Everything's Better With You escrita por Maremaid


Capítulo 12
11 - Gatos pretos não dão azar, mas os loiros...


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Tudo bem com vocês?

Sentiram minha falta? Espero que sim haha.
Então, o capítulo já estava pronto faz uns três dias, mas o Nyah acabou entrando em manutenção (e acabou demorando um pouquinho mais do que todos previam). Eu estava só esperando ele voltar para poder postar para vocês.

Para refrescar a memória:
* Neste capítulo, teremos a festa de Halloween (Sim, estamos em setembro, mas na fic já é final de outubro).
* Tem dois personagens novos (Eu tinha dito antes que era um só. #Abafa)
* E muito mais!

Ok, espero que vocês gostem.
Boa leitura! Nos vemos nas notas finais ;)

P.S.: O maior capítulo da fic até agora! *o*



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Prós e contras do Halloween

PRÓS:

1- Eu adoro o Halloween. É o meu segundo evento favorito, depois do Natal.

2- Quando eu era criança, adorava me fantasiar e pedir doces. Era legal poder ser qualquer outra pessoa, pelo menos uma vez no ano.

3- Os doces. Com certeza, eles são a melhor parte.

4- Adoro decorar as abóboras. Eu realmente tenho um talento para isso.

5- Quando eu fiz treze anos parei de ir pedir doces. Então eu e Savannah ficávamos em casa distribuindo às crianças que iam pedir. Sempre fazíamos uma espécie de concurso para eleger a melhor e pior fantasia da noite. Era muito divertido.

CONTRAS:

1- Crianças endiabradas que jogam papel higiênico na sua casa. Qual é, a culpa não foi minha que os doces haviam acabado!

2- Pessoas avarentas que só dão doces ruins. Normalmente são idosos solteirões que detestam crianças. Ô vovô, a culpa não é minha que você é tão chato, mais tão chato que nenhuma mulher te quis!

3- Eu fui convidada para uma festa de Halloween este ano. Ela é organizada pelos times feminino e masculino de Hóquei da escola. Então, adivinhem quem estará lá? Se você pensou em Kendall Knight, acertou.

***

Avery havia decidido que iria me ajudar a me arrumar para a festa de Halloween que teria esta noite. Ela não me perguntou, simplesmente informou isso. Eu não a contrariei porque sabia que ela iria continuar me incomodando até eu ceder. Acabamos tendo uma pequena discursão enquanto isso. Primeiro: ela queria que eu usasse um batom vermelho, mas eu me recusei. No final, ela acabou aceitando que eu passasse apenas um gloss labial. Segundo: ela insistiu que eu deveria usar uma meia branca ¾ com sapato alto, quando o correto para a fantasia seria uma meia-calça branca com um sapatinho preto sem salto. Acabei perdendo essa, pois achei que havia ficado legal do jeito que ela falou. Com o cabelo não tivemos nenhum problema, eu apenas alisei e coloquei uma tiara preta, como pedia a fantasia. Bem, acho que fiquei uma boa Alice no fim das contas. Felizmente, Avery não invocou com a minha fantasia. Pelo contrário, ela adorou a minha escolha, disse que era a minha cara.

Kacey não iria conosco para a festa, pois tinha que levar a sua irmãzinha Wendy, de sete anos, para pedir doces primeiro. Mas ela disse que nos encontraria lá mais tarde.

— Stef! Anda logo! — Avery reclamou, impaciente, enquanto ajeitava sua capa de Chapéuzinho Vermelho que nem estava fora do lugar.

— Já vou! — respondi, enquanto me segurava no corrimão da escada e descia devagar. — Não é fácil andar com esses saltos.

— Claro que é fácil — ela colocou as mãos na cintura. — Você só não sabe andar porque está sempre de Coturno ou All Star.

— Deve ser porque eles são mais confortáveis e não cansam — finalmente cheguei ao primeiro andar. — Não sei por que você está com tanta pressa, o Hunter nem chegou ainda.

— Eu não gosto de deixar os outros esperando por mim — deu de ombros e dirigiu-se até o sofá.

Do jeito que a Avery era “patricinha”, era até estranho ouvir essas palavras saindo de sua boca. Mas a questão era que Avery, realmente, nunca se atrasava. Tanto que ela acordava uma hora antes de mim só para se arrumar. Já eu preferia ter uma hora de sono a mais, afinal, escola é para estudar, não uma competição para saber quem anda mais bem vestida.

Fui até a mesinha que tinha ao lado da porta de entrada, onde havia um pote em formato de abóbora com vários doces, e escolhi um Kit Kat.

— Deixe um pouco para as crianças! — Jill tentou ralhar comigo, mas acabou rindo. Ela não conseguia bancar a brava.

