Everything's Better With You escrita por Maremaid


Capítulo 33
32- Meu passado vira cinzas, literalmente


Notas iniciais do capítulo

Olá! Nem demorei tanto assim para voltar dessa vez rsrs

Tudo bem com vocês? Eu estou bem!

Só queria dizer que o começo do capítulo tá triste, mas depois vem a parte fofa e engraçada... então não se preocupem muito.

É melhor eu não ficar enrolando muito aqui, então vamos logo ao capítulo!

Boa leitura!



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 Lista de possíveis presentes para dar a um cara que você está saindo, mas ainda não é seu namorado:

 1- Um CD. (Seria legal se eu soubesse o que ele gosta de ouvir além de Beatles)

2- Um perfume. (Mas há dois problemas: Primeiro, ele pode achar que não gosto do que ele já usa, por isso estou dando outro - o que não é verdade; Segundo, ele pode não gostar do perfume em si, o que mostra que eu não tenho bom gosto)

3- Um boné. (Eu realmente nunca o vi usando um. E se eu desse um gorro? Isso eu sei que ele usa)

4- Roupas (Não, ele vai achar que estou fazendo isso porque ele precisa de roupas novas – o que é verdade, já que ele só usa camisa xadrez!)

 P.S.: Eu sei que sou paranoica e botei defeito em tudo, mas eu vou dar um jeito.

 ***

Quando faltava menos de uma semana para o dia dos namorados, Kendall foi me pegar no trabalho. Ele simplesmente apareceu lá, então eu comecei a me preocupar com o motivo da sua visita inesperada.

— Podemos dar uma volta antes de eu te levar para casa? — perguntou, manobrando o carro e o tirando da vaga.

— Sim. Hmm, você não trabalhou hoje? — perguntei. Normalmente ele saia do trabalho bem mais tarde do que eu, por isso ele nunca vinha me pegar. Além disso, ele ia para o mercado sempre de skate, já que era perto. O que significa que ele passou em casa antes.

— Trabalhei, mas saí mais cedo. Hoje não tinha muito movimento — ele respondeu indiferente. Assenti, mesmo sabendo que ele não viu por estar prestando atenção na estrada.

Eu tinha 99% de certeza que o motivo desse “passeio” era o meu caderninho.

— Então, está com fome? Quer comer algo? Talvez um hambúrguer? Ou um sorvete?

— Não estou com fome — menti. Eu estava com fome, sim, mas e eu não queria ter uma ingestão devido ao tanto que eu estava nervosa com a conversa que teríamos em seguida.

— Ok... — ele estranhou. Claro, eu sempre vivia dizendo que estava com fome.

— Então, quer ir a algum lugar especifico?

Nope. Você decide — respondi, com a cabeça encostada no vidro, tentando fingir que estava apreciando a vista.

— Aconteceu alguma coisa? Você está estranha.

Sei que deveria ter fingido por mais um tempinho, mas não consegui. Dei uma risada debochada.

— Ah, eu que estou estranha? — me ajeitei no banco e o encarei. — Você simplesmente sai mais cedo e vem me pegar no trabalho, coisa que nunca fez, depois quer dar uma voltinha e comer?

— Eu não posso simplesmente querer passar um tempo com você durante a semana?

— Você nunca fez isso!

— Nossa, desculpa se eu tenho outras obrigações, como trabalhar, e não posso ficar grudado em você 24 horas por dia — ele disse irônico.

— Ó, coitadinho do Kendall... Ele é muito ocupado! — falei em tom de deboche.  

— Pare com isso! ­— ele se alterou. — Qual é o seu problema hoje?  

— Nenhum! Eu só quero que você pare de me enrolar e fale logo o que quer!

— Mas eu não quero falar nada!

—­ Quer sim! Eu sei! — gritei. Como ele não falou nada eu continuei: — É sobre o caderninho, né?

— Stefanie... ­

— Olha, se você vai terminar comigo, faça isso logo! — o interrompi.

