As Mulheres de James Sirius Potter escrita por Lia Galvão, Miss Stilinski


Capítulo 9
Teresa de Oliveira Melikov


Notas iniciais do capítulo

Heeey girls! Conseguimos bem a tempo do combinado e, permitam-me adiantar, esse capítulo tá enorme! Eu queria agradecer a todas vocês pelos 65 comentários em apenas oito capítulos. Sério mesmo gente, vocês são incríveis! Não reclamem se qualquer dia desses matarem uma das autoras do coração. Brincadeira, continuem assim porquê isso nos deixa imensamente feliz.
Dei uma de Luna agora e tô falando mais que a língua haoshaohs Adianto que aquela dita surpresinha está se aproximando e, bem, chega de papo. Boa leitura e espero que gostem *-* ~Lia G.



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Depois da apresentação fomos direto para casa, o dia seguinte seria recheado de malas, corujas e viagens de trem.

Ter passado um tempo com Louise, me fez ver que eu precisava ser mais... Cuidadoso. Eu gostava de fazer aula de Estudo dos Trouxas, mas ter motivação era muito melhor.

Então quando acordei de manhã naquele primeiro de setembro eu tinha um objetivo: amadurecer. Afinal, eu estrearia como capitão do time de quadribol da Grifinória.

Quem dera fosse assim tão fácil, porque foi sendo infantil que eu comecei a falar com ela: Teresa Melikov.

(...)

Quinto ano. O ano da tortura. O ano em que todos estarão ferrados. O ano em que o inferno queima sem a gente perceber. O ano dos temidos e não-esperados N.O.M's.

Eu estava sentado entre Fred e Luna, quando Dominique finalmente resolveu dar o ar da graça na nossa cabine parecendo um furacão vermelho. Nós a olhamos e ela tinha a mesma expressão de quando nos conhecemos.

— Qual a flor que você quer despedaçar agora? — perguntei, erguendo uma das sobrancelhas.

— Vou arrancar a juba de um leão, isso sim! — exclamou ela, jogando-se no banco.

— Lisa? — Fred perguntou.

— Quem mais? Ela não está em lugar algum nesse trem e eu estou frustrada! Ninguém sabe onde ela está. — respondeu Dominique, evidenciando sua frustração. Ela me olhou. — Você sabe onde ela está? Desembuche!

— Não. — Disse só então reparando que eu não via Lisa desde o acampamento.

Ela não foi ao meu aniversário tampouco na peça, o que era estranho já que ela afirmou que não perderia aquilo por nada nesse mundo.

— Não tenho a menor idéia. — Disse sincero e Dominique bufou, frustrada.

— Ela vai aparecer moranguinho. — Fred prometeu e eu gargalhei.

— Você ganhou! — Rendi-me colocando um sapo de chocolate nas mãos de Fred. — Arrumou um apelido pior que Mini.

— Eu vou trucidar os dois se não pararem com isso. Caso não tenham percebido não estou de bom humor.

Coloquei um sorriso no rosto e virei para a Luna, começando a implicar sobre o namoro fixo dela com o ex-capitão da Grifinória.

(...)

Assim que eu pus meus pés em Hogwarts, a pressão já começara a me abater. Eu nunca havia pensado nisso, nos N.O.M's. E quando eu comecei a pensar... tentei ser tão responsável como mandava o script. Pena que eu não era de seguir o que a minha mãe falava, quem dirá o script dos N.O.M's.

Ao entrar no Salão Principal, olhei para o teto encantado de Hogwarts. Era incrível o que a magia fazia com aquilo, imitar o céu lá fora. Sempre fiquei maravilhado com essa façanha.

Assim que todos se acomodaram em suas respectivas mesas, a Seleção começou. O Chapéu Seletor foi posto no banquinho e começou suas costumeiras canções. Depois que o bruxo sem nariz das trevas foi derrotado, o Chapéu nunca mais cantou algo aterrorizador. Ainda bem.

Depois que ele terminou, os alunos do primeiro ano foram chamados um por um. Cada calouro que era escolhido para Grifinória, eu assobiava e piscava um olho. Eles sorriam constrangidos e sentavam-se à mesa. Comparado a eles, eu me sentia um gigante.

Quando o último aluno foi selecionado para a Sonserina, o Chapéu Seletor foi recolhido e a professora McGonnagall levantou-se e todos fizeram silêncio. Ela tinha a expressão severa, mas um sorriso se espalhava pelo seu rosto.

— Bem vindos a mais um ano em Hogwarts! — Exclamou e todos bateram palmas. — Antes de começar o nosso jantar, gostaria de dar alguns avisos e explicar algumas novidades. — Ela nos olhou atentamente. — Primeiramente, como todos estão cientes, Hogwarts uniu-se as demais quatro escolas de magia espalhadas pelo mundo para realizarmos um programa de intercâmbio mágico, aonde dois alunos de cada escola devem migrar para a outra, onde ficarão um ano inteiro.

— Do que ela ‘tá falando? — Sussurrei para Dominique.

— Do programa de intercâmbio, seu babuíno boboca. — Respondeu com toda a delicadeza do mundo e eu quase senti como se ela fosse Lisa. — Você estava dormindo quando ela passou durante as aulas para avisar. Todos os interessados deveriam a procurar até um mês antes do começo do ano letivo. — Informou e eu voltei a prestar atenção em Minerva.

— Nós decidimos enviar um casal de cada casa para uma determinada escola. Os sonserinos Nicholas Higgs e Marion Bletchley, 6º e 7º anos, respectivamente, foram para Durmstrang e em seus lugares temos o prazer de receber Yure Ivanov e Valerie Volkoff.

Os ditos substitutos surgiram pelos portões do salão e todos bateram palmas. A expressão severa deles chegava a me assustar e eles não se preocuparam nem em dar um tchauzinho antes de sentarem-se à mesa da sonserina e ficarem por lá feito estátuas.

— Connor Davies e Evelyn Goldstein, exímios alunos da corvinal, passarão este ano letivo descobrindo as maravilhas da Academia de Magia Beauxbatons e para sobrepor sua ausência receberemos Jean-Michel Caillat e Nicolette Villeneuve. — Anunciou outra vez e, distribuindo sorrisos para todos, nossos temporários colegas de escola entraram, caminhando graciosamente até a mesa da corvinal. Sim, o garoto também caminhava ‘graciosamente’.

— A Lufa-lufa bondosamente despediu-se dos colegas Sean Rowle e Colbie Bones, que foram para a Academia de Artes Mágicas Avalon ¹, trazendo em seu lugar Athan Blanchett e Merinda McGrath.

Outra salva de palmas e os citados entraram a garota parecendo exageradamente tímida e o rapaz tentando retribuir as saudações com acenos.

— E por último, vindos do Instituto Merlin de Feitiçaria ², recebemos de braços abertos Vinícius Rodrigues e Teresa Melikov, que vêm para suprir a falta de Rupert McLaggen e Elisabeth Carter.

— O quê?! — Eu, Dominique e Fred gritamos ao ouvir as palavras da diretora, enquanto o restante de nossa mesa vibrava com a chegada dos alunos temporários.

Olhei para Dominique à procura de respostas mas pude ver que ela buscava o mesmo que eu. Percebi que ela assumia um tom de vermelho e, quase automaticamente, virei a atenção para o casal que se aproximava.

Quase de imediato esqueci o porquê estava irritado. Eu já ouvira falar sobre brasileiras, mas a realidade parecia bem melhor. Observei-a sorrindo para quem a cumprimentava e sentar bem a minha frente, curiosamente o lugar aonde Lisa normalmente sentava, e aí lembrei o porquê de estar com raiva.

— Boa noite. — Ela sorria, parecendo mais feliz impossível por estar ali e devo acrescentar que seu sotaque era engraçado.

— Qual o seu nome mesmo? — Vi Edward perguntar, parecendo encantado e, sem tirar o sorriso do rosto ela o encarou.

— Teresa Melikov. — Informou e sussurrou um “prazer” assim que Edward se apresentou.

— Pensei que Durmstrang estava com a Sonserina. — Comentei e ela me encarou, deixando o sorriso sumir lentamente.

— Teresa de Oliveira Melikov. — Disse erguendo uma sobrancelha para mim. — Meu pai tem descendência Russa senhor…?

— Potter. James Sirius Potter. — Respondi forçando um sorriso e ela revirou os olhos.

— Bem que dizem que beleza normalmente vem acompanhada de arrogância. — Seu olhar era julgador mas não se manteve muito tempo sobre mim, voltando-se para Stephen Thomas que a enchia de perguntas.

— Sinto muito. — Pedi, chamando sua atenção de volta. — Lisa, a garota que foi no seu lugar, era minha amiga e ela não disse nada sobre participar do programa.

— Isso não justifica sua prepotência, senhor Potter.

— O que posso fazer para me redimir? — Perguntei e ela me analisou, sorrindo com o canto da boca e voltando a encarar o Thomas antes de dizer:

— Quando decidir eu te informo.

Eu sorri, Lisa era minha amiga e, sim, eu estava irritado por ela não ter dito que iria para o Brasil e não ter se preocupado nem mesmo em deixar uma carta, mas era inegável que eu estava começando a gostar bastante de sua substituta.

(...)

Por onde Teresa andava, atraía atenção. Com seus cabelos castanhos e sua postura ereta. Fora que ela tinha todos os requisitos para tal: seu corpo tinha todas as curvas que uma garota iria querer ter; seios, cintura, bunda e pernas. Ela tinha belas pernas.

Eu a olhava enquanto ela sorria e ajeitava os cabelos para o lado, falando alguma coisa com uma das garotas do sexto ano. Eu não conseguia desviar os olhos, estava hipnotizado.

— Limpa a boca, Sirius. — disse Dominique. — A baba está escorrendo.

Eu olhei para minha prima e balancei a cabeça.

— Eu vou lá falar com ela. — Decidi e comecei a andar até a ela, mas fui impedido por um puxão na camisa. Eu olhei para trás e vi Dominique apontando para Klaus se aproximando sorrateiramente de Teresa.

— Vamos ver o que vai acontecer. — Disse minha prima. — Depois você vai lá, cheirá-la.

— Espero que não sejam ciúmes — falei, olhando-a atentamente. Eu sabia que era irresistível, mas Fred realmente gostava dela.

Dominique me olhou como se eu tivesse aberto a boca para falar merda. (O que eu realmente havia feito.)

— Não, seu babaca. — Respondeu ela, incrédula, e depois suspirou. — Eu não sei o que deu em vocês, garotos. Ela nem é tão bonita assim.

— Ah! Ah. Então é disso do que se trata. — compreendi e ela ergueu uma das sobrancelhas. — Você não está com ciúmes. Está com inveja!

— James... Sirius... Potter. — Ela disse meu nome pausadamente. — Se abrir a boca mais uma vez para dizer algo parecido, você não vai conseguir dar em cima dela! — Dei um sorriso e assenti. — Agora preste atenção.

Klaus ajeitou o cabelo - exibido - e parou ao lado de Teresa. Eu e Dominique ficamos parados, apenas observando. Ele falou alguma coisa que fez Teresa arquear as sobrancelhas e, logo depois dar uma gargalhada. Eu não soube o que ela disse depois, pois não era inglês, mas em seguida ela se afastou dele, vindo em minha direção.

— Parece que eu me enganei, Potter. — Sussurrou Teresa ao passar por mim, roçando o braço no meu. — Tem alguém pior do que você aqui. — E se afastou, me deixando com um sorriso vitorioso.

— Não sei do que está sorrindo. — Mas Dominique tinha de me fazer voltar à realidade. Eu a encarei. — Ela acabou de dizer que você está no segundo lugar no quesito egocentrismo.

— Rá — dei um sorriso sarcástico. — Anda lendo o dicionário de Rose é?

Dominique revirou os olhos e me arrastou para a nossa próxima aula, dizendo que precisávamos achar Fred, que eu não fazia idéia do porquê ter sumido.

(...)

Vou lhe dizer uma coisa: estar estudando para os N.O.M's não é moleza. E, não querendo me gabar, mas me gabando, eu era ótimo em Transfiguração, Feitiços e Defesa Contra As Artes das Trevas. Mas Transfiguração estava sendo a pior de todas, porque, simplesmente, meu porco da índia não queria se transfigurar em um estojo muito estiloso.

Eu era estudioso - ainda não consigo entender como - e detestava ficar em dúvida sobre algo. Portanto, ao final da aula, fui até a professora - que me amava, por sinal - e pedi para que ela me desse alguma dica de um livro para poder treinar aquela matéria.

Devo dizer que ela ficou contente ao me dizer qual livro buscar na biblioteca. A senhora Digs me adorava e dizia aos quatro ventos que eu era o melhor e mais esforçado aluno que ela tivera o prazer de ensinar. Ela também era culpada por fazer meu ego ser maior do que já era.

Como eu tinha um tempo livre antes da aula de Poções, fui à biblioteca e peguei o livro com a Madame Pince - uma velha mal amada que não gostava de ninguém -, indo para a cozinha pegar alguns bolinhos, cujos os elfos domésticos ficaram felizes em me dar.

Assim, preparado, fui à sala comunal da Grifinória e sentei-me a uma poltrona, arrastando uma das mesas para minha frente. Pousei o livro na mesma e comecei a ler.

Tudo o que dizia ali, a professora Digs havia dito em sala. Porém havia algumas coisas adicionais, como uma ilustração de como agitar a varinha. Eu comia meus bolinhos enquanto lia. Quando me senti pronto, tirei o porco da índia da mochila.

Li e reli todos os passos pelo menos mais sete vezes e quando me senti confiante o suficiente, segurei minha varinha, encarando o porquinho nos olhos.

— Muito bem amiguinho, somos só eu e você. — O bicho parecia retribuir meu olhar e mexia aquele focinho compulsivamente, tirando-me do sério.

Respirei fundo algumas vezes e então apontei a varinha para o animal, quebrando o contato visual.

—Aliquid in transmutare. — Disse em bom som e percebi meu porquinho da índia se transformar em um lindo estojo... com bigodes.

Bufei, batendo no estojo que voou para o chão e sentei emburrado.

— Não precisa me agredir. — Ouvi a voz de Stephen que havia se abaixado para pegar o estojo que o havia acertado. — Não vai para aula de poções? — Perguntou me estendendo o objeto.

— Não tinha te visto. — Desculpei-me pegando o estojo e olhei meu relógio de pulso, vendo que já estava atrasado para aula. — Droga! Te encontro lá Stephen! — Afirmei e peguei o livro de transfiguração, correndo escada acima para pegar meu material.

Quando estava com este já em mãos, disparei a correr na direção das masmorras, mas fui impedido de fazer isso por alguém me chamando antes de eu sair da comunal.

— Hey Potter... James. — Virei para encará-la e sorri.

— Em que posso ajudá-la Durmstrang? — A careta de Teresa indicava que ela não gostava do apelido, e isso significava que era exatamente assim que eu a chamaria dali em diante.

— Você sabe aonde é a aula de poções? — Perguntou equilibrando os livros no colo.

— Por sua sorte eu estou indo para lá. — Informei sorrindo. — Mas você vai ter que correr. — Afirmei e comecei a fazer exatamente aquilo, ouvindo-a gritar para que eu a esperasse e correndo atrás de mim

Inegável dizer que eu... apreciava quando garotas corriam atrás de mim.

Assim que paramos em frente à porta da sala, esta se abriu sem que fosse preciso bater e uma mulher alta, de cabelos louros e expressão severa nos encarou dos pés a cabeça.

— Menos trinta pontos para cada um de vocês.

— Mas... — Eu e Teresa dissemos ao mesmo tempo, mas não fomos longe demais.

— Cinquenta. — Ela rosnou, encarando-nos como se nos desafiasse a protestar outra vez.

Abaixei a cabeça em concordância e pude ver que Teresa fez o mesmo, provocando um sorriso tenebroso no rosto da mulher.

— Como eu explicava antes de vocês atrapalharem; Meu nome é Iva Botev, vim de Durmstrang para lecionar aqui e devo dizer, mais uma vez, que não tolero gracinhas, atrasos ou falta de atenção na minha aula. Alguma dúvida? — Perguntou e ninguém nem piscou. — Perfeito. Vocês dois que chegaram atrasados sentem aonde acharem um lugar. Na aula de hoje...

— Não sabia que o intercâmbio era para professores também. — Sussurrei e Teresa riu baixo.