— Desculpe, não resisti — ri de volta. Olhei na direção de Avery que estava sentada no sofá, analisando as suas unhas. — Quer um?

— Não, obrigada. Chocolate dá espinhas.

— Ok. Sobra mais para mim — respondi. Jill pigarreou. — Quer dizer, para as crianças.

— Pois é, não queremos que aquele incidente aconteça de novo. Não é, filha? — meu pai saiu da cozinha, com o seu traje todo branco e trazendo seu jaleco debaixo do braço e a maleta na mão. Eu nem havia escutado a porta dos fundos bater.

— Que incidente? — Avery perguntou curiosa, girando o corpo no sofá para nos ver melhor.

Meu pai olhou para mim com aquela cara de “eu conto ou você conta?”. Fiz sinal com a mão para que ele fosse em frente.

— Uma vez, quando a Stefanie era bem pequena — meu pai começou, todo animado. —, ela pegou o pote de doces, sem percebermos, e se escondeu debaixo da mesa da cozinha. Ela comeu tudo.

Avery riu tanto que chegou a colocar a mão na barriga.

— Tivemos que levá-la no hospital na mesma noite, pois ela começou a passar mal. Ela tinha quatro anos — ele, finalmente, finalizou.

Ótimo, além de me constranger contando os detalhes desta história, ainda erra a minha idade. Eu tinha três anos.

Jill devia ter percebido como eu estava incomodada com isso, pois colocou a mão no meu ombro e me lançou um olhar solidário. Forcei um sorriso em resposta.

Graças aos céus, alguém buzinou no lado de fora.

— Ah, deve ser o Hun! — Avery levantou do sofá e veio em direção à porta.

— Pois é, não queremos deixá-lo esperando! — fingi uma cara de desapontamento, como se não quisesse ir embora. Mas logo me virei e peguei o meu casaco no cabideiro que ficava na entrada com um sorrisinho de satisfação no rosto.

— Divirtam-se, meninas — Jill se despediu de nós com um abraço.

— Não esqueçam que o toque de recolher hoje é meia-noite, aproveitem que eu estou bonzinho — meu pai sorriu, dando um beijo em cada uma. Bonzinho? Há! — Ah! Juízo.

Por que os pais gostam tanto de falar essa palavrinha? Eu sou uma garota ajuizada. Pode não parecer, mas sou.

— Pode deixar — Avery riu, já abrindo a porta. — Quanto a vocês dois, se comportem.

— Vamos apenas entregar doces às crianças — Jill corou, constrangida.

Passando o braço pelos ombros da mulher, meu pai acrescentou:

— Acho que soubemos nos comportar. Já somos bem grandinhos.

— Tudo bem — Avery deu uma piscadinha. — Tchauzinho!

— Tchau! — responderam.

Assim que passamos pela porta, avistamos Hunter encostado no seu carro, nos esperando. Ele estava fantasiado de bombeiro.

— Onde é o incêndio? ­— Avery perguntou, com um sorrisinho torto no rosto.

— Daqui há alguns quilômetros — respondeu —, fiquei sabendo de uma festa de Halloween que vai incendiar!

Revirei os olhos. Péssimos trocadilhos.

— Vamos logo — resmunguei. Nem esperei Hunter bancar o cavalheiro e abrir a porta, e já entrei na parte de trás do carro.

***

A festa de Halloween já era uma tradição por aqui.

Todo ano, sem falta, os times de Hóquei da Masterson High School organizavam uma festa. Ele era o único evento que contava com dois comitês: o time feminino e o masculino. A festa de boas vindas ao ano letivo era organizada apenas pelo time masculino de futebol americano. E o time de vôlei era encarregado de fazer uma festa no Natal. Sobre isso, ainda não começamos a nos organizar, então não sei como será.

Normalmente, eles alugavam um salão de festas para o evento, pois dava muita gente, praticamente a escola toda ia. Mas, este ano, acabou ocorrendo um imprevisto de uma última hora: o salão que eles contrataram teve problemas com uma infestação de insetos. Eles quase cancelaram a festa, pois não conseguiam arranjar outro lugar que estava disponível tão em cima da hora. Por sorte, a família Crawford — que eu não conhecia, mas sabia que era parente de um dos jogadores —, disponibilizou gentilmente a sua casa para o evento.

Assim que Maddie me contou isso na escola, achei que não ia dar certo. Afinal, se eles sempre faziam em um salão para poder recepcionar a escola inteira, como uma simples casa daria conta? Tive a minha resposta assim que Hunter entrou em uma parte da cidade que eu ainda desconhecia. Vamos dizer que essa era a parte nobre de Shakopee, que eu nem imaginava que pudesse existir. As casas eram maiores, mais elegantes. Os jardins eram muito bem cuidados.

