– Frost! Acorda! - gritou Merida batendo em seu rosto.

– Q...quê ?

Jack abriu os olhos; havia leitos vazios de um lado e seus amigos o encarando preocupados do outro.

– Você está bem ? - perguntou Rapunzel, nervosa.

– Estou - disse Jack confuso - Que aconteceu ? Onde está aquela...aquela coisa ? Quem gritou ?

– Ninguém gritou - disse Merida ainda mais confusa que o garoto.

– Mas eu ouvi gritos...gritos de... - Então parou, não estava pronto para dizer, mas ele jurava que tinha ouvido gritos da sua irmã, mas como isso era possível ?

A professora McGonagall estava na porta da ala hospitalar, observando a cena.

– Tome - disse ela se dirigindo a Jack, com uma barra de chocolate na mão. - Coma. Vai fazer você se sentir melhor.

Jack apanhou o chocolate desconfiado, a professora não era uma pessoa que saía distribuindo doces por aí.

– Que era aquela coisa ? - perguntou a Gothel.

– Era um dementador. - disse ela - É muito interessante ser esse seu maior medo. Isso sugere que o que mais teme é o próprio medo.

Jack a olhou confuso por um momento.

Eu não envenei o chocolate sabe ? - disse Gothel dando um sorriso para o garoto. - Preciso falar com o diretor. E você - Apontou para Soluço. - Me encontre no campo de quadribol hoje à noite, às nove horas. É sobre a terceira tarefa.

Ela passou pelos garotos e desapareceu na porta da ala hospitalar. Soluço engoliu em seco e olhou para Jack.

– Você tem certeza que está bem ?

– Não entendo... Que foi que aconteceu ? - perguntou Jack para Merida, enxugando o suor do rosto.

– O urso de pelúcia virou aquela coisa... o dementador... ele ficou parado olhando, quero dizer, acho que foi, não pude ver o rosto dele... e você... achei que você estava tendo um ataque ou coisa parecida, gritei para você fazer alguma coisa, mas você ficou todo duro e então desmaiou. A professora trancou o bicho-papão de volta no baú e trouxe você para cá.

Jack não entendeu. Sentia-se fraco e cheio de arrepios, como se estivesse se recuperando de uma gripe muito forte; começava também a sentir um início de vergonha. Por que desmaiara daquele jeito ? Todos enfrentaram seus medos e ele foi o único idiota que ao invés disso desmaiou.

– Eu li em um livro que os dementadores nos trazem de volta nossas piores lembranças. Nossa dor se torna a força deles - disse Rapunzel.

Jack ficou pálido, então o grito que tinha ouvido não era da sua imaginação; Era a pior lembrança dele, o grito de Emma antes de cair no lago.

Todos olharam para ele curiosos. Para disfarçar ele deu uma dentada no chocolate e, para sua grande surpresa, sentiu de repente um calor se espalhar até a ponta dos dedos dos pés e das mãos.

– Nossa.. isso realmente faz você se sentir melhor. - disse Jack depois que acabou o chocolate. - Não sei por que as pessoas temem tanto a professora McGonagall. Quer dizer ela até que foi legal comigo e me salvou.

– Na verdade... - começou Merida envergonhada. - Quando você desmaiou, todo mundo ficou paralisado, sem reação. Aquela coisa estava bem próxima de você, eu tive que enfrentar meu medo outra vez, só assim a professora se mexeu para me ajudar.

– Então... foi você ? - perguntou Jack surpreso.

– Sim... - Merida pegou uma mecha de seu cabelo e colocou atrás da orelha, envergonhada. - Mas não fique se achando por isso. - disse rapidamente.

– Espera um pouco... - começou Soluço, olhando para Merida desconfiado.

– Então, Meri porque seu maior medo é um urso ? - Perguntou Rapunzel interrompendo o que Soluço estava prestes a perguntar.

– Ah... - Merida suspirou de alívio, por Punzie ter mudado o rumo da conversa -No meu aniversário de 6 anos, meu pai me deu um arco e flecha, naquela época ninguém sabia que eu seria uma bruxa é claro, e eu fui treinar, acabei errando uma flecha, que foi parar dentro da floresta; Corri para buscá-la e então, um urso enorme apareceu na minha frente. Meu pai ouvindo meus gritos foi até onde eu estava e lutou com o urso, na luta ele acabou perdendo uma perna. Nunca me esqueci daquele dia.

– Por que você nunca nos contou isso ? - perguntou Soluço.

