Everything's Better With You escrita por Maremaid


Capítulo 10
09 - Garoto problema


Notas iniciais do capítulo

Waaaazzaaa! Tudo bem com vocês? Eu estou bem.

Uma coisinha rápida... já decidi o nome do casal Stefanie e Kendall. Vai ser: Stendall. Acho que combina bem.

Ok, era isso... Boa leitura!

P.S.: Preparem o coração para o finalzinho do capítulo. Garanto que vão gostar!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/572926/chapter/10

Prós e contras de fazer trabalho em dupla ou em grupo

PRÓS:

1- Trabalhos complicados exigem um grupo. Cada um pega uma parte e ninguém fica sobrecarregado.

2- Adoro professores que falam “escolham as suas duplas”. Não querendo me gabar nem nada, mas eu era disputada nessas horas por ser uma aluna dedicada e até podia escolher alguém que eu sabia que iria ajudar.

3- Se você está com dificuldade no assunto, alguém da sua equipe pode te ajudar. Já dizia o velho ditado: “duas cabeças pensam melhor do que uma”.

CONTRAS:

1- Quando você é nova na escola, não sabe dizer direito quem ajuda nos trabalhos e quem é malandro. Na dúvida, o melhor é fazer sozinha.

2- Sempre tem aquele engraçadinho que não quer fazer nada no trabalho. Pessoas assim não se criam comigo. Ou ajuda ou eu não coloco o nome. Simples assim.

3- Sortear a equipe. Como eu sou muito azarada sempre acabava pegando aquele pessoal preguiçoso que não levava o trabalho a sério.

4- Fazer um trabalho de Biologia em dupla que aparentemente seria legal e tranquilo se a única pessoa que sobrou para ser a minha dupla não tivesse sido o Kendall.

***

Na semana seguinte, eu estava no banco do carona ouvindo Avery cantarolar uma música de uma banda que eu desconhecia, mas que eram bons, tocando na rádio. Ela até podia ter outros talentos, mas definitivamente cantar não era um deles.

Avery estava indo para uma reunião na casa de Kacey para discutirem sobre o que iriam dançar no show de talentos e me ofereceu uma carona até o meu destino, já que fazia parte do seu trajeto.

Falando no show de talentos, depois de conversar com Maddie e Gabe sobre a tal proposta que os garotos me fizeram, resolvi ser aceitar fazer parte da banda. A primeira reunião seria daqui a uma semana na residência do Logan que morava apenas alguns quarteirões da minha casa.

Agora eu estava indo para fazer um trabalho em dupla. De Biologia. E quem mesmo faz essa matéria comigo? Exato: Kendall Knight.

Não me leve a mal, eu não o odeio, apenas o acho irritante, mas eu preferia fazer o trabalho sozinha. Porém, a querida sra. Gilmore — sintam a ironia — disse que o trabalho não poderia ser individual, pois tínhamos que aprender a trabalhar com outras pessoas. E como eu sou nova na escola ninguém quis fazer o trabalho comigo, quando eu percebi todo mundo já tinha uma dupla. Exceto eu e Kendall. Quando olhei para ele, havia um sorriso debochado em seu rosto, como se já tivesse previsto que isso iria acontecer.

Ele sugeriu que fizéssemos o trabalho na minha casa, mas devido a expressão em seu rosto quando falou isso eu neguei na hora. Péssima escolha. Não podíamos fazer na biblioteca porque ambos trabalhávamos depois da aula e ela não abria nos fins de semana. A única alternativa que sobrou foi a casa de Kendall, mas eu só aceitei porque ele me garantiu que a sua mãe estaria em casa.

Avery estacionou o carro próximo ao meio fio e eu percebi que havíamos chegado. Retirei o cinto de segurança e a agradeci pela carona. Ela avisou que não poderia vir me pegar na volta, pois iria demorar na casa de Kacey. Respondi que não tinha problema, eu voltava a pé. Afinal, não era tão longe assim.

Saí do carro e dei tchau para ela.

— Divirta-se! — Avery gritou do carro como se fosse uma mãe deixando a filha na casa de uma amiguinha.