Passamos direto por uma casa onde haviam adolescentes fantasiados entrando. A rua estava tão cheia de carros que Hunter custou até achar uma vaga.

Todas as casas da rua estavam muito bem decoradas. Se há uma coisa que todos os americanos compartilham é o amor por enfeitar sua casa. É por isso que todo mundo ama Natal e Halloween. Claro, sempre tem aquela família competitiva que exagera na decoração só para dizer ao vizinho: “Ei, olha só! A minha casa é muito melhor do que a sua”. Mas, quem não gosta de uma pequena competição entre vizinhos, não é? Isso já faz parte do nosso DNA.

A casa dos Crawford estava decorada com várias abóboras que iam até a escada de entrada, imagens de fantasmas nas janelas, lápides e zumbis no gramado. Na varanda, havia um esqueleto sentado em uma cadeira de balanço com uma placa na mão esquerda escrita: “Bem vindos ao Hockeyween!” e um gato preto ao seu lado no chão. Como se já não bastasse o time de Hóquei organizar a festa de Halloween, eles ainda queriam mudar o nome do evento, só para todo mundo não esquecer que foram eles que organizaram.

Assim que eu botei o pé dentro da casa, um flash me cegou temporariamente. Eu estava preparada para xingar o ser humano que havia ousado tirar uma foto minha sem a minha permissão, e ainda por cima, assim de surpresa.

— Ah! Você veio!

Ela tirou a câmera da frente do rosto e pude ver aquela pequena criatura de vestido, sapatos vermelhos e duas trancinhas nos cabelos cor-de-fogo sorrindo para mim.

Não sei se já disse antes, mas Maddie era baixinha. Tipo, muito mesmo. Ela deveria ter um pouco mais de 1,50cm. E hoje, usando essa fantasia de Dorothy, poderia ser facilmente confundida com uma criança pedindo doces.

— Oi, Maddie. É assim que as pessoas dizem “sejam bem vindos” por aqui? Quase as cegando?

— Desculpe — ela riu. — É que eu adoro o Hockeyween e acabo me empolgando um pouquinho.

Só um pouquinho?

— Hm, ok. E aí, cadê o seu fiel escudeiro?

— Gabe foi pegar o ponche — respondeu. — Ah, adorei a sua fantasia! Quem diria que um dia eu veria você assim, tão... Fofa.

— Obrigada, mas é tudo culpa da Avery. Ela inventou de me maquiar, alisar meu cabelo e me emprestou estes sapatos. Por mim eu teria vindo bem mais simples — expliquei. — Por falar nisso, adorei a sua fantasia também.

— Obrigada — ela agradeceu cordialmente, segurando a saia do vestido e dobrou um pouco os joelhos.

Logo em seguida, Carlos apareceu vestido de policial.

— Olá, meninas — ele tirou os óculos estilo aviador e lançou aquele sorriso galanteador dele.

— Oi — respondemos.

— Desculpem, mas eu vou ter que multar vocês — Carlos informou, retirando um bloquinho e uma caneta do bolso. Ele olhou sério para nós. — Por excesso de beleza.

Dei uma gargalhada. Maddie corou e soltou um risinho nervoso. Acho que ela não estava muito acostumada a receber elogios.

— Gostei da sua fantasia — disse. Sua farda tinha até uma plaquinha com “Oficial Garcia” bordada. Provavelmente era um uniforme antigo do seu pai, já que ele era policial.

— Obrigado — ele agradeceu, ajeitando a farda . — Gostei da fantasia de vocês também. Mas os seus sapatos não deveriam ser prateados? — ele perguntou, apontando para os pés de Maddie.

— Ah, é que no filme eles são vermelhos, mas no livro são prateados — explicou. — Então ambos estão corretos.

Carlos assentiu.

— Você está bem informado, hein? — disse.

— Bem, eu tive que ler “O mágico de Oz” na aula de Literatura há alguns anos atrás — ele coçou a nuca, parecendo constrangido por falar sobre livros. — Eu preciso encontrar os caras. Até mais, meninas.

Acenamos para ele. Gabe chegou bem na hora que Carlos estava saindo e eles se cumprimentaram com um aceno de cabeça. Ele seguiu Carlos com o olhar até ele sumir de vista, parecendo um pouco desconfiado. Depois se virou para nós com um sorriso no rosto.

— Aqui está! — ele entregou um copo para Maddie. — Oi, Stef.

— Oi, Gabe. Cadê o meu ponche? — coloquei as mãos na cintura e fiz biquinho, fingindo estar chateada.

