ApocalipZe escrita por Sr Devaneio


Capítulo 7
Siena e Nancy


Notas iniciais do capítulo

Aqui estamos nós novamente.
Peço desculpas adiantado. Este capítulo era pra ter sido lançado depois do "PdV 1" - Eduardo e Amanda. Como aqui não dá pra aletrar a ordem dos capítulos, terei que orientá-los por essa nota.
Espero que tenha ficado tudo claro e vamos nessa!



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03 dias para o Fim

Nancy acordou Siena da forma delicada e gentil, como sempre fazia. Vestiu a pequena com um macacãozinho estilo jardineira por cima da blusinha amarela.

As sete e vinte tomou seu café puro de todas as manhãs. Siena, mais uma vez, ficou com seu cereal de milho com leite. O noticiário informava o tempo, que mais uma vez, seria ótimo na pequena Sausalito, situada no condado de Marin, na Califórnia.

Assim que saiu de casa, às oito e dez, teve o privilégio de quem mora muito perto do mar: respirar a brisa que vinha direto do oceano. Prendeu Siena na cadeirinha de segurança do carro e partiu para seu trabalho, em São Francisco.

Apreciou mais uma vez a bela vista que a Golden Gate proporcionava, junto com o delicioso ar marinho que entrava pelas janelas abertas, enquanto dirigia. Deixou Siena na creche às nove e cinco e chegou ao trabalho às nove e vinte e dois.

O trabalho foi como sempre era: movimentado e cheio de papeis. Nancy era empregada de uma firma, filial do correio e responsável por encaminhar as cartas a seus respectivos destinatários. Ela gostava quando uma carta ou outra aparecia mais enfeitada e dava a entender que seria uma carta de amor.

Ela ficava imaginando o(a) autor(a) escrevendo as cartas com paixão e ficava pensando se seriam um casal feliz. Apesar de ter sido abandonada e grávida pelo companheiro, três anos e meio antes de tudo, ela gostava de histórias de amor bem sucedidas. Mais ainda, Nancy ainda acreditava no próprio Amor.

Aquele tipo de carta aquecia seu coração. Fazia ela se lembrar de que, só porque na primeira vez não dera certo, não seria em todas que ela erraria.

Até porque uma segunda chance estava por vir. Gerard, um colega de trabalho e amigo de longa data, esteve ao seu lado desde o acontecido e a amizade de ambos só se intensificou e evoluiu com o tempo.

Fora Gerard que oferecera um ombro amigo e lenços de papel para que ela pudesse chorar quando foi deixada por aquele covarde. Nada doera tanto quanto a dor de ouvir aquelas malditas palavras duras e frias. Pior ainda, nada doera tanto quanto descobrir que ele a deixara por conta da pequena Siena, a qual ainda nem podia ser chamada de “bebê”, de tão pequenina que era na época.

Nancy até pensou em tirá-la de si. Estava tão desnorteada, abalada, fragilizada e irada que não queria nada que a lembrasse dele. Nada que lembrasse os bons momentos que passaram juntos. Nancy tinha até conseguido um médico, mas no dia da operação Gerard aparecera em sua porta, com uma expressão chocada e a impediu de fazer tal loucura.

Nem é preciso dizer que Nancy tem uma enorme gratidão desde aquele dia.

Gerard prometera ajudá-la e foi o que fez. Mesmo não existindo nada mais que amizade entre eles, ele fez papel de pai: era Gerard que estava com Nancy em cada consulta, cada sessão do psicólogo (inclusive fora ele quem o achara), cada momento em que Nancy precisava de alguém. E era Gerard quem estava ali ao seu lado quando viram o rostinho gracioso de Siena pela primeira vez (ela até já o chamara de “papa” algumas vezes, deixando ambos desconcertados).

Aqueles olhinhos fechados, os cílios espessos, o nariz afilado e os lábios rosados de bebê. A mãozinha minúscula que apertou com força parte da palma de sua mão, no primeiro toque de ambas, criando uma ligação invisível mas forte, de amor eterno e incondicional.

Aquilo fez tudo valer a pena.

E ainda tinha Julie e Carl, um casal adolescente de São Francisco que ela “conhecera” por meio das cartas. Ela já vinha reparando e imaginando a história dos dois há um tempo quando uma das cartas de Julie veio com o envelope mal colado e acabou abrindo.

Ela escrevera duas cartas depois, uma para cada um, dizendo quem era e pedindo desculpas por ter lido a carta que caíra aberta e explicando a situação, sem se esquecer de dizer que torcia por ambos. Uma semana depois vieram duas respostas e a partir daí, vez ou outra, eles se comunicavam.

Hoje, Nancy era uma mulher forte e confiante. Em seus plenos trinta e cinco anos, havia passado por experiências bem intensas.