— Eu não tolero gracinhas em minha aula. — A cena de Teresa falando inglês com sotaque búlgaro-português foi tão hilária que eu nem me preocupei em ser discreto e gargalhei.

— Isso é engraçado para você senhor...?

— Potter. — Teresa respondeu por mim já que eu ainda ria e os olhos da mulher se encheram de fúria.

— Detenção! — A voz de Iva berrou ao mesmo tempo em que um frasco estourava ao nosso lado. — Para a senhorita intrometida também.

Teresa franziu os lábios e abaixou a cabeça, consegui parar de rir e ao me virar para pedir desculpas vi que ela também gargalhava.

Essa só podia ser a garota dos meus sonhos.



— Você parece uma garota. Dê-me isso aqui. — Teresa tirou os ovos de minha mão e os quebrou, jogando o conteúdo dentro do caldeirão.

— Você acabou de matar três fadinhas inocentes. — Disse desacreditado. Vejam bem, eu passava muito tempo com Luna.

— Espero ter ouvido errado e que você tenha dito "fadas mordentes". — Comentou sem muito interesse e passou o indicador sobre uma linha do livro. — Agora misture trinta e sete vezes no sentido anti-horário. — Leu e eu fiz o que era dito, vendo a poção adquirir uma cor alaranjada.

— Isso não tinha que ficar dourado? — Perguntei parando de mexer antes de completar trinta e oito voltas.

— Faltam os cavalos marinhos voadores. — Ela leu e revirou os olhos, caçando os dito cujos na dispensa não muito distante de nossa mesa.

Esperei pacientemente por ela que voltou com o que faltava em uma cestinha.

— Agora você coloca três com um intervalo de dez segundos de um para o outro e deixa ferver por dez minutos.

Respirei fundo, contando os dez segundos mentalmente e colocando os cavalos marinho no caldeirão. Eu odiava poções!

Assim que meu relógio apitou indicando os dez minutos encarei Teresa a espera de mais instruções, já que agora estava rosa.

— Mexa três vezes no sentido horário e três vezes no sentido contrário.

Quase perdendo a paciência fiz o indicado e larguei a concha quando Teresa gritou, assustado.

— Ficou dourado. — Concluiu e a professora se aproximou, infeliz com o grito que Teresa havia dado.

— Suponho que tenham terminado.

— Sim senhora.

— Ótimo. — Concluiu sem estar realmente contente. — Podem ficar pra limpar a bagunça. O restante está liberado. — Informou e todos nossos colegas levantaram-se e saíram às pressas. — Quero essa sala brilhando quando eu voltar em uma hora... sem magia. — Ela sorriu estendendo as mãos e eu puxei minha varinha da capa, entregando para ela e observando Teresa fazer o mesmo.

O sorriso de Iva era realmente assustador e, com esse no rosto, ela deixou a sala.

Caminhei até um armarinho aonde eu sabia, por excesso de experiência, que ficavam guardados os produtos de limpeza e comecei a pegá-los.

— Como você faz isso? — Perguntei começando a retirar o que usaríamos de lá.

— Isso o quê?

— A poção. Quero dizer, ninguém conseguiu só a gente. — Ela riu.

— Estudamos em hemisférios diferentes, com calendários escolares diferentes. Eu aprendi isso em fevereiro. — Ela deu de ombros e concordei com a cabeça, indo até ela e reparando então que Teresa havia se sentado em uma das mesas e me observava.

— Você não vai ajudar? — Perguntei e ela ergueu o braço, observando a mão.

— Ná, minha unha quebra fácil. — Abri a boca para protestar, mas ela não deixou. — Se você não risse feito uma hiena eu não estaria nessa. — Ela complementou e eu mordi os dentes, virando-me para pegar a vassoura, que arredou para o lado assim que eu me aproximei.

— Mas o quê? — Resmunguei indo até a vassoura, que outra vez desviou de mim e ouvi a risada de Teresa. — O quê está fazendo? — Perguntei virando-me para ela.

— Levicorpus! — Disse assim que eu a encarei, fazendo-me ficar de ponta-cabeça.

— Durmstrang! — Protestei e ela riu. — Aonde você conseguiu essa varinha?

— Oh, isso? — Ela perguntou brincando com o artefato entre os dedos. — É minha. — Disse com um dar de ombros.

— Você entregou a sua para a Iva. — Afirmei e ela gargalhou.

— É a sua primeira vez em detenção? — Ela perguntou balançando a cabeça. — Bem, não é a minha. Desde o terceiro ano tenho uma varinha falsa, não serve para nada, só para entregar aos professores.

— Eu acho que estou apaixonado. — Comentei realmente impressionado com o espírito maroto da garota.

— Cara, meus pêsames... — Comentou.

— Você pode me colocar no chão? — Pedi e ela sorriu.

— Como se diz? — Ela arqueou as sobrancelhas e eu bufei.

— Por favor.

— Bom garoto. — Concluiu contente e no instante seguinte eu caí no chão. — Eu deveria fazer você limpar minhas unhas. — Comentou floreando a varinha e eu observei toda a sala começar a se arrumar.

— Mas feitiços não-verbais são só no sétimo ano. — Comentei e ela fez um bico.

— O Brasil é o país subdesenvolvido, mas vocês britânicos quem são atrasados. — Disse livrando os olhos de seu cabelo. — Todo feitiço que aprendemos, aprendemos também no modo não-verbal. Em um duelo é uma vantagem o oponente não saber do que está se defendendo.

Ela deu de ombros e guardou a varinha na bota, caminhando até nossa mesa e segurando vidrinhos que foram magicamente enchidos com nossa poção.

— Vai querer? — Ofereceu me estendendo três dos seis frascos. — Estamos em ano de N.O.M's, uma poção que dá mais energia é sempre bem vinda. — Comentou e eu a observei, realmente maravilhado com ela e então peguei os frascos, os guardando na capa. — Então... ainda temos cinquenta minutos. — Disse despreocupada e eu sorri.

— E o que você sugere? — Perguntei com um olhar sugestivo que foi retribuído enquanto ela se aproximava.

— Que tal... — Sussurrou colocando o indicador sobre meu peito. — Você me mostrar o castelo... idiota. — Resmungou se afastando e me fazendo comer cabelo ao jogar este em meu rosto.

— Era exatamente isso que eu estava pensando. — Conclui depois de passar um minuto tirando fios da boca.

— Claro que era. — Ela sorriu. — Vamos, temos que voltar antes dela. — Disse passando por mim e eu respirei fundo.

Algo me dizia que essa garota seria minha perdição.

O bom das masmorras era que ninguém ficava por ali. E a sala comunal da Sonserina ficava do outro lado. Portanto, quando saímos (Teresa se escorando na parede) eu fui andando livremente. Eu olhei para trás e Teresa ainda estava agindo como uma espiã sorrateira.

Eu fiquei parado, a olhando, enquanto ela ficava olhando para trás, receosa. Cara, como ela ficava linda daquele jeito! Entretanto, eu não consegui manter minha expressão boquiaberta e comecei a gargalhar.

—Ah, Durmunstrag... ninguém vai nos ver aqui — Eu falei, me recuperando dos risos. — Aqui fica deserto a essa hora.

Teresa se endireitou e me lançou um olhar mortal.

— Você é tão esperto! — desdenhou ela, me dando um empurrão. — Como vamos fazer para explorar o castelo, Rei Supremo das Marotagens?

Eu a olhei, com aquele olhar: Querida-eu-sou-foda-e-você-não-sabe, e acariciei seu braço. Teresa olhou para minha mão, com uma das sobrancelhas erguidas, mas não reclamou nem a retirou dali. Isso era um bom sinal.

—Meu bem... você tem sua varinha e eu tenho os meus truques. — E pisquei um olho.

— E o que seria tão melhor do que a minha varinha? — Teresa retirou minha mão ao cruzar os braços.

— Segredo. — E fiz sinal com o dedo indicador entre os lábios.

— Ah, qual é. Diz para mim. — Ela se aproximou de mim, fazendo biquinho. Juro por Merlim, por Deus e por Zeus que eu quase revelei sobre o Mapa do Maroto. Mas eu não ia deixar que ela sempre se saísse melhor do que eu. Se ela era esperta e linda, eu também era.

— Ééé... Não. — E sorri mais uma vez, fazendo-a bufar.

— Isso não se faz.

— Faz sim. Tanto que eu fiz. — Respondi e ela ficou me encarando. — O que foi Durmunstrang? Ninguém nunca lhe disse não?

— Você já foi rejeitado, Potter?

Fingi pensar.

— Não. — E voltei a caminhar. — Vem ou não?

— Mas já foi envenenado. — Eu a olhei e Teresa passou à minha frente, roçando o braço no meu. Aquela garota me queria, era a única explicação. Afinal, quem não iria me querer?

(...)

Enquanto Teresa se distraía eu tirei o Mapa do Maroto do bolso, sussurrando "Juro solenemente não fazer nada de bom", vendo surgir os apelidos do meu avô, do padrinho do meu pai, do pai do Ted e do traidor - cujo nome papai nunca quis comentar.

Quando falei para Teresa virar à direita, ela não acreditou que estivesse tudo limpo. E foi então que ela viu o mapa em minhas mãos.

— O que é isso? — perguntou.

— A curiosidade matou o gato. — Respondi, guardando o mapa no bolso novamente.

— Babaca — ela disse em português. Ah, cara, eu ia pedir à Rose um dicionário inglês/português.

— Me chamou de quê?

— Nada. — ela disse em português mais uma vez e eu fiquei com aquela cara de tacho.

— Ótimo. Se quiser continuar assim, acho melhor você ir sozinha explorar o castelo. Então eu volto para as masmorras facilmente e digo à professora que você saiu da detenção. — Dei o meu melhor sorriso, enquanto ela me encarava, soltando fumaça. — Ah, e que eu sou um santo em todas as horas e você a estrangeira que só causa problemas.

— Você não faz a linha dedo-duro. — Observou desacreditada e eu alarguei meu sorriso.

— Tenta a sorte.

Teresa respirou fundo e soltou o ar pela boca, visivelmente irritada. Mas esse era o meu dom. Um dos meus dons. Eu sabia tanto irritar uma garota, quanto conquistá-la. E Teresa... Ah, Teresa! Essa eu iria conquistar e irritar sempre.

— Está bem. Está bem. Você quem manda querido. — ela falou a última parte em português.

— Senti uma ponta de sarcasmo aí?

— Vamos logo, James Potter!

Eu sorri e voltamos a andar. A maioria dos alunos estava em aula e eu mostrava a ela as salas que nós, da Grifinória, ficávamos todas as semanas.

De vez em quando eu consultava o mapa, para ver se vinha alguém. Às vezes parava, fingindo ouvir alguém apenas para ter o momento de prensá-la contra parede. Teresa me olhava de maneira tão intensa, que parecia que meu coração entraria em colapso. E eu, até ali, só havia sentido isso uma vez. E estava torcendo para que aquilo não acontecesse outra vez.

Ela sorria e eu me afastava dela. Fiz isso algumas vezes, enquanto mostrava alguns atalhos e algumas passagens secretas. Mostrei onde a Sala Precisa ficava e como se entrava lá. Teresa disse que tinha uma sala daquelas na escola em que estudava, mas que ela se abria para aqueles que sentiam onde ela estava. E a sala poderia estar em qualquer lugar da escola.

Gostaria de visitar o Brasil um dia. De acordo com o que Vinícius falara (o garoto que havia chegado com Teresa), lá tinha garotas bonitas e que usavam biquínis minúsculos. E seus corpos eram terrivelmente belos - como se eu não visse o corpo de Teresa.

Quando, enfim, retornamos às masmorras, ainda faltavam cinco minutos para a professora carrasca voltar. Teresa sentou-se na mesa da professora e me encarou, como se me analisasse.

— Eu sei que sou bonito. Mas acho que uma foto duraria mais. — Comentei, sorrindo com malícia.

— O que você tem de cavalheiro, você tem de babaca. — Ela disse em português.

— Um dia saberei o que você fala. — Sentei-me em uma das carteiras, fazendo Teresa sorrir.

— Um dia eu posso lhe ensinar. — Ela piscou um olho. Cara, aquilo era muito sexy. Ela e seu sotaque.

— Como aprendeu a falar inglês tão bem?

— Cursos. — Deu de ombros. — E meu pai fala um pouco também. Vive nos Estados Unidos.

— Você fala russo?

— Sim. — Comentou e então levou a mão aos cabelos, bagunçando-os.

— Isso é muito sexy. — falei, embasbacado.

— Meus cabelos como um ninho de pássaros? — Perguntou incrédula e eu revirei os olhos.

— Você falar russo. Mas porque fez isso? — Ela sorriu, começando a respirar como se tivesse corrido uma maratona.

— Para parecer que eu passei a última hora faxinando.

— Você é um gênio!

Teresa riu bem na hora em que a professora megera entrou na sala. Olhou para nós dois e inspecionou cada canto da sala. Após constatar que tudo estava limpo, nos liberou, dizendo que era melhor nós não nos atrasarmos para a aula dela novamente.

Ah, que saudades do professor Slurghorn. Pelo menos ele me queria na prateleira.

(...)

No quinto ano, como se não bastasse toda a preocupação que os NOM's traziam, eu também tinha o pequeno detalhe de estar estreando como capitão do time da grifinória. Perto daquilo os estudos eram fáceis, Rose me ajudava sempre que nossos horários livres coincidiam, mas aquilo? Aquilo eu teria de enfrentar sozinho.

Caminhava para o campo com Fred em meu encalço e, como bom melhor amigo, ele sabia que eu estava uma pilha de nervos.

— Hey, vai dar tudo certo cara. Gregor não confiaria o cargo para você se não tivesse certeza que você é capaz.

— Talvez Gregor estivesse me superestimando.

— Você é James Sirius Potter, ninguém te superestima. — Contrapos e antes que eu o contradizesse acrescentou. — Se você conseguiu ser Romeu Montecchio, você consegue comandar um bando de adolescentes em vassouras. — Disse dando tapas em meus ombros e se juntando ao grupo que já esperava por mim nos gramados.

— Boa tarde. — Cumprimentei conseguindo a atenção de todos e decidindo fazer isso no melhor estilo James Sirius. — Espero que todos estejam aqui para os testes. — Informei olhando diretamente para um grupo de garotas, que eu sabia serem participantes do meu fã-clube. — Senhoritas, vocês podem assistir das arquibancadas. Autógrafos e outras coisas depois dos testes. — Pisquei e elas riram, fazendo o que eu pedi em meio a cochichos e olhadelas.

— Desculpe, me atrasei. — Ouvi uma voz há pouco conhecida e senti seu corpo bater contra a lateral esquerda do meu corpo enquanto ela caminhava até o grupo.

Observei a silhueta de Teresa caminhando e, assim que ela se virou, identifiquei com certa felicidade que ela apoiava um bastão na curva entre o ombro e o pescoço.

— Bem, é importante dizer que não é porque vocês estiveram no time ano passado que continuarão. — Informei olhando diretamente para Klaus, que rosnou. — No entanto, temos uma vaga para artilheiro, já que nosso antigo capitão que obtinha esse cargo se formou e um desfalque nos batedores. Lisa, minha dupla, estará fora nessa temporada graças àquele programa de intercâmbio, então precisamos de um substituto temporário.

Disse e Fred levantou os polegares, indicando que eu estava indo bem.

— Quero que todos se organizem de acordo com a posição que almejam, avaliarei vocês no geral e irei eliminá-los conforme seu desempenho até q restem jogadores apenas para dois times. Goleiros. — Chamei e dei inicio aos testes.



Depois dos goleiros foi a vez dos apanhadores, em seguida artilheiros e por fim batedores. Não demonstrei preferência por meus familiares hora alguma, apesar de eles serem, de longe, os melhores nos cargos que almejavam e descobri que brasileiros jogavam quadribol tão bem quanto fizeram na copa de 2014. Depois de cerca de uma hora, eu tinha exatamente o que eu queria.

— Agradeço a todos que participaram e aconselho aos que não foram escolhidos para que não desistam. — Disse dispensando os eliminados e observando os que restaram, concluindo não muito feliz que Klaus foi bom o suficiente para permanecer.

— Time um e time dois, os nomes falados irão respectivamente para esses grupos. Goleiros Daniel McLaggen e Hugo Weasley.

Disse e ambos subiram em suas vassouras, assumindo o grupo de aros q eu havia apontado.