— Desculpe, não sabia que você estava aqui. Mas eu posso ir lá pegar outro... — ele fez menção em sair.

— Não precisa, estava brincando.

— Ah, ok — respondeu. Ele olhou para mim de cima a baixo, me analisando. — Quase não te reconheci. Nunca te vi de vestido antes.

Deve ser porque eu não uso, pensei.

— Bem, posso dizer o mesmo de você, sr. Robin Hood — respondi, apontado para a sua fantasia.

— O Halloween serve para isso, não é mesmo? — questionou. Apenas concordei.

— Chega de falação! Eu quero aproveitar o meu dia de folga! Sem crianças para cuidar! — Maddie jogou as mãos para cima. — Vamos dançar!

— E as fotos? — Gabe perguntou.

— Esquece isso! Vamos! — ela nos pegou cada por uma mão e começou a andar. Só tive tempo de jogar o meu casaco, que estava na minha outra mão, em um sofá que havia virado uma espécie de “cabideiro” por todos na festa.

— Viva o Hockeyween! — alguém gritou no meio da multidão.

Viva! — uma galera respondeu.

Definitivamente esse povo de Minnesota adorava uma festa. Viva o Halloween, então. Quer dizer... Hockeyween.

***

Paramos de dançar depois de várias músicas. Meus pés estavam me matando, eu queria muito tirar estes sapatos infernais dos pés, mas tive que me controlar.

— Finalmente! — me sentei no primeiro sofá disponível que encontrei a minha frente.

— Eu não fui feito para dançar — Gabe resmungou se jogando ao meu lado. Seu cabelo estava até encharcado de suor.

— Como vocês são moles! — Maddie riu. Ela se sentou no tapete com os pés cruzados, tipo indiozinho.

— Você tem energia sobrando. Enquanto nós temos faltando — respondi.

— Sim — Gabe concordou. — Nunca vamos conseguir acompanhar seu ritmo.

— Apenas tentem, por mim — ela juntou as mãos em súplica. — Por favorzinho!

— Sinto muito — informei. — Não vai rolar.

— A única que conseguia te acompanhar era a Ray — Gabe riu, mas Maddie olhou séria para o amigo. Ele levou alguns segundos para entender o que ela queria dizer, seja lá o que fosse.

— Quem é Ray? — perguntei. Eu nunca tinha ouvido eles falando dessa garota antes.

— Hm... — Gabe alternava seu olhar entre eu e Maddie, sem saber o que falar.

— Uma amiga nossa que se mudou ­ — Maddie respondeu, dando de ombros, como se não fosse nada de importante.

— É, isso! — Gabe concordou.

— Ok... — respondi.

Pode ser apenas minha impressão, mas acho que eles não quiseram me contar algo. E aposto que tem algo a ver com essa tal de Ray.

— Bem — Maddie se levantou rapidamente —, quero bater mais algumas fotos. Vamos!

— Mas eu acabei de sentar! — reclamei.

— Deixa de ser preguiçosa — Maddie puxou o meu braço. Gabe me olhou como se quisesse dizer: “Faça o que ela está falando, por favor” e se levantou. Revirei os olhos e acabei cedendo.

Seguimos Maddie pela casa, desviando dos grupinhos que estavam conversando parados em algum lugar. A cada passo, era um clique feito por ela. Maddie adorava bater fotos, ela dizia que se sentia muito bem registrando momentos da vida das pessoas. As melhores fotos iriam parar na matéria especial sobre a festa no jornal da escola.

Em certo momento, acabamos perdendo ela de vista. Eu e Gabe resolvemos ir comer, mas só tinha salgadinho na mesa. Muitos sacos de salgadinhos, de todos os tamanhos e sabores. Por que só tem isso para comer em festas? Meu estômago não se contentava com esses saquinhos que tem mais vento do que “alimento” dentro!

Minhas preces foram atendidas quando uma garota vestida de Wandinha Addams apareceu com uma bandeja de mini pizzas e nos ofereceu.

— Obrigada — agradeci, já pegando duas. O que foi? Estou com fome.

— Obrigado, Hazel — Gabe pegou só uma.

— De nada — os olhos esverdeados da garota brilharam e ela deu um pequeno sorriso. Colocou a bandeja sobre a mesa e voltou para a cozinha.

Hmmmm — cutuquei as costelas de Gabe com o cotovelo. — Quem é ela?

— A Hazel — ele respondeu como se fosse óbvio. — Você não me ouviu falando o nome dela?

Bati com a mão na testa e respirei fundo. Santa lerdeza!

— Ouvi. É que achei vocês um pouco... — pensei em uma palavra adequada. — Próximos.

