As Mulheres de James Sirius Potter escrita por Lia Galvão, Miss Stilinski


Capítulo 6
Luna Frank Longbottom


Notas iniciais do capítulo

É, eu deveria estar dormindo agora, mas eu estou sem sono, já passou da meia noite, não tenho mais nada de interessante para fazer e quem ganha são vocês ~solta os foguetes~ Isso mesmo, minha insônia resulta em um capítulo fresquinho para vocês assim que acordarem. Ok, vou parar de falar e deixá-las ler. AH! E eu gostaria de agradecer a Mrs SC que nos presenteou com a linda capa que agora vocês podem ver no menu inicial da fic. Sem mais delongas, bom capítulo para vocês e espero que gostem, particularmente é um dos meus preferidos! ~Lia G.

Só queria dizer que a Lia colocou a capa errada no capítulo kkkkkk e obrigada pelos comentários! - Miss Hook



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Eu sentia como se estivesse a beira da morte, ou talvez estivesse exagerando absurdamente na encenação de cara envenenado, apesar de estar mesmo com dores e tonteiras constantes. Ainda não conseguia acreditar que Clarisse havia envenenado metade do jantar da Grifinória apenas para me castigar e acreditava menos ainda que ela havia sido banida permanentemente do quadribol. Tia Hermione havia estado no castelo e passara para fazer uma rápida visita a mim e a Fred, rápida porquê o real interesse dela era os direitos dos elfos ( que haviam sido inicialmente culpados pelo envenenamento), não seus sobrinhos adoentados.

Resmunguei olhando ao redor da enfermaria, muitos já tinham sido liberados, mas eu e Fred continuávamos ali graças a nossa gula. Estava escuro o que indicava que já deveria ser hora do jantar, mas não tinha ninguém por perto que indicasse que nossa comida seria servida em breve. Fred roncava na cama em frente a minha, ele com certeza tinha o triplo de veneno no sistema sanguíneo do que eu tinha quando fui parar ali, por isso resolvi deixá-lo dormindo e livrei-me das cobertas, afim de ir atrás de um pouco de comida, na verdade eu não me lembrava a última vez que comi algo decente...

Assim que coloquei os pés no chão e sustentei o peso do meu corpo sobre eles me arrependi. Minha cabeça começou a girar e minha visão ficou tão embaçada que não conseguia distingir nada ao meu redor. Ouvi um barulho de metal contra metal e passos apressados até sentir um par de mãos me erguer com certo esforço e me colocar de volta na cama.

— Isso provavelmente não é uma boa ideia. — Ela disse com um risinho e arrumou os travesseiros em minha cabeça antes de se afastar.

Minha visão voltou ao normal e eu consegui ver a loirinha se aproximando com uma bandeja em mãos e um sorriso no rosto.

— Frank! — Saudei e ela torceu o nariz, colocando a bandeja sobre uma mesa ao lado da minha cama.

— Prefiro ser chamada por meu nome de garota, caso não se importe. — Brincou e eu ri, analisando o conteúdo da bandeja e ficando contente por ver comida, não remédios.

— O que faz aqui?

— Digamos que aquela garota causou estragos e madame Pomfrey não está mais na flor da idade pra aguentar tantos alunos sozinha, então me ofereci para ajudar. — Disse e então arrumou a bandeja de maneira que ela flutuou a minha frente com um garfo e uma faca.

— Huum, é seguro comer? — Brinquei e ela fez uma expressão cansada.

— Merlim queira que sim. Eu mesma tive que preparar isso pra vocês. Aparentemente a ideia de Clarisse foi boa demais e tem sido impossível achar ingredientes que não tenham sido contaminados com poção do amor, até onde sei para você; e variados tipos de veneno também, a cozinha está interditada e McGonnagal está importando comida do três vassouras, pobre Rosmerta, também não dá mais conta de tanto trabalho! — Tagarelou e eu pisquei algumas vezes antes de absorver as palavras da loira.

— Tem mais gente querendo me envenenar? — Perguntei e ela concordou com a cabeça.

— As que não sabem fazer poção do amor mas já entendem um pouco sobre venenos, estão usando como desculpa que você quebrou o coração delas e merece sofrer. Quem diria que ignorar tantas cartas de amor lhe traria tantos problemas!

— Eu não tenho idéia do que você tá falando. — Ela riu e jogou a mão no ar.

— Coma logo, você ainda tem que tomar os remédios, quando sair daqui alguém te explica. — Semicerrei os olhos ao vê-la se sentando na ponta da minha cama e me encarando com aqueles grandes olhos azuis.

— Quem me garante que você não envenenou a comida também? — Perguntei e ela riu.

— Bem, eu não sei fazer poção do amor e você não quebrou meu coração, além do mais, eu já esqueci aquela coisa com o papai noel, então não tenho motivos para te querer morto.

Ri junto a ela me lembrando do episódio citado. Era natal e eu tinha cerca de nove anos, papai havia me prometido minha primeira vassoura então havíamos ido ao beco diagonal para comprá-lá, na volta passamos no caldeirão furado para tomar um copo de chocolate quente e Luna havia servido biscoitos que estavam sendo assados para o papai noel. Ao ouvir a afirmação da loirinha eu ri e soltei que o papai noel não existia, era só uma invenção dos adultos para nos fazerem obedecer.

Ao perceber que eu falava sério, Luna começou a chorar descontroladamente e acabou fazendo todos os biscoitos pegarem fogo, de verdade, mostrando sua primeira demonstração de magia. Hannah e Neville estavam em êxtase com o fato, mas eu havia a traumatizado com a revelação e ainda ficara de castigo, já que Lily também estava presente e eu destrui os sonhos de duas garotinhas.

Balancei a cabeça e segurei os talheres que flutuavam a minha frente, pegando um nada singelo pedaço de filé e enfiando na boca.

— Então, se você soubesse fazer poção do amor usaria comigo? — Ergui as sobrancelhas exibindo todo o charme que um garoto com a boca cheia de carne consegueria.

— De jeito nenhum. — Ela fez uma cara de nojo mas suavizou a expressão assim que eu engoli o que estava mastigando.

— Assim você me ofende Frank! Eu não sou garota o suficiente para você? — Perguntei fazendo drama e fingindo enxugar lágrimas, recebendo um tapa na perna em resposta. Luna era incapaz de machucar uma mosca, mas havia doido.

— Você não faz meu tipo. — Disse e eu só consegui conter o riso ao enfiar o garfo na boca, era difícil imaginar que Luna, a tão meiga, inocente e adorável Luna, tivesse um tipo.

— E qual seria seu tipo? — Perguntei e ela sorriu.