Gerard entrou na sala de Nancy, tirando-a de seu devaneio:

– Olá, desculpe interromper.

– Ah, oi Gerard! Tudo bem, eu já estou acabando com esses papeis aqui.

– Eu não demoro. Só passei pra perguntar se, bem... se você queria fazer algo hoje à noite?

Gerard era meio tímido. Sempre que queria pedir algo a alguma moça, ele nunca ia direto ao ponto.

– Tipo um jantar?

– Exatamente!

– Hoje não dá. Marquei com Megan de darmos uma ida até à cidade para umas compras.

Gerard ficou visivelmente desapontado.

– Que tal na sexta? – ela sugeriu.

O rosto dele se iluminou:

– Está ótimo! The Trident? – sugeriu?

– Perfeito!

– Certo. Sexta, então. Te pego às sete?!

– Isso! – ela confirmou, sorrindo.

O resto do dia e da semana foi tranquilo. Às vezes, ela e Gerard se encontravam nos corredores da firma e se despediam rapidamente com um sorriso – o dele, sempre mais bobo.

Na sexta, Nancy chegou em casa às quatro e já foi e arrumar. Milagrosa e coincidentemente, foi liberada meia hora mais cedo.

Quando Gerard chegou, às sete em ponto, Nancy surgiu com um vestido preto que realçava suas curvas (o qual não se lembrava da última vez que o tinha usado, muito menos que o possuía em seu armário), um sapato combinando, uma maquiagem leve e os cabelos louros penteados e presos num coque firme por um prendedor que combinava com todo o resto. Sua franja estava solta e Nancy não podia estar mais linda. O restaurante não era tão longe, então o casal foi a pé, apreciando a noite e conversando.

– Nossa! -ele exclamou.

Nancy quase levou um susto:

– Algo errado?

– Não, pelo contrário! É só que você está... linda! – a última palavra saiu num fio de voz.

Gerard corou. Como era muito branco, todo mundo percebia sempre que ele ficava envergonhado.

– Ah, obrigada.

Depois disso, o assunto morreu e ambos ficaram ali, no pé das escadas que davam para o apartamento de Nancy. A brisa marinha estava deliciosa aquela noite, e a Lua decorava o céu negro com sua luz (avantajada pela sua fase cheia) e suas estrelas ao redor.

Gerard estendeu o braço timidamente com um sorriso. Nancy agradeceu e eles foram assim até o cais.

Siena havia ficado na casa de sua irmã Megan para poder curtir a noite despreocupadamente. E foi o que fez.

Eles jantaram à luz de velas, com música ao vivo e vinho tinto. Depois de algumas taças, Gerard foi ao banheiro e quando voltou, parecia mais arrumado e bonito, talvez fosse o vinho.

Eles conversaram animadamente e aproveitaram a sobremesa enquanto a banda tocava as últimas músicas.

Gerard, como todo bom cavalheiro, deixou Nancy em casa. A volta foi ainda mais animada, cheia de risadas e totalmente descontraída, visto que o vinho já havia subido à cabeça de ambos. A noite continuava linda.

– A noite foi maravilhosa, Gerard. Obrigada!

– Eu que agradeço. Foi mesmo inesquecível.

Um momento de silêncio depois e Gerard começou a enrubescer. Por sorte a noite disfarçava um pouco, mas não o suficiente para Nancy não perceber:

– Gerard?

– Eu só... estava pensando em uma coisa. Bobagem, deixa pra lá...

Nancy sorriu discretamente e se aproximou:

– O que foi? Pode me contar...

– Você é muito bonita, só isso.

– Obrigada. Você também é uma gracinha. E um fofo.

De repente, Gerard sentiu-se mais seguro e menos tímido. Talvez fosse efeito do vinho, mas ele se sentia corajoso o suficiente para dizer:

– Nancy, eu queria tentar uma coisa. Não vai demorar.

– O que é?

Ele tentou se lembrar da última vez que fizera aquilo. Na sua primeira vez, para ser mais preciso. Do jeito que Allie, sua primeira namoradinha, o ensinara, no Segundo Ano do Ensino Médio.

Esperando não errar nada, Gerard envolveu o pescoço de Nancy com delicadeza e aproximou seus rostos. O beijo foi demorado.

Na mesma noite, há cerca de trinta e sete minutos de distância, em São Francisco, o casal que tinha conhecido Nancy via correios - Julie e Carl - havia brigado feio. Julie pedira um tempo e como havia ficado bastante abalada com tudo, sua amiga Amberly chamou-a para uma festa.


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Notas finais do capítulo

Como foi?
No próximo, a bagaceira já vai começar. Preparem-se, pois OS ZUMBIS ESTÃO ÀS PORTAS!
MWÁ-HÁ-HÁ-HÁ-HÁ! (risada louca do mal)



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