— Entendi. É que já fizemos algumas matérias juntos. Sem falar que Hazel também está no time de Hóquei, então eu tenho um pouco de amizade com ela por causa da Maddie.

— Aham.

Quando vi a garota, pensei que não a conhecia, mas foi só o Gabe falar que ela estava no time que acabei me lembrando dela. Eu havia ido a alguns treinos de Hóquei feminino depois de Maddie tanto pedir. Lembro-me de ver uma garota baixinha, apenas um pouco maior que Maddie, com umas mechas cor-de-rosa nos cabelos castanhos. Não a reconheci esta noite por causa de sua fantasia, principalmente por ela estar usando uma peruca.

— Ela é bem bonita — comentei, ele concordou. — E acho que ela é a fim de você...

— Quê?! — ele riu, mordiscando sua mini pizza — Você está vendo coisas.

— Não estou. Na minha opinião, você não percebeu isso porque está um pouco cego... — disse, olhando com atenção para ele. — Cego de amores por uma certa garota de cabelos avermelhados.

Gabe quase se engasgou e olhou para mim com os olhos arregalados.

— Eu não sei do que você está falando... — desconversou, depois de se recompor.

— Não tente bancar o lerdo agora porque eu sei muito bem que você me entendeu.

— Ok, ok — ele jogou as mãos para cima em sinal de rendição. — Admito. Tenho uma quedinha pela Maddie.

— Quedinha? — eu ri. — Isso é praticamente um abismo!

— Está tão na cara assim?

— Sim, tanto que eu comecei a desconfiar disso no dia que nos conhecemos. Às vezes você faz umas caretas de ciúmes que chega a me assustar.

— Sério? Eu faço? — perguntou confuso.

— É, você faz — balancei a cabeça. — Por que você não conta para ela logo?

— Eu não tenho coragem... — confessou, encarando o chão.

— Eu te ajudo, se você quiser — me ofereci. Eu adoraria ver esses dois juntos.

— Hm... — ele pareceu pensar na ideia, mas logo depois mudou totalmente de expressão. — Preciso ir ao banheiro. Já volto.

— Mas, Gabe... — comecei a falar, mas ele saiu praticamente correndo da minha frente.

Garotos.

Que ótimo, agora eu fiquei sozinha. Cercada de pessoas conhecidas, porém que eu não tinha amizade suficiente para manter uma conversa. O máximo que eu poderia dizer era “Festa legal, né?”, mas tinha quase certeza que eles iriam concordar positivamente e voltariam a me ignorar. Pessoas em festas são iguais em todos os lugares.

Resolvi sentar no sofá, pois os meus pés estavam começando a doer novamente. Fechei os olhos e fiquei absorvendo os barulhos à minha volta.

— Ei, Howard.

Pronto, chegou quem não devia! Bem que eu estava achando esta festa boa demais para ser verdade.

Abri os olhos e me deparei com Kendall em trajes de pirata. Só faltou mesmo o papagaio no ombro para completar. Tentei me segurar, mas não consegui e acabei rindo.

— O que foi? — ele perguntou confuso, tirando o tapa-olho para ver melhor.

— Cadê o tesouro perdido?

Ele revirou os olhos, parecendo não crer nas palavras que havia ouvido.

— Admita, você adoraria velejar comigo — se gabou.

— O único pirata que eu velejaria seria o Jack Sparrow que, felizmente, não é você.

— Mas eu posso ser ele, se você quiser — ele deu uma piscadinha. Foi a minha vez de revirar os olhos.

— Não, valeu — forcei um sorrisinho. Quando eu estava prestes a arrumar uma desculpa qualquer para ir embora, dois garotos pararam ao lado de Kendall.

— E aí, gata — reconheci James apenas por sua voz, porque ele estava irreconhecível naquela fantasia de... Hm, que super-herói tem um uniforme roxo?

— Oi, meninos. James, você está fantasiado de quê?

— Eu sou... — ele colocou as mãos na cintura e fez aquela típica pose de herói. — O Homem Bandana!

— Nunca ouvi falar nele — respondi.

— Claro que não, foi o James que inventou — Logan revirou os olhos, arrumando o chapéu de Cowboy na cabeça.

— Ah — foi tudo que eu respondi. Resolvi mudar de assunto. — Então, cadê o Carlos?

— Provavelmente usando a cantada, que eu ensinei a ele, em todas as garotas da festa — James bufou.

— Da multa por excesso de beleza? — ri, eles concordaram. — Ele usou comigo e com a Maddie.

Kendall arregalou os olhos, como se eu tivesse dito algo absurdo.