— Garotos como o Eric. — Ela disse com um ar sonhador e eu franzi o cenho, as Longbottom eram minhas irmãs de consideração, então eu socaria aquele Eric sem remorsos. — O príncipe da Ariel. — Disse sorrindo e continuou ao ver minha expressão. — Dos filmes da disney? Você tem que ver os filmes da Disney! — Gritou e eu continuei a encara-lá. — Eric é um sonho! Bonito, corajoso, romântico, charmoso...

— Então eu sou praticamente o Eric em pessoa!

— Não você não é! Ele tem lindos olhos azuis, nunca consegui colorir igual...

— Você não vai me dispensar por causa de uma falha genética, vai? — Ela revirou os olhos e pareceu se lembrar de algo muito importante. — O que foi?

— Acabei de me lembrar que tenho motivos para o querer morto, jamais vou superar o episódio com o Papai Noel! - Ela exclamou e eu engasguei, tossindo várias vezes afim de cuspir o que havia colocado na boca e Luna gargalhou, tendo que apoiar as mãos na barriga de tanto rir.

— Eu estou brincando, seu bobo! Agora coma logo. — Ela revirou os olhos e pulou da cama, vendo que Fred estava acordando e indo, provavelmente, pegar o jantar dele.

(...)

Na manhã seguinte havia sido acordado por passarinhos que cantavam algo como "até a sardinha entra na minha e vem cantar" espera, o quê?

Abri os olhos e dei de cara com três peixinhos dourados que dançavam em um fio de água e cantavam, tipo, mesmo!

— Boom diaaa. — Luna cantarolou e orquestrou sua varinha, fazendo os peixes e a água voltarem para o aquário. — Agora come logo que eu tenho aula de Transfiguração em vinte minutos. E eu acho que o Fred morreu...

Era impossível acompanhar o ritmo da garota, ainda estava formando a resposta do "bom dia" quando ela disse a última frase, pisquei e a encarei.

— O quê?

— Acho que ele vai ficar traumatizado com comida, eu ficaria. Você deve sair amanhã de manhã, talvez até hoje a tarde... Não vai comer?

— Bom dia, Luna.

— Bom dia, James, quer que eu me atrase pra aula? Abre a boca! - Ela pegou uma colher e mergulhou em algo que eu reconheci como iogurte quando ela praticamente enfiou o talher minha guela abaixo. — Bom garoto!

— Luna, respira. — Resmunguei esfregando os olhos e me sentando na cama.

— Eu tô respirando, bobinho. AhmeuDeus! Deixei meu material no quarto, eu volto no almoço! — Ela saiu saltintando do quarto e eu ri, conseguindo a calma que precisava para acordar direito.

— Cara, ela é um pesadelo! — Fred se erguia da sua cama e eu encarei. — Ela não para de falar nunca? — Perguntou e eu ri, mas não tive tempo de responder porque a enfermaria foi invadida por um furacão ruivo que desferia tapas contra o peito de Fred.

— Luna disse que você havia morrido! — Dominique acusou ainda o socando.

— Quem acredita no que ela fala?

— Todo mundo! E isso só porque você a acha tagarela demais! Eu vou te matar de verdade, Frederic Joseph Jhonson Weasley!

— Eu não sei porquê ela achou que eu morri! Dominique, para! Eu ainda estou morrendo.

— Por que você simplesmente não acordou quando ela chamou?

— Sem querer interromper os pombinhos. — Chamei recebendo a atenção de ambos e sorrindo. — Eu estou completamente desgostoso com vocês! Dei tantas oportunidades de me contarem a verdade... decepcionante.

— Não sei do que está falando. — Dominique afirmou cruzando os braços e eu revirei os olhos.

— Assim você me ofende, Mini.

— Ok, então o que você quer saber? — Fred perguntou cruzando os braços e me encarando.

— Eu já sei, pequeno gafanhoto, só quero que compartilhem comigo como bom primo e melhor amigo que tenho me dedicado a ser!

Dominique alternou o peso de uma perna para outra, evidenciando seu desconforto ao passar a observar o caminho de uma formiga no chão, mas ao perceber que eu a observava a espera de uma resposta, grunhiu e jogou as mãos para o ar.

— Argh! Certo! Eu e Fred estamos juntos. Contente?

— Radiante. — Sorri alternando o olhar de um para o outro, tinha perguntas a fazer mas meu estômago protestante era mais importante. — Agora se não se importam, favor efetuar as demonstrações exageradas de amor longe de mim e de meu café da manhã, carinhosamente preparado pela tagarela que Fred desgosta, por isso ficarei com o seu também, peça para sua namorada preparar outro para você. — Conclui contente enquanto trazia a bandeja de Fred para perto com minha varinha.

Dominique revirou os olhos e deixou o local, provavelmente a caminho de fazer o que eu sugeri e Fred me olhou feio. Ergui meu copo de iogurt em sua direção e sorri.

— Bon apetite.

Luna cumpriu o prometido e voltou na hora do almoço, assim como também na do jantar e desta trazia boas notícias.

— Só hoje quinze garotas foram pegas tentando envenenar, de alguma maneira, sua comida. McGonnagal falou que a próxima pessoa a ser pega fazendo isso será automaticamente expulsa. — Ela sorriu e passou o guardanapo no canto da minha boca. É, talvez eu estivesse tirando proveito da boa vontade de Luna.

— E isso surtiu algum efeito? — Perguntei antes de abrir a boca a espera de outra garfada.

— O necessário, agora qualquer aluno que chegar perto da cozinha leva detenção, acho que no máximo até o fim da semana eles já desistiram de matar você.

— Isso é bom. — Conclui não 100% feliz com o fato de muitas garotas de hogwarts me quererem morto. — Mas você havia dito algo de um fã-clube? — Ela revirou os olhos.

— Se auto nomearam como senhoras Potter. Algumas estão lá por causa do Albus, mas grande maioria tem real interesse em você. A líder delas é Karlie Fellmann, da lufa-lufa. E há quem diga que elas são responsáveis por todas as poções do amor e grande parte dos venenos.

— Você tem certeza que Minerva está conseguindo controlar a situação?

— Absoluta.

— Ótimo! Pelo menos poderei apreciar a ceia de natal sem resseios. — Ela me encarou com os olhos semicerrados.

— Eu não te contei?

— O quê ?!

— Que cabeça a minha! — Desferiu um golpe contra a própria testa e riu. — Estão organizando uma grande festa de natal lá em casa, seu pai pediu para avisar que este ano você passaria o natal lá. Mamãe me mandou uma carta falando que temos várias reservas, até mesmo a madrinha Luna! E acho que seus tios também irão, sem contar uns outros amigos da época de colégio dos nossos pais, alguns irão apenas para o ano n...

— Luna!

— Sim?

— Respire!

— Eu estou respirando. — Então inspirou e expirou profundamente como se isso fosse me provar que ela não estava mentindo.

— Então passaremos as festividades de fim de ano no caldeirão furado? -Ela concordou, ainda respirando de maneira evidente, eu ri. — Certo, Luna, você respirando.

