ApocalipZe escrita por Sr Devaneio


Capítulo 24
Sub Capítulo 7 - No mundo dos Mortos as pessoas estão fadadas a perecerem


Notas iniciais do capítulo

Eu me sinto um péssimo autor.
Perdoem-me, mas eu queria tanto caprichar e dar os melhores capítulos para vocês... Só que infelizmente isso leva muito tempo comigo. :
Hoje tive um acesso e decidi que postaria assim mesmo, mesmo com ele não finalizado. Seria melhor que levar mais duas semanas para terminar então improvisei um final e eu espero que minha pressa não estrague tudo para vocês.
Mais uma vez, perdão pela demora. Espero que gostem!
Boa leitura.



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E não é que acabamos encontrando os tais MI’s?! Estavam debaixo do caixa da loja, na prateleira de madeira. Dois deles.

– Isso vai facilitar bastante as coisas! – disse Nathália.

– Sim... só seria mais legal se encontrássemos para todos. Assim, todos teríamos como nos comunicar sem preocupação com créditos no fim ou falta de internet.

– Dois já é um número bom. Podemos nos dividir em dois grupos, se for o caso – ela falou, até animada -. De quem será que eles eram? – acrescentou, mudando totalmente o foco do assunto.

– Não faço ideia. Talvez dos antigos funcionários daqui.

– Hum... certo. Vamos lá avisar os outros disso.

Mensageiros Instantâneos são aparelhos capazes de enviar mensagens de texto, voz e vídeo usando uma rede própria – a InstantNET. Assim, não é necessário estar conectado a um ponto de acesso de internet, basta ter um aparelho (que emite um sinal para um megassatélite situado na órbita terrestre; este, por sua vez, reenvia o sinal para o IP desejado. Cada MI tem seu próprio IP, que é intransferível e insubstituível).

Eram a mais nova inovação tecnológica dos últimos dois anos, justamente pelo fato do requerimento de criação da própria Instant, e eram caros pra caramba, mesmo aqui, no país que os tinha desenvolvido (porém mais barato que para o resto do mundo).

Achar dois desses em uma loja como aquela, em um lugar como aquele, foi muita, mas muita sorte nossa. Tinham o tamanho dos extintos tablets e era possível adquiri-los em três cores diferentes: branco, preto e rosa. Os dois que achamos eram pretos.

Logo depois, Matheus surgiu de algum lugar e disse, se aproximando:

– Achei este aqui no depósito... UAU! Vocês também? – se surpreendeu ao ver os dois aparelhos que eu e Nathália segurávamos.

– A-hã. - confirmei.

– Esses aqui estavam no balcão ali atrás. Estamos indo mostra-los aos outros. – acrescentou ela.

– Vou com vocês, então.

– Vem. – falei para ele, já retomando a caminhada com Nathália me acompanhando.

– Nossa! Eles serão bastante úteis! – exclamou Emi ao mostrarmos os MI’s.

– Sim, só precisamos pensar em alguma forma para que todos possam usa-lo juntos, já que temos apenas três. – falou Matheus.

Fez-se um breve momento de silêncio enquanto pensávamos juntos. Tive uma ideia:

– Que tal se nós meio que nos separássemos?

– É. Em grupos de três! – continuou Nathália com o mesmo raciocínio.

Olhei para ela espantado e ela sorriu.

– Hum... me parece bastante justo. Veremos com os outros, se todos estiverem de acordo poderemos fazê-lo. – respondeu Emi.

– Vamos chama-los então! – acrescentou Matheus.

Começou a me dar fome.

– Que horas são, será? – perguntei por hábito enquanto olhava no celular.

11:27. UAU, o tempo tinha praticamente voado mesmo! Considerando que saímos da casa por volta de 08h15, fazia pouco mais de três horas que estávamos sem comer nada, era de se esperar que a fome viesse.

– Que horas? – perguntou Nathália, provavelmente por causa da minha surpresa.

– Onze e vinte e sete. – respondi.

Emi acrescentou:

– Então já aproveitaremos para discutir aonde vamos almoçar.

*

Após reunirmos todos em uma rodam Nathália explicou brevemente sobre os MI’s encontrados antes de Emi explicar a ideia de nos dividirmos.

– Dividir de novo? – suspirou Thiago de maneira exasperada.

– Sim, mas dessa vez estaremos o tempo todo juntos. Assim, em teoria, os três grupos poderiam usar os Mensageiros de forma equitativa. – explicou a ruiva.

Nathália apoiou gentilmente a mão em seu ombro e falou gentilmente:

– Fica tranquilo, Thiago. Ninguém vai ficar para trás de novo. Nunca mais!

– Inclusive você pode vir comigo se quiser. Para se sentir mais seguro. – acrescentou Emi simpaticamente.

Pelo fato de sermos oito, dividir-nos-íamos em dois trios e uma dupla.