Eu havia dado meia dúzia de passos. Virei-me e olhei para ela.

— Avery, eu estou indo fazer um trabalho e não para brincar de casinha — resmunguei.

— Trabalhos podem ser divertidos... — ela deu de ombros.

— Concordo, mas não quando a sua dupla é o Kendall.

— É aí que você se engana — murmurou.

­— O que você quis dizer com isso? — perguntei, franzindo o cenho.

— Nada... — ela desconversou, batucando as unhas bem feitas e pintadas de rosa no volante. — Preciso ir. Tchauzinho!

Ela acelerou o carro e sumiu pela rua a fora. Virei-me e encarei a casa de apenas um andar com o número 1735. Soltei um suspiro longo e ajeitei a mochila no lado direito do corpo enquanto caminhava até a porta. Apertei a campainha e esperei. Alguns segundos depois a porta se abriu e uma garotinha de cabelo castanho apareceu.

Eu pedi o endereço para o Kendall, mas ele me disse que Avery sabia onde ele morava. Será que ela se confundiu?

— Ah! Oi — sorri. — Aqui é a casa do Kendall?

— Depende... Quem quer falar com ele? — ela questionou.

Enquanto eu tentava pensar em algo útil para falar, uma voz feminina vinda de dentro da casa perguntou:

— Querida, quem é?

— Uma garota que quer falar com o Kendall, mãe! — a garotinha exclamou olhando para dentro de casa, mas continuou segurando a porta entreaberta.

— E você não perguntou sobre o que era? — A voz feminina estava mais perto agora.

A garotinha fez que não e afastou-se da porta. Em seguida, ela foi aberta e uma mulher de cabelos avermelhados usando um avental de cozinha surgiu no meu campo de visão.

— Oi — a mulher sorriu para mim amigavelmente. — Você deve ter vindo para fazer o trabalho, não é?

Assenti.

— É um prazer te conhecer. Eu sou a mãe do Kendall, Jennifer Knight — ela estendeu a mão para mim.

— Stefanie —­ respondi, apertando a sua mão. — É um prazer te conhecer também, sra. Knight.

— Ah, essa é a minha filha mais nova, Katie — sra. Knight apontou para a garotinha que acenou para mim, acenei de volta. — Fique à vontade — ela fez um sinal para que eu entrasse.

Agradeci e entrei na casa.

— Katie, chame o seu irmão, por favor — sra. Knight pediu.

— Kendall! ­— Katie gritou sem sair do lugar. — Vem aqui! Agora!

Sra. Knight olhou de cara feia para a filha.

— Se fosse para gritar eu mesma fazia isso.

— Então por que a senhora não fez? ­ — Katie rebateu.

Coloquei a mão na boca impedindo que uma risada alta saísse. Com certeza essa casa era muito mais divertida do que a do meu pai.

O que foi? ­— escutei aquela voz familiar e me virei. — Ah, você chegou. Boa tarde, Howard — Kendall sorriu daquele jeito meio debochado meio malicioso, que só ele sabia fazer, quando me viu.

— Boa tarde, Knight — retruquei.

— Desculpem, crianças, mas eu preciso ver como os meus biscoitos estão — sra. Knight sorriu antes de ir para outro cômodo que eu supus ser a cozinha.

Ficamos apenas eu, Kendal e Katie no corredor.

— Meu irmão não costuma trazer garotas aqui em casa... — ela comentou me olhando dos pés a cabeça. Senti que seus olhinhos estavam fazendo um Raio X em mim e me senti desconfortável.

Katie! — Kendall a repreendeu. Ele parecia que estava desesperado, como se temesse que a irmã falasse mais alguma coisa que não devia.

— Somos só... Amigos — respondi, colocando o cabelo para trás da orelha.

Se é que podia chamar o Kendall assim, mas ok.

— Hm. Outro dia eu ouvi que...

— Acho que a mamãe está te chamando lá na cozinha! — Kendall a interrompeu. Seus olhos estavam arregalados. Agora era fato: ele estava desesperado mesmo.

— Não está, não — ela franziu as sobrancelhas e olhou para o irmão como se ele estivesse endoidado de vez.

