ApocalipZe escrita por Sr Devaneio


Capítulo 10
SubCapítulo Bônus! - Conheça a escola que foi tomada pelos Mortos!


Notas iniciais do capítulo

Ho! Ho! Ho!
Neste Natal, mais um capítulo pra vocês. Espero que gostem e que tenham um ótimo Natal e Ano Novo!
Boas Festas, meus amigos!



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Ela sentiu a cabeça coçar. Levantou as mãos para realizar o ato e sentiu algo frio. Apalpou. Era bem sólido. Levantou-se quase que imediatamente. Levou alguns segundos para raciocinar onde estava. Um Box fechado, um vaso sanitário, um banheiro. O banheiro esquerdo do 3º andar. Ela realmente dormira. Sentia-se até um pouco mais disposta. Olhou seu relógio: 15h13. O pânico tomou conta de si, havia perdido as duas últimas aulas de matemática antes da prova e toda a revisão final.

– Droga! – em um sobressalto, Vanessa levantou do sanitário tampado e saiu do Box.

Correu até a pia e lavou o rosto, ajeitou o cabelo e pegou sua mochila do chão, saindo corredor adentro logo em seguida.

O corredor permanecia escuro como sempre, mas estava estranhamente mais silencioso que o normal. Depois de alguns passos ela se aproximou das salas de aula mais próximas, encabulada. Silêncio total. Havia um odor muito estranho e forte no ar. Um cheiro que a fez lembrar-se de quando sua tia acidentalmente passara por cima seu hamster de estimação, esmagando-o com o carro.

Cheiro de sangue.

A porta estava escancarada. Vanessa se deparou com uma sala de aula cheia de livros, cadernos e estojos escolares espalhados e diversas mochilas largadas sobre as cadeiras, carteiras ou jogadas no chão. Era como se todos tivessem saído com pressa e deixado tudo para trás. Vanessa achou melhor ir até a direção da escola para ver o que estava acontecendo.

Ao começar a descer a escadaria que dava para o segundo andar, ouviu ruídos. Acelerou o passo, pensando ser alguém com alguma informação sobre o que acontecera ali.

A sensação de estar sozinha naquele lugar era angustiante e causava uma sensação de assombro.

Assim que a menina chegou ao segundo andar, olhou para os dois lados, completamente desconfiada do silêncio e uma falta absurda de luz. O andar estava um pouco mais iluminado que o andar de cima, mas ainda estava escuro demais para ser o 2º.

Vanessa rapidamente refez seus passos mentalmente e confirmou: aquele realmente era o segundo andar. O segundo andar era bem mais barulhento que o terceiro, e se esse silêncio sepulcral tomava conta dos dois andares, algo realmente estranho acontecia. Um cheiro forte e azedo tomava conta do recinto.

Outro ruído ecoou pelos corredores, gelando a espinha de Vanessa.

Um som animal, brutal e totalmente esquisito pode ser ouvido diversas vezes. Parecia perto e longe. Virando o rosto para a direita, Vanessa pôde ver duas figuras ajoelhadas no chão. Devagar, a menina se aproximou e conseguiu visualizar melhor do que se tratava.

Duas alunas estavam ajoelhadas e debruçadas sobre algo no chão. Emitiam ruídos primitivos e movimentavam-se de forma nada delicada, como se estivessem comendo algo. Vanessa tampou o nariz com a gola de seu casaco e se aproximou um pouco mais, devagar.

Vanessa lutava contra a vontade de vomitar – o cheiro havia se intensificado – mas a vontade de gritar foi maior. Ela gritou com espanto depois do que viu.

As duas alunas viraram seus rostos imediatamente. Um líquido escuro e espesso escorria livremente de suas bocas sujas para seus uniformes imundos. Seus olhos estavam em direções diferentes e meio esbranquiçados. A única coisa que tinham em comum eram dois ferimentos horrendos em partes diferentes do corpo: a primeira tinha algo se assemelhava a uma mordida no pescoço; a segunda o mesmo, mas na perna direita. Ambas seguravam os restos de – pelo que parecia – um rato partido ao meio.

Aquilo com certeza era a pior coisa que Vanessa já tinha visto, e depois daquele vislumbre demoníaco, soltou um grito agudo e estridente.

Foi como um chamativo.

As duas meninas urraram em resposta. Levantando-se em um impulso, a primeira soltou a metade de rato na poça escura logo à sua frente, e foi cambaleando na direção de Vanessa. A segunda foi um pouco mais lenta, provavelmente devido ao ferimento que levara na perna. Algo em Vanessa dizia que ela deveria correr. Ir o mais longe que suas pernas poderiam levá-la.