– Aceito. – disse ele sem precisar pensar muito – Obrigado.

Olhei para Verônica na hora. Mas ela apenas deu de ombros disfarçadamente e franziu um pouco as sobrancelhas.

– Então já temos uma dupla. – afirmou Nathália – Quem vai formar trio com Enzo e quem vai com Verônica?

Aquela frase me pegou de surpresa.

– Comigo? – perguntei, franzindo o cenho.

– É, ué. Os três líderes escolhidos formam os três grupos.

Então o negócio dos líderes continuava?! Ah, que maravilha...

Como não respondi anda, Vítor se pronunciou:

– Vou contigo. Eu, você e Nathália!

Olhei para ela:

– Tudo bem para você se for assim?

– Sem problema algum. Vamos lá!

Sorri com um dos cantos da boca rapidamente enquanto Emi anunciou:

– Então só fica faltando Verônica, Vanessa e Matheus. Podem ser o último trio?

– Tanto faz – respondeu Vanessa, apoiada na parede com as costas e as pernas cruzadas.

– Para mim também – disse Verônica.

– Pode ser – aceitou Matheus.

O.k. Grupos formados.

– Ótimo. Agora só falta resolvermos uma coisa antes de finalmente continuarmos nosso caminho... – continuou Emi – Quem mais está com fome?

Todos levantaram a mão, inclusive (e obviamente) eu.

– Então, fica a pergunta: aonde vamos almoçar?

– Quais são as opções? – perguntou Vítor.

– Só todos os restaurantes da cidade – respondeu Matheus.

– Parece bom. E suficiente. Hum... parece bom o suficiente...

*

Depois da reunião, finalmente estávamos prontos e cada um armado o suficiente: Thiago e Vítor carregavam consigo, presas em suas costas por tiras, duas armas enormes de cano longo (em minha leiga opinião e ignorância com relação a armas de fogo eu as julgaria como sendo metralhadoras); Vanessa substituíra os facões por uma bonita lança prateada (mas ainda mantinha-os consigo presos por uma tira de couro amarrado à cintura); Matheus insistira com a besta, porém havia substituído a que segurava antes por uma menor e de aparência mais leve. Também tinha pegado uma aljava e a enchido com flechas – o que realmente me deixou surpreso. Uma lança até era aceitável, mas arco e flechas de verdade? Isso era praticamente um devaneio estranho. Quero dizer, quem ainda usa arco e flecha no mundo globalizado de hoje? Cara, estamos em 2019! -; eu estava com o estilingue e as esferas e até Verônica apareceu com um coldre amarrado em cada perna.

Apenas Natália não havia pegado nada para si.

Depois de pegar as mochilas e tomarmos um pouco d’água, saímos pelos fundos da loja: uma segunda portinha secreta escondida na parede preta e seguimos por uma série de corredores iluminados por neons coloridos até que no último deles surgiu uma luz pelas frestas de uma grande porta metálica. Feliz e estranhamente não encontramos nenhum deles no trajeto. Emi girou a maçaneta mas a porta não abriu.

– O quê? – perguntou ela. Sua face iluminada por uma luz esverdeada havia feito uma expressão de surpresa.

– Essa não! Não pode estar trancada... – suspirou Matheus.

Verônica começou a mexer em sua mochila e após poucos instantes de reclamações dos outros, tirou um pequeno aparelho redondo lá de dentro. Tinha uma abertura em um dos lados e foi nessa abertura que ela encaixou a maçaneta do portão de metal.

Um clique depois e a porta se abriu.

Agora estávamos a céu e ruas abertas. O número de mortos-vivos ao redor era grande, bem como o número de carros parados com portas abertas e ligados.

Esquivando-nos ao máximo deles, atravessamos o pequeno viaduto sobre a Via S2.

Se fôssemos em frente (pela direita) iríamos para o Setor Bancário Sul. Em contrapartida, iríamos para o Setor Hoteleiro Norte. Seguimos pela direita; desde que saímos na lateral do CONIC havia uma quantidade boa deles. Tivemos que defender-nos a todo o tempo dos mortos que se aproximavam vindos de todas as direções.

A partir dali, todo o percurso era novo para mim.

A estrada se dividia em várias ruas interligadas logo depois. Fomos pela que virava em diagonal e seguia até o Setor Comercial Sul. Atravessamos um semáforo e seguimos em mais uma diagonal antes de chegar a um estacionamento a céu aberto. Seguimos pela estrada que havia em frente ao mesmo, com Emi dizendo para ficarmos alerta e termos cuidado com os que se aproximavam.

Obviamente, corríamos quando não andávamos rápido e andávamos rápido quando não corríamos. A tensão do momento era muita, mas de alguma forma o fato de estarmos em praticamente um enredo de filme de terror era surpreendentemente excitante, de uma forma boa. Eu me sentia energizado com tanta adrenalina correndo solta por minhas veias, de uma maneira que nunca pensei ser possível.

