Everything's Better With You escrita por Maremaid


Capítulo 34
33- Kendall vai parar em Nárnia


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Quase um mês sem postar... desculpem. Mas o importante é que eu voltei, né? :D

Enfim, vamos logo ao capítulo... boa leitura, pessoal!



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Prós e contras de estar de aniversário

PRÓS:

1- Os presentes. Tem coisa melhor do que ganhar brinquedos quando é criança? Ou ganhar dinheiro quando cresce? Claro que não!

2- O bolo. Você pode até não gostar de fazer festa, mas não pode reclamar disso. Bolos de aniversário são tão bons! (principalmente aquele pedaço que sobra para o outro dia e foi para a geladeira! Hmmmm).

3- Quando eu era pequena, eu sempre ganhava café na cama no dia do meu aniversário (eu também ajudava mamãe quando era o da Savannah).

CONTRAS:

1- Ficar um ano mais velha. Crianças adoram fazer aniversário, porque causa disso (Somos tão tolos nessa idade de querer crescer rápido)

2- Aquele monte de “parabéns” artificial que você recebe nas suas redes sociais. Muitas vezes são de pessoas que nem falam com você quando te encontram na rua.

3- Os presentes. Claro, também seu contra, afinal você pode ganhar algo que não gostou e tem que fingir que sim para agradar quem deu. Principalmente se for alguém que diz “Achei esse presente a sua cara” ao entregar.

4- Ser o centro das atenções. Principalmente se você tiver uma festa. Eu odeio aquela parte de cantar os parabéns onde todo mundo fica olhando para o aniversariante com expectativa.

5- É o primeiro aniversário que passo sem a minha mãe.

***

— Bom dia — me sentei a mesa do café e peguei uma panqueca.

— Bom dia, filha — meu pai estava lendo o jornal. Normalmente, ele não tomava café conosco, pois já estava saindo para trabalhar. Mas alguns dias, ele conseguia sair mais tarde de casa quando não tinha nenhum paciente agendado para o primeiro horário da manhã. — Ah, feliz aniversário.

Parei o pedaço de panqueca no meio do caminho. Eu estava contando que ele não lembraria disso. Assim eu poderia passar o dia sem pensar que hoje é um “dia especial”.

— Oh, é o seu aniversário hoje, querida? — Jill colocou a jarra de suco na mesa. — Parabéns.

— Ah, obrigada — coloquei a panqueca na boca e dei um super gole no meu suco em seguida.

— Se eu soubesse, teria feito um café da manhã especial para você. Desculpe por algo tão simples.

— Não se preocupe, eu adoro suas panquecas, Jill — respondi. E era verdade, as panquecas dela eram de outro mundo.

— Fico feliz por isso — ela sorriu e se sentou a mesa. — Ah! Podíamos jantar fora hoje para comemorar então.

— Não precisa... — respondi.

— É uma boa ideia, querida. Vamos fazer isso — meu pai dobrou o jornal e tomou um gole do seu café. — Vou sair mais cedo do consultório.

— Bom dia, família! — Avery chegou alegre na cozinha e deu um beijo na bochecha da mãe.

— Bom dia — falamos.

Por favor, não mencionem meu aniversário novamente, por favor!

— Então, o que eu perdi? — Avery pegou uma torrada e passou geleia nela.

— Vamos sair para jantar hoje à noite — Jill disse.

— Por quê? Alguma ocasião especial?

— Sim, é o aniversário da Stefanie.

— Ah! — ela soltou a torrada quando estava prestes a morder. — Sua danadinha, eu nem sabia que era hoje! Parabéns!

Ela estava sentada à minha direita e me abraçou de lado, foi tão rápido que nem deu tempo de eu me esquivar.

— Obrigada... — dei um tapinha de leve no seu braço, querendo dizer “ok, agora já pode me soltar”.

— Caramba, eu nem comprei nada para você! Estou me sentindo péssima.

— Não precisa...