— Ah, mas eu ouvi! — ele balançou a cabeça confirmando. — Vai lá ver o que ela quer.

Ela semicerrou os olhos para o irmão antes de sair da sala.

— Desculpa por isso. Crianças... Sabem como elas são — ele riu constrangido.

Assenti.

— Não sabia que você tinha uma irmã — comentei.

— Você não perguntou... — deu de ombros. — Então, vamos fazer o trabalho?

— Claro.

Kendall começou a andar e eu o segui. Achei que ele ia parar na sala, onde tinha uma mesinha na frente do sofá, mas ele continuou andando.

— Ei! Aonde nós vamos?

— Para o meu quarto — ele falou por cima do ombro como se fosse óbvio.

— Hm... Acho que na sala seria melhor — sugeri.

— Essa mesa é muito baixa e logo, logo a Katie vai voltar para assistir TV — ele parou e olhou para mim. — Você não está com medo de ficar sozinha comigo, não é?

Havia um tom de provocação na sua voz e eu não gostei nada disso.

— Claro que não! — falei. — Problema nenhum.

— Ótimo — ele deu um sorriso torto e voltou a andar.

Ele parou em frente à segunda porta do corredor e colocou a mão na maçaneta, abrindo a em seguida.

— Bem vinda ao meu quarto, Howard.

***

O quarto de Kendall não era muito diferente do quarto dos outros garotos da idade dele. Quer dizer, não que eu tivesse visto muitos para saber disso, o único que eu frequentava era o do meu ex. O cômodo não era muito grande, parecia ser apenas um pouco menor do que o meu quarto e consistia em: uma cama de solteiro, um guarda-roupa, a escrivaninha, uma televisão na parede, um jogo de Hóquei de mesa, três estantes enfileiradas com troféus e medalhas de campeonatos estudantis, vários pôsteres com ídolos do Hóquei nas paredes e um mural de fotos ao lado da janela. Resumindo: um quarto bem normal de um fanático por Hóquei de dezessete anos de idade.

Ele puxou a mochila que estava no chão e colocou em cima da cama, retirou um caderno e uma caneta de dentro. Disse que eu poderia usar a escrivaninha que ele ficaria na cama mesmo. Assenti sentando na cadeira giratória vermelha e fiz uma careta quando percebi como ele era desorganizado. Eram papéis, CD’s, livros da escola e outras coisinhas espalhadas pela escrivaninha. As afastei apenas para conseguir um espaço livre para utilizar. Peguei o meu caderno, o livro de Biologia, o estojo e coloquei na mesa.

O trabalho consistia em responder trinta questões sobre genética. Era um dos meus assuntos favoritos na Biologia. Logo, o trabalho não seria tão complicado assim para mim. Eu estava bem tranquila até o Kendall me dizer que a srta. Gilmore dificilmente dava A+ para algum aluno. Mas adivinhe quem conseguiu essa proeza? Claro, Logan Mitchell. Não é à toa que ele é chamado de Loganerd pelo Carlos.

Mas eu não sabia dizer o mesmo de Kendall. Se o seu rendimento escolar fosse igual ao seu comportamento na sala de aula, poderia garantir que suas notas eram bem vermelhinhas.

Para agilizar, Kendall propôs que cada uma fizesse metade das questões e depois pegávamos a do outro para corrigir. Concordei, mesmo achando que isso poderia dar muito trabalho para mim no final. Começamos a resolver os exercícios em silêncio. Paramos mais ou menos meia hora depois quando a sra. Knight trouxe para nós uma bandeja com biscoitos e dois copos de achocolatado. Seus biscoitos eram divinos, perguntei como eram feitos, mas ela disse que não poderia me contar porque era “receita secreta da família” e que nem a Katie sabia ainda como era, só descobria quando tivesse vinte e um anos. E como ela tinha apenas dez anos... É, ia demorar um pouquinho ainda.