— Obrigada! Eu acho que metade do natal perdeu o sentido depois que você assassinou Papai Noel, mas ainda vou montar o meu presépio... Eu tenho dever de história da magia! Tchau James, até mais ver! — E correu para fora da enfermaria, deixando-me rindo e balançando a cabeça.

Eu realmente sai na manhã seguinte mas preferia ter ficado lá com o Fred. Até a hora do almoço eu tinha cerca de dez quilômetros de pergaminho para escrever de matérias e deveres que havia perdido no meu período da enfermaria, achava aquilo particularmente um absurdo, não era como se eu estivesse aprontando, eu estava morrendo! Não tinha a menor condição de fazer aquilo quando passado e não teria conseguido entregar antes do feriado se não fosse por Rose.

A ruiva havia praticamente me trancafiado na biblioteca nos períodos livres e, em uma semana e meia eu tinha conseguido entregar todos os km de pergaminho exigidos.

Respirei aliviado quando sentei em nossa cabine, Dominique e Fred não estavam lá, ele ainda não tinha sido liberado da enfermaria e a ruiva iria ficar por lá para cuidar dele; não tinha sinal de Lisa também, não me lembrava da última vez em que a vira, mas sabia que já tinha semanas.

Aproveitei o espaço de sobra na cabine e me estiquei no banco, aproveitando a paz para dormir um pouco, mas tudo que é bom dura pouco.

Mal tinha fechado os olhos quando a porta da cabine se escancarou e Lisa pulou para dentro, apoiando-se na porta que já fechava atrás de si. Ela tinha o rosto corado, os cabelos mais bagunçados do que o usual e sorria. Eu conhecia aquela expressão.

— Oh, James! — Ela queria demonstrar seu descontentamento ao me ver, mas o sorriso mostrava o contrário, nem eu seria capaz de arruinar seu humor.

— Olha Lisa, sinto muito por Dominique não estar aqui, mas apesar de eu ter brincado com isso, não estou realmente inteiressado em saber quem você está ou não beijando. — Informei e ela me olhou assustada.

— James você não pode... como? Argh. — É, talvez eu pudesse sim arruinar seu humor. Com a mesma rapidez em que entrara, Lisa sumiu pelos corredores do trem, mas foi imediatamente substituída por Rose que vinha acompanhada das Tribottom (também conhecidas por Ginevra, Alice e Luna).

Era assustador o quanto elas eram diferentes. Quero dizer, é normal as pessoas serem diferentes umas das outras, mas quando trata-se de gêmeas você espera que elas tenham o mínimo em comum. Aquelas três não tinham nada a ver uma com as outras.

Ginevra era a mais velha por doze minutos de diferença em relação a Alice. Herdou os cabelos e olhos castanhos do pai mas felizmente puxou a beleza da mãe, na verdade Hannah foi generosa e passou sua beleza para todas as três. Perto das irmãs, Ginny parecia um gigante. Havia sido selecionada para a sonserina e isso não foi exatamente uma surpresa, ela era o tipo de pessoa que assustava só com um olhar. Por ser afilhada dos meus pais, estava vez ou outra lá em casa, mas dentre nós três parecia suportar apenas Lily.

Alice era a do meio, tendo nascido sete minutos antes de Luna. Puxou os cabelos do pai e olhos azuis da mãe e era a mais baixinha entre as três. Podemos defini-la como Neville de saia tratando-se de personalidade. Desastrada e com uma imã para problemas é uma orgulhosa e tímida grifana, mas apesar de tanto em comum com o pai, é praticamente um desastre em herbologia. Não a culpo, também não consegueria me concentrar com meu pai me dando aulas.

Luna veio por último, com os cabelos louros e grandes olhos claros da mãe. É a mais doce das irmãs, está sempre disposta a ajudar qualquer um e tem uma dose exagerada de inocência, vivendo em um mundo de contos de fadas grande parte do tempo, ela aprendeu muito com a madrinha de quem herdera o nome. Tem um enorme coração lufano, apesar de ter sido enviada para a corvinal.

Observei as três e minha prima invadirem a cabine e se acomodarem nos assentos livres, Ginevra me encarara fazendo com que eu sentasse feito gente e caiu ao meu lado, revirando os bolsos a procura de um sapo de chocolate.

— Han...? — Comecei encarando Rose que respirou fundo e prendeu os fios ruivos em um elástico.

— Saphira resolveu transformar nossa cabine em uma prisão. — Ela bufou enquanto também pegava um sapo de chocolate. — Albus estava ofendendo Clarisse, a chamando de doida ou coisa assim, Mellody chegou no exato momento e, você sabe, ela não é a maior fã da irmã, mas isso não significa que gosta que os outros falem mal dela...

— Ainda mais agora que ela está internada no st. Mungus, ela realmente enlouqueceu ao ser banida do quadribol. — Luna interrompeu e eu soube que ela poderia falar toda a viagem e mais um pouco. — Mas isso não é motivo para Albus falar assim dela, não, não. Ela pode... não ser mentalmente normal e, é claro, poderia quase ter matado você e outros grifanos, mas isso não dá ao Albus direito de ofender a garota na frente da irmã dela, muito feio... muito feio...

— De qualquer maneira. — Rose se apressou a falar, impedindo a loira de prosseguir. — Mell e Albus estão trancados em nossa cabine brigando feito um grifo e um lobisomem e Saphira só deixa alguém entrar ou sair quando eles se resolverem.

— Espera, quer dizer que Albinho está me defendendo? — Perguntei fingindo estar emocionado com o fato.

— Ah, se as garotas soubessem do que você gosta de verdade... — Ginevra comentou e eu a encarei.

— O que está insinuando com isso? -Perguntei semicerrando os olhos.

— Que você é ...

— Guta! - Luna chamou repreendendo a irmã. —Não implique com ele. — Pediu e ignorou o olhar mortal de Ginny. — Mas então, vamos abrir. — Sugeriu e no segundo seguinte quatro sapos de chocolate estavam pulando pela cabine.

— Fecha a janela! — Alice gritou pulando por cima de mim pra realizar tal ação.

— Segura ele! — Foi a vez de Rose berrar dando de cara na porta ao tentar agarrar o bicho.

— Tira isso do meu cabelo! — Ginny gritou e Luna pulou na irmã conseguindo pegar o dela.

— Isso! — Comemorou segurando sapo firmemente em mãos enquanto as outras três ainda tentavam agarrar os dela. — Por favor funcione. — Pediu e eu a encarei com o cenho franzido quando ela beijou o que seriam os lábios do sapo. — Droga! — gritou quando nada aconteceu e colocou o doce na boca.

— Ele não vai virar um príncipe Luna! — Ralhou Ginevra conseguindo pegar o seu e voltando a sentar-se.