— Apanhadores, Alvo e Brooke. — Continuei e eles se cumprimentaram com um aperto de mão, subindo em suas vassouras e pegando altitude. — artilheiros, Klaus, Fred e Meena para o um, Stephen, Lily e Emma para o dois.

Fred passou resmungando ao meu lado e eu sorri, encarando os três restantes e fixando o olhar em uma garota em especial.

— Por último, mas não menos importante, Liam e Natalie para o um. Durmstrang, você vem comigo. Quero ver se os brasileiros jogam quadribol tão bem quanto futebol. — Teresa riu, erguendo sua vassoura e caminhando até meu lado.

— Tem certeza de que é só isso que quer de mim Potter? — Provocou e eu usei toda minha força para não agarrá-la ali mesmo. Aquela garota estava me deixando doido!

— Agora vamos jogar um pouco de quadribol.



Inegável dizer que era difícil jogar quadribol e avaliar o quão bem os outros jogavam sem uma narrativa, mas Fred tinha razão em uma coisa: Eu era James Sirius Potter.

Hugo aparentava estar absurdamente mais nervoso do que na primeira fase, graças a isso perdíamos de uns bons 170x50. Mas isso não significava que meus artilheiros fossem ruins, de jeito nenhum, os times estavam bem equilibrados nesse quesito. Brooke e Albus pareciam águias, nenhum dos dois estava ali para brincadeira e Natalie e Liam formavam uma bela dupla, felizmente eu e Teresa formávamos uma ainda melhor.

— Isso não acaba nunca? —Teresa perguntou depois de mandar um balaço, eu podia jurar, na cabeça de Liam, mas esse desviou.

— Cansada Durmstrang? — Perguntei e ela riu.

— Eu poderia fazer isso por dias. — Concluiu e para provar bateu com força na bola que já voava de volta em sua direção, mandando-a agora para Alvo, que teve a vassoura acertada e, no momento de distração em que tentava se equilibrar sobre essa, Brooke pegou o pomo. — Ah, já acabou? — Perguntou fazendo beicinho e começando a pousar.

Assim que os times estavam no gramado, ansiosos por uma decisão, eu me juntei a eles, mas continuei flutuando baixo na vassoura.

— Eu estou orgulhoso do trabalho de vocês. — Disse sincero e sorri para eles. — Gostaria de dizer que o resultado desse jogo não afetará em nada minha decisão. Avaliei duas coisas: trabalho em grupo e desempenho particular. Todos vocês se saíram muito bem..

— Nem todos. — Emma me interrompeu, olhando diretamente para Hugo e sendo fuzilada por Lily.

— Como eu dizia... — Aumentei o tom de voz e ela pediu desculpas. — Então, os nomes que não forem citados agora irão compor nosso time reserva. Em um esporte com poucas regras feito o quadribol é sempre importante ter um step. — Disse sorrindo mas ninguém sorriu de volta, estavam nervosos demais para isso. — Daniel continua no posto de goleiro. — Disse e vi que Hugo ficou acabado com isso, mas não havia nada que eu pudesse fazer. No próximo ano talvez... — Albus também permanece como apanhador. — Ele comemorou e Brooke o felicitou por isso. — Na artilharia, Fred, Lily e Stephen. — Anunciei e não demorou muito para o chilique.

— Isso aqui é o time da grifinoria, Potter! Não da sua familiazinha. — Klaus rosnou dando um passo em minha direção. — Você está os favorecendo, deixando passar jogadores excelentes para deixá-los felizinhos. Eu contarei a Minerva.

— Por que você não aceita o fato de que é ruim? Fiquei surpreendida em ver que chegou a segunda fase então se contente com o posto reserva. Além do mais, James é o capitão aqui, não você. Ponha-se no seu lugar. Mané. — Teresa disse, colocando o bastão em seu peito e olhando ameaçadoramente para Klaus. A última palavra foi dita em português e, quando ela me explicou o significado mais tarde, eu tive que rir.

— Se não estiver contente com isso Klaus, sinta-se livre para ir, tenho certeza que Meena e Emma dão conta do recado. — Disse sorrindo e ele me fuzilou, antes de desistir e se juntar ao time reserva.

— E por fim, quem terá o prazer de ser minha dupla nesta temporada é Teresa. Obrigado a todos vocês, vocês foram realmente o máximo.

Eles provavelmente não sabiam que a cooperatividade e disciplina deles me ajudara horrores, mas havia e eu era realmente grato por isso.

Depois de cumprimentarem uns aos outros, felicitando os que estavam no time principal e encorajando os do reserva -Klaus era exceção - começaram a ir embora, restando eu e Fred para guardarmos o material.

— Vamos Teresa? — Stephen chamou e só então percebi que eles ainda estavam ali.

— Ah, eu tenho que falar uma coisa com o capitão, vejo você na comunal. — Ela sorriu e eu acabei deixando o balaço escapar, por sorte Fred seria tão bom batedor quanto era artilheiro e segurou a bola.

Stephen assentiu e foi embora e, assim que fechei a caixa, encarei Teresa, que observava o pôr-do-sol despreocupada.

— Então? — Chamei e ela me olhou sem entender. — O que você queria falar?

— Eu posso sair se quiser. — Fred disse e ela pareceu se lembrar.

— Ah! Não, fique. É que... não me levem a mal ok? Stephen é legal e tudo mais, mas é um grude. — Ela disse com uma careta e eu gargalhei.

— Ora, a miss simpatia não é tão simpatia assim. — Conclui e ela mostrou a língua. — É um convite?

— Ora por favor! — Fred resmungou do meu lado e eu voltei a rir.

— Vamos. — Chamei puxando a caixa e começando a andar para o vestiário.

No caminho até lá Teresa e Fred engataram uma discussão interessantíssima sobre peixes, da qual eu não tinha permissão para participar. Assim que chegamos ao vestiário ouvi alguns sussurros e os mandei fazerem silêncio, coisa que eles não gostaram mas fizeram.

— Ah Scorpinho, e eu achando que você tinha ido para a casa errada. — Ouvi alguém dizer e apurei os ouvidos.

— Eu não me orgulho disso, Edward. A garota desapareceu, Rose diz que nem Dominique tem notícias...

— Com certeza não foi por sua culpa. Foi só uma aposta, algo deve ter acontecido com aquela sangue-ruim para ela não ter voltado.

Nesse ponto, eu já tinha informações o suficiente para juntar as peças do quebra-cabeça e chegar a uma conclusão.

— Você apostou Lisa? — Perguntei invadindo o vestiário e vendo a surpresa de Scorpius ao me identificar ali. — Eu perguntei se você apostou Lisa. — Repeti.

— E-eu...

— Eu vou quebrar sua cara. — Avisei e no instante seguinte avancei contra o loiro que mal teve tempo de se defender.

Apesar de ser o que consideram galinha, eu nunca desrespeitei nenhuma garota e não admirava quem fazia isso, principalmente se essa garota fosse da minha família ou círculo de amigos.

Edward saiu a francesa e, quando Fred tentou me afastar de Scorpius, acabou levando um soco do loiro e entrou na briga enquanto Teresa... bem...

— Isso! Deixa ele com o olho roxo! Quebre os ossos dele Fred! Deixa eu ajudar... — Ela resmungou e no segundo seguinte a senti pulando em minhas costas e começando a socar o ar.

— Senhores e senhorita! — A voz de Minerva estava aterrorizada e serviu para nos fazer ir cada um para um lado. — Mas o que é isso? — Perguntou horrorizada ao ver Scorpius, que sangrava em pelo menos três pontos.

Os arranhões que eu e Fred adquirimos não eram nada perto daquilo e Teresa estava intacta.

— Três contra um? Que vergonha de vocês! É assim que a grifinória deveria agir? Isso é o que leões fariam?

— Na verdade o símbolo da minha casa é um mico-leão-dourado. — Teresa disse e deu um passo para trás perante o olhar de Minerva. — Já calei.

— Senhora McGonnagal eu posso explicar. — Fred disse atraindo o olhar dela para si. — Eram dois, mas Edward fugiu como uma verdadeira cobra sonserina. — Continuou e Minerva não pareceu nada feliz com a explicação.

— Ele chamou a garota de sangue ruim. — Teresa acrescentou e, ao lembrar-se disso, aproveitou que Scorpius estava ao seu lado para desferir tapas contra Scorpius.

— Nã fu eu! — Ele protestou e eu tive que me conter para não rir.

— Senhorita Melikov! Detenção! Para os três! — Gritou e Teresa parou.

— Velha nojenta. — Murmurou em português e Minerva ergueu uma sobrancelha.

— O que foi que disse?

— Pedi desculpas. — Respondeu mas algo me dizia que não era verdade.

— Diretora, você disse detenção para os três, mas estamos em quatro. — Observei e ela me olhou como se eu fosse algum tipo de retardado.

— Você não espera que eu detenha o senhor Malfoy neste estado que vocês o deixaram, espera?

— Bem, sim ?

— O que é que está... Scorpius! — A voz aguda de Saphira preencheu o vestiário e eu fiz uma careta enquanto ela corria até o irmão.

— O que foi que vocês fizeram? — Mellody, que acompanhava a amiga de perto perguntou, nos encarando como se fôssemos monstros.

— O que é que a Barbie tem a ver com isso? — Teresa perguntou para Mellody que passou a encara-la com certo desprezo.

— O que você fez com meu irmão, seu trasgo? — Saphira gritou, se aproximando e começando a me socar no peito, aquilo não fazia nem cócegas.

— Quietos! Detenção para todos! — Minerva gritou sem um pingo de paciência. — Senhor Malfoy venha comigo, os demais me aguardem na sala de transfiguração. — Disse tentando parecer mais calma e em seguida deixou o vestiário.

— Por que eu ganho mais detenções com você do que quando estava no Brasil? — Teresa perguntou se aproximando e eu sorri.

— Eu avisei que era problema...

— Não, você não avisou.

— Ah... Bem, está avisada agora. — Sorri para ela e comecei a traçar o caminho para a sala indicada.



A discussão não terminou por ali, de jeito algum. Assim que chegamos na sala Saphira voltou a resmungar e Mellody até estava calada, até Teresa começar a provocá-la e ela rebater.

— Meu pai vai ficar sabendo disso. — A doninha fêmea disse como argumento final e eu ri.

— Aproveita e conta também que seu irmão gosta de ficar com garotas através de apostas.

— Ele não faria isso! — Rosnou em defesa do irmão e eu ri outra vez.

— Você acha que eu o deixaria daquele jeito só por diversão?

— Calados! — Minerva entrou na sala e caminhou até a mesa do professor, observando um por um. — Estou tão decepcionada com vocês. Com todos vocês. — Disse e eu passei a encarar os pés. — Alguém tem algo a dizer? — Perguntou encarando diretamente a mim.

— Ele mereceu isso. — Disse e ela suspirou.

— James, Teresa e Fred, vocês irão limpar a sala de troféus. Suas varinhas. — Pediu e vi Teresa remexendo a capa a procura de sua "varinha" enquanto eu e Fred entregávamos a nossa. — Quando terminarem me procurem, até lá já decidi a segunda parte.

— Segunda parte?! — Teresa protestou.

— Vocês mandaram um colega para a enfermaria, sintam-se felizes por não serem expulsos. — Disse novamente tentando manter a calma. — Estão dispensados.

— E elas? — Perguntei e Minerva respirou fundo antes de responder.

— Não é da sua conta, Potter. Os materiais estarão esperando por vocês na sala. Agora vão.

Soube que a partir dali não teria conversa então deixei a sala junto de Fred e Teresa.

Teresa continuava a se tatear. Batia nos bolsos, olhava dentro da capa, no decote (essa parte eu aprovava) nos quadris, enquanto eu e Fred a olhávamos com panos e um borrifador de água nas mãos.

Ela continuou assim até chegar às coxas e pernas, se abaixando. Teresa estava desesperada, mas para mim, ela estava terrivelmente sexy daquele jeito. Como eu e Fred nunca prestamos, inclinamos a cabeça para olhar sua bunda.

Balancei a cabeça, dando um tapa em Fred, depois de perceber que parecíamos dois babacas tarados, mas assim que ele concertou a postura eu voltei a olhar.

— Você tem namorada. — Respondi ao protesto que eu sabia que ele faria.

— Eu não acredito! — bufou Teresa por fim.

— Olha, Teresa, eu aprecio a visão, mas o que você estava procurando? — Perguntei, pegando o pano sobressalente da mão do meu primo e lhe entregando.

— Minha varinha! Acabei de perceber que ficou na minha bota! — Ela pegou da minha mão o pano e foi limpar os primeiros troféus.

— Sempre tem uma primeira vez — Disse e ela bufou.

— Cala a boca.

— Me ama - sussurrei para Fred, que riu.

— Vamos logo com isso. — Fred bateu com o pano em meus ombros. Eu ri e fui me juntar a eles.

No início, estávamos bem dispostos. Fred cantava, Teresa murmurava e eu olhava para cada troféu que eu limpava. Eu sabia que ali tinha o nome do meu pai e do meu avô. Um dia, talvez, meu nome parasse ali também, como o deles e o de Victor Gregor. Os melhores jogadores e capitães.

Depois de algum tempo, nós três já estávamos com os braços e pernas ardendo. Me perguntava por que Hogwarts era tão grande e cheia de alunos. Ok, eu sei que é uma escola. Mas quantidade de prêmios e troféus ali era absurda.

Estávamos tão cansados, que nos sentamos no chão. Fred encostou a cabeça na parede fria e fechou os olhos, dizendo para acordá-lo só quando nós ouvíssemos passos.

Teresa estava calada para uma tagarela que era. Queriatanto saber o que ela pensava que acabei descobrindo que ela olhava para onde os nomes dos meus familiares estavam.

— Sabe... lá no Brasil, nós soubemos o que se passava aqui. Quero dizer, os Comensais da Morte também atacaram trouxas (como vocês falam aqui) lá. Minha avó morreu tentando salvar uma menina. — Comentou, com os pensamentos longe. — Sinto muito pelo o que seu pai teve que passar.

Eu suspirei.

— Ele está bem agora. Só que se recusa a dar detalhes sobre tudo. Ele nos conta a história, amenizando tudo.

—Talvez ele não goste de se lembrar das coisas que o fizeram sofrer.

— É, talvez... — Eu a olhei e dei um sorriso. — Você fica muito gata falando sofrer com sotaque.

Teresa revirou os olhos, mas deu um sorriso. Ficamos em silêncio por algum tempo, escutando Fred ressonar como um trasgo ao nosso lado.

— Olha... essa Lisa, a que você defendeu esta noite, é importante para você? - Teresa perguntou em voz baixa.

— Lisa... é um caso complicado. Sempre foi Dominique e Lisa, Fred e James. Ela não é minha melhor amiga, mas também não é minha inimiga... apesar de ela me odiar. — Respondi, pensativo. — Mas o que o Malfoy fez... ela gostava dele, sabe? Nenhuma garota merece ser apostada, como se não valesse nada. Lisa é irritante, mas nunca desejaria isso a ela.

— Foi muito nobre da sua parte. E da do Fred também. — Disse Teresa e pegou meu rosto para que eu a olhasse.

E então, sem que eu estivesse preparado para isso, Teresa me beijou. Foi um beijo calmo e... bom. Mas uma sensação nova percorreu todo o meu corpo, deixando-me sem reação. Não conseguia me concentrar direito com o meu coração batendo fortemente contra minhas costelas.

— Você também foi nobre ao se juntar a nós, sem conhecê-la. — Falei, ainda com os braços dela em volta da meu pescoço.

Quando ela se separou de mim, me olhou, sorrindo. E eu tentei sorrir também, mas sem sucesso, eu acho.

— Vamos dizer que eu gosto de um barraco. — Comentou ainda sorrindo e então passos foram ouvidos e, rapidamente, Teresa foi acordar Fred, enquanto eu tentava ignorar o que eu achava que estava sentindo.

(...)

Novembro. Também conhecido como mês da abertura da temporada de quadribol. Disfarçado de meu atual pesadelo.

— Certo, hum... Vocês foram incríveis nos testes e em todos os treinos, tudo o que vocês tem que fazer agora é exatamente o que fizeram nos outros jogos. Se continuarem assim, essa taça já é nossa!

Eu era péssimo em discursos encorajadores, mas ninguém podia dizer que eu não tentei, então ao ver que não tinha dado muito certo encarei meu time e resolvi dar o meu melhor.

— Vamos esmagar alguns texugos! — Gritei erguendo minha vassoura e sorri ao ver que todos faziam o mesmo.