Kendall freou o carro tão de repente que, se eu não tivesse de cinto, teria batido no painel. O motorista que vinha atrás buzinou e disse um palavrão ao passar por nós.

— Você está bem? — Ele tirou o seu cinto e se curvou na minha direção, tocando meu rosto para ver se eu estava bem, mas eu afastei sua mão e encarei as vitrines do outro lado da rua. Ele suspirou e voltou para o seu lugar.

— Você está bloqueando a estrada.

— Ah — ele ligou novamente o carro e andamos mais alguns metros até ele estacionar devidamente na frente de uma papelaria.

Ficamos um tempo sem falar nada. Foi Kendall que quebrou o silêncio:

— Eu não vou terminar com você. Por que você sempre pensa isso? — sua voz estava baixa, ele parecia ofendido por eu ter pensado sobre isso. Não respondi, pois imaginei que poderia começar a chorar. — Fique tranquila, acho mais fácil você terminar comigo do que o contrário.

Ele sorriu e isso me fez sorrir também, por mais que eu estivesse triste.

— Me desculpe — pedi. — É só consigo pensar nisso desde que lhe dei aquele caderninho. Eu deveria ter simplesmente lhe dito tudo.

— Eu entendo porque você não disse nada.  Aquelas listas... Havia muito mais história do que eu poderia imaginar. Eu fiz o que você falou, comecei pelas listas marcadas, mas senti que estava perdendo detalhes importantes. Então decidi ler tudo, desde o começo. Li um pouco por noite, em casa, pois eu não conseguia me concentrar no mercado. — ele fez uma pausa. — Stefanie, eu realmente sinto muito pelo que você passou...

— Você não precisa me pedir desculpas, a culpa não foi sua — o interrompi.  

— Eu sei, mas eu sou xará daquela garota. Fiquei pensando se você se lembrava dela toda vez que falava comigo ou ouvia alguém dizer meu nome. Agora entendo porque você me tratava daquele jeito no começo. Aquele garoto...  — ele bateu com os punhos, com força, no volante.  Levei um susto. ­— Se eu visse esse tal de Will na minha frente agora eu juro que quebraria todos os seus dentes! Como eles puderam fazer isso com você?!

Eu não disse nada, estava ocupada demais tendo um conflito eterno. Lembranças da Califórnia invadiram minha mente, vários momentos que tive com os dois. Memórias felizes na época que agora só me remetiam a dor. Fechei os olhos com força, tentando impedir que as lágrimas caíssem. O motivo não era por estar na frente de Kendall, por medo dele me achar fraca, mas porque eu não queria mais derramar lágrimas por causa de Will e Kendy. Eu já havia chorado muito por causa deles. 

— Stef... — ele ainda estava no seu lugar, respeitando o meu espaço. Sua voz parecia mais distante do que realmente estava.

— E-eu posso te pedir algo? — abri os olhos e olhei para Kendall. Ele assentiu. — Me abrace.

Ele deu um pequeno sorriso e, sem dizer mais nada, me abraçou. Me senti bem em seus braços, como se estivéssemos dentro de uma bolha segura, longe dos problemas.

Eu sei que já disse isso — ele sussurrou, afagando meu cabelo —, mas você pode confiar em mim sempre que precisar. Eu estarei aqui por você.

 Isso foi o suficiente para derrubar o restinho da barreira que ainda permanecia em pé dentro de mim. E então eu chorei. Chorei muito. Chorei por causa de Kendall. Eu não sei o que ele havia visto em mim, mas eu estava muito agradecida por ter vindo para Minnesota e tê-lo conhecido. Kendall era tão bom para mim, tão doce e gentil. Eu não quero que as coisas entre nós mudem nunca.

  Eu sei, obrigada — sussurrei com a voz abafada, com a cabeça afundada no seu peito, ainda em meio a lágrimas.

Ele se distanciou de mim e deu um beijo na minha testa. Ao sorrir, disse:

— Eu sei que não posso prometer que não farei essas coisas, porque não sabemos o dia de amanhã e eu posso simplesmente te machucar sem perceber... Mas eu vou fazer o possível para que você só tenha momentos felizes agora, ao meu lado — ele segurou minhas mãos e as acariciou.