— Consegui! — Alice comemorou, empolgando-se demais e deixando o sapo escapar outra vez. Rose foi esperta e conseguiu agarrar o doce da amiga no ar, enquanto Alice pulava sobre o outro.

— Você perdeu, Lice. — Rose informou sorrindo com os dentes cheios de chocolate.

— Droga! — Resmungou abrindo a janela e deixando o último sobrevivente fugir, enquanto jogava um pacotinho de feijõezinhos de todos os sabores para cada uma delas.

— Mas o que foi isso? — Perguntei assustado assim que elas se acalmaram.

— Uma brincadeira nossa. — Rose abanou a mão e segurou sua embalagem que havia sido esquecida no banco. — Eu tirei Morgana Le Fay.

— Albus Dumbledore. — Alice Resmungou descontente com a sua.

—Tio Harry. — Ginny informou com um suspiro que indicava que ela tinha muitos daquele.

— Madrinha Luna! — A Luna mais nova concluiu feliz e elas trocaram as figurinhas entre si.

— Hey, deixe eu ver a de Dumbledore? Nunca tirei nenhuma dele. —- Pedi e Ginny me passou a figurinha que agora estava com ela.

— Eu tenho dezenas, podemos trocar.... — Alice sugeriu tirando uma caixinha do bolso com centenas de figurinhas nelas.

Meus olhos brilharam e eu procurei minha própria coleção. No final, aquelas quatro eram uma ótima companhia para viagem. Durante todo o caminho até Londres ficamos trocando figurinhas e jogando e, ao chegarmos, prometemos continuar durante o Natal.

Ao chegarmos à Plataforma nove e meia, minha caixa de figurinhas de sapos de chocolate estava cheia e sem muitas repetidas. Foi bem produtivo.

Rose estava ao meu lado, contando quantas figurinhas ela havia recebido, ficando toda orgulhosa por ter duas de seus pais (essas ela fazia questão de ter repetida. Eu não podia falar nada, também tinha três do meu pai e duas do tio Ron e tia Hermione).

Avistamos nossos pais, mas ainda não tinha visto Albus descer do trem. Lily desceu com Hugo e mais uma amiga dela — que eu não sabia o nome —, logo em seguida Albus finalmente desceu, com a expressão de poucos amigos.

— O que foi, meu bem? — perguntou mina mãe quando o viu.

— Mellody Wood, foi o que aconteceu — respondeu, emburrado. — Depois de tudo o que a irmã pirada aprontou para cima desse idiota, que eu chamo de irmão, queria que eu visse o lado dela? Então eu disse que Clarisse era burra, porque estava na cara que James não gostava dela. E depois eu disse que, além de iludida, ela era doida varrida. Então, Mellody tentou dizer alguma coisa sobre você, algo como "James não presta", mas eu a mandei ir tomar... — Albus olhou para nossos pais — naquele lugar. E disse para Saphira me liberar da cabine, antes que eu enfeitiçasse Mellody e ela. Bem, ela me levou a sério (eu não estava brincando) e eu fui encontrar Scorpius e David em outra cabine.

Meu coração encheu-se de orgulho ao ouvir aquilo. Era algo que eu falaria para qualquer um que tentasse ferir Albus de algum modo. Mas eu partiria para a briga; considerando o fato de Mellody e Clarisse serem meninas, ele não bateu em nenhuma das duas.

— Albus! — exclamou mamãe e eu já estava acresescentando argumentos em defesa do meu irmão, quando a minha cara de pimenta continuou: — Fez muito bem, querido. Ela precisava ouvir que a irmã é louca.

— Amor - disse meu pai, revirando os olhos. — Onde está Neville? Vamos todos juntos.

Harry olhou para todos os lados, à procura do amigo barra professor, e me fazendo procurá-lo também. Ao longe, vi Rose falando com os pais e, junto deles, estavam Lisa e os próprios pais. Rose gesticulava e Lisa concordava com a cabeça; franzi a testa. O que será que ela estava aprontando com Rose agora? E... desde quando as duas eram amigas?

Eu nem havia notado que Luna e as irmãs não estavam mais ali. Só fui perceber que elas tinham saído, quando ouvi a voz de Luna em meu cangote:

— Seremos rápidos como um rio (homem ser), com a força igual a um vulcão (homem ser), na alma há sempre uma chama acesa, que a luz do luar nos traga inspiraçãão!

Dei um pulo, indo me escorar em Albus. Ele me segurou por alguns segundos, olhando de mim para Luna.

— Procurando por nós? — indagou a voz de Luna. Olhei para quem vinha atrás dela e vi Neville, Hannah e as meninas virem até nós.

— Que raios de música era aquela, Lu? — Albus perguntou, se desvencilhando de mim.

— Mulan — respondeu e eu e Albus ficamos com cara de tacho. — Ah, qual é, meninos! Nunca viram?

— Não — dissemos em uníssono.

Luna bufou e balançou a cabeça, murmurando algo sobre colocar um pouco de cultura Disney em nossa mente, bem quando Neville parou ao lado dos meus pais.

— Bem, parece que teremos mais convidados — Neville sorriu. — Lisa também vai passar o Natal com a gente. Os pais dela querem saber como é o nosso Natal... James, que bom vê-lo acordado. Albus, Lily — Neville passou a mão nos cabelos da minha irmã.

— Ai, a Lisa não pode me ver em paz — reclamei e passei as mãos no cabelo.

— Ela é bem legal - Luna defendeu-a. — E ficou bem preocupada com os dois, você e Fred. Deveria valorizar a amizade dela.

— O sentimento de desgosto entre eu e ela ainda é mútuo, apesar de ter mudado um pouco — falei e todos me olharam. — Que foi?

— Mútuo? — perguntou meu pai, me fazendo bufar.

— Rose me deu um dicionário!

— Não sei o que me surpreende mais: você com um dicionário e lendo ele ou procurando palavras e aprendendo suas significações — disse meu pai.

— Para informação de vocês, eu sou um homem muito culto — estufei o peito, olhando para cima

— O que é isso, James? — perguntou a voz de Lisa. — Tem alguma coisa no peito?

— Lisa — repreendeu a mãe dela, que era bem bonita. Os cabelos eram cacheados, porém comportados, os olhos eram castanhos e brilhantes. — Olá, eu sou Jessie, e esse é meu marido, Fernando Carter.

— Prazer, Harry Potter. E essa é minha mulher, Ginny Potter — meu pai estendeu a mão para os pais de Lisa. Minha mãe imitou meu pai. — Bem... onde está o Ron?

— Estamos aqui — meu tio mais divertido apareceu com Rose, tia Hermione e Hugo em seu encalço. - Estava te... tefole.. como se diz mesmo, querida?

— Telefonando, Ronald — tia Mione disse, com a voz entediada. — E você estava tentando telefonar.