E foi o que ela fez.

Em um giro rápido, disparou para a escada do primeiro andar. Mas girou rápido demais, e sua mochila escorregou das costas, caindo no chão com aquele som macio de antes.

Vanessa foi quase caiu com a freada brusca que deu, mas quando se virou, viu que teria de deixá-la ali mesmo. As duas meninas já haviam alcançado a mochila. Elas eram relativamente lentas, mas em poucos segundos haviam dado uns bons passos. Não tinha jeito mesmo de recuperá-la; Vanessa continuou a correr.

Descendo as escadas como louca, quase caiu na metade do trajeto até o andar de baixo, quando o corrimão simplesmente fugiu de sua mão. Equilibrou-se rapidamente e virando o rosto, viu que faltava um pedaço dele. As duas extremidades estavam bastante desgastadas, num aspecto corroído, como se o pedaço que faltava tivesse sido arrancado com força.

Um gemido lento e abobalhado fez a menina voltar à sua situação atual. Ela virou o rosto e viu as duas alunas já descendo o primeiro degrau, cambaleando como se estivessem bêbadas. Ao contrário do que o susto lhe fizera pensar, as duas eram irritante e extremamente lentas, e só sabiam gemer e olhá-la com um olhar vazio.

Vanessa continuou a descer, prestando atenção nos movimentos de ambas. No segundo degrau, a garota da frente tropeçou no próprio pé e desastrosamente reduziu a distância entre ela e a própria Vanessa, ao vir de uma vez em sua direção enquanto caía.

Por instinto, Vanessa pulou, e suas costas chocaram-se contra a parede; o ar escapar abruptamente de seus pulmões e ela caiu sentada. Quando inspirou novamente, ainda no chão, sentiu-se agradecida pois o pulo evitou um impacto entre a menina abobalhada e suas pernas – o que provavelmente a teria derrubado e sabe Deus o que teria acontecido.

Recuperando o ar devagar, Vanessa levantou o mais rápido que pôde e foi se recompondo enquanto a menina ia se levantando de forma tosca. Algo definitivamente anormal estava acontecendo, pois o impacto que a pobre coitada havia levado ao bater de cara no degrau teria deixado qualquer um inconsciente por um tempinho.

Sangue escorria de seu nariz, que estava com um formato estranho depois da queda, mas ela mal parecia notar. Só sabia gemer daquele jeito idiota e lento, como se tivesse desaprendido a falar e estivesse tentando aprendendo de novo, só que sempre começando e terminado em “AAAH”.

Com uma expressão de terror e dor – aparentemente tinha doído mais nela que na menina – Vanessa ficou alguns segundos admirando aquela cena completamente insensível. Simplesmente a menina quebrou a cara (literalmente) na parede e levantava como se nada tivesse acontecido. Se não estivesse tão tensa e chocada, Vanessa teria gargalhado da pobre.

Vanessa entendeu que o momento de vislumbre acabou quando a segunda menina terminou de descer a escada e a “encarou”, gemendo como a “amiga” ao lado. Sem pestanejar e ignorando a situação da Senhorita Quebra-Cara ao lado, ela continuou avançando.

– Quanta insensibilidade! – Vanessa ficou mais chocada ainda, mais não era hora de se distrair. Algo sério estava acontecendo (ou havia acontecido) enquanto ela dormia e ela tinha de descobrir o que era.

E saiu no momento exato em que “Insensível” jogou os dois braços para frente, abraçando o ar. Ela fez um som de frustração. Vanessa deu língua e continuou seu caminho.

Ao terminar a metade da escada para o segundo andar, quase morreu de susto. Á sua esquerda, dois outros “amigos” surgiram do nada, quase tendo um encontrão coma menina. Mais uma vez, o instinto a jogou para trás – dessa vez, com o incentivo do susto – chocando-a novamente contra algo sólido mas fofo às suas costas.

Com um grito de pavor, Vanessa empurrou um “amigo” grande e rechonchudo que estava bem atrás dela e tentou agarrá-la. Ele tropeçou para trás, revelando dois outros às suas costas.

O grito havia atiçado todos eles. Insensível e Quebra-Cara terminavam de descer as escadas com pressa; à sua direita, dois amigos avançavam a uns quarenta e cinco metros de seu rosto. À sua esquerda, o Rechonchudo se levantava. Seus dois amigos que antes estavam atrás, o tinham ultrapassado e agora estavam a centímetros de seu braço. Todos motivados pelo grito.

