P.O.V Annabeth

Nós costumávamos ser

assim como os gêmeos

Assim, em sincronia

A mesma energia

– Casar? – Silena falava incrédula. – Você? Na mesma frase? Isso é quase impossível! A onde seu avô estava com a cabeça quando teve essa hilária ideia?

– Não tem a mínima graça! Onde vou arranjar um marido?

– Mamãe pode te ajudar, ela já teve vários peguetes gatos quando tinha aquelas mini separações com papai.

– Eu não posso casar com alguém que não conheço ! Vai que ele tem uma DST .

– Ah, então você quer fazer coisas ousadas com seu falso marido ?

– Ué, não posso ficar na seca para sempre . – disse bebericando a taça de vinho tinto que tomava .

Silena soltou uma gargalhada e de repente seus olhos se arregalaram, como se uma lâmpada tivesse acendido na cabeça dela .

– Tive uma ideia! Uma grande e maravilhosa ideia ! – o sorriso gigante estampado em seu rosto alegava o quanto estava orgulhosa de si . Mas as ideias da Silena quase sempre davam errado .

– E qual é ? Sabe, suas ideias sempre são de bom coração, mas nunca dão certo .

– Mas essa dará certo! Ele nunca negaria esse pedido .

– Ele quem ?

– Percy .

E com isso cuspi todo o vinho que estava na boca na camiseta branca de Silena .

– Urgh. Sabia que essa camiseta era nova ?! – diz esbravejando e caminhando com passos pesados até a cozinha .

Eu encarava a parede cor-de-rosa do quarto de Silena . Casar com Percy ? Me casar com meu melhor amigo, e gay em todas as horas de seu dia ?

Poderia gastar meu tempo pensando duas vezes se iria ou não fazer essa proposta a Percy, mas Annabeth Chase não pensa duas vezes, Annabeth Chase age.

Peguei minha bolsa na cadeira e sai do apartamento de Silena sem ao menos me despedir, e fui até a casa de Percy, pensando como faria essa pergunta a ele.

***

Bati três vezes antes de entrar no quarto de Percy, ele saberia que era eu e mandaria embora quem estivesse com ele.

– Entra Annie! – entrei lentamente no quarto bagunçado de meu amigo, me surpreendendo de não vê-lo com alguém, ou segurando a garrafa de vodca especial dele. Se ele estivesse bêbado seria mais fácil para mim. Me repreendi mentalmente por não ter passado em um bar para beber antes de fazer a cagada que farei em alguns minutos. – Como foi a reunião ontem? – ele ainda digitava no celular, nem olhando para minha cara apreensiva .

Engoli seco e tomei coragem. Era agora ou nunca.

– Percy... tenho uma coisa importante para falar. – sussurrei, e minha voz preocupada e nervosa me denunciou, ele direcionou seus olhos verdes para mim, e fiquei pior.

– O que houve ? – sentou-se ao meu lado, passando as mãos pelos cabelos negros bagunçados, deixando-os pior .- Zeus te tirou do testamento? Eu meio que suspeitava isso, ele é bem mandão, você é mais rebelde, ele poderia querer de botar na linha, para você aprender. Olha, ele nunca gostou muito de mim, nem eu dele, se quiser extravasar podemos jogar vídeo...

– Percy, cala a boca, ele não me tirou do testamento! Por que todos acham isso? Deuses, eu quero quebrar a sua cara agora! – ele se afastou lentamente, como se eu fosse uma cobra que o engoliria vivo a qualquer momento.

– Ah, entendi, você está de TPM, eu entendo, sempre vou estar aqui para você com um balde de pipoca e uma massagem.

– Fica quieto, pelos deuses, preciso te falar algo importante.

– Então fala, não precisa ficar enrolando. – encarei-o, não poderia ficar calada, teria que falar logo de uma vez.

– Vovô colocou no testamento que só poderei assumir as empresas quando estiver casada. – Percy me fuzilou com seus olhos verdes, neles tinham uma sombra de divertimento e pena por mim, ele também não sabia se ria da minha cara ou me abraçava. Ele escolheu a primeira opção. – Pare! Não tem a mínima graça! Todos acham hilário, só porque não estão na minha pele.

– Certo, e quem você arranjou para ser seu marido ? – sabia que seu divertimento acabaria assim que eu falasse o que estava pensando .

– Você. – falei em sussurro, torcendo para que ele risse e achasse que foi uma grande piada. Mas ele não riu, apenas me encarou, sua boca um pouco aberta.

– O ... que? Eu? – apenas assenti.

– É, não sei como pude pensar nisso, uma grande loucura, você não faria isso... melhor eu ir... tchau Percy. – já estava em frente a porta quando uma mão segurou meu pulso e me puxou, me fechando em uma abraço de urso.

– Eu até poderia pensar em fazer esse grande favor para você...

– Você faria isso por mim? – agora eu já me encontrava com os olhos cheios de lágrimas, não esperava que ele fizesse isso por mim.

– Mas eu só caso com você se...

– Eu faço o que você pedir! Eu juro! Até vir morar nessa imundice que você chama de casa.

– Ei, não seja grossa. Só iria pedir para nos casarmos em Las Vegas, seria bem legal, hein? Poderíamos até chamar alguns amigos.

– Você está falando sério ? Las Vegas? Não podia ser em Paris?

– É isso ou nada, querida amiga...

– Tudo bem, eu me caso com você em Las Vegas. – eu sorri abertamente agora, abracei-o com toda a força que conseguia. – Obrigada, você é o melhor amigo gay que existe. – sussurrei.

– E eu não sei?!