— Isso aí. Eu estava falando com meus pais. Eles e o resto da família nos encontrarão lá no Caldeirão Furado — terminou Ron. — Vamos? Lisa, seus pais estão de acordo? — Lisa assentiu e olhou meio receosa para os pais.

— Mas... — ela chegou um pouco para frente, surrando para tia Hermione. Eu cheguei mais perto. — Meus pais. Eles não...

Hermione chegou um pouco mais para frente, sorrindo:

— Nós vamos de carro, não se preocupe.

Meus pais, que ouviram tudo com discrição, assentiram. Tio Ron bateu palmas.

— Vamos, então?

(...)

Assim que chegamos no Caldeirão Furado, Neville e Hannah dividiram os quartos. Albus, Teddy e eu, dividiríamos um quarto; Lisa, Lily e Rose dividiriam outro; Louis ficaria com Lucy e Hugo e Molly e Victoire (as mais velhas) dividiriam os últimos quartos. Eu estava sentindo falta de Fred e Dominique, mas estes não viriam. Nem Roxanne.

As trigêmeas ficariam com seus quartos de costume. Os casais ficariam em outros; sorte que o Caldeirão Furado era bem grande e os quartos que sobraram, Hannah os alugou.

Eu sabia que Teddy iria dar umas escapulidas para o quarto de Vic, apesar de Molly estar lá. Eu contei a ele o por quê do envenenamento e contei sobre os seios de Clarisse. Teddy não riu, mas me deu conselhos para não pegar nos seios de uma garota se ela não quisesse, mesmo eu dizendo que Clarisse que colocara a minha mão lá.

Minha mãe nem sonhava em saber que eu havia feito aquilo. Meu pai sabia e ficou um pouco chocado com a rapidez. Mas eu fiquei grato pela conversa que tive com ambos; mesmo que meu pai só tenha namorado duas garotas em toda a vida dele. Eu realmente puxei ao meu avô.

Não tivemos descanso. A véspera de Natal era no dia seguinte e o Caldeirão precisava ser decorado e arrumado não só para a gente, como os pais de Lisa e os que alugaram os quartos restantes. Luna vivia tagarelando pelos cotovelos, fazendo Rose e Albus se afastarem, me deixando sozinho com ela.

Mas eu não me importava. Eu gostava de ouvi-la falar, por incrível que pareça. Luna me fazia rir o tempo todo e eu realmente prestava atenção no que ela dizia, pois, se eu me perdesse, não entenderia nada do que ela dizia depois.

— Você não sabe! — exclamou Luna de repente, enquanto desembolávamos os pisca-pisca (já que a gente não podia fazer mágica fora de Hogwarts).

— Não, eu não sei.

— Meu pai comprou para mim o DVD de Frozen!

— E eu deveria saber o que é isso? — perguntei, franzindo a testa.

Luna fez cara de indignada.

— Claro que deveria! - Ela balançou a cabeça. - Ok - Luna largou os pisca-pisca. - Você vai ver os desenhos da Disney comigo e eu não quero nem saber se você é "macho" demais para ver desenhos de princesa. Mas a Disney ensina muitas coisas e podemos aprender com as lições que os desenhos dão, podemos rir...

— Tá bem, tá bem. Se eu ver esses desenhos, você para com essa história de princesa? — eu a interrompi. Vi seus olhos brilharem e ela correr até o andar de cima, gritando para eu segui-la.

Suspirei e sorri, indo atrás dela.

— Jay — a voz de Albus chegou aos meus ouvidos. Eu me virei para encarar meu irmão. — Você gosta da Luna?

— Claro que gosto — respondi, confuso. Mas Albus balançou a cabeça. — Não estou entendendo.

— Se você gosta dela daquele jeito. Tipo... namorada e namorado — esclareceu.

Parei para pensar.

— Não sei, sinceramente. Por quê?

— Sei lá — ele deu de ombros. — Você tem andado com ela e aturado os papos furados dela... vai até assistir desenhos com ela... Olha, sei que só tenho 12 anos, mas também sei quando alguém é inocente demais. E Luna é inocente. Você não.

— Albus! Os enfeites! — gritou Lisa de algum lugar do bar.

Albus olhou para trás e gritou que já estava indo em resposta. Depois olhou para mim mais uma vez, esperando alguma reação minha.

— Não vou magoá-la, Al. — garanti e ele assentiu. — Mas... — Albus me encarou novamente — Você não acha que ela poderia... ser um pouco menos ingênua?

— Acho. — Ele fez uma pausa e depois estreitou os olhos verdes. — O que vai aprontar?

— Nada demais — dei de ombros e voltei a subir as escadas, ouvindo Luna me chamar ao mesmo tempo que Lisa o gritava mais uma vez. — Sua namorada está te chamando, Albus!

— Vá à merda, James!

Eu ri e fui até uma sala que já estava decorada. Parecia que só Neville e a família entravam naquele lugar. Havia uma mesa de escritório num canto, uma lareira (cuja as chamas queimavam), um enorme sofá vermelho que parecia bem confortável e uma televisão de tela plana num girovisor. Havia também guirlandas, uma árvore de Natal e outros enfeites.

Luna já estava sentada no sofá, quicando no mesmo lugar, com dois controles na mão e várias caixas de DVD's espalhadas ao seu redor. Sentei-me com cautela ao seu lado, esperando pelo pior, ou seja, os desenhos de princesa.

Ela me olhou e sorriu.

— Acalme-se. Pelo menos não é a Barbie — ela riu, como se fosse uma piada particular. Não perguntei o que significava, pois eu já não queria ver filmes da Disney. — Eu coloquei Frozen para tocar. Você vai a-m-a-r.

— Tudo bem - sussurrei, apreensivo.

O filme começou e eu me esforcei para prestar atenção. Luna via o filme com empenho, às vezes até falando junto com o personagem. No princípio, eu fiquei apenas a olhando e pensando no que Albus dissera.

Eu não havia reparado, mas Luna era bonita. Tinha os cabelos iguais aos da mãe e os olhos também. Seu corpo era proporcional à sua idade e eu gostava de seu humor. Sentia, sim, atração por ela. Mas não sabia se gostava dela do jeito que Albus falara.

— James! — ela ralhou e eu pisquei. — Você não está prestando atenção.

— Ok, desculpe — pedi e ela assentiu, chegando mais perto de mim. Tentei não demonstrar como a sua proximidade mexeu comigo.

Voltei o meu olhar para filme, porque eu sabia que ela me faria perguntas no fim. E eu também não queria ficar pensando nela, com o braço tocando o meu... e sua cabeça indo para o meu ombro nas partes "fofas".

Não, Frozen não era ruim. Era muito bom. E, eu detesto admitir, chorei no fim. E as músicas, principalmente Let It Go, ficavam na cabeça.

Luna levantou-se e colocou outro, A Pequena Sereia, para nós assistirmos. Esse era um pouco feminino demais, mas ainda assim era bom. Luna estava sempre perto de mim e eu realmente não sabia o que ela queria ou sentia. Mas então as palavras de Albus ecoaram em minha mente; Luna era inocente.