— Lógico que precisa! Mãe, vou comprar o presente da Stef depois da aula, ok? — ela perguntou, Jill assentiu. — Vocês querem que eu compre o de vocês também?

— Não precisa, Avery, obrigado. Eu já comprei o presente da Stefanie — meu pai disse, olhando de relance para mim.

— Ah, é mesmo? O que é? — Avery perguntou, curiosa. Até parecia que era ela a aniversariante.

— Surpresa — meu pai respondeu. — À noite vocês vão descobrir.

Eu odeio surpresas. Por que ninguém entende isso?

Comi o mais rápido que pude e saí da mesa. Escovei os dentes, peguei minha mochila e ainda esperei Avery na frente de casa. Normalmente, era ela que esperava por mim, mas eu queria sair logo de casa.

No caminho para escola, Avery contou para Kacey. Ela me deu parabéns e disse que iria junto com a amiga comprar algo para mim também. Assim que chegamos ao estacionamento, eu menti que tinha algo para resolver no jornal e saí correndo.

 Uffa, agora eu estava livre disso. Eu odiava ser o centro das atenções, por isso que me sentia desconfortável nos meus aniversários. Quando eu era criança, era até divertido, mas hoje em dia só me fazia lembrar que eu estava um ano mais velha.

Encontrei com Kendall antes da aula, mas como ele não sabia o dia do meu aniversário — eu só havia mencionado que meu signo era peixes, mas não especifiquei o dia — ela agiu normal comigo. Fiquei agradecida por isso.

Porém, meu sossego não durou muito. Maddie sabia do meu aniversário, graças a ficha que preenchi para o jornal. Então me deu parabéns no intervalo. Gabe e Hazel estavam juntos na hora, então também descobriram. Fui sincera e disse para eles me tratarem como sempre faziam e não tocar no assunto quando alguém aparecesse. Eles estranharam minha reação, mas concordaram.

— Oi, pessoal — Kendall sentou ao meu lado no refeitório. Apenas acenei porque estava com comida na boca. Ele colocou o cotovelo na mesa e apoiou o rosto com a mão, olhando diretamente para mim. — Então quer dizer que alguém está de aniversário hoje e não me contou?

Quase me afoguei com a comida. Maddie, que estava no meu outro lado, bateu nas minhas costas e me deu um copo de água.

Olhei para Kendall, ele estava sorrindo. Ele havia feito de propósito. Desgraçado!

— Co-como você soube?

— James me disse e...

—... E Avery contou para ele — deduzi. Ele assentiu.

Garota fofoqueira! Por que ela não pede para publicar isso no jornal de uma vez?

— Não fique brava com ela, ok? Ah, e a propósito...  — Kendall passou o braço pelo meu ombro e deu um beijo no meu rosto. — Parabéns, Stefanie.

Todos na mesa fizeram “Uuuhhh!!”. Senti meu rosto corar.

Consegui passar o resto do dia até que bem. James, Logan e Carlos foram os únicos que me deram parabéns depois do almoço.

***

Quando cheguei em casa, após o trabalho de meio-período na loja, o presente surpresa do meu pai estava estacionado em frente a nossa casa. Sim, um carro. Eu também fiquei surpresa ao descobrir que de fato ele era meu — pois, em um primeiro momento, apenas achei que tínhamos alguma visita e o carro era da pessoa. Ele havia falado com Savannah para escolher o melhor presente para mim, ela contou sobre o nosso antigo carro que vendemos antes de eu vir para Minnesota e que seria importante eu ter um carro já que estava indo para a faculdade. O carro escolhido foi um Skoda Yeti.

Conforme combinado, meu pai saiu mais cedo do consultório e todos nós fomos jantar fora.

Eu deveria ter previsto que Avery ia aprontar alguma coisa quando saiu para ir ao banheiro, mas a comida estava tão boa que nem reparei no momento que ela levantou. Resultado: eu ganhei de sobremesa um cupcake com uma vela em cima e um trio de garçons cantando parabéns para mim, enquanto o resto do restaurante olhava para a nossa mesa e batia palmas juntos.