O céu estava claro e com pouquíssimas nuvens, como de costume. O azul era tão intenso que nem parecia que o mundo havia acabado logo abaixo daquela imensidão belíssima. O céu dessa cidade era bastante conhecido em vários lugares, inclusive até países, por sua beleza inigualável e eu sempre entendi por que.

A estrada em que estávamos era curta e cercada: por um lado, o estacionamento com seus vários carros, mortos-vivos e árvores espalhadas; do outro, uma pequena elevação no solo, que se estendia até pouco mais à frente, quando o Setor Comercial Sul começava. Era basicamente encosta com escadas de concreto construídas para facilitar o acesso à parte comercial logo acima. Também muitas árvores eram plantadas em sua extensão.

Consegui ler o nome “Ministério da Fazenda” em um dos prédios próximos. Mais à frente, há alguns quilômetros, havia o Banco Central erguendo-se sobre a linha do horizonte.

Logo mais a frente parte da passarela era visível. Subindo a mesma, havia o restaurante - segundo EMI nos dissera.

Era quadrada e as escadas subiam, faziam uma “parada” – que consistia num pedaço de caminho reto – e subiam uma última vez. Quase que em formato retangular.

Emi e Vanessa chutavam e cortavam as cabeças dos mortos que estavam no caminho de subida. Empurrei um ou outro que se aproximou apenas quando as duas tinham passado, bem como o resto do grupo. Elas, como sempre, estavam abrindo caminho. Nós agíamos como podíamos, porém quase não conseguíamos usar as armas que pegamos na Senpai, já que tudo acontecia muito rápido.

Empurrei um deles para a beirada da passarela, estávamos na parte plana e ele quase caiu. Antes que pudesse se recompor, Matheus cravou em sua testa uma flecha com a besta.

– Obrigado! – falei.

Ele assentiu com um ar orgulhoso e respondeu:

– Vamos antes que nos deixem para trás!

– Sim.

Porém, quando dei um passo para a frente, senti alguém segurar meu tornozelo com bastante firmeza. Perdi o equilíbrio e caí com tudo. Minha mochila pressionou dolorosamente minhas costas na queda.

Processei rapidamente o que estava acontecendo, mas não precisei de muito para me dar conta do que estava me segurando. Quando olhei para trás, vi uma jovem. Aparentava ter uns 18/19 anos e era até bonita. Seu ferimento não estava aparente e ela grunhiu alto, me puxando para si.

O estilingue estava em minhas mãos, mas na queda deixei as esferas que segurava caírem. Eu estava desarmado e a essa altura muito provavelmente os outros já estavam longe.

Ah não!

– Me solta! – gritei, agitando o pé e tentando me arrastar na direção contrária, me afastando.

Mas ela era forte demais e quanto mais eu me debatia, mais ela apertava.

– Não! Me solta!

Eu estava em pânico. Não era possível que eu iria morrer ali, naquele estado. Não era possível! Também acho que estava chorando.

Para piorar, os que estavam ao redor começavam a se aproximar.

– Não! – gritei.

Seu rosto estava bem em cima de minha perna quando ela abriu a boca.

Era agora.

No fim do mundo, a morte chega para muitos. Fatalidades aconteceram com os que deviam morrer. Era como uma espécie de seleção natural bastante radical e cruel, mas continuava sendo uma seleção. Apenas os fortes sobreviviam. Essa era a regra.

No fim do mundo, pouquíssimos são os sobreviventes.

No fim do mundo, é natural coisas como aquela acontecerem.

No fim do mundo, as pessoas morrem. Os fracos morrem.

No fim do mundo, momentos tensos e mortais surgem todo o tempo.

No fim do mundo... as pessoas estão fadadas a perecerem quando suas horas chegassem.

E esta era a minha vez. Esta era a minha hora.

E eu acho que a pior parte é que não havia mais nada que pudesse ser feito para mudar isso.


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Notas finais do capítulo

O título veio de uma frase que a maravilhosa J Stanesco escreveu em um de seus últimos reviews. Achei muito filosófico e também que seria justo creditá-la por isso.
A propósito: eu comecei a separar os melhores reviews e pregá-los no meu quarto. Deu uma nostalgia tão boa relembrar daquilo tudo hahahaha
Continuarei fazendo isso, então não parem de comentar.
E eu também sinto falta de alguns leitores. MIFatori, Lady Marie, DangerousBitch, Son Of Victory, EywaPers, Adolfinho, Saky Mangekyo, Nanda Mason, Andy Dobrev, Liza, Ravenna, vocês ainda estão aí??
Por hora, é isso. As coisas vão melhorar, tenho certeza (sobre o andamento da fic em geral). Só não desistam disso, por favor. :)



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