Eu acabei terminando alguns minutos antes dele, enquanto esperava me deliciei com o último biscoito da bandeja. Quando ele finalmente terminou trocamos de folha. Das quinze questões, ele havia errado apenas três e havia deixado uma incompleta. Acabei ficando surpresa, achei que ele era bem pior em Biologia, nunca levava a aula a sério. Kendall teimou que eu havia feito uma errada, mas refizemos a questão e estava correta. Ele refez as que eu tinha dito que estavam erradas e terminamos o trabalho. Tudo isso em menos de duas horas.

— Acho melhor eu passar a limpo — disse. — Minha letra é bem mais bonita do que a sua.

— Concordo, mas...

— “Mas” o quê? — revirei os olhos, girando na cadeira de um lado para o outro.

— A srta. Gilmore prefere que os alunos entreguem o trabalho digitalizado. Disse que é melhor para corrigir porque não consegue entende a letra de algumas pessoas. Uma vez ela pegou a prova de um dos alunos e começou a reclamar... ­ — Kendall colocou a mão cerrada na frente da boca e tossiu se preparando para entrar no papel. — “Vocês acham que isso pode ser chamado de caligrafia? Pois eu respondo que não! Até o meu otorrino que é praticamente cego de uma vista não faz um garrancho tão feio!”.

Comecei a rir. O que ele havia dito em si não tinha muita graça, mas a forma como ele imitou a srta. Gilmore, sim. Até as caretas que ela fazia enquanto falava ele conseguiu fazer igual.

Ele se levantou da cama em um pulo e veio na minha direção.

— Ok, agora saí da cadeira — ele fez um sinal para que eu levantasse. — Eu digito.

— Cadê as palavrinhas mágicas? — perguntei dando um sorrisinho falso para ele.

Ele revirou os olhos e bufou.

— Por favor... — resmungou.

— Viu, ser educado de vez em quando não mata ninguém — disse me levantando.

Ele se sentou e abriu a primeira gaveta da escrivaninha, retirou um notebook de dentro e o ligou. Enquanto ele digitava, fiquei andando de um lado para o outro no quarto. Olhei com atenção para os troféus, lendo as descrições para saber onde ele havia ganhado cada um deles, mas a maioria tinha relação com o Hóquei, óbvio. Mexi no seu joguinho estúpido de Hóquei de mesa sem saber direito com funcionava. Dei uma espiada na janela e percebi que estava chovendo bem fininho. Dei de ombros, até eu ir embora já teria parado.

Finalmente parei na frente do mural de fotos. Percorri os meus olhos pelas fotografias da infância de Kendall. Ele era uma gracinha quando pequeno: os cabelos bem loiros, os olhos verdes que ficavam vermelhos na maioria das fotos e um sorriso gigante e banguela no rosto. Nas fotos da adolescência, reconheci James, Carlos e Logan que estavam na maioria delas. Katie estava em algumas também. Reparei em uma foto especifica que estava no canto superior do mural. Nela, estavam os quatro garotos utilizando o uniforme do time de Hóquei e segurando seus tacos na mão, no meio deles havia uma garota. Ela parecia ser uma anã de jardineira jeans perto deles. Não consegui identificar a cor de seus olhos por causa do boné vermelho que ela usava. Seu cabelo parecia ser loiro claro e ia até o queixo em um corte repicado. Ela tinha um sorriso gigante no rosto.

— Quem é ela? — perguntei apontando para a foto.

Kendall seguiu o olhar até onde o meu dedo estava. Ele pareceu ficar um pouco desconfortável.

— Uma amiga — respondeu, voltando a digitar.

Achei o comentário dele muito superficial, mas resolvi não insistir no assunto. Continuei olhando as fotos por mais alguns minutos.

— Qual é o seu nome do meio, Howard? — Kendall perguntou do nada.

— Não é da sua conta — disparei no modo automático.

— Vai, fala logo, quero escrever nossos nomes no trabalho — disse como se estivesse entediado.

Bufei, desviando o olhar do mural.

­ — Marie — respondi.

— Nossa, que fofinho... Combina tanto com você — ele ironizou dando uma gargalhada debochada enquanto girava na cadeira igual uma criança pequena. Apenas revirei os olhos e não respondi.