— Isso basta — sorri em resposta e enxuguei o rosto com a palma das mãos. Gostei como ele foi sincero e não tentou me iludir com palavras como “nunca” e “sempre”. — Você está com o caderninho aí?

­— Sim, está no porta-luvas.

— Ótimo. Será que você pode passar rapidinho no mercado? Preciso comprar umas coisas.

— Ok... — ele assentiu, um pouco desconfiado.

***

— Tem certeza? — ele perguntou. Estávamos no alto da montanha. Aquela mesma que passamos o Ano Novo.

Assenti e ergui o braço direito, ele me passou a caixa de fósforos. Risquei um palito e o joguei em cima do caderninho que estava totalmente encharcado de álcool dentro de uma lata.

Kendall me abraçou por trás, suas mãos contornando minha cintura, enquanto víamos as chamas consumindo as folhas de papel.

— Se sente melhor agora?

— Muito melhor. Obrigada.

— Pelo quê?

— Por gostar de mim, por ter vindo aqui comigo... — me virei, ficando de frente para ele. — Por tudo.

— Eu que agradeço por você ter me dado uma chance — ele deu um sorriso enorme, iluminando o seu rosto e o deixando mais bonito do que já era. Sorri de volta, com a mesma intensidade.

Nós nos viramos novamente para o fogo. Fechei os olhos e pedi para que essas memórias virassem apenas cinzas. Que elas fossem levadas pelo vento e não me atormentassem mais.

***

Kendall e eu não tocamos mais no assunto do caderninho depois que saímos de lá. Nem tinha motivo para falar, todas as respostas estavam lá e elas foram respondidas.

Alguns dias se passaram e era finalmente o dia dos namorados. Eu não imaginava que iria comemorar a data este ano, estava decidida a não me envolver com outro cara tão cedo. Eu não tinha ideia que a minha relação com Kendall fosse evoluir de “provocações e brigas” para algo amoroso. Mas eu estava feliz com o rumo que minha vida havia tomado, as coisas em Minnesota estavam bem melhores do que eu pensava que seriam.

Kendall me levou para um encontro, sem me contar onde seria exatamente.

— Para onde estamos indo? — perguntei.

Surpresa — ele riu. — Vamos chegar logo, não é muito longe.

Por que ele sempre insistia em me fazer surpresas? Eu já disse para ele que não gostava, mas como não queria discutir com ele resolvi ficar quieta e apenas deixar ele se divertir com isso.

— Okay...  — encostei a cabeça no vidro do carro e fechei os olhos para ver se o tempo passava mais rápido.

— Chegamos! — Kendall anunciou, me fazendo acordar. É, realmente não demorou muito, deve ser porque eu estava cansada e acabei cochilando.

Saí do carro e olhei para a fachada do prédio a nossa frente: um Laser Tag.

— Gostou?

— Está brincando? Claro que sim! — o abracei. — Obrigada por não me levar em um restaurante.

— De nada — ele riu, ainda sem me soltar. — Eu sei que algo assim é muito mais a sua cara. A nossa, na verdade.

— Concordo totalmente — dei um beijo rápido nele e o soltei, o puxando pelo braço — Vamos entrar logo!

Kendall pagou as estradas, por mais que eu tenha tentado pagar a minha ele não deixou. Então colocamos nossos coletes, pegamos nossas armas e fomos jogar. Não havia muitos casais lá, acho que o pessoal realmente prefere algo mais romântico, o que achei bom. A maioria eram famílias mesmo. Haviam bastantes crianças, correndo por todos os lados, algumas mal davam conta de carregar as suas armas. Era divertido acertar as crianças quando estavam em movimento. Fiz um garotinho chorar quando o acertei e o seu colete apagou. Pedi desculpas e disse que não era nada pessoal, ele saiu correndo procurando pela mãe.