Após chegar do jantar, falei com Savannah por chamada de vídeo. Dei uma “bronca” nela por ter me escondido sobre o carro, mas ela só deu uma gargalhada e disse que não teria graça se ela tivesse contado. Ela me desejou parabéns e disse que havia mandado meu presente pelo correio e chegaria daqui alguns dias. Perguntei quando ela iria nos visitar, mas ela disse que só conseguiria no Memorial Day porque tinha muitos trabalhos da aula para fazer. Ainda faltavam três meses para isso.

Assim que me despedi dela e coloquei o notebook ao meu lado na cama, o meu celular vibrou. Era uma mensagem do Kendall:

“Vá até a janela”

Será que ele estava lá embaixo? Essa hora da noite? Olhei para o relógio. Eram 23: 47.

Me levantei e fui até a janela, puxando as cortinas. Acabei deixando um gritinho de susto escapar. Porque Kendall estava bem ali. No lado de fora do vidro. Onde qualquer um poderia ver se passasse pela rua.  

Empurrei a janela para cima. Ele estava usando um gorro cinza na cabeça e uma jaqueta térmica.

— O que você está fazendo aqui? Ficou maluco? — minha voz saiu um pouco mais alta que o normal, eu estava muito desesperada. Porém, ele apenas sorriu para mim em resposta. — Estão todos em casa!

Shh. Então não faça muito barulho — ele colocou o dedo nos meus lábios. Sussurrando ele continuou: — Não vai me convidar para entrar, Howard?

Afastei a mão dele e corri até a porta, a trancando. Felizmente meu pai havia dado a chave dos quartos para mim e a Avery depois de eu tanto implorar. Prometi que só usaria quando precisasse, como parar trocar de roupa – já que Avery costumava invadir meu quarto caso eu ignorasse suas batidas na porta – ou outra coisa que exigisse privacidade. É claro que deixar um garoto entrar no meu quarto não estava passando pela cabeça do meu pai quando ele concordou com isso. E, acreditem, nem na minha.

Quando me virei, Kendall já estava dentro do meu quarto. A janela estava fechada e ele estava tirando o tênis.

— Ei! Eu não disse que você podia entrar! — fui em sua direção e estava pronta para socar seu peito, quando ele envolveu os braços a minha volta, me deixando imóvel. — Kendall! Me Solta! — falei baixinho.

— Me desculpa por ter aparecido aqui do nada e tão tarde — sua respiração quente fazia cócegas no meu pescoço. — Mas eu tive um bom motivo.

— Ok... — respondi. Ficava difícil tentar discutir com ele nessa situação. — Qual seria o motivo?

Ele me soltou e tirou um embrulho retangular de dentro da jaqueta.

— Oh — foi tudo o que consegui dizer.

— Feliz aniversário, Stefanie — ele deu um beijo na minha bochecha e me entregou o presente. Analisei o embrulho por uns segundos, pelo formato parecia um livro.

— O-obrigada... Mas você poderia ter me dado amanhã.

Amanhã não é mais o seu aniversário.

Olhei para baixo para tentar esconder o sorriso que se formou no meu rosto ao ouvir isso.

— Vamos, abra — ele se jogou na minha cama. Estava tão feliz que nem briguei com ele por isso.

— Ah, claro — abri e me deparei com uma edição em capa dura de Orgulho e Preconceito que eu estava louca para comprar. Foleei o livro com cuidado. — Que linda!

— Gostou?

— Claro que sim! Muito obrigada — respondi sorrindo. Kendall parecia muito satisfeito com isso. Então algo me ocorreu. — Espera, como você sabia que eu queria essa edição?

Eu tinha certeza que não havia comentado isso com ele. Na verdade, falo mais sobre livros com a Kacey e o Gabe porque eles também gostam de ler tanto quanto eu, mas não havia falado dessa edição em especial com eles.

— Bem, vamos dizer que eu tive uma ajudinha...

