Anna & Kiba escrita por ACarolinneUs5


Capítulo 21
Capítulo 21




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Capítulo Vinte e Um

Kiba me acorda no dia seguinte com um belo café da manhã na cama. Ele está radiante. Seu cabelo está lindamente desgrenhado e seu pijama, com estampa de patinhas de cachorro, amarrotado. Eu dei esse pijama para ele no seu aniversário de 13 anos, antigamente ficava bem folgado, hoje está normal.

– Bom dia, Anna – ele percebe que acordei, coloca a bandeja no criado-mudo e senta-se do meu lado. – Como você está?

– Estou me sentindo ótima, e você? – acabo de falar e bocejo. Ainda estou com sono.

– Eu não poderia estar melhor – ele olha para mim e me dá um beijo rápido. – Fiz o nosso café da manhã.

Ele aponta para a bandeja cheia de frutas, pães, ovos mexidos, suco e leite. Logo me bate uma fome que penso ser insaciável. Sento-me na cama, puxando o lençol para continuar coberta. Ao fazer esse movimento, observo uma mancha roxa na minha mão direita subindo para o braço. Escondo-a debaixo do lençol antes que Kiba perceba e utilizo a esquerda, que ainda não tem manchas. Ainda...

– Parece delicioso.

– E está. Só não vai na cozinha porque ainda não deu tempo de limpar minhas duas primeiras tentativas de fazer esses ovos.

Nós rimos muito, ele pegou um pão, abriu-o e encheu de ovos mexidos. Eu peguei apenas uma maçã. Ele deu uma enorme mordida no pão e olhou para mim enquanto mastigava. Ele fez uma cara de nojo, engoliu e colocou o pão de volta na bandeja.

– Coloquei sal demais. Mas o pão está bom, haha.

– Você nunca tinha feito isso, né?

– Especifique um pouco mais – disse ele, ficando vermelho.

– Os ovos mexidos... – falei, rindo.

– Ah, também não – ele riu. Corei. – Anna...

– Oi – falei depois de engolir a última parte da maçã.

– Ontem a noite foi... – ele olhou para cima e suspirou.

– Não comenta nada, já é vergonhoso demais só olhar pra você. Nem sei como estou conseguindo. Sou tão besta – coloquei o que sobrou da maçã na bandeja e bebi um copo de suco.

– Não, você não é. Você é linda – ele se inclinou para me dar um beijo e eu desviei um pouco, ele beijou minha bochecha e desceu para o meu pescoço. Senti cócegas e passei a mão perto de onde ele beijou.

– O que é isso? – ele perguntou segurando minha mão. Seu rosto expressava surpresa e indignação. Percebi, então, que estava utilizando a mão direita.

– Não é nada – falei, apressada, tentando soltar minha mão.

– Como assim "nada"? O que aconteceu? – agora ele estava mais preocupado do que surpreso.

Ele ficou em pé e me encarou. Senti sua preocupação e me pus no seu lugar. Se ele estivesse com uma "doença terminal", que é como eu imagino estar, eu não ia gostar que ele a escondesse de mim. Penso em falar tudo, jogar tudo pra fora, chorar, me derreter em lágrimas, pedindo desculpas e morrendo por não ter mais o tempo que eu queria com ele, pelo resto da vida, lamentando todos os momentos que pensávamos em ter, que não poderiam mais se tornar reais. Mas o que sai da minha boca é:

– Nada aconteceu. Está tudo bem.

– Porquê não me conta logo?

– Contar o quê? – Será que ele já sabe? Quem contou pra ele? Droga. Ele segura a minha mão e me puxa para fora da cama. Não resisto.

Ele olha o meu corpo, me sinto envergonhada. Estou de calcinha e uma camisa. As manchas nas minhas pernas aumentaram, agora quase cobrem tudo.

– Quando essas manchas começaram a surgir?

– Faz um pouco mais de uma semana.

– UMA SEMANA?! E você não está se tratando? Sabe o que é isso? Foi no hospital?

– Calma... Não fui no hospital e não estou me tratando porque eu sei de onde isso veio e sei que isso não tem tratamento.

– Como? E quando você ia me falar isso?

– Eu ia... Eu ainda não sabia como te dizer.

– Sabe agora?

– Sei, mas...