Posicionei-me na saída de vestiário e vi Teresa se aproximar, batendo seu bastão no meu como se fosse um brinde.

— Boa sorte. — Desejei e ela riu.

— Querido, eu não preciso de sorte, eu sou a sorte.

Antes que eu pudesse protestar afirmando que aquela frase era minha, os portões se abriram e os gritos da multidão preencheram meus ouvidos. Fiquei parado por um segundo, absorvendo aquela maravilhosa sensação de ser idolatrado e Teresa me empurrou com o quadril.

— Vamos lá Potter, vamos esmagar alguns texugos. — Ela sorriu e começou a liderar a marcha em direção ao campo.

Eu sorri, balançando a cabeça em negativa, e passei a segui-la de perto.

— Bom dia pessoal! Começamos hoje a temporada de quadribol da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts do ano de 2020! O número que eles me passaram aqui é muito grande e difícil, então resolvi improvisar. Meu nome é Roxanne Weasley e eu estarei narrando este jogo incrível para vocês que conta com um elenco de craques incrível neste duelo de Grifinória contra Lufa-Lufa. Vamos ao jogo!

Sorri ao ouvir minha prima, ela tinha futuro na carreira de narradora. Parei no centro do campo, estendendo a mão para a capitã da lufa-lufa que a segurou e a apertou.

— Os capitães Ashlyn Smith e James Potter dão as mãos. Madame Hooch joga a moeda para o alto e... começa a partida!

Gritou entusiasmada e eu subi na vassoura, ganhando altura e, ao cruzar com Teresa bati meu taco no dela, que sorriu e fez uma gracinha para a torcida, sobrevoando perto das arquibancadas.

— No lado vermelho e dourado temos Daniel McLaggen no gol, Albus Potter como apanhador, Stephen Thomas, Lily Potter e o gostoso do meu irmão, Fred Weasley na artilharia. O que eu posso fazer se os homens da minha família são lindos, diretora? Como batedores temos ele, o belo, o querido, o uma vez envenenado, James Sirius Potter! — Ela gritou e eu sorri ao ver a arquibancada indo à loucura. — E ao seu lado, substituindo nossa querida batedora-mascote Lisa Carter, temos ela, que vem conquistando nossos pobres britânicos corações, Teresa Melikov! — Voltou a gritar e percebi que Teresa foi tão bem recepcionada quanto eu, talvez melhor...

— No lado amarelo e preto do campo temos Ashlyn Smith como apanhadora, que prometeu dar trabalho para Albus, Max Whitby cuida dos aros, a não-tão-doce Samantha Bones se junta a Gregory Lufkin como lançadores de balaços e compondo a artilharia dos texugos temos Kate Hopkins, Connor McPhail e Ambrose Flenchley.

Anunciou e outra vez as arquibancadas tremeram. Meu foco foi para o jogo que já começara há alguns minutos assim que Teresa me gritou e então eu mergulhei no ar, indo diretamente para onde o balaço voava e tentei mirá-lo em Ashlyn, batendo nele assim que tive a oportunidade, Gregory previu meu movimento e voou em auxílio a capitã, conseguindo desviar o balaço para meu próprio apanhador que foi defendido com maestria por Teresa.

— A partida corre quente, nenhum dos dois times vieram para brincadeira. Lily Potter rouba a goles das mãos de Connor que fica chupando dedo e a ruivinha não perde tempo, desviando de Ambrose com uma senhora pirueta e jogando a bola para o companheiro Stephen. James impede que o balaço acerte o colega e o senhor Thomas manda a bola certeira nos aros de Max. Ponto para a grifiória!

Surpreendia-me com a capacidade de fala rápida que Roxanne tinha, ela conseguia superar sem sombra de dúvida Luna, e isso não era uma tarefa fácil.

— Fred pega a goles e costura entre os jogadores do time adversário, Kate o encontra no meio do caminho e fica com a posse de bola, Samantha e James entram em uma disputa acirrada de quem acerta o apanhador de quem primeiro, e por falar em apanhador aquilo ali é o pomo? Parece que eu não fui a única a vê-lo! Albus dispara na frente da bolinha prateada e Ashlyn força sua vassoura a aumentar a velocidade; Samantha manda o balaço para o companheiro que o manda diretamente para o Potter do meio, Teresa voa para proteger seu apanhador e manda o balaço para longe! Nessa brincadeira a cabeça de Ashlyn Smith é acertada pelo bastão da jogadora e Madame Hooch para o jogo!

A surpresa de Teresa era tanta que ela quase caiu da própria vassoura para impedir que Ashlyn fosse de encontro ao chão. Todos os outros jogadores pararam na exata posição em que estavam observando o que acontecia e eu avancei na direção das garotas.

— Eu sinto muito, não te vi chegando! — Teresa pediu para uma Ashlyn que parecia sangrar. — Eu estava focada em defender Albus, não foi minha intenção eu...

— Está tudo bem Teresa. — Smith balbuciou meio tonta. — Eu estou bem, coloquem Henry em meu lugar, acho que eu vou...

Antes que a frase se completasse a morena bambeou e caiu da vassoura, sendo segurada no ar por Madame Hooch.

— Falta para a equipe da Lufa-Lufa. — Decretou e Teresa golpeou o ar com seu bastão, grunhindo e buscando outra posição.

— Henry Smith vem a campo para substituir a irmã, esperamos que melhore Ashlyn! Falta para o time lufano, Lily entrega a goles para Ambrose que se comunica pelo olhar com os companheiros. O pomo se perdeu de vista, os batedores da lufa-lufa não parecem nada contentes com o que aconteceu com sua capitã e estão dando trabalho para a dupla James e Teresa. Mas Teresa também não parece contente com a falta de sorte! Ambrose manda para Kate que lança diretamente para os aros e... o balaço desvia a goles de seu destino! A jogadora brasileira comemora a pontaria.

Eu sobrevoava, ajudando Teresa sempre que eu podia. Tenho que admitir, eu e ela formávamos uma bela dupla (nos dois sentidos).

— E Fred está com a posse da goles novamente. Corre... melhor, voa, maninho!, Ambrose decide tentar roubar a goles das mãos de Fred, que faz um belo passe para Lily Potter! — Roxie continuava a narrar. — Tinha que ser da minha família! Ah, o que foi professora? Eu só digo a verdade... Por Merlim, James Potter acaba de acertar um balaço no irmão de Ashlyn, dando espaço para Albus voar até o pomo de ouro!

Eu olhei para o placar e vi que tínhamos uma desvantagem de cinco pontos. Eu sabia que era melhor Albus pegar o pomo de ouro naquele momento, portanto eu e Teresa nos dividimos. Fazia parte dos nossos treinos: se a situação começasse a ficar feia, eu protegeria o time e ela meu irmão.

— Mas Teresa e James se separam! — Exclamou Roxanne, confusa. — Tomara que isso seja algum tipo de plano, porque não faz sentido. E Samantha Bones tenta acompanhar Teresa, mas é tarde demais! Albus estica a mão e... o pomo é da Grifinória! É isso aí, leões!

Albus esticou a mão e sorriu, mostrando para todos. Nosso time desceu para o campo e nos abraçamos, como eu realmente queria. Eu estava orgulhoso de todos eles e mostrei isso, comprando as melhores garrafas de hidromel da madame Rosmerta.

(...)

Estávamos em meados de dezembro e eu me surpreendia em como Teresa ainda chamava a atenção. Valerie, Nicolette e Merinda, as demais intercambistas, não eram nada além de figurantes perto dela.

No primeiro jogo da temporada, contra a Lufa-Lufa há duas semanas, eu tive o prazer de me orgulhar do time que escolhi. Em todos aqueles anos em Hogwarts eu nunca vi uma disputa como aquela. E a maneira excepcional com a qual Teresa jogara fez com que toda a Hogwarts caísse a seus pés, mesmo com aquele pequeno acidente com a cabeça de Ashlyn.

Ontem cerca de noventa por cento de toda a Hogwarts havia saído para as férias de inverno, meus irmãos e primos estavam inclusos no pacote mas eu decidi ficar, querendo aproveitar tudo de bom que o natal na escola podia oferecer já que, segundo meu pai, os melhores natais dele foram ali.

Desci as escadas do dormitório até a comunal ainda de pijamas e estranhei a ver um casulo-humano quase se jogando na lareira.

— Eu sei que nem todo mundo é tão bonito quanto eu, mas não vale a pena se matar por isso. — Aconselhei me aproximando.

— Tá... frio. — Ouvi a voz de Teresa e então caminhei até ela mais rápido, percebendo que ela trincava os dentes.

— Ah, qual é! Deve estar uns dez graus lá fora, nem ta nevando... Na verdade está até um pouco abafado. — Comentei e ela me encarou, encolhendo-se mais no edredom.

— Eu... moro no Brasil. — Falou como se isso explicasse muita coisa e eu a encarei indicando que não explicava nada. — Frio para mim são 20°C. Eu... tô... congelando. — Explicou e eu tive que rir.

— Vem aqui. — Chamei sentando ao seu lado e estendendo os braços. — Calor humano. — Expliquei perante o olhar desconfiado dela e ela acabou cedendo, se aproximando e se largando em meu abraço.

Assim que segurei Teresa percebi que nunca tinha a abraçado. Já havíamos nos beijado uma vez, mas nunca nos abraçamos e naquele momento, sem saber exatamente o porquê, eu gostei daquilo. Gostei de saber que mesmo sem querer ela precisava de mim, mesmo que fosse para protegê-la do frio.

— Tá pensando o quê? — Perguntou depois de um tempo, sem tremer tanto quanto há alguns minutos atrás.

— Que eu estou com fome. — Menti e ela riu.

— Eu também, mas não consegui nem sair da comunal. — Confessou e eu sorri.

— Já sei. — Disse e remexi os bolsos do pijama a procura da minha varinha, usando-a assim que a encontrei para aumentar o fogo. — Eu vou lá em baixo, pego comida para gente e volto. Enquanto isso você tenta não morrer de hiportemia. — Ela riu.

— Eu vou tentar desde que você traga um bom chocolate quente. — Pediu e eu pisquei um olho, deixando a comunal em seguida.

Eu realmente não estava sentindo todo esse frio de Teresa, mas depois de deixar o fogo eu percebi que o ar estava um pouquinho gelado.

Caminhava distraído na direção da cozinha quando ouvi alguém me gritando.

— James! — Virei-me a tempo de ver Luna pulando dos degraus para meu lombo, me fazendo de cavalinho e por pouco não nos fazendo rolar pelas escadas.

— Você bebeu? — Perguntei ao recuperar o equilíbrio e ela riu, descendo e me encarando. — O que está fazendo aqui?

— Eu perdi o trem... — Comentou tristonha. — Trouxe meu boneco do Olaf para cá e não estava o achando, acabei perdendo o horário... Papai disse que volta hoje à tarde para me buscar. — Disse se alegrando novamente e eu ri. — Quer tomar café comigo? — Perguntou pulando e eu ri.

— Eu ficarei te devendo essa ok? — Disse voltando a andar e sendo acompanhado de perto por ela.

— Por quê? — Indagou com o mesmo tom tristonho de inicialmente.

— Porque tem uma brasileira morrendo de frio e esperando por mim na comunal. — Disse sorrindo.

— AIN MEU DEUS! — Ela gritou e então começou a bater palminhas. — Pelos irmãos Grimm! Seus olhos estão brilhando! — Concluiu extremamente empolgada e eu a encarei com uma cara de quem não estava entendendo nada, porquê eu realmente não estava.

— Irmãos quem? É uma doença? — Perguntei começando a esfregar os olhos e ela riu.

— Irmãos Grimm, eles são os responsáveis pelos contos da Disney. E não é uma doença, bobinho. Você está apaixonado. — Comentou feliz e eu ri.

— E você anda vendo filmes demais. — Deduzi fazendo cócegas na pera e ela riu.

— Você pode enganar a si mesmo, mas não a mim. Bom dia! — Exclamou feliz para os elfos e cuidou do seu pedido.

— Frank, Frank... não viaja! Eu sou James Sirius Potter. Eu não me apaixono. — Pontuei e ela me encarou como se eu fosse um grande e redondo tolo.

— Sirius, Sirius... não se engane! Eu não sei o que essa garota fez, mas ela conseguiu domar esse carinha aqui. — Disse colocando o indicador sobre o lado esquerdo do meu peito. — Você está em fase de negação mas me conta... ficou com quantas garotas esse ano mesmo? Depois da trouxa... — Perguntou e eu pensei por um tempo.

— Eu sei lá... Uma cinco? — Disse e ela cruzou os braços. — Certo, quatro.

— James...

— Duas Luna! Isso não significa nada.

— Quais os nomes?

— Isso não é da...

— Os nomes! — Gritou e eu suspirei, revirando os olhos.

— Beth Finnigan e Teresa. — Confessei e ela gritou de novo.

— Eu sabia!! Ahh, isso é tão lindo. — Ela segurou minha mão e girou-se como se estivéssemos dançando. — Ela te conquistou com o beijo do amor verdadeiro. Pode falar, você ficou com a Beth antes dela não foi?

— Foi, mas isso não prova nada Luna. — Disse com tédio - e certo medo que ela estivesse certa.

— Se você diz. — Ela deu de ombros assim que o elfo chegou com seu lanche e o pegou. — Feliz natal. — Desejou, beijando-me no rosto e saindo da cozinha.

Após realizar o meu próprio pedido eu fiquei parado, pensando no que Luna dissera. Se ela estivesse certa muitos dos meus medos estariam justificados e se concretizando, mas não poderia certo? Luna dizia que Mellody e Alvo um dia ficariam juntos e aqueles dois se odiavam graças a mim e a Clarisse.

Balancei a cabeça, afastando aqueles pensamentos sem fundamento da cabeça e usando a varinha para levitar o café no caminho até a comunal, agradecendo os elfos antes de deixar a cozinha.

— Foi aqui que pediram um chocolate extremamente quente? Ah, oi Daniel. — Cumprimentei com um sorriso ao ver que ele e Teresa gargalhavam de alguma coisa.

— Ah! Fui eu! — Teresa disse sorrindo e levantando a mão dentro do edredom.

— Bom, já vou indo. — Daniel informou, levantando-se e beijando a testa de Teresa. — Nos vemos por aí. — Disse e eu observei enquanto ele ia, forçando-me a sorrir novamente ao perceber que estava um pouco sério. — Até mais capitão. — Cumprimentou passando por mim e deixando a comunal.

— Então... estavam rindo do quê? — Perguntei pousando as bandejas do chão próximo a Teresa e sentando ao seu lado.

— Bobagem. — Ela sorriu pegando a caneca de chocolate e começando a soprá-la.

— Hum... — Comentei pegando minha própria caneca. — Devo dizer para Fred tomar cuidado com o posto de palhaço? — Perguntei e ela riu.

— Não, Fred é invencível nessa categoria.

— Ah, ótimo! Ele não ficaria feliz em perder o cargo. Eu trouxe bolo também. — Informei apontando para o bolo, como se ele não estivesse óbvio.

— Eu percebi. Obrigada. — Riu de novo e o que Luna falara voltou a me atormentar, então dei um jeito de me livrar disso.

— Então, como é o natal no Brasil?

— Ah... é quente! Muito quente. — Respondeu rindo. — Faça chuva ou faça sol, é como se você estivesse abraçando o sol. — Complementou bebendo um gole do líquido. — Mas é lindo também. A família toda se reúne, você vê parentes que não via há muito tempo. Nos reunimos na véspera e então ficamos conversando até que dê meia noite, quando chega o dia 25 nós rezamos, fazemos a ceia e distribuímos presentes. — Disse com um tom de melancolia e eu a observei.

— E você não vai passar o natal lá? — Perguntei e ela negou com a cabeça.

— Faz parte do programa. Vinicius também ficou, ele passou aqui agora há pouco mas voltou correndo para o dormitório, está congelando tanto quanto eu. — Comentou rindo e eu a acompanhei. — Mas e você? Por que não vai passar o natal com sua família?

— Porque meu pai uma vez me disse que passou os melhores natais da vida dele aqui, eu quero ver se é verdade.

— Entendi... E o que aconteceu na cozinha para você voltar estranho assim?

— O quê?

— Que foi que aconteceu na cozinha?

— Nada. — Respondi, rápido demais.

— Vamos lá... desde que voltou você ta diferente. — Acusou e eu a encarei.

— Diferente como?

— Eu não sei como. Mas você ta... Me olhando assim. — Apontou para mim e eu me olhei.

