Hunter escrita por Jiinga


Capítulo 11
Explicações




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/572358/chapter/11

Voltei para minha casa correndo, pois sabia que lá me sentiria segura.

Estava agora sentada na minha cama, ouvindo “Speed of Sound” do Coldplay e chorando, quando uma brisa entrou pela janela, levantando meu cabelo.

Virei a cabeça lentamente em direção a minha sacada.

Ele estava lá.

– Emilia, me deixe entrar.

Não movi um músculo.

– Por favor. – a voz dele estava trêmula, como se fosse chorar. Mas eu fui forte. Levantei-me, prestes a ir embora. – Você não me deixa outra escolha. – Tristan fechou os olhos e a porta para a sacada se abriu sozinha, com uma ventania. – Emilia.

Parei onde estava e me virei para ele. A julgar pelos olhos, parecia mesmo que Tristan havia chorado.

– O que você quer? – perguntei, enxugando minhas lágrimas.

– Quero me explicar.

– Vá em frente.

Ele deu um passo.

– Não vai atirar em mim ou algo do tipo? – perguntou. Balancei a cabeça negativamente – Tem certeza? Eu posso te matar se quiser.

Respirei fundo e dei um passo na direção dele.

– Não estou com medo.

Tristan engoliu em seco e olhou para o chão, já que eu estava muito perto.

– Posso... Posso te abraçar? – perguntou.

Não precisava dizer mais nada. Pulei para cima dele, com os braços ao redor de seu pescoço e ele me abraçou fortemente. A verdade é que no fundo eu não ligava pra quem ou o que ele era. Eu o amava, e estava disposta a ao menos tentar entender tudo que estava acontecendo para mantê-lo por perto.

– Meu Deus! Eu achei que tinha te perdido para sempre! – exclamou.

– Chegou bem perto. – soltei-o – O que aconteceu, afinal? Eu quero explicações.

– E vai tê-las. – Tristan sentou na minha cama e fez sinal para que eu sentasse junto com ele – O que você quer saber primeiro?

– Por que você não me contou que era um espectro quando veio aqui em casa?

– Porque eu não sabia.

– Como assim não sabia?

– A verdade é que nós... A princípio não sabemos que somos espectros. Em algum momento da vida, sofremos a mutação e acabamos assim. Não é algo que se possa escolher ser.

– E desde quando você... Está assim?

– Desde o começo das férias.

– Por que não me contou? – eu estava falando muito alto.

– Por eu tive medo. Medo de te perder.

– Não me venha com essa. Se tivesse medo de me perder, não teria se afastado esse tempo todo.

– Eu fiz isso pra te proteger. Eu... Estou “com fome” no momento. – ou seja, ele queria se alimentar de almas. Isso deveria ter me deixado com medo, mas não me senti assim. Na verdade, fiquei com raiva.

– Ah, tá, e perto da Natasha e da Carol você pode ficar, de boa?

– Sim. Por que elas são espectros.

– São? – meus olhos se arregalaram.

– Sim.

– Quem mais é, na nossa escola?

– Além delas, de mim e do Rique... Hum... A Vitória, a Marina, o Luís... – a cada nome que ele falava, eu sentia ainda mais que minha vida era uma mentira.

– A sua irmã é?

– Ainda não.

Respirei fundo. As coisas ainda não faziam muito sentido na minha cabeça. Tudo que eu havia aprendido a vida toda parecia tão questionável...

– Você pode me contar mais sobre vocês?

– Claro. Bom, o Rique é meio que o nosso líder porque ele foi o primeiro a virar espectro. Mas ele tem um líder também, o pai adotivo dele. O nome dele é Chris.

– O Rique mata as pessoas tocando nelas, certo?

– Sim. E eu, por olhá-las nos olhos. – o que era um tremendo desperdício sendo que os olhos dele eram tão bonitos.

– Então esse tempo todo eu vim sendo uma vilã? Matando inocentes?

– Não. Existem espectros maus, como os que você caça. Mas não nós. O pessoal ali da escola é como se fosse um clã de espectros bonzinhos. Nós queremos te ajudar a matar os maus.

– E eu tentando matar vocês esse tempo todo! – afundei a cabeça no ombro dele.

– Há ha, pois é! – ele acariciou meu cabelo – Eu tenho uma coisa pra você.

Afastei-me dele e Tristan colocou algo na minha mão. Olhei para baixo e vi que se tratava de um colar prateado, com um pingente de coração com asas.

– O que é isso??

– É como um amuleto de proteção. Se você estiver em perigo de vida, eu vou saber.

– Ah... Que fofo... – corei – Obrigada. – ele sorriu – Tem mais alguma coisa que eu não sei?

– Ah, acho que você não sabe disso, mas nós podemos voar.

– Jura? – eu de repente parecia uma criança que havia ganhado um brinquedo – Como eu nunca soube disso?

– Porque é uma coisa relativamente difícil. Requer toda uma meditação pra você aprender e nós basicamente só sabemos por que o Chris nos ensinou. Qualquer dia eu te mostro.

– Uau! – eu havia parado de chorar e estava até sorrindo.

– Ah, sabe a água que você usa para nos matar? Você disse que nunca soube o que era, certo?

– Sim.

– São lágrimas. E não qualquer lágrima. Elas têm que ser lágrimas sinceras.

– Meu Deus, é muita informação para uma noite! – deitei de barriga pra cima, afundando a cabeça no travesseiro.

– Você tá brava comigo?

– Não.

– Magoada?

– Também não.

– Ótimo, por que as minhas intenções são as melhores. – ele deitou ao meu lado – Me desculpe por tudo. Eu te amo muito, Emilia e nunca poderia me perdoar se eu te matasse.

– Tudo bem. – eu apoiei minha cabeça embaixo do pescoço dele. - Você pode passar a noite aqui?

– Claro que sim.

Tristan me abraçou e eu acabei pegando no sono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!