– Me conta tudo, por favor.

E então eu contei...

Quando terminei de jogar todas aquelas palavras para fora, para ele, me senti mais leve. Ele me abraçou e eu chorei.

– Meu corpo todo dói. Às vezes fico tão tonta que tenho que me apoiar em alguma coisa... Eu não sei quanto tempo eu tenho.

– Anna, não fala assim... – percebo que ele também está chorando quando uma lágrima sua cai no meu ombro. – Eu vou te ajudar no que eu puder, vou ficar do seu lado até você me pedir para sair.

– Eu te amo mais que tudo. Você é tudo que me resta, Inuzuka.

– Eu também te amo.

Terminamos de tomar café, nos vestimos adequadamente, saímos do quarto e nos deparamos com a irmã de Kiba na cozinha. Ela nos olha com uma cara desconfiada, sorri, bebe um gole do copo de leite enquanto segura um pedaço de pão e sai.

– Hana gosta de você.

– Eu também gosto dela. É sua irmã.

Rimos. Tentamos esquecer o pouco tempo de vida que me resta. Decidimos apenas viver o que há de viver. O tempo virá de qualquer forma, para todo mundo.

Meu rosto está normal e meus olhos estão verdes. Minhas manchas estão cobertas e meu cabelo penteado. Estou até me sentindo bem. Ter falado tudo para Kiba tirou um peso tão grande das minhas costas. Ele ter entendido meu lado e concordado comigo me faz tão feliz. Já fiz minha escolha, já sei meu destino. E, infelizmente, somente eu estou nele.

– Vamos, acho que a Godaime já deve ter alguma novidade para mim.

Chegamos ao prédio da Hokage utilizando o Akamaru. Algo estava errado. Shizune andava de um lado para o outro segurando a Ton-Ton. Parecia estar esperando alguém.

– O que está acontecendo, Shizune? – Kiba pergunta antes de mim.

– Akatsuke está na vila. Orochimaru está por aí. Tsunade está dando algumas ordens e avisando a quem pode. Estamos indo nos juntar a uma pequena tropa que já foi preparada.

Tsunade saiu nervosa pela porta. Quando ela nos viu, me encarou e eu fiquei com medo.

– Onde você acha que eles estão? – Kiba perguntou. Fiquei prestando atenção na resposta que viria.

– Foram avistados no bosque da vila, devem estar quase em uma de nossas entradas. Vocês fiquem aqui – disse a Hokage. - Ou melhor, vão para suas respectivas casas e esperem. Não sabemos o que eles estão fazendo aqui e...

– Eu sei – interrompi-a. – Estão procurando por mim. E é o que eles terão.

– Nem pense nisso, garota – disparou Tsunade. Mas eu já tinha decidido. Raiva não me faltava, então foi fácil despertar meu Mangekyou Sharingan. Logo me imaginei em outra dimensão e então já estava em uma das entradas de Konoha, olhando para o bosque.

Vi um dos comandantes das tropas na linha de frente, e fui pegar algumas informações. Ele imaginou que eu era algum de seus ninjas, pois quando perguntei quem havia sido avistado ele logo respondeu.

– Orochimaru, Kabuto e diversos outros ninjas renegados.

– Deidara não estava com eles? – pergunto, um pouco desapontada.

– Pelas informações que recebi, não – ele responde rapidamente e volta a comandar suas tropas.

Eles acham que estão preparados, mas não estão. Ou sou eu que estou me achando tanto assim? Ah, tanto faz. Vou ajudá-los. Vou atrasar as tropas inimigas e matar o tanto que eu conseguir.

Saio correndo em direção ao bosque, ouvindo diversos gritos de repreensão atrás de mim. Tentavam me avisar do perigo que eu já sabia que viria.

Ativo meu Byakugan e procuro por algum movimento nas árvores. Não vejo e continuo correndo. Alguns quilômetros depois, me concentro no que quero ver, e consigo. Diversos pontinhos brilhantes de chakra podiam ser vistos à uma distância muito grande. Eu sabia que eram vários ninjas rebeldes, mas não tinha noção da quantidade inclusa nesse "vários". Eram, realmente, vários. Tipo, muitos mesmo. E eu vou matar quantos eu conseguir.