Quando o príncipe Eric estava no barco com Ariel e a música Kiss That Girl tocava eu conclui que aquilo só podia ser brincadeira comigo.

Luna estava concentrada, sorrindo com a cena em expectativa, embora ela soubesse as falas do filme de cor. Eu olhei seu perfil, sentindo uma vontade incontrolávelde beijar sua bochecha e logo depois seus lábios finos. Neville que me perdoasse.

— Luna...— sussurrei e ela me encarou. — Posso lhe perguntar algo?

— Pode... — Luna franziu a testa, esperando. Como formular a pergunta?

— Er... você... você... já beijou algum... garoto? — Ao terminar a frase, eu a olhei. Luna me fitava, como se pensasse se me responderia, se eu estava brincando ou se eu merecia mesmo ser envenenado por aquelas malucas. — Não precisa responder, se não quiser... eu estava curioso e... eu não sei o que me deu. Vamos esquecer e voltar...

Luna riu, impedindo-me de continuar.

— Agora eu entendo o por quê de Albus e Rose terem se afastado de mim — ela disse. — Eu falo muito e depressa. — Eu a olhava, corando. Luna suspirou. — Não, nunca beijei um garoto.

— Ah — falei e olhei para o filme.

— Por quê? — Luna insistiu, tocando meu braço.

— Não sou, você sabe… o Eric, mas posso ajudá-la com isso — respondi meio incerto.

Luna ficou em silêncio, olhando para mim de um jeito esquisito, como se estivesse digerindo algo muito ruim de comer. Nossa, será que eu era tão abominável assim?

— Sabe, — Luna quebrou o silêncio e eu a olhei — aquelas meninas são estúpidas... principalmente a Clarisse. Você é um amigo — amigo, cara? — muito especial. E elas nunca lhe conheceram de verdade.

— Isso foi um não?

— Isso foi um sim, bobinho - ela deu uma risadinha. Eu adorava quando ela me chamava assim. — Quero saber se a tua boca tem mel ou algum feitiço para todas aquelas garotas quererem beijá-lo.

— Eu não quero que você faça isso por causa... das outras garotas, Luna.

— Eu sei. Estou fazendo isso por mim, Jay — respondeu, passando a mão em meu braço.

Meu coração palpitava contra minhas costelas com força. Minhas mãos acariciaram seus cabelos e foram para cada lado de seu rosto. Eu respirava com dificuldade; estava nervoso. Luna era frágil e meiga demais para mim. Eu me recusava a quebrá-la como havia feito com outras.

Mas ela sorria, encorajando-me a continuar. E foi esse sorriso que me fez inclinar a cabeça e aproximar meu rosto do dela. Ela fechou os olhos e apoiou as mãos em meu peito. Eu engoli em seco e toquei tão levemente em seus lábios, que nem pude contar como um verdadeiro bejo dela.

Então, quando eu ia apronfundar o beijo, a voz de Neville ecoou pelo corredor, chamando por nós. Abrimos os olhos e, em dois segundo, estávamos separados. O medo, misturou-se com a adrenalina, quando Neville entrou na sala, e nós fingíamos prestar atenção no desenho.

—- Vocês estão aí! — ele exclamou assim que nos viu. — O que estão fazendo?

— Vendo filme, pai — respondeu Luna, com o rosto normal, embora eu visse que ela estava um pouco ofegante.

— Nada disso — disse Neville, indo desligar a TV. — Tem muita coisa para fazer e arrumar. Podem descendo e ajudando os outros. Luna daqui a pouco estará com Lysander e Lorcan aqui. Vamos, vamos. Descendo!

Nós nos levantamos e seguimos para fora da sala. Eu a olhei e sussurrei:

— Não deixe isso ficar estranho. — E ela apenas concordou com um breve movimento de cabeça.

(...)

O Natal passou com algumas discussões entre eu e Lisa, o que era normal. Luna continuou tão tagarela quanto antes, apesar de que o meu desejo de beijá-la ainda permanecesse. Mas eu não a pressionei e nem voltei a tocar no assunto quase-beijo.

Os pais de Lisa eram trouxas legais e famosos no mundo deles, quanto eu e meus pais e tios eram no mundo bruxo. E eu não sabia disso. Acho que Lisa não via isso como algo para se gabar. Lisa era desse jeito. Conversei muito com eles. Fernando era ator e Jessie era bailarina. (Fui perguntar à Lisa se ela dançava também, mas tudo o que eu recebi foi um fora.)

Trocamos presentes. Eu recebi tantos, que contar me parece bobagem. Todo Natal eu ganhava presentes demais e dava presentes demais. Mas ganhei um de Lisa (fiquei boquiaberto, apesar de ter comprado um belo par de brincos de vassouras para ela feito à ouro), um de Fred e Dominique, outro de Roxie e tio George e Angelina.

Comprei um colar com várias rosas incrustradas e pedras preciosas para Luna e ela me deu um relógio de pulso de verdade. Eu sorri e agradeci.

Assim o Natal foi cheio de altos e baixos, com direito a risadas e algumas discussões, e então voltamos para Hogwarts. Estava morrendo de saudades (embora não fosse dizer) de Dominique e Fred.

No trem, algumas garotas me olhavam com desgosto, outras ainda com admiração. Eu não estava ligando para isso no momento — eu ainda sentia o gosto de veneno na boca. Eu só queria voltar e ver se meus primos estavam bem. Apenas isso.

Despedimo-nos de nossos pais e o trem começou a andar. Albus foi atrás do amiguinho sonserino — vulgo, Scorpius Doninha Malfoy —, Lily foi atrás das amigas e sobrou apenas eu, Lisa, Rose e Luna, pois até as outras duas irmãs foram ficar com seus amigos.

Para passar o tempo, começamos a jogar xadrez de bruxo. Lisa e eu empatamos várias vezes, até que Rose teve de puxar o tabuleiro da gente para poder jogar com Luna. Eu a olhei e ela sorriu, piscando um olho.

— Mas o que...? — perguntou Lisa, olhando de mim para Luna.

— Calada — mandei e Lisa me lançou seu famoso olhar mortal.

— Conversamos depois, então — disse Lisa. — Rosie, vamos ao banheiro?

— Claro — minha prima sorriu e se levantou. Ergui uma das sobrancelhas e Lisa deu de ombros, saindo logo em seguida com Rose.

Olhei para Luna e ela me olhava, corando.

— Não quero fazer isso aqui, no trem — disse. - Muita gente entra e sai. Lisa foi... bem receptiva.

— Lisa vai é querer algo em troca — corrigi e Luna deu uma risadinha.

