ApocalipZe escrita por Sr Devaneio


Capítulo 8
Sub-Capítulo 2 - O Ensino Médio dos Mortos parte 2


Notas iniciais do capítulo

E, como prometido, aqui começa o sangue.
Não é muita coisa ainda, mas já é alguma coisa (xD)
Mais uma vez, espero que gostem ;)



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15h30 – Intervalo

– Huum... Os salgados desta escola são realmente muito bons! – disse Thiago.

– É por isso que está gordo desse jeito! – rebateu Verônica, ajeitando os óculos.

– Nossa Verônica! Coitadinho do Thiago. – Nathália entrou na conversa com um tom de pena.

– Deixe-a falar o quanto quiser Nathália. Eu não me importo! – e deu outra mordida no salgado.

– É por isso mesmo! Se ligasse já teria feito um regime! – replicou Verônica.

– SE eu ligasse pro que você diz Verônica, eu já teria cortado os pulsos! – Rebateu Thiago, antes de dar outra mordida em seu lanche.

– Idiota! Este é o seu segundo salgado do dia. Você nem sabe o tanto de calorias que está ingerindo agora! – Verônica já estava meio irritada.

– É eu não sei... Mas você também não! – outra mordida.

Thiago era muito tranquilo. Seu rosto pacífico dava a impressão de que nunca tinha se irritado na vida. Era calmo em tudo, inclusive em discussões, e isso destruía Verônica por dentro.

Ela cerrou os olhos e lançou lhe um olhar medonho antes de se afastar e sentar-se em frente à Árvore do Intervalo, bem ao meu lado.

Já que estamos falando neles, vou descrever um pouco meus amigos:

O Thiago é meio “fortinho”, o mais calmo da turma e tem uma fissura enorme por tudo o que envolva tanques de guerra e armamentos militares. Tem pele clara, cabelos e olhos escuros.

A Verônica é o gênio geek. Tem mania de grandeza ao mesmo tempo em que demonstra baixa autoestima em relação à própria aparência. Às vezes, passa por momentos emocionalmente delicados, ficando mais sensível e tendendo a ser mais “sincera” (grossa). Apesar disso, é uma grande amiga, engraçada e companheira fiel. Sempre rimos muito quando ela está de bem com a vida. Aparentemente tem uma queda pelo Thiago, mas discute – sem resultado – sempre com ele. Tem a pele morena, usa óculos cor-de-rosa e tem um cabelo castanho-escuro, que vai até o meio das costas. Seus olhos são da mesma cor que seu cabelo.

Nathália é uma das pessoas que mais faz falta, quando falta aula. Conhece bastante gente fora do grupo também, amizades resultantes das séries anteriores. A mais meiga de todos, gosta de todos sem falsidade, sabe a coisa certa a dizer na hora certa e é bem religiosa. Detesta quando outros membros discutem ou brigam, e tenta ao máximo, com palavras suaves e tranquilas, acabar com o foco de discussão. Seus cabelos castanhos estão sempre na altura do pescoço, são lisos e cacheiam nas pontas. Seus olhos também são da mesma tonalidade dos cabelos, um castanho mais claro que os de Verônica e os meus. É o amor não correspondido de Matheus.

Vítor é o mais baixinho do grupo. Assim como o Thiago, gosta muito de coisas perigosas, porém, mais de explosivos e armas do tipo metralhadora. Sinceramente, não vejo diferença nenhuma entre seu gosto e o de Thiago, mas ambos afirmam que existe, embora seja mínima. Vítor não morava com os pais, e sim com os tios – que, por “incrível” que pareça, também eram militares. Seus cabelos encaracolados estavam sempre meio bagunçados. Como se ele não fizesse questão nenhuma de penteá-los. Também eram castanhos, assim como os olhos.

Pra facilitar, ninguém no grupo tinha olhos claros.

E, por último, o Matheus. Assim como Nathália, ele possuía muitos colegas fora do grupo. Diz a lenda que é apaixonado por Nathália desde a quarta série, quando estudaram juntos pela primeira vez. Acabou se conformando em esperar (já tentara uma aproximação maior várias vezes. Inclusive, já tinha “se declarado” a ela, mas ela deixou claro que não o vê assim. Por fim, pareceu entender que nada iria rolar. Pelo menos, não por agora então ele tomou a decisão de esperar mais um pouco. Não sei se a espera vai dar algum resultado, mas, no fundo no fundo, acho que é só ele esperar mesmo). Tem mais ou menos a minha altura (cerca de 1,75), cabelo crespo curtíssimo, meio castanho-preto (se isso existir. Não é castanho castanho, é mais escuro que o castanho normal) e claro, olhos escuros.

– Ei Verônica, por que o apetite do Thiago te estressa tanto? – perguntei de forma inocente, agora que os retratos-falados acabaram.

Verônica enrubesceu.

– Porque, Enzo? Por quê? Porque não quero que meu amigo tenha um infarto. – Ela respondeu como se fosse muito óbvio, sem olhar nos meus olhos.

– Hum, sei... – Fiz uma cara de descrença.

Ela fechou a cara e abriu a boca, pronta para responder, mas foi interrompida por um grito agudo e alto, que parecia desesperado. Vítor deu um pulo daqueles.