— Assim como?

— Eu não sei. — Ela riu. — Okay, não fala então. — Deu de ombros voltando a se concentrar na bebida.

— Eu tenho uma amiga... doidinha. — Disse com um dar de ombros e ela me encarou sob o copo. — E ela falou umas coisas que me deixaram um pouco... eu não sei.

— O que ela disse?

— Bobagem. — Retruquei sorrindo e com uma sobrancelha arqueada e ela revirou os olhos.

— Então eu terei que te aguentar no natal? — Perguntou como se fosse um sacrifício e eu a olhei ofendido.

— Hey, é um prazer para qualquer um passar o natal comigo. — Resmunguei e ela riu.

— Há controvérsias... — Semicerrei os olhos e ela me encarou desafiadoramente.

— Você vai engolir suas palavras Durmstrang. — Ameacei. — Vai implorar para ficar ao meu lado em qualquer momento. — Ela gargalhou.

— É... isso não vai acontecer.

— Anote minhas palavras Durmstrang, anote minhas palavras...



As palavras de Luna ainda giraram em minha cabeça a manhã inteira. Teresa acabou por adormecer junto a mim, ainda se aquecendo. Eu fiquei a admirando dormir, percebendo que eu não estava tão a fim de conquistar outra garota.

Mas eu não queria aquilo. Eu havia feito uma promessa de não me apaixonar por ninguém. Eu já tive desilusões demais quando criança; os danos que Ruby causara em mim, não haviam sido cosertados. Entretanto, Teresa me fazia tão bem! Eu me sentia bem perto dela.

Suspirei e encostei a cabeça no encosto do sofá, fechando os olhos. Eu não podia confiar em meu coração, tampouco no coração dela. Porque, no final das contas, tudo o que passamos, não será nada mais do que lembranças. E eu não podia ter meu coração em pedaços novamente.

Acho que eu dormi também, pois senti alguém me balançar e senti que era Teresa. Eu a olhei e ela ainda me parecia um pouco pálida; eu a puxei mais para perto. Eu não conseguia ficar longe dela, agora que eu descobrira que era bom abraçá-la...

Ai, meu Deus. O que eu estava pensando?

— Dormiu também, Jay? — Perguntou com a voz rouca. Seus cabelos estavam bagunçados e seus olhos ainda pareciam carregar sinais de sono.

— Sim. — eu sorri. — Está melhor?

— Um pouco. — Ela se aconchegou mais perto de mim. — Ainda está frio.

— Não consigo entender isso. — Balancei a cabeça e Teresa riu. — É sério.

— Bem, no dia em que for ao Brasil, entenderá.

— Por que é tão quente lá? — perguntei, acariciando seus cabelos inconscientemente.

— Bem, talvez porque seja um país tropical? — Disse em resposta e eu ri.

— É, isso explica muita coisa...

— Tem dias no inverno que você não sobrevive sem um sorvete e, no verão, se você não estiver com um ventilador bem potente ou um ar condicionado os riscos de você derreter são enormes.

— Que terrível!

— Pois é... mas em compensação, temos as praias... Apesar de eu ter tido a sorte grande de nascer em um estado não-litorâneo. — Lamentou e eu a observei. — Por sorte a escola fica no meio da floresta, então temos rios frescos e bastante sombra das árvores. — Comentou sorrindo e eu sorri com ela.

— Você preferia estar lá agora? — Perguntei e ao me dar conta de que acariciava seus cabelos tirei a mão dele discretamente.

— Você pode continuar se quiser. — Ela riu. — E de jeito nenhum! Eu preferia virar um cubo de gelo aqui nesse instante do que picolé derretido lá. — Juntei-me a ela para rir.

— E é só o frio que te prende aqui?

— Não, tem o programa de intercâmbio também... — Concordei com a cabeça e passamos um tempo em silencio, observando as chamas queimando na lareira.

— Sabe de uma coisa? — Perguntei e ela me encarou. — Para alguém que achava um sacrifício passar o natal comigo você bem que gostou de dormir do meu ladinho. — Comentei e recebi um soco no braço em resposta.

— Eu não vi que dormi. — Defendeu-se e eu ri.

— Hey! Não tem do que se envergonhar. Eu sei que sou irrestível. — Disse e ela me deu outro soco.

— O que fazemos nas férias aqui? Não tem celular, computador, nada. E eu to estudando muito ultimamente para ler mesmo que por diversão.

— Nós descansamos. — Disse como se fosse óbvio e ela me olhou com tédio.

— Já sei! — Informou pulando, mas voltando logo em seguida pra debaixo das cobertas. — Eu vou até o dormitório, visto todos os agasalhos que coloquei na mala e aí a gente pode brincar na neve... — A encarei com o cenho franzido.

— Olha, não quero estragar seus sonhos nem nada, mas não está nevando. — Informei e Teresa olhou pela janela, como se estivesse duvidando de minhas palavras.

— Então faz nevar. Dá uma de Elsa. Se vira. Você é um bruxo ou um rato? — Perguntou e eu ri.

— Eu sou um bruxo, mas não sei fazer nevar. — Disse e então percebi que ela murmurava um ritmo que, graças a Luna, eu sabia o que era.

— Você quer brincar na neve? Um boneco quer fazer? Você podia me ouvir nananana nanana nana te veeeer. Você quer brincar na neve? — E nessa parte ela apertou as próprias bochechas. — Não tem que ser com um boneco.

Eu cai para trás, rindo e Teresa se livrou dos cobertores, levantando e batendo três vezes na minha cabeça.

— Você quer brincar na neve? De alguma coisa que eu não sei. Faz tempo que eu não vejo mais ninguém, até com os quadros da parede já falei. Firme aí mulher gorda. — E aí ela fez um “tsc” com a boca e apontou uma arminha para o que seria as costas do quadro e eu gargalhei. — É meio solitário, tão vazio assim, só vendo o relógio andar... Não tem relógio aqui. — Disse e começou a correr em círculos em volta do sofá.

— Eu achei que você tava com frio. — Comentei enquanto ainda tentava me recuperar das risadas e Teresa parou a corrida, me encarando intensamente e então requebrando pro lado.

— I’m too hot! Hot damn. Call the police and a fireman. I’m too hot! Hot damn. Make a dragon wanna retire, man. I’m too hot; hot damn; Say my name, you know who I am. — Ela fechou a mão em um punho ao qual fingia ser seu microfone e dançava, rebolando e abanando a si mesma, acreditem em mim, eu estava no paraíso.

— O que os elfos colocaram no seu chocolate? — Perguntei a observando e ela gargalhou, se sentando novamente ao meu lado.

— Don’t belive me, Just watch! — Finalizou e riu de novo, apoiando a cabeça no sofá e suspirou. — O que vamos fazer? — Perguntou me olhando com um beicinho. — Temos que decidiiiir. — Voltou a cantar e eu balancei a cabeça em negativa, rindo. — Você quer brincar na neve? Tan tan tan...

— Sério, o que você comeu enquanto eu dormia? — Ela me olhou com um olho semicerrado e então se aproximou do meu ouvido.

— É segredo. — Sussurou e riu. — Eu sou hiperativa, às vezes tenho crises assim. — Disse manhosa e voltou a se enrolar nas cobertas. — Não consigo ficar sem fazer nada. — Choramingou.

— Podemos jogar xadrez bruxo. — Sugeri e ela tombou a cabeça para me encarar.

— Tenho interesse em aprender mas nem um pingo de paciência.

— Você não sabe jogar xadrez? — Perguntei sem conseguir acreditar e ela assentiu. — Ótimo, nem eu, só finjo que sei. — Confessei e ela riu.

— Okay, o que vocês britânicos fazem em um dia frio e sem neve? — Perguntou e eu pensei por um tempo.

— Dormimos?

— Já fizemos isso, próximo.

— Eu não funciono sobre pressão. — Disse e ela bufou.

— Eu sou um gênio! — Disse depois de alguns segundos e eu a esperei continuar. — A sala precisa neva se a gente quiser?

— Acho que sim. — Disse já prevendo o que viria a seguir.

— Perfeito! Vá trocar de roupa! Vamos brincar na neve. — Cantarolou e levantou em um pulo, correndo para os dormitórios da menina.

A observei sumindo no buraco pela parede com um sorriso bobo e então percebi que Luna tinha razão. Eu estava, no melhor sentido da palavra, fodido.



— Mudei de idéia, vamos voltar para lareira. — Disse Teresa caminhando de volta para a porta e eu a segurei antes que ela chegasse em seu destino. — Eu vou congelar. — Lamentou com um beicinho.

— Let it go, let it go... — Cantarolei e ela me analisou, rindo.

— Você assistiu frozen? — Perguntou uma sobrancelha arqueada. — Sexy. — Comentou quando eu dei resposta positiva, dando a deixa para minha risada.

— Foi bom você dizer isso, não só porque eu amo ser lembrado disso, mas porque lembrou que a senhorita anda usando muitas frases minhas.

— Frases suas? — Indagou e eu comecei a me afastar despistadamente.

— Exato. No dia do primeiro jogo, você disse “eu não preciso de sorte, eu sou a sorte” e essa frase é minha. — Comentei com um dar de ombros.

— E você a autenticou como sua, tipo, temos que dizê-la em forma de citação? “Eu não preciso de sorte, eu sou a sorte.” – POTTER, James. — Ela fez aspas no ar e usou de suas habilidades dramáticas para dizer a última parte.

— Não zombe de mim. — A repreendi e então lancei a bola de neve que fiz sem que ela percebesse em sua direção.

— POTTER! — Protestou e se abaixou para preparar sua própria munição, mas estava com tantas blusas de frio que quase não conseguia juntar as mãos.

— Você quem queria brincar na neve.

— Eu queria fazer um boneco! — Disse se livrando de duas blusas e conseguindo, finalmente, produzir uma bolinha, que mandou na minha direção e eu desviei, a encarando indignado.

— Então isso é uma guerra? — Perguntei e em resposta ela mandou uma segunda bola, me acertando no joelho.

— Ah... é sim. — Comentou e já preparava sua terceira munição quando eu consegui mandar a minha a tempo e acertá-la nas costas.

Nos minutos que se seguiram demos continuidade a guerra e as expressões que Teresa fazia sempre que era acertada ou se preparava para atacar eram impagáveis. Ela se aproximou com uma munição em cada mão e então escorregou no gelo.

Larguei a minha própria munição e avancei contra ela, não sendo rápido o suficiente para segurá-la e acabando por escorregar no mesmo lugar e cair por cima dela, conseguindo apenas apoiar as mãos no chão para não sobrecarregá-la com meu peso.

— Ai! — Ela gemeu levando uma mão até a cabeça e eu levantei, abaixando em seguida para erguê-la.

— Machucou? — Perguntei preocupado e ela assentiu, massageando a cabeça. — Aqui, licença. — Pedi pegando um punhado de gelo e colocando sobre o machucado. — Acho que chega de brincar na neve por hoje...

— Acho que concordo. — Resmungou e eu sorri, pegando as blusas que ela abandonou no começo da brincadeira e a guiando para fora dali.

Pela primeira vez eu estava cuidando realmente de alguém, enrolar Lily em uma canga não podia ser exatamente considerado como “tomar conta”, segundo minha mãe, e eu estava gostando daquela sensação. Estava gostando de saber que eu podia cuidar de alguém, ou, talvez, eu estivesse apenas gostando de Teresa.

Quando voltamos para a sala comunal, já era hora do almoço. Vinícius estava em frente à lareira, no meio das cobertas que Teresa deixara ali. Não sentia vontade de aquecê-lo, mas senti pena ao ver que ele também sofria com o frio.

Teresa estava bem próxima a mim, com seu braço roçando o meu, fazendo com que eu sentisse um arrepio toda vez que acontecia o contato. Isso era bom, mas uma droga ao mesmo tempo.

Assim que ela o viu ali, pegou minha mão e foi até o amigo.

— Ei, Vinícius. Tudo bem aí? — chamou em português. Ele nos olhou e deu um sorriso trêmulo.

— Não sei o que me mata mais, o frio ou o maldito calor que faz no Brasil. — respondeu ele em inglês, fazendo-nos rir.

— Olha, já está na hora do almoço. — falei, olhando o relógio. — E a comida não é servida aqui. Diga-me onde estão seus casacos que eu pego.

Vinícius nos olhou, depois seu olhar foi para a mão de Teresa entrelaçada à minha.

— Não, relaxem aí. — Disse ele, se levantando rapidamente das cobertas e correndo até o dormitório dos meninos.

Dei uma risadinha e Teresa me olhou.

— O quê?

— O sotaque de vocês é engraçado. Quero dizer, às vezes você fala com sotaque que a deixa ainda mais sexy e que me deixa mais louco. Mas tem outras vezes que é realmente engraçado. — Respondi e ela estava com as sobrancelhas erguidas. — O que foi?
— Nada. — Teresa disse, balançando a cabeça lentamente.

— Gente, vamos? — Vinícius parecia que ia cair de tanto agasalho que colocara. Nem Teresa aguentou e deu uma risada ao ver como o amigo estava vestido. — Olha quem está rindo. — disse ele em português. — Você está parecendo uma bola colorida Teresa. Tem sorte de ele gostar de você de qualquer jeito, porque não está nem um pouco atraente

Teresa parou de rir abruptamente, olhando para Vinícius seriamente. Eu os olhava parecendo um peixe fora d'água, não entendendo nem um terço do que ele dissera.

— Fala sério. — disse ela em português e depois me olhando

— Olha a cara de babão dele, Teresa. Por que, não gosta dele? Ele atée que é um cara legal...

— É exatamente o contrário. — Rebateu ela, ainda me olhando.

— Isso é inédito. — Comentou Vinícius, parecendo surpreso.

— Eu estou aqui, gente. — Soltei a mão dela para poder acenar. — E não entendo bulhufas do que estão dizendo. Vou pensar que estão falando mal de mim.

Teresa deu um sorriso para mim, segurando a minha mão mais uma vez.

— Desculpe. Vamos almoçar. — ela apenas disse e nos arrastou para fora da sala comunal.

— O que estavam conversando? — perguntei, curioso, enquanto caminhávamos para o Salão Principal.

— Nada demais. — ela piscou um olho.

— Isso não é justo. — Reclamei e ela riu. — É sério. Vocês entendem a nossa língua.

— A vida não é justa, querido. — respondeu ela, dizendo a última palavra em português.

— Do que você me chama nos finais das frases?

— Querido. — Teresa me olhou ao dizer aquilo e eu tentei não parar de caminhar.

(...)

Foi à noite, na hora do jantar, que começou a nevar. As doze árvores de Natal já estavam ali, trazidas por Hagrid, que estava sentado conosco à mesa única de jantar no Salão Principal.

Só havia três alunos da Lufa-Lufa, cinco da Corvinal, dois da Sonserina e quatro da Grifinória reunidos no Salão Principal. Por incrível que pareça, a presença dos sonserinos não foi desagradável. E rimos bastante.

Teresa, que estava ao meu lado, ria sempre que podia. Gostou tanto de Hagrid que eu fiquei realmente surpreso. Quero dizer, não que eu não goste de Hagrid. Mas havia pessoas que ficava com medo dele e o ignoravam. Aquilo me irritava, mas com Teresa... ela foi um doce com ele.

— A diretora é bem legal, quando só tem pouca gente no castelo. — sussurrou ela, depois de um tempo. Eu ri e pisquei um olho para ela, que ficou me encarando durante um tempo.

— Eu já falei pra tirar uma foto, vai durar mais. Vai por mim. — disse eu, inclinando-me em sua direção. Teresa revirou os olhos e me empurrou de volta ao meu lugar.

Eu ri e voltei a comer. Aquela comida estava maravilhosa! E parecia que Vinícius também a apreciava. Teresa disse que lá no Brasil a comida era diferente, que havia mais e mais variedade e, de repente, tive vontade de comer a comida de lá.

Quando a professora McGonnagall nos liberou, Vinícius e Daniel foram para a sala comunal rapidamente, conversando sobre quadribol, enquanro eu e Teresa íamos devagar, saciados com toda aquela comida.

Conversávamos de vez em quando e eu estranhei o fato de Teresa estar tão calada, já que ela sempre falava e se gabava de alguma coisa... ou me dava algum fora.

— No que está pensando? — perguntei, ajeitando o suéter que a vovó Weasley sempre fazia.

— O quê?