Minha audição ainda não identificava sinais deles, mas eu os estava vendo e Kabuto não os estava liderando. Muito menos Orochimaru. Covardes.

Em menos de dois minutos montei diversas armadilhas. Amarrei linhas quase invisíveis que, com a velocidade que eles passarem aqui, os cortarão em pedaços até que os de trás percebam e desviam dela. Fico mais à frente da armadilha, os que passarem por mim a encontrarão, e os que passarem por ela também, encontrarão as tropas. Eles só não esperam por uma pessoa sozinha os esperando aqui. Então é onde eu vou ficar.

A tropa inimiga está cada vez mais perto, já posso ouvi-los claramente. Podem chegar a qualquer momento. Preparo meus olhos e minhas mãos. Pego diversas shurikens em uma mão, prontas para serem atiradas, e uma kunai na outra, sedenta de sangue.

Através do meu Byakugan, vejo que os ninjas estão dispersos, ótimo, e vejo também que não há chakra algum forte demais que eu não possa derrotar. Avisto um inimigo, respiro fundo e mergulho na guerra à minha frente.

Ele nem teve tempo de ver quem o havia matado. Há sangue na minha kunai, e ela só pede mais e mais. E eu vou dar a ela o que ela quer.

Mais ou menos 10 inimigos estão agora olhando para mim. Estão aterrorizados, provavelmente por causa dos meus olhos, mas eu não ligo. Hoje eu não ligo para nada.

Atiro minhas 5 shurikens certeiras. Agora somente 5 inimigos olham para mim. Ainda mais aterrorizados. Eu tiro proveito disso.

Todos eles atiram kunais e shurikens de uma vez só. Sem ter muito tempo para pensar e sem ter como enviar uma por uma para outra dimensão, faço o que já vi diversas vezes o Neji e a Hinata fazerem, eu já os assisti treinar. - Kaiten!

Eu giro e imagino uma cobertura de chakra cobrindo meu corpo todo e repelindo os objetos lançados, e é o que acontece. Já fiz o truque de Gaara enquanto ainda estava a caminho da batalha. A camada de areia sob a minha pele me faz sentir uma segurança maior. Consigo arriscar mais sem precisar pensar muito.

Em um piscar de olhos utilizo duas kunais, matando rapidamente, um por um. Tão rápido que eles nem arrumam tempo para fugir. Mais inimigos chegam, alguns passam enquanto estou prendo oito deles em um enorme caixão de areia e os esmago.

Pulo para uma outra árvore e observo diversos ninjas no chão, correndo em direção à vila. Aponto para o chão e crio uma Tsunami de areia, derrubando incontáveis ninjas e afogando outros. Sinto uma dor fina no lado esquerdo da minha perna esquerda. Havia me distraído com os ninjas do chão e esqueci-me dos que vinham na minha direção.

Uma kunai estava cravada em minha pele, ela queimava em chakra. Havia atravessado a camada de areia e penetrado poucos centímetros em minha perna. Quem a atirou devia ter muita força, e era alguém bem esperto, pois atingiu diretamente um dos meus tenketsu. Removi a kunai e procurei pelo seu dono enquanto fechava novamente a camada de areia na minha perna.

Sons de algo rastejando no chão me chamou a atenção. Ativei meu Byakugan e procurei algum chakra que se destacasse na multidão. Logo encontrei. Não era tão supremo quanto o chakra de Orochimaru, mas ainda assim era grande. Ele estava parado, a uma distância segura, olhando na minha direção. Era apenas um ninja normal, ou pelo menos estava disfarçado como um.

Ouvi novamente o som rastejante atrás de mim. Tentei ignorar enquanto continuava disparando shurikens contra os demais ninjas inimigos que não paravam de aparecer. Diversos deles já passaram por mim. Mas a maioria está inerte no chão do bosque. E esse número só tende a aumentar a cada minuto que se passa.

Quinze ninjas pulam em minha direção, sem saber muito bem o que fazer, ativo meu Sharingan e rapidamente encho-os de chamas negras. Eu os assisto queimar e gritar. E o pior, ou melhor: eu gosto disso.

As chamas os consomem em poucos segundos. Eu bem que poderia fazer isso com todos, é tão rápido e mata tantos de uma vez só... Porém, fico exausta e utilizo muito chakra. Vejo o ninja diferente vindo em minha direção. Desço da árvore e corro um pouco em direção à vila. Talvez precisem da minha ajuda lá quando os inimigos chegarem.