Ele viu que eu não ia rebater a provocação e fez uma careta para mim, se virou de frente para o notebook e voltou a digitar.

Me aproximei de Kendall devagar e espiei por cima do seu ombro. Ele escreveu o seu nome completo logo abaixo do meu.

— Donald, sério? — perguntei quando vi seu nome do meio. — E você ainda riu do meu.

— Eu gosto dele — deu de ombros.

— Claro, é lindo... — debochei. — Certamente sua mãe assistia muito o desenho do Pato Donald quando estava grávida de você e resolveu fazer uma homenagem. Não quero nem saber o que ela andou assistindo para te dar o nome de Kendall... — dei uma risada.

— Nossa! Isso foi tão engraçado que eu até me esqueci de rir — ele olhou com desdém para mim. Revirei os olhos. — Certo, vou imprimir então — mudou de assunto.

— Eu quero olhar como ficou primeiro! — falei.

— Acho que sei copiar um texto.

— Você pode ter digitado algo errado e não percebeu — argumentei.

— Eu revisei, está tudo certo. Confie em mim, Howard.

Confiar... Esse é o problema — murmurei baixinho.

— O quê?

— Nada — balancei a cabeça. — Pode imprimir.

Ele fez o comando “CTRL+P” no teclado e a impressora fez um barulhinho na parte de cima da escrivaninha. Ele colocou as mãos na superfície de madeira e empurrou a cadeira para trás.

— Pronto! — ele se espreguiçou na cadeira, fez movimentos giratórios para trás com os ombros e estalou o pescoço como se estivesse ficado sentado ali por horas e horas intermináveis. Exagerado.

Peguei as folhas depois de impressas e bati com elas na mesa, as deixando organizadas.

— Tem um grampeador?

— Não.

— Que seja. Grampeio em casa — puxei uma pastinha verde de elástico de dentro da minha mochila e a abri, colocando o trabalho dentro para não amassar.

— Por que eu não posso ficar com o trabalho?

— Não quero correr o risco de você perde-lo nessa bagunça que você tem coragem de chamar de quarto.

— Ei! É uma bagunça organizada — defendeu-se.

— Sua frase é contraditória. Se for uma bagunça, logo é desorganizada — expliquei. — Você deveria prestar mais atenção nas aulas.

— E quem disse que eu não presto? — rebateu, erguendo uma sobrancelha em tom de desafio.

— Ah, então quer dizer que é só na aula da srta. Gilmore que você gosta de apreciar a bela pintura descascada da parede e incomodar a garota que está sentada na carteira a sua frente?

— É que nas outras salas não tem paredes tão interessantes para olhar — deu de ombros, mas logo acrescentou: — Nem garotas.

***

Droga! Droga! Droga!

Sabe aquela “pequena chuvinha”? Então, ela aumentou! Estava praticamente caindo um dilúvio lá fora. Mesmo se eu usasse um guarda-chuva ainda iria ficar encharcada.

Eu até gostava de chuva, mas aquela bem fininha que é ótima em um dia de calor. Mas uma chuvarada com direito a vento já era sacanagem! Afinal a temperatura cai e fica mais frio. E eu não gosto de frio.

Enquanto eu esperava a chuva diminuir, fiquei conversando com os Knight na sala de estar. Como toda mãe, a sra. Knight começou a contar as histórias constrangedoras do filho. Katie, como uma boa irmã, ajudava a mãe lembrando os detalhes que ela deixava passar. Kendall parecia que queria fazer um buraco no chão e sumir de tanta vergonha. Quanto a mim, eu estava adorando tudo isso, só essa conversa já havia feito o meu sábado chuvoso valer totalmente a pena. Agora eu tinha algumas coisinhas para usar contra o Kendall quando ele me perturbasse.

Depois de quase uma hora, a chuva finalmente cessou e eu achei que estava na hora de ir embora. A sra. Knight me deu um abraço e disse que eu era bem-vinda para voltar sempre que quisesse. Katie disse que eu poderia procura-la se precisasse de mais alguma informação sobre o Kendall. Gostei dessa garota.

— Eu te levo em casa — Kendall se prontificou agitando o chaveiro do carro na mão direita.