– Não achei que era importante. Afinal, não achei que teria que enfrentá-lo de novo aqui em Hogwarts.

Jack segurou a mão dela e sorriu.

– Valeu.

Merida puxou rapidamente a mão dela.

– Não me agradeça Frost, eu fiz o que um típico aluno da Grifnória faria. - disse ela de maneira orgulhosa.

Jack acabou deixando para lá. Apesar de ter salvado sua vida Merida continuava a ser a mesma cabeça dura de sempre e não estava a fim de discutir agora.

– Desde quando eu estou aqui ? - perguntou ele.

– Algumas horas. - disse a enfermeira indo até seu leito examinar seu pulso. - Está liberado senhor Frost, vocês já podem voltar para a Sala Comunal de suas casas.

***

Às oito e meia da noite, Soluço deixou a Sala Comunal da Lufa-Lufa e subiu as escadas até o saguão de entrada, onde saiu em direção ao jardim para a noite nebulosa. O garoto caminhou pelos gramados escuros até o estádio de quadribol, atravessou uma abertura sob as arquibancadas e saiu no campo.

– Que foi que fizeram com o campo ? - perguntou Soluço para os campeões que já estavam reunidos.

O campo de quadribol deixara de ser plano e liso. Parecia que alguém andara construindo por todo ele muretas longas, que seguiam em meandros e o cruzavam em todas as direções.

– São sebes! - exclamou Flynn.

– Bem, que é que vocês acham ? - perguntou Gothel saindo da escuridão, assustando todos presentes. - Com um pouco mais de trabalho vai alcançar cinco metros de altura. - disse ela orgulhosa.

– É a senhora que está organizando essa tarefa ? - perguntou Soluço surpreso.

– Sim, eu sempre ajudei o organizador dos jogos com as provas, essa ele permitiu que eu fizesse sozinha. - disse a professora sorrindo com orgulho. - Agora, imagino que podem adivinhar o que estamos fazendo aqui ?

– Labirinto - disse Elsa depois de um momento de silêncio.

– Acertou - disse Gothel - Um labirinto. A terceira tarefa na realidade é muito simples. A taça do Torneio Tribruxo será colocada no final do labirinto. O primeiro campeão que puser a mão nela recebe a nota máxima.

– Temos que simplesmente atravessar o labirinto ? - perguntou Soluço.

– Haverá obstáculos... - disse McGonagall - E haverá também feitiços que vocês precisarão desfazer. Agora, o campeão que está liderando a contagem de pontos entrará primeiro no labirinto. - Gothel sorriu para Soluço. - Depois entrará o Sr. Flynn Rider depois a Srta. Elsa. Mas todos terão a mesma possibilidade de vencer, dependendo da perícia com que superarem os obstáculos. Será divertido, não acham ?

Soluço achava muito pouco provável que fosse divertido. Contudo, concordou educadamente com a cabeça, como os demais campeões.

– Muito bem... se não tiverem nenhuma pergunta a mais a fazer, vamos voltar ao castelo.

Elsa avisou que não estava se sentindo muito bem e que iria ficar mais um tempo para esfriar a cabeça. Para a surpresa da garota, a professora acabou concordando e a deixou para trás enquanto seguia para o castelo com Flynn e Soluço.

A garota sentou na grama preocupada olhando para o labirinto. Porque tinha a impressão que essa tarefa não ia dá em boa coisa ? E se pusessem Anna novamente em perigo e ela não pudesse salvar a irmã ? Ou pior, se ela não conseguisse se livrar de algum perigo e morresse deixando Anna sozinha no mundo ?

Elsa escutou o farfalhar das folhas enquanto as preocupações invadiam a sua mente. Estava tão absorta em pensamentos que nem percebeu quando um rapaz ruivo apareceu atrás dela.

– Tudo bem ? - perguntou Hans colocando a mão sobre seu ombro e a assustando.

– O que você está fazendo aqui ?! - exclamou a loira. - Por acaso está me perseguindo ?

– Epa! calma aí, quando eu fico sem sono eu passeio sobre os campos de Hogwarts. - defendeu-se Hans - Eu só te vi parada aí, achei estranho e vim ver se está tudo bem.

– Está sim, muito obrigada - disse ela com frieza.

– Você está com raiva de mim. - disse ele se sentando ao lado dela. - Por acaso eu atrapalhei o romancezinho entre você e o Frost ?

– E teve algum momento que eu não fiquei com raiva de você Hans ? - disse Elsa virando para o lado.

– Você não respondeu minha pergunta.

