Hunter escrita por Jiinga


Capítulo 20
Desfecho


Notas iniciais do capítulo

Ok, vou deixar um pouco de suspense e só vou postar os próximos dois capítulos semana que vem! Haha



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A última semana do ano letivo, também conhecida com semana de provas, foi exaustiva. Não só pelas provas, mas porque eu tive que passar a semana toda evitando o Tristan. Não falei com ele. Fiz de tudo para não vê-lo. Mas sabia que não podia continuar assim.

Então, na terça-feira, penúltimo dia de aula antes das revisões para a recuperação - nas quais eu não iria, por que passaria de ano direto -, pedi para que ele falasse comigo na quarta de manhã e ele concordou. E pra variar, eu matei a educação física à toa, por que ele não apareceu.

Foi na aula de matemática que eu comecei a chorar. Marina e Vitória - eu mal falava com elas, mas naquele momento, as duas foram melhores amigas do que Bel e Thaís haviam sido nos últimos dias - e Mia vieram me acalmar, mas não tinha mais jeito. Eu estava em estado de choque, chorando sem parar. Tudo o que acontecia me lembrava o Tristan e me fazia chorar ainda mais. Parecia que um buraco estava se abrindo no lugar do meu coração.

“Por que você não desce? Ele tá lá embaixo.” Por que eu sabia que ele estava com a Carol e não iria largá-la por um minuto que fosse para me acalmar.

O que eu não entendia, era que, se ela havia dito que não ficaria com ele, por que ela tinha que monopolizar o Tristan? Por que ela tinha que me fazer sofrer tanto? Qual é, eu nunca tinha feito nada pra menina!

Então, quando a última aula – filosofia - estava prestes a acabar, Marina se revoltou e pediu para sair mais cedo. Nosso professor deixou e ela desceu para chamar Tristan.

Quando passaram dez minutos do término da aula e eu estava achando que ele não viria mais, Tristan apareceu na porta da sala, com um olhar de cachorro sem dono. Ele veio na minha direção com os braços abertos, mas eu o parei:

– Sem abraços.

– Tá bom, então.

– Tristan o que tá acontecendo, hein?

– Ué, não tá acontecendo nada!

– Então por que você não apareceu lá hoje? Eu passei a aula toda te esperando, eu só queria passar um tempo com você, consertar as coisas!

– Eu tive que estudar, desculpa.

– Tudo bem. – parecia verdade, afinal estávamos na semana de provas.

– Mas fale agora o que você tem pra falar.

– Ta. Tristan, eu não aguento mais, sabe? Eu não aguento mais sofrer, chorar e você não fazer nada! O que aconteceu com meu melhor amigo? Eu sinto que nem te conheço mais!

– Emilia, eu sou o mesmo! Quantas vezes eu vou ter que falar isso?

– Não, não é, e para de falar isso! Algum tempo atrás, se você me via mal, era o primeiro a ir saber o que estava acontecendo, a me acalmar... Agora, eu posso estar morrendo na sua frente e você não vai largar a Carol por cinco minutos pra me acudir!

– Isso, não é verdade, eu to aqui agora.

– É, porque a Marina foi lá te buscar. Você não faz nada por vontade própria, alguém tem que te dar um toque pra você ir lá fazer.

– Emi, eu não gosto de te ver triste assim. Você acha que eu faço as coisas por querer?

– Acho. Acho sim.

– Eu não faço. Você pode me odiar no momento, mas eu te amo muito. E Eu nunca faria algo pra te machucar intencionalmente.

– Então por que faz? - ele não respondeu. – Eu não quero sair de férias brava com você, Tristan.

– Eu também não quero.

– Então promete que você vai mudar! Que vai voltar a ser meu melhor amigo!

– Vou tentar melhorar, ok?

– Promete?

– Prometo. Abraço?

Abracei-o, depois de tanto tempo, mergulhando meu rosto em seu ombro perfumado.

– Ei, Emilia, você vai no cinema com a gente? – Carla perguntou, aparecendo na porta.

– Acho que vou. – lancei um sorriso significativo a Tristan - Vamos descer.

Estavam todos ao lado da escada. Todos que eu conhecia do nono e do segundo ano. Inclusive a Carol. Tristan instantaneamente saiu do meu lado para ir falar com ela e eu procurei sentar o mais longe possível deles. Vitória sentou ao meu lado.

– Você tá bem?

– Não, Vi, é claro que eu não to bem! Parece que a conversa de agora pouco nem existiu.

– Ai, Emilia...