Como assim ele cantou você? — perguntou, com o tom de voz um pouco alterada. Logan pigarreou ao seu lado. — Quer dizer, você são amigos.

— Ele só estava brincando — disse.

Os três ficaram em silêncio por alguns segundos, apenas se entreolhando como se estivessem tendo uma conversa mentalmente. Às vezes eu gostaria de saber o que passava na cabeça dos garotos. Achei que aquele seria o melhor momento para sair. Então, levantei-me do sofá e passei a mão no vestido para desamassar.

— Com licença, meninos.

— Tchau, Stef — James e Logan disseram juntos. Até parece que tinham combinado.

— Cuidado para não cair em nenhum buraco — Kendall riu quando eu passei por ele.

Referência a minha fantasia — ri sem humor e revirei os olhos. — Muito engraçado.

Saí antes que ele falasse mais alguma besteira. Procurei por Maddie e Gabe, mas não os encontrei. Então resolvi andar um pouco pela casa para conhecê-la. Péssima ideia.

Não por causa da casa em si, pelo contrário, ela era linda e maravilhosa. O problema eram esses malditos sapatos! Eu já me achava um pouco alta, com meus 1,68cm, mas depois de colocar esse sapato de salto alto de 10 cm, estava me sentindo uma gigante. Eu estava bem mais alta que Gabe, que era normalmente só dois centímetros maior que eu. E Maddie ficava quase uma anã ao meu lado. Mas a questão era que eu não estava acostumada a usá-los.

Eu andei apenas por alguns minutos e já havia me cansado. Parei em uma das mesas onde estavam as bebidas. Fiquei analisando-as para saber qual delas eu iria escolher. Acabei optando pelo ponche. Quando eu iria colocá-lo no copo, uma voz atrás de mim aconselhou:

— Se eu fosse você, não beberia isso. Eu vi alguns caras a batizando mais cedo.

Me virei a fim de ver quem estava falando comigo. Acabei me deparando com um garoto fantasiado de vampiro que eu não conhecia. Hm, bonitinho...

— Ah, obrigada — respondi, largando a concha. — Isso deve ser coisa dos jogadores de futebol americano. Aqueles idiotas.

Ele riu, balançando a cabeça. Ops! Acho que não deveria ter falado isso.

— Oh! Você está no time, não é? Me desculpe, eu não quis generalizar, mas...

— Calma — ele me interrompeu, ainda rindo. — Não estou no time. Na verdade, não curto esportes que são violentos.

Bem, isso significa que ele também não estava no time de Hóquei. Ótimo.

— Também não — respondi, um pouco mais aliviada.

— Parece que temos algo em comum — ele sorriu, mostrando as presas falsas. Em seguida, estendeu a mão para mim. — A propósito, sou Nick.

— Stefanie — apertei sua mão.

— Bem, Stefanie, foi um prazer te conhecer — ele encheu um copo com Coca. — Te vejo por aí.

— Tchau — respondi, vendo ele se afastar.

Resolvi seguir o conselho dele e fiquei longe do ponche, acabei optando por uma Coca também.

— Parece que você fez um novo amigo — Kendall se materializou ao meu lado e eu quase derramei o refrigerante na mesa devido ao susto.

­— Ciúmes? — fiz biquinho, tomando um gole da Coca em seguida

— Eu com ciúmes? Do Nicholas Crawford? — ele forçou uma risada. — Por favor. Sou mais eu!

Eu nem iria respondê-lo, mas algo em sua frase chamou a minha atenção.

— Espera, você disse Crawford? — apontei em volta, com a mão livre. — Os mesmos Crawford que cederam a casa para a festa?

Kendall revirou os olhos, certamente pensando que eu estava fingindo que não sabia.

— Ah, vai me dizer que você conversou com o garoto e não ficou sabendo disso?

— Claro que não! Eu e o Nick só falamos sobre o ponche e...

Nick? — ele me interrompeu. — Vocês já estão nessa intimidade toda?

— Bem, foi assim que ele se apresentou. Não que isso seja da sua conta — tomei outro gole.

Na verdade, é — ele murmurou baixinho, mas eu consegui ouvir.

— O quê?! — perguntei, franzindo o cenho.

— Nada — ele desconversou. — Então... Está se divertindo, Howard?

— Estou. Muito, por sinal — respondi. Não estava mentindo, a festa realmente estava legal e eu adoro o Halloween. Porém eu estaria me divertindo muito mais se os meus pés não estivessem doendo tanto.

— Bom saber — Kendall sorriu de lado. Ele deu um passo para frente e estendeu a mão para tocar o meu rosto. Consegui ser mais rápida e dei um tapa na sua mão não muito forte.

— O que você pensa que está fazendo? — meu coração começou a acelerar de repente.