Arrumamos um esconderijo. Precisávamos de uma tática para vencer os adultos, afinal, as crianças eram muito fáceis que nem precisávamos de um plano.

— Você é boa nisso — Kendall me elogiou ­— Já jogou antes?

— Não, só paint ball. Mas é um pouco parecido — disse, espiando por trás da barreira que estávamos, à procura de um alvo. Avistei um homem que parou no meio do caminho, provavelmente procurando algum familiar. Mirei nele. — E você?

— Já, eu e os caras sempre vínhamos aqui com frequência antigamente. Já trouxe uma garota também. — ele respondeu bem na hora que eu disparei o laser, o que me fez errar. O cara saiu rindo. Droga! — A minha irmã.

Bufei de frustação por ter errado.

— Adoro ver você irritadinha — ele riu.

— Você fez isso de propósito — dei um soco no ombro dele com força, o que fez ele soltar um resmungo.

— Desculpe — ele abaixou minha arma até os meus joelhos, pois estávamos agachados atrás da barreira. Ele colocou a mão no meu rosto, me fazendo olhar para ele e me beijou.  

Correspondi ao seu beijo por alguns segundos, mas logo o afastei.

— Você está me desconcentrando! Me ajude a acertar os adultos.

— Poxa, Howard! Estamos em um encontro e eu nem posso te beijar?

— Enquanto estamos jogando? Claro que não! — respondi. — Além disso, você me disse que era competitivo. Por que não está sendo agora?

— Faz tempo que eu não jogo, minha mira não está muito boa — confessou envergonhado. — Por isso estou deixando com você.

— Que ótima dupla você é — ironizei. — Ok, então sirva de isca que eu acerto os alvos.

— Não quero...

— Te recompenso depois. Com beijos.

— Fechado! — ele deu um grande sorriso. Então quer dizer que basta a situação ficar ao seu favor para ele mudar de ideia assim tão rápido? Espertinho. — Onde devo ficar?

Explique a tática para ele e saímos correndo, já que ali não tinha mais ninguém e eu conseguia escutar os tiros sendo disparados na sala ao lado.

— Vamos para a direita, é melhor — sugeri.

— Não, esquerda— ele replicou. — Está silencioso.

— Mas pode ser uma arm... — ele não me esperou terminar e foi para a esquerda. Teimoso!

O segui. Porém, fomos cercados por uma família, eles dispararam em nós dois, fazendo nossos coletes apagarem. ­Kendall se jogou no chão e fez uma cena dramática em seguida:

— Howard, eu consigo ver a luz. Ela é tão branca e bonita, acho que está na minha hora... Não esqueça que sou apaixonado por você. Adeus — ele ergueu a mão direita para o céu, digo, para o teto. Abaixou a mão lentamente em seguida, fechou os olhos e parou de se mover, como se tivesse morrido. 

Idiota — revirei os olhos e o chacoalhei pelos ombros. — Pare de brincar!

Ele abriu os olhos e se levantou.

— Desculpe — ele deu um sorrisinho forçado. Tiramos nossos coletes e o devolvemos no balcão, juntamente com as nossas armas.

Decidimos ir comer. Havia uma lanchonete logo na frente do laser tag, mas estava bem cheia. Conseguimos uma mesa vazia nos fundos da loja. Pedimos panquecas com blueberry* e refrigerantes. Kendall pediu para eu esperar e saiu do estabelecimento, voltou alguns minutos depois, parecia um pouco nervoso. Ele sentou-se novamente, mas agora ao meu lado.

— Então, sei que não estamos namorando ainda, mas eu queria te dar um presente mesmo assim — ele retirou uma caixinha de bombons do casaco e a colocou sobre a mesa, empurrando na minha direção ­— Feliz dia de São Valentim.

— Ah, obrigada —­ respondi, meio sem jeito. Ele realmente me pegou de surpresa, não pelo presente em si, mas pelo momento.

— Prove — ele sugeriu. Peguei um. — É bom?

— Sim.

— Posso provar? — perguntou. Assenti e peguei um para lhe dar na boca, mas ele desviou no último segundo e me roubou um beijo. — É uma delicia mesmo — ele sorriu de lado.