— Avery? — chutei.

— Mais ou menos... — ele coçou a nuca. Como assim? — Quer dizer, eu falei com a Avery, mas ela me deu várias opiniões e só me deixou mais confuso ainda. Então ela resolveu me passar o número de alguém que com certeza poderia me ajudar.

— ...Quem?

Ele tirou o celular do bolso e procurou por algo. Em seguida, estendeu na minha direção para ver um contato salvo como “Howard 2”. Não entendi de imediato, mas olhei para baixo e reconheci o número. Era de Savannah.

Primeiro com o meu pai, agora com Kendall. Com quem ela iria combinar as coisas em segredo na próxima vez?

— Vo-você falou com a minha irmã?

— Sim. Fiquei um pouco envergonhado ao ligar, afinal, eu só havia visto ela uma vez, quando nos encontramos no mercado. E, bem, teve aquilo dela dizer que não havia ouvido coisas boas sobre mim. Mas assim que falei quem era, ela já disse que havia ficado muito feliz com a minha ligação. Conversamos bastante, sobre várias coisas.

Ai meu Deus. Savannah estava do lado de quem afinal? Eu pensei que era do meu! Ela não pode ficar falando as coisas que conversamos para o Kendall. 

— Fique tranquila, ela não me contou nada constrangedor sobre você.

Fiquei mais aliviada ao ouvir isso, mas só um pouco. Sei lá o que Kendall entendia por “constrangedor”. Assenti.

— Mas não vamos falar sobre isso agora. Venha cá — ele me puxou pela cintura em direção à cama e eu caí em cima dele. Claro que ele havia feito isso de propósito.

Tentei bater nele, mas ele segurou meus pulsos e me beijou. Ficava difícil resistir quando essa era a primeira vez que tínhamos tanto espaço. Nossas sessões de amassos eram quase sempre no carro e, mesmo no banco de trás, ainda era um pouco desconfortável. Estar com ele na minha cama era uma sensação nova: perigosa, mas boa ao mesmo tempo. Eu gostava disso.

Nos beijamos mais um pouco e eu resolvi sair de cima dele. Logo eu precisava mandar Kendall embora, ninguém podia nem sonhar que ele veio aqui, então era melhor nós não nos distrairmos muito. Então deitei ao seu lado.  Ele apoiou a cabeça com o braço e ficou me encarando. Fiz o mesmo.

Kendall passou a mão sobre a gola do meu roupão com estampa de beijos. Ele tinha um sorriso de lado no rosto. 

— Ah. Ganhei da Avery de aniversário.

—Você fica fofa assim, mas acho que prefiro você sem ele.

Sem nem me perguntar, ele começou a desfazer o nó do roupão com a mão livre, revelando assim o meu pijama. O que constituía em uma camiseta preta e um short branco, nada discreto, de bolinhas vermelhas.

— É, com certeza prefiro você assim — ele tinha um sorriso malicioso enquanto me observava, foi então que lembrei que não estava usando sutiã por baixo da camiseta. Puxei o roupão de volta, me cobrindo e senti meu rosto corar. Será que ele havia percebido? Ai meu Deus! 

Ele riu e me puxou para mais perto dele, me aconchegando em seu peito. Ele ficou mexendo no meu cabelo de forma carinhosa e pensei que não faria mal fechar os olhos um pouquinho.

Stefanie...

— Hmm? — murmurei, sem abrir os olhos.

— Nada — ele disse depois de uns segundos.

— Ok... — não me importei com isso e passei o braço em volta dele, encostando o nariz na sua camiseta. Seu perfume era tão bom.

Acordei com alguém me chacoalhando. Sorri ao ver Kendall na minha frente, mas ele estava com os olhos arregalados.

— O que foi? — sussurrei. Alguém deu duas batidinhas na porta e tentou abrir a maçaneta. Sentei imediatamente.

— Avery — Kendall moveu apenas os lábios. Droga! 

— Só um momento! — disse um pouco mais alto para que ela pudesse ouvir.