– Não fuja! – ouço alguém atrás de mim falar. Paro de correr e me viro pra saber quem está falando.

– Não estou fugindo – falo, olhando para o homem parado na minha frente que, de alguma forma, me parece familiar. – O que você quer?

– Você sabe o que eu quero.

– Eu.

– Viu como sabe?

– E você sabe que não vai conseguir, certo?

– Isso é o que vamos ver.

– Quem é você? – pergunto.

– Sou a arma secreta de Orochimaru, essa é a segunda vez que ele me liberta. Você deve ser muito forte.

– Eu não volto para aquele esconderijo do Orochimaru nunca mais. Posso até morrer, mas levo muitos comigo.

Atiro quatro kunais em sua direção, mas ele defende todas elas e investe contra mim utilizando jutsos do elemento água. Defendo seus golpes e acerto alguns em seu queixo e abdômen. Agora não sinto mais raiva, é algo a mais. Não posso queimá-lo com as chamas negras, pois estamos muito próximos e, embora o fogo seja produzido por mim, não sou imune a ele.

À medida que vamos lutando, vamos recuando, chegando cada vez mais perto da entrada da vila. Ele dá uma investida com uma kunai de chakra e quase não consigo defendê-la. Ele tem como mira a lateral do meu pescoço. Solto uma das mãos que ele estava segurando e consigo segurar sua mão e derrubar a kunai.

Ao fazer isso, observo que meu braço direito está quase todo coberto por manchas roxas. Com medo, olho para o braço esquerdo. Este não está quase todo coberto, está COMPLETAMENTE. O medo me domina e eu me distraio. Sinto um objeto me perfurando na altura da cintura, pela lateral do meu corpo, ele deixa o objeto dentro da minha pele. Tento ignorar a dor.

Ouço, bem distante, a voz de Kiba. Ele está lutando e me procurando. Deve estar tão preocupado.

Tento me livrar logo do inimigo com quem estou lutando para poder ir ao seu encontro. Enquanto luto, vou recuando. Cada vez mais perto de Kiba.

Posso ouvir diversos gritos e jutsos sendo realizados. Posso ouvir o sangue sendo derramado no chão. Isso me fascina.

Retiro a kunai que estava fincada à mim e em menos de um segundo penetro-a na perna do inimigo. Removo-a e finco em sua outra perna. Ele cai de joelhos, em dor. Pego a kunai, cheia de seu sangue, e levo à boca. Eu provo do seu sangue amargo e atiro a kunai longe. Ele me olha com pavor.

– O que é você? – ele pergunta.

– Somente uma garota.

Não sei exatamente o que está acontecendo comigo. Não estou controlando bem o meu corpo. Os movimentos parecem mecânicos, como se alguém o estivesse controlando ou eu mesma, inconscientemente. Algo me impulsiona e não sei mais o que estou fazendo. Há um círculo desenhado no chão, dentro deste círculo há um triângulo, e dentro deste triângulo estou eu, em pé. E eu me sinto tão bem. Minha sede de sangue é tão grande...

Faço um jutso com as mãos que não sei no que vai dar. Mas meu corpo o faz na maior naturalidade. O ninja ajoelhado na minha frente se inclina em dor e tosse sangue. Eu pego novamente a kunai e, ao invés de atacar o inimigo, eu a direciono no meu peito, rumo ao meu coração. O que estou fazendo?! Não consigo controlar o meu corpo agora. Mas a sensação é tão boa...

Olho para os meus braços, que chegam para mais perto, eles estão pretos, parece tinta. Todo o meu corpo está pintado desse preto. Eu estou rindo. O ninja inimigo não está entendendo nada, seu rosto é puro pânico. Sem mais delongas, enfio a kunai em meu peito, atravessando o coração, ela entra quase até o cabo. Não sinto dor alguma. Ouço um grito bem forte, alguém dizendo "não".

Arranco a kunai do meu peito e o homem à minha frente estremece. Ouço meu coração e o dele diminuírem os batimentos e entrarem na mesma frequência. Parece até ser o mesmo coração. O homem cai para a frente e seu coração para de bater.

Junto com o meu.


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