­— Hm, aqui está o pedido dos pombinhos — a garçonete disse. Abaixei a cabeça, sentindo meu rosto corar.  Ela viu o beijo, que vergonha!

Quando acabamos de comer, eu pedi um milk-shake. Kendall disse que não queria nada, mas quando o meu chegou, ele deu um jeito de colocar um canudo – que eu não reparei quando ele pegou – no meu copo, tomando um gole no momento que eu também estava.

— Jura, Kendall?! — revirei os olhos.

— Qual é, Howard! É uma cena clássica.

— É uma cena brega, isso sim.

— Você é uma pessoa difícil de conviver, sabia?

— Ouço muito isso — dei um sorrisinho.

— Ok, pode tomar seu milk-shake tranquilamente, não vou mais tentar tomar — ele colocou as mãos para cima e deslizou no banco, se afastando de mim.

— Não é para tanto — eu deslizei também, indo para perto dele. — Se você quiser um pouco é só pedir.

— Ok, então me dê um gole — ele moveu a cabeça na direção do meu copo. Revirei os olhos, mas deixei ele tomar. Foi um super gole!

— Você deveria ter pedido um então.

— Não, tomar o seu é mais divertido — ele sorriu e tomou mais um pouco.

***

— Então, se divertiu? — ele perguntou quando entramos no carro e botávamos o cinto de segurança.

— Sim, muito — respondi. — Ah!

Peguei a minha bolsa que havia deixado no banco de trás do carro e retirei lá de dentro o presente dele.

— Feliz dia de São Valentim — estendi o pacote para ele.

— Oh, obrigado! — ele parecia surpreso e muito feliz ao mesmo tempo quando pegou seu presente. — Achei que você não me daria nada, confesso.

— Você está me chamando de mão-de-vaca, é isso? — eu ri.

— Claro que não, eu só achei que você não iria querer trocar presentes já que estamos apenas saindo... Por isso não falei com você a respeito disso. Mas resolvi te presentear mesmo assim — ele deu um sorrisinho forçado. — Desculpe.

— Tudo bem — apontei para o presente. — Não vai abrir?

— Ah, claro — ele olhou para o pacote ainda em suas mãos, como se tivesse percebido só agora que ele estava ali e o abriu. — Chocolate? Boa escolha — ele sorriu e me deu um beijo.

Pois é, na dúvida eu resolvi optar pelo bom e velho chocolate, presente típico dessa data. Acabei percebendo que precisava aprender mais sobre Kendall antes de lhe dar outro presente.

Ele colocou o presente no banco de trás e deu partida no carro. Havíamos acabado de entrar na rua onde eu morava quando olhei para o meu celular, ainda eram 11h15 da noite, eu podia chegar até meia-noite. Hoje foi uma exceção, afinal, meu pai e Jill também queriam um momento só para eles.

— Pare, por favor.

— Por quê? — Kendall olhou de relance para mim sem parar o carro, mas diminuiu a velocidade. — Você está se sentindo mal?

— Não, estou bem —­ garanti. Hm, como eu poderia dizer isso sem parecer uma tarada? — É que ainda está cedo, então pensei que poderíamos parar um pouco e... Conversar.

— Oh — ele entendeu onde eu queria chegar. — Claro, só um momento.

Havia poucos carros na rua hoje, provavelmente porque a maioria dos casais devem ter saído para comemorar. Kendall parou na frente de uma casa que estava toda apagada que ficava um pouco antes da minha. Enquanto ele desligava o carro eu já tirei o cinto e coloquei a minha bolsa ao meu lado no banco. Ele tirou o seu cinto rapidamente e curvou-se na minha direção, me beijando em seguida. Tiramos nossos casacos sem parar o beijo. Tentei me aproximar mais dele, mas o câmbio manual atrapalhou. Tentei ignorar, mas ele começou a cutucar a minha barriga e estava doendo.  

— Ai — fiz uma careta. É, realmente assim não estava dando certo.

