tem o James!

– Não tem nada! – exclamou o Potter.

– Eu não tenho nada pai, você que fica me empurrando pras pessoas da família. Você já pensou que talvez uma mudança seria boa?

– Você odeia ele!

– E você não gostava da mamãe, vamos mesmo ter essa discussão agora? No natal?

Ron oscilou, olhou irritado pela sala procurando ajuda viu seu melhor amigo com a sobrancelha levantada. Suspirou.

– Tá tanto faz. – murmurou. – Mas – ele levantou o som de voz novamente – se fizer qualquer coisa fora da linha garoto, eu não me importo quem você é eu vou fritar você como um peixe, entendido?

– Sim senhor.

– E continue me chamando de senhor.