E agora? Como eu ia esconder o Kendall?

Comecei a olhar para todos os lados, como se um esconderijo pudesse surgir do nada como um milagre. Bem, foi mais ou menos isso que aconteceu, pois eu tive uma ideia.

Joguei a jaqueta para ele e abri a porta do guarda-roupa.

— Você quer mesmo que eu entre aí?

— A não ser que você queira que sejamos flagrados... Você quer? — perguntei. Ele negou. — Então entre logo!

O guarda-roupa era bem espaçoso por dentro e eu também não tinha muitas roupas. Fiz ele entrar na parte onde tinha os meus casacos pendurados nos cabides. Dava para ficar sentado ali, em cima de alguns cobertores que estavam na parte de baixo.

Ele entrou devagar, tentando não fazer barulho.

— Vou mandar ela embora rápido — prometi e fechei a porta do guarda-roupa com cuidado.

Olhei em volta e vi o gorro e o par de tênis dele no chão. Joguei eles para debaixo da cama. Ajeitei o cabelo rapidamente e abri um pouco a porta.

— O que foi?

— Nossa, que demora! — Avery estava de roupão também, usando uma pantufa de joaninha e o cabelo estava em um rabo de cavalo.

Por sorte, eu podia me aproveitar de uma boa desculpa devido ao estado em que eu me encontrava.

— Eu acabei cochilando, só isso.

— E por que você fechou a porta? Você sabe quais foram as condições do Gregg quando deu a chave para nós.

— Não posso ter um pouco de privacidade nem no dia do meu aniversário?

— Pode, claro... desculpa — ela abaixou a cabeça.

— Enfim, o que você quer?

— Ah, nada. É que passei para ir ao banheiro e vi sua luz acesa. Stef, já passa da meia-noite.

— Sério? — fingi estar surpresa e cocei o olho. — Pensei que era mais cedo.

— Bem, vou voltar para o meu quarto. Não vá dormir muito tarde, temos aula. Tchau.

— Ok, tchau.

Esperei Avery voltar para o seu quarto e fechei a porta, a trancando novamente. Corri até o guarda-roupa e o abri. Kendall estava sentado nos cobertores, usando o celular como lanterna.

— Como estava Nárnia? — brinquei.

— Legal. Aslan te mandou um “oi” — ele sorriu, entrando na brincadeira. Ele iluminou uma peça no cabide e tocou nela. — Ei. Eu me lembro disso.  Quando vai me agraciar com essa visão novamente?

Ele estava se referindo a um vestido floral que usei uma única vez, no dia do Show de Talentos.

Revirei os olhos e bati na mão dele.

— Sai logo daí.

Ele assentiu e saiu, e eu fechei a porta do guarda-roupa. Me abaixei ao lado da cama e resgatei os seus tênis. Quando levantei, me deparei com Kendall na frente da cômoda, olhando para o mural de fotos que eu tinha na parede. Bisbilhoteiro.

— Ei! Vá logo! — cutuquei seu ombro.

— Você está me expulsando, Howard? — ele sorriu, sem tirar os olhos das fotos.

— Sim, estou.

— Nossa — ele colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido. — Você não é nada hospitaleira.

Em seguida, ele sorriu e voltou a olhar para as fotos.

Argh! Será que eu vou ter que jogar ele pela janela para poder ir embora logo? Eu não quero correr o risco de outra pessoa acordar e ver a luz acesa do quarto. Por que ele não entende que isso é muito arriscado?

— Não sabia que você já tinha sido morena... — sua pergunta me tirou dos meus pensamentos.

— O quê? — perguntei, confusa. Ele apontou para uma foto. Olhei para ela e sorri. — Essa é a minha mãe. Eu sou o bebê no colo dela.

— Sério? Uau! Ela é sua cara!

— Você quer dizer que eu sou a cara dela, não é? — eu ri.

— Dá no mesmo — ele deu de ombros. Não, Kendall, não dá. — Agora já sei porque você é tão linda.