— Machucou? — ele passou a mão na minha barriga.

— Estou bem — garanti e ele tirou a mão. Pensei um pouco em uma solução. — Já sei. Empurre o seu banco para trás e o incline um pouco.

 — O quê? — ele parecia perdido.

— Só faça isso.

Ele assentiu e fez o que eu pedi. Passei por cima do painel entre os bancos, com a cabeça abaixada para não bater na capota.

— Mas o que... — Kendall começou a falar, mas se interrompeu quando pousei no seu colo. — Oh, caramba.

— Bem melhor agora — ajeitei minhas pernas, um de cada lado da sua e passei os braços pelo seu pescoço.

— O que você está fazendo?  — ele forçou um sorriso, mas parecia muito tenso com a situação.

— É a sua recompensa, por mais que você não mereça já que fomos eliminados do jogo por sua causa — fiz biquinho e me remexi, propositalmente, em seu colo o que fez Kendall soltar um gemido involuntário.

— Se eu não tivesse tomado um pouco do seu milk-shake eu iria achar que tinham botado alguma droga nele.

Tive que rir.

— E você acha que eu preciso estar sob efeito de alguma coisa para fazer algo assim? Tsc, tsc, você realmente não me conhece, Kendall Knight.

— Por que você está me torturando desse jeito? — ele suspirou. — Estamos em um carro, em um local público.

— A rua está deserta, deixa de ser medroso, Kendall — distribui beijos por seu pescoço e sussurrei no seu ouvido: — Relaxa.

Aquilo parece ter feito Kendall mudar de ideia. Ele passou os braços pela minha cintura, me puxando mais para perto de si e me beijou com intensidade. Sorri entre o beijo, feliz por ter atingido meu objetivo. Nos beijamos por um bom tempo.  Estava indo tudo bem, até eu tirar minhas mãos em volta do seu pescoço e abaixar, indo em direção a barra do seu suéter, o levantando um pouco para poder tocar sua barriga. Isso fez com que Kendall levasse um susto e ele parou de me beijar, afrouxou as mãos em volta da minha cintura, mas não me soltou.

— O que foi? Minha mão está gelada? — perguntei, levando a mão até o rosto e tocando a bochecha. Não pareciam, mas minhas bochechas estavam quentes, então... 

— Um pouco, mas não é isso... — ele olhou para todos os lados, menos para mim. Parecia um pouco constrangido com a sua situação.

— Então o que é? — perguntei, sem fazer ideia do motivo da sua preocupação.

— Howard, eu sou homem. Eu tenho... Necessidades. Porém tenho um auto-controle bem grande e também posso me aliviar de outras formas. Mas não me provoque desse jeito se você quiser que eu mantenha isso. Então... Vamos com calma — ele disse essa última parte com um tom triste.

— Ir com calma? Sério? — bufei.

— Foi você mesmo que me disse isso, lembra?

— Eu disse isso quando começamos a sair. Agora é diferente.

— É? — ele ainda parecia incerto.

— Sim — confirmei. — Eu não queria me envolver de forma séria com outra cara depois de tudo que aconteceu... Eu só estava tentando me proteger para não me decepcionar novamente. 

— Eu já te disse que farei o possível para que isso não aconteça...

— Eu sei, eu sei... E é por isso que agora eu quero fazer as coisas certas. Com você. Além disso, acho que já te fiz esperar por muito tempo.

— Me fez esperar? Ah, você está querendo dizer o que eu estou pensando? — ele deu um sorriso malicioso.

— Kendall! Não seja indecente— fechei o punho e dei um soquinho de leve no ombro dele. Ele apenas deu um sorrisinho, como se pedisse desculpas. — Quis dizer que... Vamos deixar as coisas aconteceram naturalmente a partir de agora, certo?

— Certo — ele sorriu, parecendo mais aliviado agora e apertou minha cintura, me beijando em seguida.