– Eu não entendo, se ela não gosta dele, por que não o deixa passar um tempo comigo?

– Você tem razão. Quer saber? Eu vou falar com ela e vai ser agora.

– Vitória! – exclamei, mas ela já estava na metade do caminho.

Ela chamou Chelsea para um canto. Eu fiquei conversando com Yuji enquanto elas discutiam. Alguns minutos depois, ela estava de volta, com uma cara receosa.

– E aí?

– Er... Então Emilia... – ela sentou ao meu lado e segurou minha mão – Ela meio que... Gosta dele...

Não.

O chão sumiu embaixo dos meus pés. Se eu não estivesse sentada, provavelmente cairia.

– É.

– Não... – as lágrimas começaram a se formar nos cantos dos meus olhos. Era o fim. Estava tudo perdido. Não tinha mais esperança. Agora o Tristan pararia de vez de falar comigo. Comecei a chorar desesperadamente.

– Calma, Emi...

– Eles vão se pegar no cinema hoje à noite, Vi! Eu não posso ir! Eu não vou aguentar ver os dois juntos!

– É, é melhor você não ir, mesmo.

– É, eu vou pra casa. Chega, eu não aguento mais essa escola.

– Emilia, você não vai... Fazer coisas feias nos pulsos lá, vai?

– Não. Eu prometo.

Fui até Tristan, ele se assustou quando percebeu que eu estava chorando de novo.

– O que houve?

– Nada.

– Eu fiz alguma coisa?

– Não.

– Eu to fazendo alguma coisa?

– Também não.

– Então o que é?

– É o que você vai fazer. Olha, Tristan, eu não quero falar sobre isso, só quero me despedir, tá?

– Você já tá indo embora? Achei que fosse ao cinema com a gente.

– É, eu ia. Não vou mais.

– Por quê?

– Porque sim.

– Ah, tudo bem, vem cá. – ele me abraçou de novo – Esse é tipo... O último abraço, né?

– Por um bom tempo, é.

Ele me abraçou mais forte e disse:

– Eu te amo, viu?

– Eu sei. Eu também.

Quando ele me soltou, expliquei a situação para o resto do pessoal e fui embora. Eu estava melhor do que aparentava. Acho que minha ficha ainda não tinha caído.

Mais tarde, naquela noite, Tristan me contou pelo Facebook que ele havia ficado com a Chelsea. Mas àquela altura eu já estava conformada. Afinal, pelo menos eu não teria que vê-los juntos todo santo dia por um bom tempo, graças às férias.

Os dias que se passaram enquanto eu ficava em casa solitária e as pessoas iam pra escola estudar e fazer provas de recuperação foram muito deprimentes.

Mia me mantinha informada do que vinha acontecendo na escola, do quão irritantes Tristan e Carol estavam, já que os dois praticamente se comiam em público. Ele, por sua vez, falava cada vez menos e brigava cada vez mais comigo. Não demorou muito para que começasse a namorar a Carol para valer. Pensei em dizer o quão idiota ele estava sendo, mas ele ia achar que era apenas ciúmes e me ignorar, como sempre.

Eu estava tão desolada em relação a ele que fui falar com minha amiga Natalie - outro espectro -, que o conhecia desde o começo do ano anterior. Ela estava revoltada por que ele estava deixando todos os amigos por causa de uma namorada. Fiquei feliz em saber que eu não era a única que pensava assim. Ela decidiu conversar com ele sobre isso, mas acabou não dando em nada porque ele não deu ouvidos.

Logo, Natasha, Marina e Carla também começaram a reclamar que sentiam falta dele. Como o Tristan não percebia que estava perdendo todo mundo? E, se percebia, por que não fazia nada?

Thaís mal falava comigo, porque, segundo ela, eu estava sofrendo porque queria e não estaria assim se a tivesse ouvido desde o começo. E ela tinha razão.

Eis que, numa bela noite de segunda-feira, na véspera da minha festa de formatura do nono ano, Tristan me ligou dizendo que haveria uma reunião no QG dos espectros e que eu tinha que ir.

– Eu não quero ir.

– Por que não?

– Porque não, ora!

– Emilia...

– Eu tenho um mal pressentimento, só isso.

– Não faz sentido.

– Não precisa fazer.

Pude ouvi-lo respirando fundo.

– É por causa da Carol?

– É. Sinceramente, você não cansa de ser cachorrinho dessa garota?

– Argh, Emilia, por que você não pode me ver feliz?

– Tchau, Tristan.

– O quê? Eu falei algo errado?

– Falou. Tchau.

Não fui à reunião.


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