Prólogo: Washington

— Atenção passageiros, em cerca de meia hora estaremos pousando no Aeroporto Internacional de Washington. — a voz da aeromoça ecoou pelo avião, acordando o Capitão Rogers de mais um pesadelo com Bucky; ele via o amigo cair de um penhasco alto mas não podia salvá-lo, pois seus pés estavam grudados no gelo. Era sempre o mesmo, todas as vezes em que dormia. Steve, que quase sempre evitava dormir, nas poucas vezes em que pegava no sono acordava rapidamente. E isso era um saco, mesmo para quem dormiu tanto tempo como ele.

O loiro nem precisou olhar para o lado para saber que Wilson dormia, pois os roncos do amigo já eram audíveis. Olhou pela pequena janela ao seu lado e visualizou, um pouco distante, a pista de pouso e o telhado de vidro do aeroporto. Reconfortou-se novamente no banco e puxou um pouco a manga do casaco de couro marrom-claro para trás, vendo as horas; 6:47 p.m. Arrumou a manga da jaqueta e tentou relaxar. Como sempre, desde o ocorrido em Washington, não conseguiu.

***

Impaciente, Natasha andava de um lado para o outro em frente aos bancos de espera onde Clint e Maria estavam. Os saltos das botas pretas ecoavam pelo local e aquilo estava realmente irritando Hill, mas ela nada comentou. Apenas Barton tentava tranquilizar a ruiva.

— Nat, quer parar um pouco, por favor? — ela parou e o encarou. — O avião já vai pousar.

— O seu já vai costuma ser longo, Clint. — Romanoff comentou com desdém, dando ênfase na palavra "longo", e logo voltou a andar. — Não entendo como um avião pode demorar tanto!

— Só demora se você achar que vai. — Hill comentou de repente, fazendo ambos olharem para ela. A agente lia uma impressão do jornal daquela semana bem na frente do rosto. O abaixou e encarou os companheiros. — Pode até ser que já façam seis meses, mas ainda somos assunto nos jornais. Tem pelo menos quatro matérias envolvendo a S.H.I.E.L.D aqui.

Ela dobrou o jornal e jogou-o junto aos outros exemplares e revistas.

Antes de alguém dizer alguma coisa, os interfones anunciaram:

— Voo 167 vindo da Inglaterra está pousando na plataforma 3.

Natasha bufou.

— Finalmente.

***

Após acordar o colega, o avião pousou e Rogers e Wilson pegaram suas malas — e ambos se certificaram de colocar as toucas de suas blusas e bonés por cima, tentando ficar mais irreconhecíveis —, descendo pela escada. Ao pisar em terra firme, Samuel deu um sorriso e um suspiro aliviado e Steve o olhou curioso, mas não disse nada. Em poucos passos, o loiro pôde notar várias pessoas esperando depois das catracas e detectores de metais, mas reparou em um canto mais isolado os olhos brilhantes da ruiva mais intensa que conhecia, os fitando junto os olhos de Barton e Hill. Inicialmente ficou surpreso, mas depois mandou um meio sorriso para a garota. Natasha, um pouco surpresa mas consciente de si, deu um meio sorriso e logo desviou o olhar, encarando o chão rapidamente e olhando para a frente de novo. Rogers havia reparado no rápido sorriso dela, mas mesmo assim continuou caminho com Sam.

Depois de passar pelo detector de metais e pela catraca, ambos finalmente estavam de frente com Maria Hill, Clint Barton e Natasha Romanoff depois de seis meses sem sequer contato ou notícias. Ao invés de conversarem por ali, ambos seguiram até a saída do local, com semblantes sérios, onde um carro — disfarçado, povo. Disfarçado. — da S.H.I.E.L.D os esperava. Ele era espaçoso como uma limousine, no entanto era apenas uma van branca. Assim que todos se acomodaram nos bancos, Maria começou.

— Capitão Rogers, Samuel Wilson. — a agente assentia para ambos, que assentiram de volta. — É bom ver vocês novamente.

— Para falar a verdade, eu não estou muito feliz. — Wilson comentou e todos o encararam. — Sabe, sempre que alguém da S.H.I.E.L.D vem atrás de mim, é porque querem me envolver em encren... — O moreno sentiu o cotovelo de Steve atingir seu braço, que começou a latejar de dor. — Ai!

O moreno encarou o amigo, que o olhou com uma cara repreensiva.

— Não fique bravo com ele, Rogers. Ele tem razão. — Barton se pronunciou e Sam o olhou com uma cara do tipo "Eu te disse!" seguido de uma cara como "Segura essa!". — Nós realmente vamos meter vocês em problemas.

— Eu disse. — Samuel comentou, mas todos ignoraram.

— E são problemas dos grandes, para falar a verdade. — Maria completou a fala de Clint.

— Bom, podem falar. — Steve deu a deixa. — Quanto antes soubermos, melhor.

— Digamos que, mesmo com a agência se recompondo lentamente, já estamos trabalhando razoavelmente bem. — Natasha se pronunciou pela primeira vez. — Nossos agentes da área de ameaças de risco estavam trabalhando normalmente hoje pela manhã quando algo aconteceu; em uma vista geral do mapa-múndi, detectamos dois pontos na Itália, entre Lacio e Campania. Após pesquisas bem complicadas, encontramos Wanda e Pietro Maximoff, gêmeos. A questão é que só sabemos que eles tem poderes sobrenaturais, e mais nada... não temos histórico ou qualquer aparição ou ato que fez o governo desconfiar de algo, pelo menos não até agora.

— Então nós vamos atrás deles na Itália? — Wilson questionou um pouco irônico. — Só isso?

— Não é tão simples assim. — Barton continuou. — Como Natasha disse, eles tem poderes sobrenaturais: Pietro pode correr quase na velocidade da luz, enquanto Wanda é uma espécie de mutante. Temos uma pequena gravação amadora que apresenta um borrão quase invisível passar pela câmera e, em seguida, vemos Wanda por entre algumas árvores. O vídeo foi cortado aí. A questão é que, se eles não forem com a nossa cara, teremos sérios problemas. Eles são perigosos.

— Mas fora isso, vamos encontrá-los para qual finalidade? — Steve falou. — Digo, a S.H.I.E.L.D os quer exatamente para quê?

— Basicamente, impedir uma futura aliança com a Hydra e, se eles estiverem dispostos, claro que adoraríamos que eles se juntassem a nós como aliados. — Hill respondeu.

— Afinal, vamos todos nós ou só eu e Steve? — Sam fez outra pergunta.

— Vocês irão primeiro. Eu, Nat e Hill vamos conversar com Coulson antes e tentar falar com Fury, que raramente atende uma linha restrita. — Barton dizia. — Nós vamos atrás de vocês no próximo voo, alguns dias depois.

Steve encarou Samuel, que assentiu. Logo o loiro encarou Clint.

— Quando partimos?