Não falamos mais nada, apenas aproveitamos o momento. Não tiramos a roupa, estava frio demais pra isso e o carro de Kendall estava com o aquecedor quebrado. Trocamos apenas beijos e toques por cima e por baixo de nossas blusas. Ele não me interrompeu quando botei a mão dentro do seu suéter dessa vez e toquei sua barriga, eu também não o impedi de passar os dedos pelas minhas costas e tocar meu sutiã. Mas não passamos disso. Eu também não queria que nossa primeira vez juntos fosse dentro de um carro, apreciaria um lugar mais... Espaçoso e sem a chance de sermos flagrado por alguém.

Eu não queria ser a primeira a ceder, mas comecei a ficar com câimbras nas pernas, então acabei voltando para o meu banco.

— Talvez devêssemos testar o banco de trás da próxima vez — eu disse.

— Ou talvez podemos simplesmente procurar outro lugar que não seja um carro... — ele me olhou pelo canto do olho para ver minha reação, mas aposto que não esperava pelo meu pequeno sorriso.

— É, talvez.

Antes que Kendall pudesse falar alguma coisa, uma luz invadiu o carro quando outro passou bem ao nosso lado pela estrada e parou em frente a minha casa.

— Estranho... Não conheço aquele carro.

— Oh, é do James — Kendall disse.

Me inclinei para frente para ver melhor. Então, vi um cara sair do carro e dar a volta para abrir a porta do carona, no qual uma garota saiu. Devia ser eles, era difícil de ver de tão longe.

 — Não consigo enxergar direito daqui.

— Tem um binóculo no porta-luvas — Kendall disse. Olhei para ele surpresa. — Não me pergunte o porquê.

— Ok... — abri o porta-luvas e peguei o binóculo. Uau! Parecia que eles estavam bem na minha frente. Era estranho e empolgante ao mesmo tempo espiar alguém assim.

— Sabe — Kendall disse de repente, tirei a atenção da lente por um momento e olhei para ele —, essa foi a primeira vez que vi o James tão nervoso e contando os dias para um encontro. Ele realmente gosta dela. 

James não foi o único. Avery ficou o fim de semana todo esperando ele entrar em contato com ela, mas isso não aconteceu. Como ela não é nada exagerada, já estava achando que ele tinha mudado de ideia, mas eu disse que ele deveria ter tido algum motivo. E realmente teve. Quando chegamos à escola na segunda-feira, James estava no estacionamento nos esperando. Kacey e eu não falamos nada, apenas saímos e deixamos eles sozinhos. Eles nem reparam mesmo em nós, estavam muito entretidos sorrindo um para o outro. Depois, Avery mandou vários áudios no nosso grupo de conversa toda feliz dizendo que ele havia lhe chamado para sair. E passou o resto da semana apreensiva esperando chegar o dia do encontro.

— Sério? — perguntei, ele assentiu. Sorri ao ouvir isso. — E garanto que o sentimento é reciproco.

Voltei a atenção para os dois. Eles formavam um belo casal, eu precisava admitir isso.

Avery estava sorrindo de uma forma que eu nunca tinha visto antes e batia a ponta do pé direito no chão, como se estivesse sem jeito. James estava com as duas mãos nas costas e falava olhando diretamente para ela. É uma pena que eu não entendesse linguagem labial, estava realmente curiosa para saber sobre o que esses dois estavam falando, mas então lembrei que Avery me contaria tudo de depois, mesmo se eu não pedisse.

De repente, James deu um passo para frente e colocou as mãos no rosto dela. Ele se inclinou na direção dela e Avery apoiou suas mãos nos braços dele enquanto ficava na ponta dos pés e fechava os olhos. Então, eles se beijaram.

Tive que botar a mão na boca para não dar um grito. Me senti vendo um cena de uma série onde o casal que eu shippo finalmente se beija depois de vários episódios.

Parece que Kendall leu meus pensamentos, porque disse:

— Parece que o episódio de hoje da novela “James & Avery” foi bem sucedido, não é mesmo?

Deixei escapar uma risada e assenti.