— Gosto dela. Não entendo por que vocês dois brigam tanto... bem, pelo menos vocês são uma boa dupla no quadribol. Eu vi — começou ela. —- Sabia que Lisa saiu com Ben Keller? Aquele garoto é do quinto ano. Também a vi com... Scorpius Malfoy, conversando. Não sei se isso significa alguma coisa, mas eles dois pareciam estar bem... próximos. Vocês dois saem com muitas pessoas.

— Então Lisa não é santa?

— Eu nunca disse que era, Potter — Lisa entrou. — Mas, ao contrário de você, sei ser discreta e não ter fama de rodada.

— E com quantos você já saiu, leãozinho?

— Nunca vai saber — disparou ela, sentando-se novamente e começando a conversar com Rose.

Olhei para Luna e ela deu de ombros, rindo. Eu teria de me controlar com Luna, porque eu realmente estava afim dela. O que eu iria fazer?

(...)

Eu não vou mentir que eu não havia saído com outras garotas durante o restante do ano. Mas Luna estava sempre comigo e eu fazia questão de sua companhia. Ainda sentia uma estranha sensação de querer beijá-la, mas estava agindo como uma cobra sonserina, me acovardando.

Lisa tirava sarro de mim. Não sabia como, mas ela havia descoberto que eu estava afim de Luna. Agora ela dizia que eu era fracote e que eu não deveria estar na Grifinória. Na maioria das vezes, eu a ignorava. Porém, na última vez, eu me descontrolei.

Estávamos nos vestiários sozinhos, enquanto Lisa me irritava sobre Luna.

— Eu? Não deveria estar na Grifinória? Você também não. — respondi e ela ergueu uma das sobrancelhas.— Pensa que eu não vejo os olhares ansiosos que você dá para o Malfoy? Você está caidinha por ele, eu sei. Então não me venha com essa, por favor.

Lisa ficou me encarando por alguns instantes. Depois balançou a cabeça e suspirou, sentando-se ao meu lado no banco. Eu estava apenas de shorts, mas Lisa pareceu não se incomodar.

— Vamos fazer o seguinte: eu te ajudo com a Luna e você me ajuda com o Scorpius — propôs ela e eu senti-me ofendido.

— Não vou te ajudar com o Malfoy. Se fosse outro, até pensava em ajudar — respondi.

— Mas Albus e Rose são amigos dele — justificou Lisa e eu neguei com a cabeça.

— Eles são uns manés.

— Por que você não gosta dele? — insistiu, frustrada.

— O Santo Malfoy não é confiável — respondi simplesmente.

— Está se baseando no argumento infundado do seu tio Ron?

— Não. Eu vejo que ele é sonso, igualzinho a uma cobra. Até a irmã dele é melhor que ele. Não vou ajudar — sentenciei. Ela gemeu, com raiva, e se levantou.

— Ótimo! — exclamou Lisa, jogando os braços para o alto. — Boa sorte com a Luna, idiota. — Ela saiu do vestiário e eu fui atrás dela.

— Só não venha chorar no meu ombro e dizer que eu tinha razão depois que ele te magoar! — berrei da porta do vestiário. Lisa virou-se, mostrando-me seu dedo médio. — Eu também tenho um! — E mostrei o meu também, mas ela já havia me dado as costas.

Balancei a cabeça, sabendo que eu não seria tão babaca com ela quando Scorpius a magoasse. Mas que eu ia dizer que eu havia avisado, eu ia.

Voltei para dentro do vestiário a fim de colocar a minha roupa escolar. Eu não precisava de ajuda com Luna. Eu sabia ser muito irresistível, portanto não havia necessidade de preocupar com ajuda. Principalmente dela.

Ah, mas a quem eu queria enganar? Eu não fazia ideia de como chamar Luna para sair. Mas, como eu era orgulhoso, não voltaria para atrás agora. Lutaria, fosse preciso. E era.

(...)

Ok, talvez eu não fosse tão bom nessa coisa de lutar. Faltavam exatos três dias para as férias de verão e eu ainda não tinha me resolvido com Luna, ainda pior, eu havia diminuído consideravelmente o tempo que passava com ela.

Estava na comunal disputando uma partida de xadrez bruxo com Hugo -e perdendo miseravelmente- quando Lisa e Dominique chegaram, o que automaticamente fez eu me levantar afim de ir para qualquer outro lugar, as coisas entre Lisa e eu não estavam exatamente as mil maravilhas e eu não queria brigar.

— James. — Ouvi a voz da dita cuja me chamar e suspirei, parando no meio da escada que levava aos dormitórios masculino e descendo para encará-la.

— Que é? — Perguntei sem o menor pingo de delicadeza e eu sabia que ela estava doida para dar uma resposta mau criada, mas se segurou.

— Eu queria… —Percebi que ela mordeu a língua, como se não quisesse falar o que estava prestes a dizer e Dominique a cutucou com o ombro. —Eu queria.. pedir d...d… — Ela fazia caretas como se as palavras seguintes não pudessem sair de sua boca e, se caso o fizessem, causariam dor nela mesma. —Desculpas. — Falou entre dentes quando Dominique a empurrou com o ombro outra vez. — Por aquele dia no vestiário. — Terminou tão rápido que eu quase não a entendi, mas havia ouvido muito bem e cruzei os braços, arqueando uma das sobrancelhas. — E trouxe isso em sinal de paz. — Essa frase soara mais como um rosnado e ela me entregou um pedaço de pergaminho cortado em formato de um coração.

Já estava pronto para atormentá-la afirmando que ela havia feito uma cartinha de amor para mim quando vi dois L cuidadosamente desenhados no papel, bem embaixo do recado que dizia: “O que acha de uma busca ao país das maravilhas? Mais informações com a mulher gorda.”

Minha carranca foi imediatamente substituída por um sorriso. Pais das maravilhas, então? Passei pelas garotas afim de concluir o quanto antes essa caça ao tesouro mas parei alguns passos depois, me virando para elas que encaravam-me desacreditadas.

— Desculpas aceitas e, você sabe, sinto muito também. — Acenei com a cabeça e voltei a minha corrida, parando bem em frente ao quadro da mulher gorda.
Ela se encarava em um espelho, afofando os cabelos e cantarolando para ela mesma. Tive que pigarrear três vezes até conseguir sua atenção.

— A senha. — Ela pediu descontente com a interrupção e eu revirei os olhos.

— Não, eu acabei de sair daí, não tem nenhum recado para mim? — Perguntei não me aguentando de ansiedade e ela me encarou furiosa.

— Por acaso eu pareço uma coruja? — Na verdade... mas permaneci calado, guardando a piada para outra hora.

— Não, mas é que eu recebi este bilhete e aqui fala que eu deveria falar com vo…

— Pois veja bem, ninguém mais fala com esse velho quadro atoa, um pedaço de pergaminho rasgado tem que o mandar fazer isso. — Ela bufou, indignada e eu estava prestes a desistir. — Mas com certeza vocês falam por livre e espontânea vontade com os fantasmas. Nick sempre me conta sobre como fulano o contou isso, ciclano disse aquilo…

— Sem querer interromper — O momento de drama de uma pintura na parede; — Mas você tem ou não tem uma dica para me dar?