– O que foi isso? – disse ele com os olhos arregalados.

– Parece que veio do pátio... – disse Nathália, de um jeito preocupado.

Os alunos que estavam na área verde começaram a adentrar o pátio indo curiosos em direção ao lugar de onde o grito viera.

– Só tem um jeito de descobrir... – levantei de um salto e saí correndo na mesma direção que todo mundo.

Pela altura e intensidade do grito, a coisa parecia ser bem séria.

O pátio estava lotado. Ao chegar, procurei enxergar o que estava acontecendo. Uma multidão de cabeças curiosas tampava minha visão, na roda que os alunos fizeram em torno do ocorrido. Tive que abrir um caminho entre os alunos e consegui achar um ponto aonde pude ver o que acontecia.

Bem no centro da roda, estava a primeira cena mais terrível que eu já tinha visto: Uma estudante estava caída de joelhos no chão, sobre uma pequena poça de sangue. Tinha um ferimento medonho e exposto no braço, algo que se assemelhava a uma mordida.

O sangue fluía livremente, rápido o suficiente para matá-la em alguns minutos. Bem ao seu lado, um menino deitado de barriga para cima. O menino que sem dúvidas fora o causador do ferimento. Seus olhos estavam vermelhos. As pupilas e íris um pouco esbranquiçadas, parecia estar meio estrábico também. Sua pele estava de um tom pálido e acinzentado. De sua boca escorria um líquido vermelho escuro bastante espesso.

Sangue. Ele estava imóvel.

Todos no pátio estavam com as mesmas expressões de medo. Algumas variavam entre terror, medo e nojo, mas no geral, era o medo que imperava. Pude ver Emi e Leon – o primeiro aluno do Trio – na direção oposta à minha, cochichando entre si. Em seguida, Emi virou-se e disparou pelos corredores. Como ela era linda...

Ouvia-se o burburinho dos alunos no pátio inteiro.

“Coitadinha. Boa aluna. Estou com medo. Braço. Osso. Sangue. Diretor? Vou vomitar. Que nojo.” Foi o que captei ao meu redor.

Enojado, procurei meus amigos. Vítor foi o único que consegui encontrar, pois estava bem ao meu lado. Sua expressão facial não era de medo nem nojo. Era de pânico.

Estava branco como alguém que tinha visto um fantasma e tapava a boca com uma das mãos.

– O-o nome dele... era Arthur. – Disse sem tirar os olhos daquela cena terrível. – Ele é da minha classe.

Pela expressão de pânico em Vítor, ele e o menino... Arthur... Conheciam-se. Deveriam ser colegas.

Não pude dizer sequer uma palavra, pois a menina gritou novamente, provavelmente de dor, chamando de volta a atenção de todos no recinto.

Ao ouvir o grito, Arthur fez um movimento súbito: virou o rosto para a menina ao seu lado e num piscar de olhos avançou no pescoço dela. Ela deu um urro de dor, abriu tanto a boca que achei que fosse rasgá-la enquanto tentava empurrar a cabeça de Arthur para longe; mas ele era forte demais para a pobre garota.

Sangue espirrava do local onde Arthur mordia, espalhando-se por seu rosto e descendo até o uniforme branco com listras azuis de ambos. A menina não parava de gritar e chorar. Todos no pátio começamos a recuar. Os professores surgiram de um dos corredores. Imediatamente foram empurrando os alunos e praticamente voaram em Arthur para separá-lo da pobre menina. Percebendo a gravidade da situação, o mais alto deles gritou:

– Atenção todos! Voltem imediatamente para suas respectivas classes e esperem ordens superiores! Repetindo: Voltem IMEDIATAMENTE para suas classes e aguardem!

Arthur mordia e socava.

– VÃO! – Ele gritou novamente quando ninguém se mexeu. Acho que fiquei esperando ele dizer o famoso “sem pânico”, mas devido àquela situação, dizer algo desse tipo era pura tolice. Mal terminara a frase, ele puxou Arthur com força. Dessa vez ele soltara o pescoço da menina. Só que estava mordendo tão forte que quando foi separado do pescoço, pude ver veias, nervos e músculos se rasgando. Um jato enorme vermelho escuro voou para a parede oposta, atingindo alguns muitos alunos que estavam em sua direção. Eles gritaram e sacudiram o corpo, tentando repelir aquele líquido pegajoso.

A menina abaixou os braços e a cabeça de imediato, e não se mexeu mais.

Essa foi a deixa de que todos estavam precisando para correr numa gritaria só. Alunos correndo em pânico pelos corredores, subindo esbaforidos os degraus das escadas. Lógico que eu corri também, mas tive a curiosidade de me virar para trás uma última vez e o que vi não foi nada menos horrível: Arthur, agora longe da menina, sacudia-se ferozmente nos braços dos professores, que tentavam segurá-lo. Mordeu o braço do que estava mais perto. Duas linhas de sangue escaparam e começaram a escorrer para o chão.

Isso foi a última coisa que precisei ver para me virar e correr dobrado. Mas, infelizmente, corri na direção errada.


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Notas finais do capítulo

E então???
O próximo já tem mais ação. E é onde nossa história começa a ficar bacaninha de verdade. Logo vocês entenderão por quê.



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