Eles se beijaram mais uma vez e Avery deu tchau e foi para casa, James esperou ela entrar e depois foi embora, na direção oposta de onde estávamos. Resolvi esperar alguns minutos antes de entrar, para que ela não desconfiasse que eu vi a cena.. Isso a deixaria constrangida.

— Melhor eu entrar agora — peguei meu casaco, que estava caído na frente do banco de trás, e a minha bolsa apressadamente.

— Você está curiosa para saber como foi o encontro deles, não é mesmo?

— Um pouquinho...

— Ok — Kendall riu, e ligou o carro, andando alguns metros até parar na frente da minha casa. Foi então que olhei para o som do carro e percebi que já era 00:06.

— Droga, eu estou atrasada! Tchau! — saí de maneira afobada do carro e contornei o carro.

— Ei! — Kendall gritou. Ele abaixou a janela e eu parei ao seu lado, me inclinando para poder vê-lo melhor.

— O que foi? — perguntei, colocando o cabelo para trás da orelha que insistia em cair nos meus olhos.

— Você não está se esquecendo de nada?

— Hmm... — coloquei a mão no bolso do casaco, meu celular estava ali. — Acho que não. Fale logo, preciso entrar!

— Se o seu pai brigar com você eu me responsabilizo por isso, não se preocupe — então ele se inclinou um pouco para fora do carro e segurou meu rosto com as duas mãos, exatamente como James fez com Avery alguns minutos atrás, e me beijou. — Boa noite.

— Ah! — sorri para ele, de maneira constrangida. — Boa noite.

— Pode ir gora.

— Ok — sai andando de costas e acenei para ele. — Tchau!

— Cuidado para não cair, Howard! — ele acenou de volta. — Olhe para frente.

Assenti e me virei. Dei uma última olhada quando cheguei à porta. Ele fez sinal para que eu entrasse. Girei a chave na maçaneta e acenei para ele novamente antes de entrar.  

Tirei o sapato e andei devagar para não fazer barulho. Quando eu coloquei a mão no corrimão da escada, a luz da cozinha se acendeu. Me virei e a figura de Avery estava bem ali na minha frente.

— Caramba, garota! Você quer me matar? — coloquei a mão no peito, meu coração estava muito acelerado.  

— Parece que você realmente quer morrer. Você sabe que horas são?

— Sei. Você não vai me dedurar para o meu pai, né?

— Claro que não — ela revirou os olhos. — E eles ainda nem chegaram.

Meu pai e Jill também haviam saído para comemorar a data. Parece que iam jantar num restaurante novo que abriu na cidade.

— Eles nos fazem chegar em casa antes da meia-noite para não virar abóbora, mas eles podem chegar tarde? — dei uma gargalhada.

— Eles são adultos, Stef. Sem falar que mereciam um tempo só para eles. Não deve ser fácil viver com duas adolescentes.

— É, verdade — respondi. — Então, como foi o seu encontro com o James?

— Foi incrível! — ela deu um largo sorriso e engatou o seu braço no meu. — Você quer dormir no meu quarto hoje? Aí posso te contar tudinho!

Em outros casos, eu com certeza recusaria o convite. Eu preferia dormir no meu quarto, na minha cama confortável. Mas estava realmente bem curiosa sobre o encontro deles.

— Ok, vamos — sorri para ela. Avery soltou um gritinho de felicidade e me puxou pela escada.

É, parece que eu não iria dormir nada esta noite.  

 


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Notas finais do capítulo

>> Blueberry: Frutinha doce que é conhecida no Brasil como Mirtilo.
>> Dia de São Valentim: comemorado nos EUA, e em outros países, no dia 14 de fevereiro. Corresponde ao nosso dia dos Namorados.

E aí, o que acharam? O capítulo acabou ficando maior do que eu previa, mas espero que vocês achem isso um bom sinal hauahua.

*SPOILER ALERT* No próximo capítulo, Stef está de aniversário, mas ela receberá um presente um tanto quanto inesperado.

Ok, era isso. Espero a opinião de vocês nos comentários ;)

Até mais, pessoal! õ/

XOXO

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