— O que está pensando? — repeti, olhando-a. — Está quieta... tá com saudades da mamãe? — brinquei e ela riu, dando-me um empurrão.

Ela parou e suspirou, encostando-se em uma parede perto da janela

— Eu nunca vi a neve. — Falou, desenhando um sol na janela embaçada.

— Eu nunca senti o calor que você sente lá. — falei e ela sorriu. — O que foi, Teresa?

— Nada. — Respondeu, se desencostando da parede e se preparando para voltar a andar.

— Está naqueles dias? — Sim, eu finalmente soube o porquê de Dominique e Lisa terem ficado daquele jeito. Teresa me encarou e franziu a testa.

— Não. — Respondeu lentamente e eu pude respirar.

— Que bom. — Eu olhei para cima e, de repente, vi um visco. — Teresa.

—Sim?

— Se eu fizer algo, você vai me bater?

— Depende do que quer fazer. — Respondeu e eu assenti, me aproximando.

— Um visco.

— O que isso tem a ver? — Ela olhou para cima e eu me aproximei ainda mais. Ao sentir a presença do meu corpo bem junto ao seu, Teresa me olhou.

— Quando um visco aparece acima de nossas cabeça, a tradição no meu país diz que... — não completei a frase.

— Que...? — Ela arqueou as sobrancelhas.

— Prefiro mostrar - respondi e a puxei pela cintura, colando meus lábios nos dela.

Teresa ficou sem reação por dois segundos, depois ela enlaçou os braços em minha nuca, arranhando-a. Aquele era o meu ponto fraco e isso não se fazia sem que eu apertasse a pessoa contra mim.

Por ela estar com mais roupas do que o normal, não conseguia sentir muita coisa. Mas isso não importava. Porque aquele beijo não era só desejo. Era mais, muito mais para mim. Eu sentia meu estômago afundar com o frio - que nada tinha a ver com o tempo -, gostava da sensação das mãos de Teresa descendo até meu peito e agarrando-se a ele.

Suguei seu lábio inferior, totalmente extasiado por aquele beijo. Era diferente do que quando eu beijara outras garotas. Eu sentia-me diferente e eu soube o porquê.

Eu realmente gostava de Teresa. De verdade.

Quando nos soltamos ela me encarou do melhor jeito Teresa... De forma intensa. Apoiei minha testa na dela decidindo dar uma chance àquele sentimento. O James dez anos de idade iria querer que eu fizesse isso.

— James... — Ela chamou e eu coloquei uma mecha de cabelo atrás de sua orelha.

— Sim?

— A gente deveria voltar pra comunal... — Comentou meio incerta e eu suspirei, afastando-me dela.

— Certo, vamos. — Chamei e ela se virou, começando a caminhar na minha frente.

Era por isso que eu não queria aquilo, era exatamente por isso que eu negava que tinha um coração há três anos. Ela disse a senha para a mulher gorda e atravessou o portal, parando ao ver Daniel e Vinícius.

— Acho que o frio não tá me fazendo muito bem, vou deitar. Vejo vocês depois. — Informou sem olhar para ninguém especificamente e então fez o que foi dito.

Vinícius que a encarava enquanto falava passou a me observar e respirou fundo.

— Cara, que foi que você fez? — Perguntou e eu o encarei.

— Quê? Eu não fiz nada. — Disse e ele continuou me olhando como se não acreditasse. — Tinha um visgo. — Expliquei e Daniel riu, enquanto Vinícius balançava a cabeça.

— Teresa! — Chamou se levantando, indo para onde ela foi. — Vem aqui, deixa isso pra lá. Esta escola toda te ama, até algumas garotas, você não precisa desse idiota. — Disse em português.

— Por que eu tenho a impressão de que isso foi extremamente ofensivo? — Perguntei o observando.

— Porque foi. — Respondeu e começou a subir as escadas, escorregando de volta para a comunal segundos depois.

— Os fundadores não confiavam no sexo masculino. — Daniel explicou e Vinícius suspirou.

— Teresa! Eu não consigo subir. — Chamou e não teve nenhuma resposta.

— Alguém pode me explicar? — Pedi e ele me encarou.

— Olha, eu só vou dizer isso porque está bem óbvio que você gosta dela.

— Eu n... tá tão na cara assim?

— Você ficou com ciúmes quando chegou e me viu com ela, está transparente. — Daniel se intrometeu e foi minha vez de suspirar.

— Eu não fiquei com ciúmes. — Defendi-me e ele riu.

— Você estava com cara de quem queria arrancar minha cabeça com seu taco de batedor.

— Ela gosta de você. — Vinícius continuou e eu voltei a encará-lo,sem acreditar naquilo apesar de querer que fosse verdade. — Eu não sei porquê, nunca vi ela gostando de ninguém, acredite, estou na lista de corações partidos que ela deixou pra trás, mas você conseguiu.

— Vinícius, cala a merda da boca! — Ela gritou em português e assim que a encarei vi que ela tinha a varinha em mãos.

— Nós vamos para o dormitório. — Daniel avisou e fez o que disse acompanhado de Vinícius, que estava com a língua presa no céu da boca.

— Eu não sei o que ele disse, mas é mentira. — Ela se adiantou e eu a observei.

— Então assine aqui, logo embaixo de Ruby, a lista de garotas que me fizeram odiar essa coisa toda. — Resmunguei, sem me dar conta do que eu havia dito.

— Ruby... espera, o quê? — Teresa balançou a cabeça.

— Nada, não. — Respondi depressa. — Mas por que essa raiva toda, Teresa? Foi só... só um beijo.

— Não, James. Não foi só um beijo pra mim... nem pra você. — Ela rebateu, começando a andar para lá e para cá. — Eu... eu nunca tive isso, sabe? Amar. Gostar. Sabe por quê? Machuca. Dói. Não posso gostar de você, porque pode se transformar em algo a mais. E eu vou embora em junho e não vou mais voltar, James. Você é o primeiro que me faz sentir assim. E eu quero, mas não quero isso.

Eu avancei mais para perto dela e segurei suas mãos. Ela tentou soltar, mas eu não deixei.

— Isso não é novo para mim. Sei o que é ser machucado por gostar de alguém. Por isso eu sou quem eu sou. — Falei, olhando em seus olhos. — Mas eu quero aproveitar enquanto o sentimento é recíproco.

— Recíproco? — Teresa inclinou a cabeça e eu bufei.

— Por que é tão difícil acreditar que eu leio algumas coisas do dicionário? Minha prima me deu, longa história. — Balancei a cabeça. — A questão é... se gosta de mim, como eu gosto de você, vamos aproveitar. Porque se não aproveitarmos agora, quando for embora, a sensação de arrependimento ficará em nós dois para sempre.

Teresa ficou me encarando por um longo momento, ponderando sobre o que eu havia dito. Eu sabia que estava certo; aquilo que eu senti por Ruby poderia até ter sido um amor bobo de criança, mas o que eu estava sentindo pela Teresa era mais real e intenso, porque eu sabia que ela gostava de mim também.

— O que me diz Teresa? Vai me deixar escapar? Vai deixar que, um cara lindo e maravilhoso como eu, fique com outra pessoa? Vai deixar de la…

— Odeio quando eu estou errada. — Ela me interrompeu, agarrando meu suéter pelo peito e me beijou.

(...)

Nas semanas que seguiram eu e Teresa passamos muito tempo juntos. Muito tempo. Daniel e Vinicius não perdiam nenhuma oportunidade de nos atormentar e, quando começavam, Teresa normalmente me agarrava, o que era o suficiente para fazer os dois tomarem seu rumo.

Apesar do que eu dissera para ela, descobri que aquilo era, sim, novo para mim. A sensação de gostar de alguém e ser gostado por essa mesma pessoa era algo que me deixava estranhamente feliz. Não uma felicidade de quando a gente ganhava um jogo ou a taça de quadribol, nem o tipo de alegria momentânea quando conseguia vencer de Hugo - por pura sorte- no xadrez. Era uma felicidade mais… genuína.

Quando o ano novo chegou eu tinha uma nova meta para o ano que estava chegando, uma meta parecida com encontrar o amor da minha vida e bem mais importante do que amadurecer, apesar de estarem interligadas de certa maneira.

Naquela manhã eu fugi de Teresa o tempo todo, graças ao mapa do maroto sempre que ela ia para um canto eu ia exatamente para o outro. Até que ela decidiu desistir de me procurar e quietou-se na biblioteca.

Acabei roubando um pouco da idéia de Luna quando ela me guiou até a sala precisa e precisei da ajuda de um bom número de elfos para colocar em prática o que eu planejava.

Já a noite eu tomei o caminho do banheiro dos monitores, não tinha ninguém usando mesmo, e observei enquanto aproveitava a banheira os passos de Billy se encontrarem com os de Teresa, que demorou certo tempo até ceder ao elfo e acompanhá-lo.

Assim que os passos de ambos começaram a se aproximar de onde eu estava, deixei o banheiro seguindo na direção da comunal apenas de toalha - porquê eu não tinha um pingo de vergonha na cara - e conseguindo desviar de Pirraça aonde ele fosse.

Daniel e Vinicius não estavam por ali então, se eu quisesse, poderia sair dançando nu pelo santuário grifano, porém eu tinha compromissos e por isso fui diretamente para o dormitório vestir o terno que minha mãe mandara a meu pedido.

Depois de trinta minutos tentando amarrá-la, enrolei a gravata em volta do meu pescoço como um cachecol e deixei a comunal, caminhando em direção ao lago negro aonde o mapa do maroto indicava que Teresa já esperava.

— Olha por onde anda, garanhão. — Ouvi uma voz conhecida e girei a cabeça, sorrindo ao ver Maya. — Por Merlim James! Quando é que você vai aprender a dar nó na gravata? — Perguntou com tédio, se aproximando e arrumando o tecido em meu pescoço.

— O que está fazendo aqui? — Perguntei enquanto tentava acompanhar os movimentos de seus dedos.

— Voltei mais cedo, queria saber como é passar o reveillon em Hogwarts mas isso aqui tá as moscas. — Comentou finalizando o nó e passando as mãos em meu terno, tirando alguma possível poeira.

— Eu te chamaria para comemorar comigo mas..

— Você já tem planos. Sei disso, sei disso. Passei na cozinha e os elfos estavam ocupados demais para me arrumar um copo d’água. — Ela riu. — E andam comentando por aí que James Sirius Potter foi fisgado. Quem diria hum? Para quem não queria amar ninguém. — Ela riu e eu me senti culpado por um momento, já que fora para ela que eu disse que nunca mais amaria alguém.

— Maya… — Comecei e ela revirou os olhos, ajeitando meu cabelo.

— Não quero ouvir isso. Tem uma garota linda esperando por você, o que ainda tá fazendo aqui?

— Quer saber? Eu amo você. Não desse jeito, mas eu amo você. — Afirmei e ela riu.

— Vai logo! — Ordenou e eu a beijei na bochehca.

— Feliz ano novo. — Desejei antes de sair correndo.

— Para você também. — Disse com a voz já distante.

Quando alcancei a margem do lago fiquei, por alguns segundos, sem respiração. Os elfos tinham ido além do que o planejado e Teresa estava, por falta de outra palavra, maravilhosa.

Ela usava um vestido branco longo e meio esvoaçante. Não consegui ver direito como era, pois ela usava um grosso casado de pele. Mas, assim que eu pude vê-la de frente, meu coração quase parou. O vestido era decotado em V, mostrando sua pele meio bronzeada entre os seios, cheio de rendas e flores.

— Boa noite, milady. — Chamei e ela virou o rosto em minha direção, fazendo com que assim o vento batesse em seu rosto e fizesse seus cabelos voarem para trás, deixando-a ainda bonita, se é que isso era possível.

— Olha quem está vivo. — Disse voltando a observar o lago e com um leve tom de mágoa na voz.

— Hey. Eu tava resolvendo umas coisinhas. — Expliquei me aproximando e a abraçando por trás.

— Podia ter avisado. — Disse, ainda emburrada e eu sorri, decidindo que gostava de vê-la brava.

— Daí ia estragar a surpresa.— Sussurrei em seu ouvido e ela suspirou, virando-se e retribuindo os abraços.

— Isso vai soar estupidamente meloso, mas eu senti sua falta. — Confessou passando as unhas em minha nuca e eu respirei fundo.

— Eu também. Vamos matar isso. — Sugeri e não esperei uma resposta, unindo nossos lábios sem demora e sendo retribuído no mesmo segundo.

— Então… — Ela resmungou beijando meu queixo. — Você é o responsável pelos elfos com pincéis de maquiagem? — Perguntou e eu sorri, beijando o bico que ela fazia.

— Culpado. — Confessei e ela sorriu. — Devo dizer que eles conseguiram te deixar ainda mais maravilhosa.

— Obrigada Potter, você também está muito bem apessoado.

— Apessoado? — Perguntei com uma sobrancelha erguida.

— Eu li seu dicionário. — Deu de ombros e eu ri. — Então, o que você tramou? — Perguntou e eu neguei a cabeça

— É surpresa.

— Awn James. — Lamentou e arranhou minha nuca lentamente, fazendo-me arrepiar.

— Isso é jogo sujo. — Gemi e ela riu.

— Me conta. — Pediu com a voz aveludada e eu neguei.

— Eu também sei jogar assim Teresa. — Avisei e para provar isso coloquei minha boca no lóbulo de sua orelha, passando a língua por ali e a ouvindo suspirar.

— Han… senhor Potter?

— Billy! — Vire-me para o elfo sorrindo mas não muito feliz com a interrupção.

— A ceia está pronta senhor. Exatamente aonde pediu. — Informou e eu sorri realmente feliz dessa vez.

— Muito obrigado Billy! Um feliz ano novo para você. — Desejei e o elfo deu um sorriso tímido, sumindo no ar no instante seguinte.

— Vem. — Chamei entrelaçando meus dedos nos de Teresa e começando a puxá-la em direção ao cais.

— Aonde? — Exigiu e eu revirei os olhos.

— Já disse que é surpresa. — Repeti e ela bufou. — V Chamei ocês brasileiros são curiosos assim?

— Nós somos o gato que morreu de curiosidade. — Respondeu.

— O quê?

— É um ditado, esquece. — Disse eu parei de repente, ela me encarou. — E agora?

— Agora você fecha os olhos. — Avisei e então coloquei as mãos nos ditos olhos, ela tentou se livrar das minhas mãos mas falhou. — Quase lá. — Avisei e então voltei a andar, tendo o cuidado de levá-la comigo.

— Eu vou ter um ataque. — Afirmou e eu ri, parando ao alcançar o cais.

— Como você é curiosa. — Resmunguei tirando as mãos de seus olhos. — Pode olhar.

— James… — Ela arfou.

Em nossa frente velas flutuavam próximas ao lago negro, uma grande parte de sua enorme extensão. Um barquinho, normalmente usado para levar os calouros até o castelo nos aguardava, com algumas velas espalhadas por ele e enfeites de flocos de neve, isso foi ideia da minha mãe. Em um determinado ponto do lago, uma plataforma -que demorou mais de cinco horas para ser posta ali -iluminada com luzes douradas nos aguardava juntamente a ceia que Billy disse.

— Milady? — Chamei me adiantando para o barco e estendendo a mão para ela que, ainda boquiaperta, a aceitou.

— Isso é…

— O que está achando das festividades em Hogwarts? — Perguntei usando a varinha para fazer o barco navegar até a plataforma.

— Eu não tenho palavras. — Sussurrou tocando com o indicador uma das velas que passou flutuando em sua frente. — Isso é maravilhoso.

— Fico feliz em saber que gostou, deu trabalho. — Ela riu.

— Eu te beijaria agora se não tivesse com medo de virar o barco e morrer congelada.

— Você pode fazer isso agora. — Informei assim que o barco parou na plataforma e ela sorriu, segurando minha mão e levantando-se.

— Está lindo. — Disse selando nossos lábios e caminhando para o local.

— Você sabe as horas? — Perguntei e ela franziu o cenho.

— Você quem tem o relógio Potter.

— Por que tão grossa, Durmstrang? — Fingi estar magoado e ela revirou os olhos. Sorri e observei os ponteiros. — Bem a tempo. — Conclui feliz e ela me observou. — Conta comigo. — Chamei a segurando pela cintura e girando-a na direção do horizonte. — 10...9…

— James?

— 6… 5.... Conta! — Mandei e ela riu.

— 3...2… — Antes que ela pronunciasse o “um” a explosão de fogos começou no centro do lago negro. As criaturas que viviam nesse não deveriam estar nada feliz com a confusão que eu havia arrumado, por isso eu havia cuidado em proteger a plataforma com magia.