— Não precisa! — exclamei. — Eu... Eu posso ir a pé.

— Pode voltar a chover e eu ficaria com a consciência pesada se você pegasse um resfriado por minha causa — ele colocou a mão no peito para enfatizar a sua interpretação de “bom moço”.

— Tive uma ideia: eu pego um guarda-chuva emprestado e te devolvo segunda. Viu? Assim você não precisa se incomodar de me levar em casa.

— Isso não é hora para ser orgulhosa, Howard. Eu não dirijo tão mal assim, caso você queira saber — dei uma piscadinha. — Você vai chegar sã e salva, eu garanto.

Soltei um suspiro longo percebendo que não tinha muitas opções. Ou eu ia a pé para casa torcendo que não voltasse a chover ou aceitava a carona de Kendall. O que eram só mais alguns minutinhos para quem já passou a tarde toda com ele, não é?

— Tudo bem — respondi me dando por vencida.

Ele sorriu vitorioso.

— Vou tirar o carro da garagem.

***

— Quer que eu ligue o som?

Havíamos acabado de virar a esquina quando ele perguntou isso. Eu estava no banco do carona olhando pela janela com os braços cruzados para tentar me esquentar.

— Desde que você não cante junto... — dei de ombros.

Ele riu e olhou de relance para mim.

— Fique tranquila, eu canto bem melhor que a Avery ­— garantiu.

— Como você sabe que ela canta mal? — perguntei, arqueando uma sobrancelha.

— Eu já estudei com ela e lembro muito bem das aulas do coral... — ele fez uma careta.

Deixei escapar uma risada, imaginando a cena de um mini Avery cantando bem desafinada e o resto dos coleguinhas colocando a mão no ouvido para não ouvir essa tortura. Ele acabou rindo também e ligou o som do carro em uma estação de rádio qualquer, deixou o volume baixo, fazendo apenas um fundo musical.

— Por que você não vai de carro para a escola? — perguntei.

— Bem, eu ia. Mas isso foi antes de eu acidentalmente bater em um hidrante e amassar a lateral do carro.

Deixei escapar uma risada.

— Por isso eu resolvi andar de skate por aí — continuou. — É mais seguro.

— Só se for para você, né? — disse, me lembrando do dia que nos conhecemos. — Aliás, quantas pessoas você já “quase” atropelou com aquele skate maldito?

— Você foi a única — garantiu, entrando na rua onde eu morava.

— Oh! Eu devia me sentir honrada por isso? — coloquei a mão no peito fingindo estar emocionada.

— Com certeza! Não é todo dia que um cara gato de olhos verdes “quase” te atropela.

Dei uma gargalhada alta.

— Como você é humilde!

Ele parou o carro em frente a minha casa e eu tirei o cinto de segurança. Ficamos em um silêncio desconfortável por alguns segundos. Então ele retirou o seu cinto e virou o tronco para olhar melhor para mim.

— Então, gostou de ir a minha casa? — puxou assunto.

— É... Foi legal — dei de ombros.

— Você pode ir lá mais vezes. — disse, mas acrescentou rapidamente: — Claro, se você quiser.

— Só se sua mãe me contar mais histórias da sua infância — dei um sorrisinho para ele.

— Pensando bem, acho melhor não... — dava para ver claramente como ele estava arrependido de ter sugerido isso.

— Ah! Por que não, Kenny? — fiz biquinho, usando o apelido que a sra. Knight me contou.

— Acho que você já está sabendo de muita coisa que não devia — explicou. — Enquanto isso, você ainda é um enigma para mim, Howard.

— E vou continuar sendo.

— Não por muito tempo. Eu estou disposto a desvendar você.

— Boa sorte com isso.

Ele ficou me encarando com uma sobrancelha arqueada, como se tivesse tentando resolver um quebra-cabeça mentalmente. Senti que estava ficando um clima meio estranho e optei por ir embora.

— Hm... Acho melhor eu entrar. Obrigada pela carona — olhei para a porta do carro e estava pronta para abri-la.

— Stefanie...