– Não te interessa. Minha vida não te interessa. Nada meu te interessa - disse a garota começando a ficar irritada - Se não se importa, eu gostaria de ficar sozinha.

– Na verdade eu me importo sim - disse ele sorrindo, o sorriso dele de repente lembrou a ela o sorriso de Jack, o mesmo sorriso cafajeste.

Elsa pegou a varinha e apontou para ele.

– O que você quer comigo ? - perguntou a loira - E não venha com essa história de "você não me conhece", meus instintos me dizem para não confiar em você.

– O que eu preciso fazer para você confiar em mim ?

Elsa baixou a varinha e pensou um pouco.

– Você fala que eu não te conheço, que ninguém te conhece como você realmente é. Bom, prove... me conte algo que ninguém saiba sobre você. - disse ela arqueando a sobrancelha.

– Só se você responder minha pergunta. - retrucou o rapaz.

– Isso importa ? - perguntou ela irritada.

– Me faça rir - disse o ruivo.

– Sim, satisfeito ?- disse ela com raiva - Não sei bem o que rolava entre a gente e não, não foi inteiramente sua culpa. Nós nem devíamos ter começado, mas eu já estava apaixonada e ele partiu meu coração. Tá engraçado o bastante para você ?

Hans olhou para baixo.

– Não me entenda mal, mas fico feliz ouvindo isso.

– Está feliz por saber que partiram meu coração ? - perguntou ela e deu um sorriso sarcástico. - Por que não estou surpresa por ouvir isso ?

– Se ele está partido significa que ainda funciona. - disse ele. - Então eu estava certo, você não é a rainha do gelo como todos falam.

– Como se você soubesse alguma coisa sobre isso... pelo o que eu sei o seu não funciona. - murmurou a garota baixinho o suficiente para que Hans ouvisse.

– Você está certa. - disse ele. - Ele não funciona, como diziam meus irmãos: " O amor te faz fraco e vulnerável". Mas ela já funcionou uma vez...

Elsa riu com escárnio.

– Tá...

– Pode rir. - disse Hans - Mas foi verdade, o nome dela era Anastasia.

– Era ? - perguntou Elsa curiosa.

Hans suspirou criando coragem.

– Meus pais são sangue puros e eles são do tipo que tem preconceito com sangue-ruins. Anastasia era trouxa de nascença e a gente se encontrava escondido. Planejávamos fugir, mas meus irmãos descobriram e foram correndo contar ao meu pai, que proibiu imediatamente de me encontrar com ela. E depois disso ela sumiu, nunca mais a vi... provavelmente já deve estar morta....

– Ah... - disse Elsa um pouco constrangida.

– Desde então, meu pai me olha como uma decepção, sempre sou a sombra dos meus 12 irmãos mais velhos, todos eles me tratam como uma piada em casa. Venho tentando me destacar de alguma forma, chamar a atenção deles, mostrar que sou capaz de alguma coisa; Mas nem no Torneio Tribruxo fui escolhido...

Elsa ficou sem reação e um silêncio constrangedor pairou sobre eles.

– Sabe... - começou ela. - Você estava certo aquele dia no armário. Eu me importo com o que as pessoas dizem sobre mim. Quando eu estava enfrentando o dragão e revelei meus poderes, a primeira coisa que pensei foi que eles iam me achar um monstro. E perdi a Segunda Tarefa porque tinha medo de congelar o lago inteiro. Na terceira tarefa estou preocupada de alguma coisa do tipo ou até pior acontecer, tudo por causa desses poderes idiotas que nunca pedi para ter.

– Você vai mesmo deixar o medo controlar a sua vida ? - perguntou ele para garota que estava envergonhada.

– Eu só tenho medo de algo acontecer a Anna, ou então a mim e ela ficar só...

– Você a ama mesmo né ? - perguntou Hans.

– Sim. - respondeu ela.

– Faça o seguinte, quando você estiver lá dentro no labirinto - disse ele apontando para a frente. - Pense em uma coisa: Não seja o monstro que eles temem que você seja.

Elsa sorriu um pouco e lembrou do conselho que o pai deu a ela antes de morrer: "Sempre a boa menina deve ser".

– Então... amigos ? - perguntou ele.

– Acredite, você não vai querer ser meu amigo. - retrucou a loira. - Tenho que voltar, a Anna deve está preocupada.

E então, Elsa saiu em direção a seus aposentos, se concentrando nos conselhos de seu pai e Hans e deixando as preocupações de lado. Ela é capaz de ganhar esse torneio e iria fazer isso pela irmã.