— É lindo! — Ela exclamou observando os fogos maravilhada.

— Continua olhando. — Mandei e, após mais quatro minutos de estouro de fogos o restante explodiu de¨uma vez, deixando no ar uma mensagem que dizia: “Quer namorar comigo?”

— James! — Ela arfou e alternou o olhar entre mim e as letras desenhadas no horizonte.

— Então, sim ou não? — Perguntei já temendo sua resposta e ela arfou, abrindo e fechando a boca diversas vezes antes de decidir a resposta.

— Sim! Sim, sim, sim! — Afirmou rindo e jogou os braços ao redor do meu pescoço, me beijando.

O Dia dos Namorados. Eu nunca pensei, depois de Ruby, que eu realmente teria uma namorada. Tipo, uma namorada mesmo. Com direito a flores e paparicos. Quero dizer, só um pouco, pois Teresa não era tão romântica assim.

Fred estava sempre no meu pé, provocando e me irritando sobre eu ser mais romântico que ele sob minha pele de pegador. Aquilo me irritava, porque eu não me via daquele jeito.

Balancei a cabeça e continuei com o meu plano. Fazia quase três meses que eu e Teresa estávamos oficialmente juntos. E o Dia dos Namorados seria uma boa data para comemorar o primeiro namoro fixo de nós dois.

— Nunca pensei que o veria assim. — disse Dominique, sentando-se no colo de Fred.

Eu a olhei e dei um sorriso, que Dominique dispensou com aceno de mão.

— Olha, vou lhe dizer uma coisa. Estou feliz por você ter tomado jeito (não aguentava mais as garotas falando bem e mal de você), mas não se apegue demais James. — pediu ela com seriedade.

— Por quê? — Franzi a testa.

— Porque ela vai embora. E quando você se apega a uma coisa e isso vai embora ou te decepciona, você vira outra pessoa. — Respondeu ela simplesmente. — Seu defeito não é ser pegador. Seu defeito é esconder o que sente, sua tristeza, o seu vazio, por baixo disso.

Eu parei para pensar e talvez ela tivesse razão. Mas eu iria aproveitar o máximo que eu podia. Eu realmente estava feliz. Eu podia cantar o dia inteiro, porque eu estava apaixonado. De verdade.

— Pode deixar, Mini. — falei, dando um sorriso. — Mas eu não posso deixar essa oportunidade, não é? Não me sinto tão bem assim há tempos.

Dominique assentiu e eu voltei a traçar meus planos com Fred, onde Dominique ajudou bastante depois. Ter uma opinião feminina sempre era bom.

Quando a tarde chegou, eu esperava Teresa ao pé da escada do dormitório feminino. Eu estava bem vestido, com uma calça jeans, uma blusa de gola rulê camursa e tênis. Meus cabelos nunca dariam certo, então eu os deixei do jeito que estavam.

Antes de Teresa descer, vi Albus sentado à uma poltrona, lendo algum livro de feitiço. Ele fazia aquela expressão de quando queria fazer o número 2 - acreditem, eu limpei a frauda daquele muleque - e eu fui até ele para saber o que estava acontecendo.

— Fala, Sapinho - cumprimentei e ele levantou aqueles olhos verdes para me encarar.

— Tá bonito. Teresa vai gostar da camisa... mas seria melhor se você enrolasse as mangas. — ele sugeriu e depois voltou sua concentração no livro.

Olhei para a blusa e percebi que ele tinha razão então enrolei as mangas, mostrando os músculos que eu tinha.

— O que está fazendo? — perguntei, olhando o nome do livro.Albus suspirou.

— Sei que está na época dos N.O.M's, vejo você estudar. —- respondeu ele coçando o queixo. — Mas sou péssimo em Feitiços. E eu briguei com a Rose e não quero pedir ajuda a ela.

— Por que brigou com a Rose?

— Em breve vai saber. — Ele voltou o olhar para o livro, batendo na página. — Tem como me ajudar nisso? É só explicar, eu não vou atrapalhar seu dia com a brasileira. — Ele deu um sorriso que minha mãe dizia que era parecido com o meu quando eu estava aprontando algo.

— Ok, deixa eu ver isso — peguei o livro e li o que estava ali. Aquilo era molezinha. Até porque eu já havia estudado isso. — Olha, o que você quer fazer não depende do jeito que se pronuncia o feitiço. Está no movimento, entendeu? Aposto que você está agitando a varinha como se você fosse espantar algo de você. Tudo o que precisa é... girar o pulso. Olha, Accio almofada! — E repeti o movimento que eu havia dito e a almofada veio parar na minha mão. — Consegui fazer isso na primeira aula, vai entender. — comentei, dando de ombros.

Albus abriu a boca e arregalou os olhos, deixando-os ainda mais verdes e enormes. Aquilo assustava, mas eu adorava o olhar de admiração que ele me dava às vezes

— Acho que entendi. Espera, deixa eu tentar - disse e eu assenti. Albus pigarreou: - Accio almofada - e a almofada que estava em minhas mãos foi para nas dele. - Não acredito! - Comemorou, sorrindo. - Obrigado, Sirius.

— De na…

Minha voz se perdeu quando ouvi Teresa chamar meu nome. Eu me virei e Albus chegou o corpo para o lado para vê-la.

Teresa não estava totalmente arrumada, mas também não usava nada comum. Ela usava uma calça jeans apertada de cintura alta, botas pretas de cano alto, uma grossa branca e, por cima, um sobretudo vermelho longo. Luvas e touca também entravam na bela produção.

— Que gata, hein. Fiu, fiu. — Assoviou Albus atrás de mim. Eu lhe lancei um olhar irritado e ele riu ainda mais.

— Obrigada, Albus. Pelo menos você diz alguma coisa. — disse Teresa. — Não fica com essa cara de pastel, igual ao seu irmão. — E foi aí que Albus riu ainda mais.

— Rá, engraçadinhos. Você está linda, Teresa. — Elogiei e ela veio me beijar. Segurei sua cintura, certo de que eu iria cair se a largasse. — Vamos? — Ela sorriu e assentiu. — Até mais tarde, Albus. E me diga se tem mais alguma dúvida, ok?

— Pode deixar, cabeção. — Ele fez continência e eu balancei a cabeça.

Eu e Teresa deixamos a sala comunal, enquanto Albus ainda treinava feitiços.

(...)


No meio do caminho, encontramos Luna, andando e segurando o gorro na cabeça, sozinha.

— Luna! — chamei e ela olhou para trás e sorriu. — Aonde você está indo sozinha?

— Ao Madame Puddifoot.

— Sozinha? — Teresa perguntou, franzindo a testa.

— Claro que não, Teresa. — Ela riu, acertando o gorro mais uma vez. — Victor está me esperando lá. — disse em um tom sonhador.

— Ah. — soltei e dei um sorriso malicioso. — Vamos para lá também.

— Por que eu tenho a ligeira impressão que esse é o tipo de lugar que Luna amaria ir e eu passaria longe? — Teresa sussurrou e eu sorri.

— Porque é exatamente isso.

—Sério mesmo? — Resmungou.

— Aham. — respondi, tentando soar sério. Nós íamos para lá, mas só por alguns momentos. Por enquanto, eu ia me divertir com a cara dela.

Vi que Teresa tentava não argumentar que ela não queria ir para um café onde tudo era só corações e poeiras rosas. Mas sabe o que é mais engraçado? Eu realmente queria fazer todo aquele clichê por pelo menos alguns minutos.

— Podemos ir juntos! Quero dizer. — Luna acrescentou —, se vocês não acharem que eu estou segurando vela e tudo o mais. Vou entender. Porque James quando quer se vingar por alguém o atrapalhar com algo, ele…

— Respire, Luna. — disse eu e ela respirou fundo, rindo logo depois. — Tudo bem a gente ir com você. — Eu olhei para Teresa e ela assentiu. Eu sabia que aquela cara que ela fazia não era por causa da Luna.

Então nós três caminhamos até a Madame Puddifoot, conversando. Quando chegamos à Hogsmeade, vimos vários casais de mãos dadas e se beijando. Luna ia ao nosso lado, quase pulando ao invés de andar, animada por encontrar o seu "Eric".

Mesmo que fosse por isso, eu gostaria de ver Victor outra vez.

Entramos no Madame Puddifoot e quase fiquei cego com a purpurina rosa e vermelha. Logo depois, quase fui acertado por um Cupido voador. Dei um tapa nele, por causa dos meus reflexos de batedor, e o Cupido foi parar no outro lado do café. Atrás de mim, pude ouvir Luna e Teresa rirem.

Caminhei mais um pouco o lugar e vi que toda a decoração era rosa e melosa demais; corações flutuavam por todo o café, Cupidos entravam na frente de alguns casais - que riam -, purpurina caía toda vez que algum casal se beijava e havia uma faixa enorme, desenhado em letra cursiva escrito: Feliz Dia dos Namorados. Talvez o clichê que eu imaginara não fosse tão legal quanto a realidade.

Vi Victor sentado, olhando para um Cupido, como se fosse bater nele. Ele estava fazendo aquilo pela Luna, era óbvio. Ele realmente gostava dela.

Quando ele nos viu, acenou. Nós fomos até ele, que se levantou ao ver Luna. Ela passou mim e Teresa, sorrindo e jogou os braços ao redor do pescoço dele, beijando-o logo em seguida. Afastei um pouco e segurei a mão de Teresa. Quando os dois resolveram se soltar, Victor sorriu para mim e Teresa.

— Luna me contou que o incrível James Potter foi fisgado por uma brasileira. — disse ele.

— Adoraria saber o porquê de ficarem se referindo a mim como brasileira. — Teresa resmungou e a encaramos sem entender nada. — Eu disse que apesar de no Brasil não ter leões nós sabemos como domá-los. — Ela sorriu e eu ri, voltando-me para Gregor.

— Senti uma ponta de sarcasmo no incrível? — Eu sorri e apertei sua mão estendida. — É bom te ver, Gregor. Essa é a Teresa, Teresa Melikov.

— Prazer. — e estendeu a mão, mas Teresa se aproximou, o abraçando e beijou os dois lados do rosto dele.

— Prazer. — ela sorriu, deixando Victor meio atordoado e eu ri. — Desculpe, mas eu estou acostumada a cumprimentar as pessoas assim. Lá no Brasil fazemos isso..dizem que somos mais calorosos, creio que não só pelo sol… — Tagalerou.

— Tudo bem. — Victor balançou a cabeça. — É bom ver você, Potter. Sou que fez um belo trabalho como capitão.

— É, ainda bem que eu consegui. — Eu ri, nervoso. — Bem, acho melhor deixá-los sozinhos. Luna deve estar com saudades.

— Que isso, James. — Luna disse e eu a olhei de forma significativa, que Luna comopreendeu. — Ah, er... — e beijou Victor, fazendo que a purpurina caísse nos dois.

Teresa e rimos e então a puxei para um beijo. Fiz aquilo de propósito, e a chuva de purpurina caiu sobre nós. Ela se afastou de mim e eu ri, balançando a cabeça para tirar o pó rosa dos cabelos.

— Quer beber alguma coisa?

— James. — Ela veio para perto de mim e segurou as minhas mãos. — Eu adoro você e sei que você quer aproveitar esse momento, já que nem eu e nem você nunca o tivemos. Mas eu não quero beijar você e toda vez cair purpurina no meu lindo cabelo.

Parte de mim esperava por isso. Quero dizer, eu queria mesmo ficar ali. Mesmo com toda a purpurina e os Cupidos. Mas eu tinha o plano A. Nunca fora o B.

Ela esperava que eu dissesse alguma coisa e eu sorri.

— Sorte sua que eu tenho planos pra hoje à noite. Ou agora, se preferir. — falei e ela se animou. — Acho que seu pulinho imperceptível quer dizer agora. — Eu ri. — Vamos?

Teresa assentiu e eu a levei para fora da Madame Puddifoot. Passamos por todas as lojas e fomos nos afastando mais e mais, até que não víssemos mais ninguém.

Ela me olhou quando chegamos à cerca que separava a Casa dos Gritos da trilha até Hogsmeade. Teresa ficou ainda mais temerosa quando eu passei pela cerca e a arrastei junto. Acho que ela agora queria ficar lá no café da Madame Puddifoot.

Andamos de mãos dadas por um longo caminho, até pararmos na porta dos fundos

— O nome desta casa é a Casa dos Gritos.-—Informei e Teresa me olhou como se eu fosse louco por levá-la até ali. — Muitas pessoas ouviam gritos por aqui. — Eu abri a porta e entrei. — E começaram a dizer que aqui estava repleto de fantasmas.

— Por que será que é esse o nome? — Teresa ironizou e eu dei um meio sorriso.

— Mas... — eu a peguei pela mão e a conduzi para dentro, passando pela cozinha destruída, cheia de arranhões por toda a parte.

— Mas...? — insistiu.

— O que ninguém sabia sobre esta casa, era que tudo não passava de boatos.

— Então não havia gritos e o povo daqui é completamente doido? — Perguntou e eu ri.

— Oh, claro que haviam. — Disse voltando a certa seriedade e subi as escadas, segurando sua mão e ela recuou. — É porque, aqui, era a morada de um lobisomem.

— Como? — perguntou, agora, interessada.

— Albus Dumbledore (não pergunte, meu pai dei nomes de diretores para meu irmão. Depois eu conto a história), construiu esta casa para que um aluno pudesse se transformar nas Luas Cheias sem machucar ninguém. — Eu abri a porta de um dos quartos.

— Os gritos que os moradores ouviam não eram fantasmas. — Teresa falou e eu assenti.

— Não. — Concordei. — Mas esse lobisomem tinha amigos. Os amigos dele, por algum acaso, eram meu avô e o padrinho do meu pai. Havia outro, mas este não vale a pena mencionar.

— Oh! — Teresa estava entretida e eu adorava aquilo. — Mas o que eles têm a ver com a história?

— Está vendo isso? — apontei para as paredes e Teresa se aproximou para ver. Não havia apenas arranhões, havia marcas de outros animais. Teresa me olhou, surpresa.

— Tinha outros aqui?

— Sim. Eles se transformaram em animagos.

— Merlim! Isso é demais! — Teresa exclamou.

— Sim, é. — eu estava meio melancólico. — Mas eu nunca os conheci.

— Por causa do Voldemort. — ela assentiu com a cabeça.

— Pois é.

— Sinto muito. — ela encostou a cabeça em meu ombro. — O que houve com o lobisomem?

— Morreu, junto coma esposa, na Batalha de Hogwarts.

— Oh, que tristeza! Qual era o nome dele?

— Remus Lupin. — respondi e a olhei, dando um sorriso fraco. Então, eu a conduzi para dentro do quarto. — Ninguém sabe sobre isso. Que a casa nunca teve fantasmas.

— Uh, sou especial. — ela disse em português. — Por que me trouxe aqui?

— Eu sabia que não iria querer ficar lá na Madame Puddifoot, então eu arrumei a casa. Achei que seria mais interessante para você. — respondi, dando de ombros.

— E acertou. — ela apontou para o próprio nariz. — Mas não estou vendo nada arrumado.

— Olha bem para o quarto. — falei e a levei para dentro.

Teresa arfou ao ver que tudo estava arrumado para nós dois. Havia velas por todo o quarto; cortinas douradas tampavam a visão das janelas cobertas de madeiras; a cama que havia ali, fora arrumada e limpa; o piano restaurado e, bem no meio, havia comida e bebida suficiente para passarmos a tarde e a noite ali.

Teresa girou pelo local e, quando parou, foi para me olhar.

— Você é incrível, James Sirius Potter! — ela exclamou e eu adorei ver aquele sorriso e aquele olhar que ela só dirigia a mim.

— Eu sei que sou.

— Convencido. — Ela respondeu e veio me beijar.

— Quer comer? — perguntei e ela assentiu. Eu a levei para o centro do quarto e nos sentamos no chão, em cima da grande toalha da cozinha. Teresa abriu a boca para perguntar, mas eu não deixei. — Tive ajuda de elfos, Dominique, Fred e de Vinícius para fazer tudo isso.

— Está lindo, James. — Teresa estava maravilhada

Começamos a comer e rir, enquanto contávamos histórias um para o outro. Como não dava para ver do lado de fora, eu olhei para o relógio. Ficamos conversando e comendo a tarde toda! Com Teresa, eu nunca sentia o tempo. E, o tempo junto a ela, era precioso.