De novo. Essa já era a terceira vez que ele se referia a mim pelo meu nome. A primeira vez foi quando nos conhecemos, a segunda no aniversário de Avery quando dançamos e a terceira agora. Não que eu estive contando ou algo do tipo...

Eu me virei e acabei sendo surpreendida. Tudo pareceu acontecer em câmera lenta, mas mesmo assim eu não movi um músculo sequer para impedi-lo. Em um momento ele estava se inclinando na minha direção e no outro sua mão já estava segurando o meu rosto delicadamente, quando percebi sua boca já estava na minha. Minhas mãos permanecerem sobre a mochila que estava no meu colo. Fechei os olhos automaticamente e o beijei de volta. Ele tinha gosto do biscoito que havíamos comido mais cedo, seus lábios eram quentes e macios. Seu perfume era bom, não era nem forte nem fraco, era na medida certa. Por um instante eu esqueci-me de tudo e de todos.

Então eu voltei à realidade. Minhas mãos finalmente serviram para algo de útil e encontraram os ombros dele na escuridão e eu consegui afastá-lo. Abri os olhos e respirei ofegante. Kendall olhou para mim sem entender, como se tivesse perdido algum fato muito importante, seus lábios estavam vermelhos e pareciam estar me chamando para um segundo round. Balancei a cabeça tentando tirar esse pensamento da minha mente.

Ele abriu a boca para falar algo, mas eu fui mais rápida.

— Isso não aconteceu — apontei o indicador para ele.

Ele pareceu não entender o que eu quis dizer, pois ficou me encarando como se eu estivesse tendo alucinações e disse com firmeza:

— Sim, aconteceu.

Revirei os olhos e soltei um suspiro de frustação.

— Eu sei, mas não vai acontecer de novo!

Ele ergueu uma sobrancelha como se estivesse duvidando disso. Não respondi, apenas tateei a mão pela porta até conseguir abri-la enquanto que, com a outra mão, agarrei a alça da minha mochila. Sai do carro e bati a porta com força, comecei a dar passos largos pelo calçada que levava a entrada da casa. Quanto mais rápido eu entrasse em casa, melhor.

— Tchau, Howard! — ele exclamou quando eu já estava na metade do caminho. Dei um aceno sem parar de andar e nem olhar para trás.

Quando eu abri a porta, escutei o carro dando partida e finalmente permiti me virar para olhar. Só consegui ver um vislumbre de seus cabelos loiros ao volante enquanto o carro acelerava para longe.

Entrei em casa e olhei para os lados. Nenhum sinal de Jill ou meu pai na sala ou cozinha. Subi a escada em dois em dois degraus e me tranquei no meu quarto. Joguei a mochila de qualquer jeito na escrivaninha e deitei na cama, encarando o teto branco. Meu coração parecia estar batendo muito mais rápido do que o normal. Toquei os meus lábios que pareciam estar formigando e fechei os olhos.

Foi só um beijo, disse para mim mesma, ele é só mais um problema na minha vida.

Um problema bem idiota, irritante, chato, lindo, com covinhas fofas, que tem olhos maravilhosos e beija muito bem...

Stefanie! Foco!

Peguei o travesseiro e coloquei em cima do meu rosto para abafar os gritos que vieram a seguir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

* É mencionado no episódio duplo "Big Time Beach Party" (A festa na praia) da 2ª temporada que o nome completo do Kendall é: Kendall Donald Knight.
* O número da casa dos Knight é realmente 1735. Dá para ver isso no 1º episódio da série.

Rolou beijoooooo! Woo hoo! õ/ (Quem não vai ser atacada pelas leitoras agora? Euzinha! Yay! #parei)

Então, curtiram o capítulo? ^^

*SPOILER ALERT* No próximo capítulo, Stef vai na casa de Logan para a primeira reunião da banda. Como será que ela vai agir perto de Kendall depois do que aconteceu? Hmmmmm.

Ah! Aguardo vocês nos comentários!

Até mais, pessoal. Bye!


BLOG: http://mari-fanfics.blogspot.com.br/
GRUPO NO FACEBOOK: https://www.facebook.com/groups/MariFanfics/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Everything's Better With You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.