Vanessa estava cercada... Exceto por uma direção.

Uma descarga de adrenalina a impeliu para frente em um segundo. No instante seguinte, Rechonchudo e Amigo da Direita se chocaram. Com Insensível e Quebra-Cara (que vinham logo atrás) aconteceu o mesmo.

Todos eles, juntos e caídos uns sobre os outros, haviam formado uma massa cinza-pálida - com feridas abertas aqui e ali – em lugares diferentes de seus corpos.

Mais uma vez, por questão de um segundo, Vanessa havia se livrado. Antes que a Massa pudesse se “reorganizar”, Vanessa contornou-os com cautela e disparou rumo á ultima escada. A escada que dava para o primeiro andar. Rapidamente, se perguntou como aqueles outros cinco haviam surgido do nada... E se lembrou que havia gritado bem alto quando encontrou Insensível e Quebra-Cara.

Então, aparentemente, gritos chamavam a atenção deles.

Ou talvez... Qualquer som alto. Ou... Talvez... Qualquer tipo de som.

De qualquer forma, agora, Vanessa era pura adrenalina.

O resto do corredor, por incrível que pareça, estava “limpo”. Sem dificuldades, Vanessa alcançou a tal escada. E como nos outros dois corredores cheios de salas, este também estava escuro.

A menina inspirou forte e desceu preparada pra qualquer tipo de surpresa. Após o primeiro passo, porém, seu corpo inteiro começou a formigar.

Com uma sensação ruim, ela foi descendo devagar. Ao chegar no meio, ouviu um gemido lento.

Vanessa encostou-se à parede mais próxima e ficou imóvel. A cada segundo, o gemido ia aumentando mais e mais até se tornar dois, depois três, depois quatro...

A essa altura, ela havia entendido que precisava ver o que ou quem estava subindo as escadas. Já tinha um palpite, mas precisava confirmar.

De repente escutou o gemido bem ao seu lado, e, o mais silenciosa e rapidamente que pôde, afastou-se da parede, indo encostar-se à parede oposta.

Uma figura surgiu. Era um menino. Seus cabelos negros eram a única coisa que o diferenciavam dos “amigos” que Vanessa encontrou. O resto era a mesma coisa: Pele cinza-pálida, olhos embaçados e estrábicos. De sua boca para baixo, sangue seco havia escorrido manchando o queixo, pescoço e o colarinho de seu uniforme imundo, chegando até a ponta dos dois S cruzados, símbolo da escola.

Tapando a boca com a mão, Vanessa fechou os olhos e esperou algo muito ruim. Alguns segundos depois, ao abri-los, viu que o menino havia passado por ela e simplesmente ignorado. Outros jovens subiam atrás dele, todos caminhando da mesma forma cambaleante, gemendo, completamente ignorantes de sua presença.

– O quê? – disse Vanessa, tapando a boca imediatamente – Simplesmente... Passaram?! – ela falou resto mentalmente.

Em seguida, um gemido ligeiramente pouco mais alto e mais perto foi ouvido. Um menino grande de cabelos cor de areia vinha subindo, muito próximo. Afastando o corpo rapidamente para o dar passagem a ele, Vanessa continuou em silêncio, com a boca tampada enquanto ele passava por ela. Mas, assim que estava bem de frente à menina, ele parou subitamente e virou o rosto, fitando-a em seu modo estrábico, mas terrível.

Vanessa pôde olhar os olhos de um deles bem de perto. A sensação que causavam era algo novo. Apesar de tenebroso, era curioso, pois parecia que eles te fixavam, mas não exatamente você. Algo atrás, ou até mesmo dentro de você. Era como se aqueles corpos, aqueles olhos vazios olhassem diretamente para a alma dos vivos. Aquele olhar gelou a espinha de Vanessa e a deixou arrepiada.

O garoto gemeu, olhando fixamente para a pobre e assustada garota.

Pronto, é o fim – Pensou ela com desespero. Estava imprensada contra a parede.

Mas ela não iria se entregar tão facilmente. Antes que pudesse se arrepender e que o menino pudesse fazer algo, Vanessa começou a deslizar pela parede devagar, até chegar ao ponto em que a mesma encontrava outra ponta e recomeçava a descer, acompanhando o curso das escadas.

O garoto foi acompanhando enquanto ela deslizava, mas permaneceu imóvel.