— Calma. Eu só ia tirar uma pluma do seu cabelo — ele olhou para mim como se quisesse dizer: “qual é o seu problema?”.

— Você me assustou — me defendi.

Kendall começou a rir. Dá para acreditar nisso? Ele estava rindo de mim!

— O que foi? — coloquei a mão na cintura.

— Nada. É que você fica ainda mais linda quando está nervosa.

— Eu não estou nervosa! Já disse, você me assustou. Nunca mais faça isso — avisei, apontando o dedo indicador para ele de forma ameaçadora.

— Tudo bem — ele levantou as mãos como estivesse se rendendo, mas continuava com aquele sorrisinho zombeteiro no rosto. — Posso pelo menos tirar a pluma?

— Pode. Mas se você tentar fazer alguma gracinha... — deixei a frase no ar.

— Eu vou sofrer as consequências, entendi — completou, apenas assenti. Ele deu um passo à frente e passou a mão pelo meu cabelo devagar. Cedi a tentação de fechar os olhos com o toque.

— Pronto — ele disse, colocando a pluma preta bem na frente do meu nariz. Soltei o ar que eu nem tinha percebido que estava prendendo.

— O-obrigada — respondi.

Se controle, Stefanie Marie Howard. Minha consciência me alertou. Você está parecendo uma garotinha de doze anos.

Cale a boca, consciência. Ninguém te chamou!

Ele sorriu em resposta. Estávamos tão próximos que isso chegou a me incomodar. Não queria que aquilo acontecesse de novo. Pelo menos não aqui, com várias pessoas a nossa volta. A última coisa que eu queria era ser o assunto da escola amanhã. Acho que ele percebeu o meu desconforto, pois quando eu resolvi dar um passo para trás ele acabou recuando também.

O problema é que eu não tinha percebido que a barra da sua camisa havia grudado na minha corrente e quando cada um puxou para um lado, ela arrebentou. Tudo aconteceu tão rápido que quando eu percebi a minha corrente não estava mais no meu pescoço.

— Olha só o que você fez, seu idiota! — explodi. Se estivéssemos em um desenho animado, pode ter certeza que teria aquela fumacinha saindo dos meus ouvidos devido a raiva que eu fiquei.

— Calma, é uma corrente.

— Não é só uma corrente! É o último presente que eu ganhei da minha mãe antes dela morrer! — as palavras saltaram da minha boca, em uma explosão de angústia, raiva, tristeza, mas principalmente saudade. Saudades dela.

Senti vontade de chorar, mas aguentei. Vi a expressão de Kendall mudar drasticamente.

— Sinto muito, eu não imaginava que ela era tão importante para você — sabia que suas palavras eram sinceras, conseguia ver isso em seu rosto, mas eu estava chateada demais agora para dizer algo. Ele desgrudou a corrente da manga da camisa e estendeu para mim.

Soltei o ar, tentando me acalmar e peguei a corrente, mas o pingente não estava nela. Olhei para chão, procurando-a. Kendall rapidamente abaixou-se, pegando algo brilhante no chão. Ele estendeu a palma da mão aberta, com o pingente de violão nela. Peguei o pingente sem olhar para Kendall e fechei a minha mão com força, como se tivesse medo que ele fugisse novamente de mim. Não precisava nem olhar para Kendall para saber que ele estaria com aquela cara de cachorrinho arrependido.

Eu já estava saindo, quando ele segurou o meu braço com cuidado.

Desculpe, Stefanie ­ — ele sussurrou.

Girei o braço para me soltar e saí de perto dele, sem falar nada. Estava tão atordoada que nem dei muita importância por ele ter me chamado pelo primeiro nome novamente.

***

Por sorte, acabei encontrando Maddie e Gabe logo depois de pegar o meu casaco e sentar nas escadas que levavam ao segundo andar. Achei melhor não contar o que havia acontecido. Talvez eles achassem que eu estava exagerando, mesmo que eu não estivesse.

Por mais que eu não tenha dito nada, os dois perceberam que havia algo de errado comigo e tentaram me animar. Gabe ficou contando as suas histórias engraçadas e Maddie me mostrou as fotos que havia tirado da festa. Alguns minutos depois, eu já estava mais calma e também um pouco arrependida.

Acho que fui um pouco rude demais com o Kendall. Ok, eu sei que ele age feito um idiota na maior parte do tempo, mas sei que a culpa não foi toda dele dessa vez.

Talvez eu devesse um pedido de desculpas a ele também.

Quando eu vi uma silhueta se aproximando, achei que era ele. Seria muita sintonia de pensamentos. Mas quem estava ali, parado na minha frente, era outro jogador de Hóquei: James.