Sorri ao ouvir isso. Por mais que eu achasse minha mãe muito mais bonita do que eu nessa idade.

Deixei ele explorar meu quarto por mais um tempinho, mas não parava de conferir às horas. Era 00:32 já. Sentei na cama, batendo o pé, impaciente. Coloquei o par de tênis no meu colo. Após olhar as fotos, ele começou a analisar os livros da minha prateleira.

— Kendall, por favor...

— Ok, ok, eu sei — ele fez um gesto com a mão para eu esperar mais um pouco. Deu mais uma olhada em volta e se virou para mim. — Pronto, senhorita. Seu quarto é bem bacana. Não vejo a hora de vir aqui de novo...

— E quem disse que eu vou deixar? — cruzei os braços, e olhei séria para ele. — Não apareça novamente na minha janela no meio da noite. Eu não vou abrir para você. Entendeu?

 — Nossa, Howard. Você vai me deixar congelando lá fora?

— Vou!

Ele veio na minha direção, se abaixando um pouco para que seu rosto ficasse da altura do meu.

— Você é má, Stefanie Howard — ele sorriu. — Mas eu gosto de você mesmo assim.

Em seguida, ele tentou me beijar, mas eu fui mais rápida e empurrei os tênis contra o seu peito.

— Ok, já entendi o recado — ele se sentou ao meu lado e calçou os sapatos.

Me levantei antes que ele tentasse outra gracinha e fui até a janela. Ele fechou o zíper da jaqueta até em cima e veio na minha direção.

— Tchau, te vejo na aula — eu disse.

— Não vou ganhar nem um beijo de tchau? — ele fez biquinho. Revirei os olhos, mas dei um beijo rápido nele. — Poxa, Howard, assim não. Assim...

Kendall me lançou um sorriso torto. Ele colocou as mãos no meu rosto e me pressionou contra janela, me beijando em seguida. Queria brigar com ele, bater, manda-lo embora, mas quando seus lábios encontravam os meus eu acabava me esquecendo de tudo a nossa volta. Em seguida, fez uma trilha de beijos até o meu ouvido e então sussurrou:

— Agora sim eu posso ir — ele se afastou de mim e sorriu. — Boa noite, Howard.

— Boa noite... — murmurei, enquanto via ele abrindo a janela. — Hm, você veio de carro?

— Sim, o deixei no começo da rua.

— Ah. Me mande uma mensagem quando chegar em casa.

— Ok — ele abriu a janela, e colocou um pé para fora, mas parou e olhou para mim. — Tchau.

— Tchau.

Ele saiu pela janela. Fiquei observando, só para garantir que ele não seria flagrado. Mas Kendall parecia levar muito jeito com isso e em um instante já estava no gramado. Ele acenou para mim, acenei de volta e então ele saiu correndo. Fechei a janela e puxei as cortinas. Sentei no chão, com as costas na parede, sentindo meu coração acelerado. Foi então que reparei em algo debaixo da cama, me aproximei e percebi que era o gorro de Kendall. Droga, eu tinha me esquecido que ele estava usando isso. Coloquei dentro da mochila para poder entrega-lo na escola, tirei o roupão e o joguei na cadeira, desliguei a luz e caí na cama.

Fechei os olhos, puxando o cobertor até o pescoço.

Sorri. Algo me dizia que eu não conseguiria dormir direito esta noite.


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Notas finais do capítulo

>> Memorial Day: Feriado americano em homenagem aos soldados mortos na guerra. Acontece na última segunda-feira do mês de maio.
>> O capítulo em que Kendall e Savannah se conhecem é o 17, de Ação de Graças.
>> Eu coloquei o link com a foto do carro e do livro que a Stef ganhou no capítulo, caso vocês queiram ver como eles são.

* Sem spoiler do próximo capítulo porque eu ainda não comecei a escrever ele haha.

E aí, o que acharam do capítulo? Espero vocês nos comentários.
Até mais, pessoal! õ/

XOXO

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