Então eu me levantei de repente. Teresa ergueu os olhos para mim e eu estendi minha mão. Ela a pegou e eu puxei para cima, colocando minhas mãos em sua cintura.

— Mas não tem música. — reparou e eu sorri.

— Imagine uma melodia suave. Mas não se preocupe, é o cavalheiro que conduz a dama. — respondi e ela levantou uma das sobrancelhas.

v E o cavalheiro sabe conduzir a dama? — duvidou.

Eu sorri e a girei por baixa de meu braço, deixei que ela fosse e voltasse para mim, colando-a em meu peito. Teresa me olhou sem ar.

— Qual é o seu defeito?

— Essa palavra não existe em meu dicionário. — Ela sorriu e eu acrescentei: — Querida. — Disse e ela suspirou.

— Isso foi muito excitante. — ela disse sem fôlego.

Eu sorri e peguei seu rosto em minhas mãos. Olhei bem em seus olhos castanhos e me perdi neles. Tão belos e convidativos! Eu podia olhá-los e ver que ela só tinha olhos para mim.

Então Teresa me beijou. Suspirei quando senti seus lábios nos meus, agarrando mais sua cintura para perto de mim. O beijo estava calmo, mas, em algum momento, nós dois deixamos de ser cuidadosos.

Eu a apertei mais contra meu corpo, para poder sentir mais dela e ela de mim. Minhas mãos desceram para o seu braço e tiraram seu sobretudo. Continuei descendo as mãos até chegar em suas nádegas, apertando-a mais contra a minha ereção.

Mas não era somente eu que estava aproveitando a situação. Em algum momento entre os beijos, Teresa tirou minha blusa, passando as unhas em minha barriga exposta. Ela parecia querer sentir cada pedacinho de mim, como eu queri sentir cada pedacinho dela.

Sem separar nossos lábios, eu a levei até a cama. Tiramos nossos calçados e eu segurei sua cintura, ajudando-a a deitar-se. Eu havia ficado por cima dela, e a olhava, pedindo permissão.

Teresa assentiu e eu passei minhas mãos pela sua cintura, levantando a grossa blusa e logo depois a tirando, levando seu gorro e tudo. Ela sorriu e se curvou para tirar o sutiã, fazendo-me engolir em seco. Era a primeira vez que eu via seios de verdade. Expostos e tão belos!

Ela sorriu e levantou o tronco para alcançar meus lábios. A língua dela pediu passagem e eu cedi, enquanto minhas mãos desciam até seus seios, massageando-os com cuidado. Teresa, ao sentir meus dedos em seus seios, aproximava ainda mais o corpo, desesperada por contato.

Eu a beijava com pressa, mas sem ser rápido demais. Eu não sabia nem a metade do que estava fazendo e ela parecia fazer o mesmo. Mas, quando suas mãos desabotuoram minha calça e a tirou, deixando-me de cueca, eu soube que não podia esperar mais.

— Tem certeza? — sussurrei em meio aos beijos.

— Toda. — respondeu, apertando meu membro com as mãos e me fazendo gemer.

Passei os dedos pelos seus seios, depois pela sua barriga, até chegar nos seus jeans. Eu abri o zíper e tirei lentamente sua calça e logo depois sua calcinha. Nunca havia visto uma garota nua de verdade, e Teresa me olhava de uma forma que eu quase não consegui me conter.

Fiquei de pé e tirei minha cueca, liberando minha ereção. Teresa me olhou com curiosidade e desejo. Que Merlim me ajudasse, pois aquela seria a minha primeira vez e eu não sabia de nada.

Teresa abaixou-se para fora da cama e pegou algo de dentro de sua calça. Quando me mostrou o que era, que quase ri. Porque eu havia ganho do meu pai assim que eu disse que estava namorando, foi um momento muito constrangedor da minha vida que eu prefiro não citar, apesar de ser grato a meu velho.

Ela ficou de joelhos na cama, abriu o pacote e colocou em mim. Eu quase morri quando suas mãos deslizaram pelo meu membro. Teresa ergueu os olhos para mim e eu a beijei, deitando-a novamente na cama.

Eu sorri para ela e ela para mim. E eu soube que tudo aquilo valeria a pena.

(...)


Nos meses seguintes minha vida tinha só um sentido: Estudar para os N.O.M's, pelo menos eu tentava. Eu tinha de me concentrar no meu futuro, mas eu não conseguia. Depois da nossa primeira vez, só tivemos mais duas noites para aproveitar.

Eu e Teresa estudávamos juntos. Toda vez que a gente se desconcentrava, eu tinha Albus ao meu lado. Ele, definitivamente, quebraria o clima. Eu gradecia, mas não agradecia ao mesmo tempo.

Não que eu e Teresa não tirássemos um tempo para nós dois. Mas, com certeza, não estávamos no clima para sexo. Se a gente não ficasse, pelo menos, duas horas juntos, sem ler alguma página amarelada de um livro, não enlouquecíamos. Porque, acredite, eu vi alunos tendo crises, mais do que a Lufa-Lufa ganhava a Taça das Casas - sem preconceitos, vocês sabem.

Eu via Fred e Dominique de vez em quando. Os N.O.M' estava acabando com os dois também. O quinto ano em Hogwarts era, sem sombra de dúvidas, o terror na Terra. Era tipo um inferno, embora eu nunca estive lá - e nem quero.

Em um desses intervalos sem estudos, eu e Teresa, Fred e Dominique e Vinícius, nos encontrávamos à margem do lago negro. Tínhamos nossas mochilas espalhadas pela grama e pergaminhos estavam ao nosso redor como enfeites.

— Qual o pior ano de vocês? — perguntou Fred, de olhos fechados e acariciando os cabelos de Dominique.

Teresa e Vinícius deram risadinhas, fazendo Fred abrir os olhos e erguer uma das sobrancelhas.

— Todo ano é ruim. — Respondeu Teresa. — O ano letivo aqui é baseado no ano letivo dos trouxas, se vocês não sabem. É o mesmo no Brasil. Só que é divido em bimestres. Então, as provas e trabalhos, vêm primeiro do que aqui. Portanto, nós nos esforçamos e passamos por fases difíceis todos os anos.

— Porém, — acrescentou Vinícius — nós precisamos nos dar bem nos N.O.M' s. Faz parte do programa. Temos que ter notas boas aqui. Senão, não valerá nada. Sabemos que é tudo de uma vez, tudo o que aprenderam em quatro anos em um ano só. Então, precisamos tirar notas boas.

— Acho que quero ir para o Brasil. — comentei.

— Não... não quer. — disse Vinícius. — É um inferno todos os anos, James. Aqui, vocês sofrem tudo de uma vez.

— Prefiro sofrer aos pouquinhos. — rebateu Fred e nós rimos, aproveitando o restinho dos dias ensolarados e sem provas.

(...)


Algumas semanas depois, os N.O.M's chegaram à nossa porta e eu me vi mais morto de nervoso do que qualquer outro ano. Quero dizer, sim, eu era muito bom em Defesa Contra As Artes Das Trevas, Feitiços e Tranfiguração. Mas aquelas provas... Aquelas provas eram o terror.

A prova discursiva juntou todas os alunos do quinto ano das quatro Casas no Salão Principal. Fred estava tremendo, Dominique parecia que precisava respirar direito, Teresa parecia estar calma e Vinícius espiava a arrumação do salão.

Quando deu a hora, entramos e escolhemos nossos assentos. Teresa sentou ao meu lado, Fred atrás de mim, Dominique à minha frente e Vinícius à frente de Teresa. Os professores que vigiariam a prova se pronunciaram.

— Não é permitido colar, nem usar a Pena de Resposta Rápida. Saberemos se estão usando. — Uma mulher idosa, que eu não fazia ideia de quem era, disse. — Vocês terão cinco horas para fazer a prova. Depois disso, as provas serão recolhidas magicamente, sem chance de corrigir ou de acrescentar algo. Os N.O.M's começarão agora.

Uma ampulheta gigante foi posta de cabeça para baixo e a tortura começou.

(...)


Fred e Teresa discutiam sobre as formas de descobrir um lobisomem. Eu amava aquela garota, mas Fred estava certo. A gente sabia como identificar um.

Depois que os N.O.M's discursivas passaram, veio a vez dos N.O.M' práticos. Eu gostava de agilidade. Eu gostava de praricar e mostrar o que eu conseguia fazer. Escrever não era comigo.

Quando foi a minha vez de mostrar o que eu sabia, o homem me olhou atentamente.

— Filho de Harry Potter, uh? — perguntou e eu assenti. — Eu presenciei uma bela performance dele em Defesa Contra As Artes Das Trevas.

— Um Patrono Corpóreo. — falei e ele assentiu. — Sim, eu sei, senhor.

— E senhor sabe como conjurar um?

— Sim, senhor. — Respondi e respirei fundo. Pensei na minha melhor lembrança, a mais feliz... minha primeira vez com Teresa, quando ela me disse que foi a melhor noite que ela já teve. — Expecto Patronum!

Um belo pavão - acreditem, eu fui zoado por isso um longo tempo - saiu voando da minha varinha, dando a volta em torno dele e voltando para mim.

— Tem talento, senhor Potter. — O professor deu um sorriso, disfarçando a satisfação.

— Obrigada, senhor.

Depois daquela demostração grátis, eu tive de fazer a de verdade. E não foi fácil, devo confessar. Enfrentar um Bicho Papão e entre outros obstáculos não foi nada legal e apreciante. Entretanto, eu sabia que havia ido bem.

As outras provas foram menos difíceis. Feitiços era fácil, Estudo dos Trouxas nem se fala (sim, eu li aquela mini coleção de Shakespeare que Louise me dera) e Transfiguração era questão de concentração. Ainda bem que eu não pensava em Teresa naqueles momentos, senão, eu nunca teria conseguido bons resultados no final das contas.

Mas, assim que toda aquela tortura acabou, quando eu coloquei meus olhos em Teresa, corri até ela e a peguei no colo. Ela riu e passou as pernas em torno da minha cintura, ignorando os olhares dos outros alunos.

Teresa arranhou minha nuca e, depois, segurou meu rosto nas mãos e beijou meus lábios com vontade. Eu sorri entre o beijo e nos separamos.

— Que saudade! — ela disse enchendo meu rosto de beijos.

— Agora temos o final todo de junho para aproveitar nosso tempo juntos. — falei, olhando-a bem nos olhos.

Teresa desceu do meu colo e segurou meu rosto para que eu a olhasse atentamente.

— Não se esqueça, James Potter. Eu amo você - disse ela pela primeira vez e eu quase perdi a fala.

— Eu amo você também. — Eu sorri. — Eu amo você, Teresa de Oliveira Melikov. - Dessa vez, ela riu.

— Isso é sexy, querido. — Teresa beijou-me outra vez.

(...)

Infelizmente o tempo parecia estar contra mim. Quando eu queria que ele passasse depressa seus ponteiros se moviam em uma lentidão torturante, já quando eu queria que ele simplesmente parasse, ele corria como um maratonista, desafiando-me a impedí-lo.

Graças a isso, o final do ano letivo chegou mais rápido do que eu podia acompanhar.

Três dias antes do embarque de volta, eu acordei em um misto de animação e nostalgia antecipada, mas optei por ignorar isso e, simplesmente, aproveitar cada segundo que tinha ao lado de Teresa.

O que teria facilitado, se alguém soubesse aonde ela estava.

Depois de passar um tempo perguntando a cada pessoa que passava se ele ou ela viram Teresa, acabei desistindo de agir como um namorado preocupado normal e fui atrás do mapa do maroto, localizando Teresa no campo de quadribol.

Ela estava sentada nas arquibancadas, abraçando as próprias pernas e com a cabeça baixa. Ao me aproximar percebi que ela chorava.

— Hey. — Chamei sentando-me a seu lado e a abraçando. — O que houve? — Perguntei e ela passou a mão no rosto, enxugando as lágrimas e negando-se a me olhar.

— Daqui a três dias eu vou embora. — Disse e eu assenti.

— Sim, eu sei…

— E isso não te incomoda? — Perguntou, enfim, me encarando, com os olhos vermelhos e lágrimas constantes. Eu suspirei, passando o polegar por sua bochecha.

— Mas é claro que sim. — Respondi e franziu os lábios. — Porém eu estou tentando encontrar uma solução ao invés de aceitar. — Confessei e ela fungou, tentando sem sucesso conter o choro.

— E conseguiu algo? — Perguntou com um fio de esperança na voz e eu a encarei nos olhos, desejando me lembrar de cada traço de cor que os coloriam.

— Nós podemos namorar a distância. Muitas pessoas fazem isso hoje em dia. — Disse ela me observou.

— Você é James Potter, eu sou Teresa Melikov. Realmente acredita que isso tem a mínima possibilidade de dar certo? — Perguntou conseguindo impedir as lágrimas e eu suspirei. — Você pode ir comigo pro Brasil. — Ela sugeriu. — Só até nos formamos, eu tenho um ventilador que dá para nós dois. — Ela sorriu e eu ri com ela.

— Eu não posso deixar meus irmãos, Lily precisa de minha super proteção e Albus viraria aquele tio gordo e solteirão sem minha ajuda. — Ela suspirou. — Você pode ficar aqui. — Disse com um sorriso.

— Minha mãe só tem a mim, foi uma luta convencê-la a me deixar vir por um ano e eu não quero deixá-la sozinha. — Murmurou e então passaram-se alguns minutos com nós dois calados, apenas observando as aves no horizonte.

— Tem que ter uma maneira. Eu já imaginei até mesmo o nome dos nossos filhos. — Afirmei e Teresa me encarou com ambas sobrancelhas arqueadas.

— Filhos? — Perguntou e eu concordei. — Você acha que esse corpinho aqui… — Indicou com as mãos o próprio corpo e eu observei com demasiado interesse. — Foi feito para ter filhos? — Perguntou e eu lhe forneci um sorriso malicioso.

— Uma hora a camisinha não vai aguentar. — Disse e ela riu, me dando um tapa nas costas e me beijando em seguida.

— E qual seriam os nomes?

— Vinicius e Luna. Porque foram graças a eles que deixamos de ser tão cabeça dura. — Ela me olhou, com um brilho caracteristico no olhar e sorrindo.

— Eu te amo James Sirius. — Afirmou acariciando meu rosto e eu aproveitei de seu toque, sabendo o que poderia vir a seguir.

— Eu te amo Teresa. — Repeti e ela sorriu tristonha.

— Nós dois sabemos o que temos que fazer. — Disse em um suspiro e eu concordei, sentindo como se estivessem me torturando e eu estivesse pagando caro por toda aquela felicidade que senti nos últimos meses.

— Podemos escrever um para o outro. — Sugeri e ela aprovou fervorasamente.

— Ainda podemos ser amigos.

— Claro. — Concordei e passamos mais alguns minutos calados.

— E se daqui alguns anos nenhum dos dois tiver encontrado alguém…

— Nós podemos fazer funcionar. — Conclui e ela balançou a cabeça.

Seus olhos encontraram os meus e ficaram ali por um tempo, dizendo tudo que ela queria falar mas não conseguia colocar em palavras.

— Um último beijo? — Pedi e Teresa sorriu, puxando-me pela nuca.

— Diga que vai se lembrar de mim. — Pediu.

— Sempre. — Afirmei.

— Em um vestido legal, observando o pôr do sol. — Continuou e eu percebi que se tratava de uma música. — Lábios vermelhos e bochechas rosadas, Diga que me verá de novo mesmo que nos seus sonhos mais selvagens.³ — Terminou com lágrimas rolando em suas bochechas.

— Nem se eu quisesse eu poderia te esquecer. — Disse apertando sua cintura e trazendo-a para perto de mim.

Teresa marcou a minha vida, eu a amei de verdade e aprendi com ela como isso funcionava, ela sempre estaria no meu coração, mesmo que não pudéssemos ficar juntos.


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Notas finais do capítulo

¹: Escola de Magia localizada na Oceania, possivelmente em uma ilha australiana.
²: Escola de Magia localizada no Brasil, em algum lugar da selva amazônica.
p.s.: Ambas as escolas tiveram sua existência confirmadas pela própria J.K. Rowling, no entanto os nomes e costumes destas são de criação exclusiva das autoras desta fic.
³: Trecho traduzido da música "Wildest Dreams" de Taylor Swift.

É isso, espero que tenham gostado e comentem, sim? Beijos e vejo vocês em breve