Ele estava sem a máscara de Homem Bandana e tinha uma expressão séria no rosto. Achei estranho, pois James estava sempre alegre e sorridente.

— Oi, James — disse. — O que houve?

— A Avery está te esperando no carro. Vamos — disse, simplesmente.

— Mas já? — perguntei. — Pensei que só íamos embora meia-noite.

— Por favor, Stef — ele suspirou.

— Ok... — respondi, confusa. Me despedi rapidamente de Maddie e Gabe e acompanhei James para fora da casa. Coloquei as mãos no bolso, me certificando que minha corrente ainda estava lá.

Lembrei que havia visto Avery poucas vezes durante a festa. Algumas vezes com Hunter, outras com Kacey — que estava fantasiada de Tinker Bell — e as meninas do time de Vôlei. Será que aconteceu algo de grave com ela?

Ele foi para o lado oposto onde o carro de Hunter estava estacionado. James parou em frente a um carro preto que eu deduzi ser dele. Quando eu ia perguntar o que estava acontecendo, o vidrou do carona abaixou e eu vi Avery. Ela estava chorando.

Eu nunca tinha visto Avery triste antes. E isso me deixou preocupada.

— Vou levar vocês para casa ­— James abriu a porta de trás para mim e eu entrei, ainda um pouco confusa.

— O que aconteceu, Avery?

Ela soluçou.

— Não quero falar sobre isso agora, Stef.

Resolvi não insistir no assunto. James deu a volta e entrou pela porta do motorista, dando partida logo em seguida. O caminho foi silencioso até em casa. Confesso que senti até falta daquela Avery animada, cantando desafinadamente.

Assim que chegamos, agradeci James pela carona. Avery o abraçou, repetindo “obrigada” várias vezes. Ele deu um beijo na testa dela e disse que tudo ia ficar bem. Sei que os dois se conheciam desde pequenos, mas achei estranha essa amizade deles.

Quando entramos em casa, Avery foi direto em direção as escadas, mas eu impedi sua passagem.

— Você vai me falar agora o que aconteceu! — disse, séria.

Avery olhou para mim por alguns segundos, mas começou a chorar novamente e me abraçou. De repente, ela despejou tudo o que havia acontecido.

Avery disse que ela e Hunter nunca haviam transado, mesmo namorando há quase seis meses. E ele sempre havia respeitado o tempo dela. Até hoje. Ele queria que rolasse esta noite, e quando ela disse “não”, Hunter insistiu. Ele disse que iria terminar com Avery se eles não transassem. Foi quando James apareceu e a salvou. Ela não entrou em muitos detalhes nessa parte, mas acho que Hunter e James acabaram brigando.

Resultado: Foi Avery que terminou com ele, com direito a plateia e tudo. Como tudo aconteceu no lado de fora, eu acabei não ouvindo nada.

— Não chore — pedi, mas isso não adiantou nada, pois ela continuava molhando a minha roupa, grudada ao meu pescoço. — Ele era um idiota, ok? Você merece coisa muito melhor.

— Vo-você a-acha? — ela soluçou. Concordei. — Stef?

— Fale.

— Essa dor... Ela vai passar, não é?

— Claro que vai — respondi.

Eu já estive em uma situação parecida com a de Avery, posso dizer por experiência própria, que uma hora essa dor iria embora. Talvez demorasse um pouco, mas uma hora ela pararia de sofrer e iria perceber que estava muito melhor sem ele.

Tem pessoas que acham que gatos pretos dão azar. Mas acho que no caso de algumas garotas, como eu e Avery, quem dão realmente azar são os caras.

E se eles forem loiros... Pior ainda.


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Notas finais do capítulo

* Se vocês forem parar para pensar, a fantasia que os meninos usam nesse capítulo foram realmente usadas por eles no decorrer da série. Então, resolvi fazer essa espécie de "homenagem" a eles.
* Apenas lembrando que o Hunter também é loiro (Caso queiram saber como eu o imagino, só entrar no blog).
* Sobre o Nick: ele também está na lista de personagens lá do blog, caso vocês queiram saber mais sobre ele.
* A Hazel ainda não está na lista. Mas eu vou colocar em breve.

E aí, o que acharam? :3

*SPOILER ALERT* No próximo capítulo, Avery estará sofrendo os efeitos do termino de seu namoro. Para tentar animar a amiga, Kacey resolve fazer "uma noite das meninas" e convida Stefanie para participar também. Será que a Stef vai conseguir aguentar uma festinha do pijama na sua casa? Hahauahua.

Ok, era isso mesmo. Vejo vocês nos comentários!

Bom fim de semana para todos! Beijos :* #Fui


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