Com a visão um pouco mais ampla, Vanessa pôde ver mais jovens, que continuavam subindo, ignorando completamente ela e seu novo amigo.

Finalmente ela podia se movimentar com mais liberdade. Porém bastou chegar na parte onde as paredes se encontram, outro menino surgiu, ficando a centímetros do seu rosto.

Vanessa sentiu lágrimas escaparem de seus olhos. Nem havia percebido o quão tensa estava. Enquanto recuava o que podia ates de ficar prensada novamente, começou a observar o que nela fazia tanto barulho, e ao mesmo tempo pouco barulho, para atrair os que estavam mais perto. Evitando fazer qualquer tipo de barulho adicional, ela reparou em sua respiração, que estava acelerada e alta.

Imediatamente a menina tentou controla-la, o mais rápido que podia, enquanto o menino diminuía os poucos centímetros de segurança que havia entre ambos. Seu rosto chegava cada vez mais perto e Vanessa viu que não teria outra alternativa. Teria de prender a respiração se quisesse ter chances de se safar novamente.

A dez centímetros de seu nariz, Vanessa pôde sentir o cheiro que ele emanava. Nossa! Como fedia! O mesmo fedor de quando largamos carne podre ao sol e deixamos por muito tempo. Talvez, pelas descargas de adrenalina que sofreu, ela não tivesse percebido antes, mas agora, forçada a ficar quieta, notou que o cheiro empesteava o lugar, vindo de todos os que subiam. Ele abriu a boca e um cheiro mais podre ainda invadiu as narinas da menina. Lutando contra o impulso de tossir, escutou de perto um daqueles gemidos.

Vanessa fechou os olhos com força e começou a rezar em mentalmente.

Mais lágrimas escorreram por seu rosto.

Estava ficando sufocada com aquilo tudo. Precisava fazer algo imediatamente; a cada milésimo de segundo, o menino parecia chegar milímetros mais perto. Então, reunindo toda a coragem e imaginando um vasto campo de rosas, Vanessa inspirou profundamente aquele cheiro maldito e imitou o som que o menino fazia.

– Aaaaahn... – o som saiu bastante parecido com o que eles faziam. Talvez porque a menina estava praticamente sem ar puro e o ar que tinha a estava sufocando.

Ele parou. Após uns instantes quieto, outra coisa apareceu de repente e esbarrou nele. Em seguida, ele simplesmente se virou e a seguiu, subindo as escadas como se nada tivesse acontecido.

Em choque, Vanessa não fez nada por um tempo. A medida que foi se acalmando, ela respirou fundo (de forma controlada para evitar muito barulho) tentando recuperar ar. As lágrimas quentes que haviam escorrido antes começavam a cessar com o susto.

Com tantas coisas subindo de uma vez, era melhor sair o mais rápido possível dali. Ainda colada à parede, Vanessa tirou forças sem saber de onde e continuou a deslizar, finalmente para o último lance de escadas que faltava.

Ao finalmente terminar a escadaria, a menina enfim alcançou o bendito último corredor da escola. O corredor que dava acesso ao pátio. Estava bem vazio.

Provavelmente – pensou – todos que aqui estavam, sobem as escadas nesse exato momento.

O gemido lento ainda ecoava por todo o corredor, pelas escadas e mais além... Talvez, por toda a escola.

Apertando o passo, ela logo chegou ao tão esperado pátio, respirando com sofreguidão o ar puro que vinha da área verde. Finalmente um ar limpo invadia seus pulmões ardentes. Tapando o máximo a boca com a mão, permitiu-se tossir um pouco e liberar aquele fedor que havia praticamente ingerido.

O pátio exalava um forte cheiro de sangue. Havia manchas escuras espalhadas por todo o chão e em alguma das paredes. No corredor adjacente, haviam mais daquelas coisas, mas estes estavam quietos. Bem ao seu lado, uma linha grossa vermelho-escura escorria até o chão, seguindo num “caminho” que terminava numa poça enorme da mesma substância escura, que estava espalhada aqui e ali. Além de tudo, o pátio estava cheio de pegadas da mesma cor, também espalhadas, mas por todo o recinto. A linha era uma reta perfeita. Qual seria a relação entre as duas?

Tanto fazia...

Sempre colada á parede imunda, Vanessa foi se arrastando até o fim do pátio, para a área verde.

Mas infelizmente não viu a pequena barra de ferro que estava sob seus pés, e um barulho enorme ecoou pelo pátio e arredores.


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Notas finais do capítulo

E então?
Olha ali! É o Papai Noel??!
*corre pra janela*



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