—Ah, burro feito um trasgo. — Ela lamentou-se guardando o espelho e eu continuei a encará-lá. — Essa é a pista, criança! Vá atrás do fantasma!

Agradeci e voltei a minha corrida, parando segundos depois ao lembrar que eu não tinha a menor idéia de onde Nick poderia estar. Observei o corredor aonde estava, completamente vazio a não ser por mim, e tirei um bloco de pergaminho de dentro da capa.

— Juro solenemente que não farei nada de bom. — Sussurrei com a varinha apontada para o mapa que logo se exibiu.
Desdobrei-o diversas vezes e passei a correr os olhos sobre mapa, parando feliz ao ver as pegadas que indicavam o fantasma, em um corredor do sétimo andar.

No entanto, assim que estava me preparando para escondê-lo, as pegadas de Nick desapareceram sem nenhuma explicação. Pisquei os olhos repetidas vezes e, ao concluir que o castelo não terminava aonde ele desapareceu, pus-me a correr naquela direção.

Tudo que havia naquele local era uma grande parede de nada. Sem janelas ou quadros, apenas tijolos. Andei de um lado para o outro em frente a parede, encarando ela e o mapa enquanto tentava entender aonde cicatrizes do meu pai¹ aquele fantasma poderia ter ido.

Ainda refletia sobre isso quando as pegadas de Nicolas tornaram a aparecer no mapa e, assim que olhei para frente, o dito fantasma flutuava na direção contrária a minha, resmungando algo consigo mesmo.

— Senhor Nicolas! — Chamei e o fantasma me encarou, ficando surpreso ao me ver, não uma surpresa feliz.

— Oh, senhor Potter! Boa tarde, tenho alguns assuntos de fantasmas para resolver então se o senhor…

— De onde é que o senhor saiu? E eu tenho uma coisa para te perg…

— Senhor Nicholas! — Ouvi uma voz com a qual havia me acostumado nos últimos meses e, ao virar em sua direção, surpreendi-me com uma grande porta ocupando metade da parede, segundos atrás, limpa. — Esqueci de dizer que… James! — Luna interrompera sua corrida e me olhou com a mesma cara de descontentamento que o fantasma.

— Mas que infe… SUMIU! — Gritei para a parede que voltara a ser só uma parede e então ouvi a gargalhada de Luna.

— Mas é claro que sumiu, seu bobinho. — Ela disse revirando os olhos e depois virou-se para o fantasma. — Acho que já ficou claro que o senhor Potter não sabe brincar, mas obrigada pela ajuda, senhor Nicholas. — Ela sorriu para o fantasma que a cumprimentou com um aceno de cabeça antes de sumir por uma das paredes.

— Luna? — Chamei e ela se virou para mim, furiosa.

— Como foi que chegou aqui? — Perguntou e eu me afastei dois passos, ela estava quase tão assustadora quanto a irmã mais velha.

— Eu… eu… — E então percebi que ainda estava com o mapa aberto em mão e o mais discretamente possível o escorreguei pra dentro da capa.

— Você… você… arruinou tudo! Isso que você fez!

— Luna eu, eu sinto muito, eu não sabia, eu só decidi começar a procurar por aqui e… — Ela me encarava tão diretamente que eu não pude terminar a frase. E ela estava realmente linda, parecia até mais madura, apesar da tiara com laço preto no topo da cabeça. Ousei desviar os olhos dos dela apenas por um segundo, percebendo que ela estava vestida muito parecida com uma garota dos filmes da disney, qual era o nome mesmo?

— Não me olhe com essa cara de arrependido James Sirius Potter! — Ela retrucou furiosa e deu um tapinha no meu ombro, que não fez nem cosquinha, mas eu fingi que havia doído para amaciar seu ego. — Não dá pra ficar com raiva de você. — Ela bufou.

— Eu… essa é a sala precisa? — Antes de qualquer coisa eu precisava saciar minha curiosidade e Luna assentiu.

— Okay, já sei! Você volta pro começo do corredor e a gente finge que achou a sala pelas dicas. — Ela voltara ao ar amável de sempre e agora me empurrava para lá do corredor.

— Hey, espera! Como é que eu faço para entrar? — Perguntei a encarando e vi um lampejo de maldade, quase vingança em seus olhos.

— Você vai ter que se lembrar de qual filme eu estou vestida. — Ela deu uma voltinha em torno de si mesm, como se estivesse me dando uma última dica e sumiu pela porta. Tentei correr atrás dela, mas assim que alcancei a porta, esta já havia sumido.

O laço no cabelo, o vestido azul... Vejam, eu estava mesmo tentando me lembrar qual desenho era, o único problema era que o vestido em questão era curto e a única coisa que eu conseguia realmente pensar era nas pernas de Luna, cobertas só até pouco em cima do joelho por uma fina meia branca e… cara, ela tem pernas lindas.

E nem adianta me olhar assim! Eu sou um homem, pensando coisas de homem e apesar de Luna ter só 12 anos, ela estava se tornando um baita mulherão. E aquelas pernas…

Caminhava pelo corredor, tentando inutilmente desviar meus pensamentos daquele pequeno detalhe quando senti alguém puxar minha capa e, ao virar-me, dei de cara com Billy, um dos meus elfos preferidos que normalmente ficava na cozinha.

— Senhor Potter. — Ele cumprimentou e então me estendeu um pedaço de pergaminho. Puxando-o de volta assim que eu estiquei o braço para pegar. — Sabe, senhor Potter, a senhorita Luna é uma pessoa muito legal… ela sempre vai na cozinha e está sempre conversando conosco então… o senhor sabe, sua fama já chegou aos ouvidos dos elfos também então… é, eu mesmo terei que envenenar sua comida se fizer qualquer coisa com ela. — Ele estendeu o pergaminho outra vez, o colocando na minha mão e sumindo no ar antes que eu pudesse responder que jamais magoaria Luna.

Olhei o pergaminho em minhas mãos e balancei a cabeça, sabendo que Billy não teria motivos para me envenenar. Os mesmos dois L estavam desenhados no pergaminho porém o recado neste era diferente.

“Está atrasado James, atrasado! Como é que minha irmã do meio chama mesmo? Ah, estou te esperando no… você sabe, disse isso no primeiro bilhete.”

Vamos lembrar que se inteligência fosse o meu forte, eu teria ido para a corvinal. Por isso eu demorei cerca de três minutos até juntar as peças do quebra-cabeças.

— Alice no país das maravilhas! — Conclui contente e corri para a parede, parando em frente a essa e pensando no filme, sem saber como isso me ajudaria a entrar.

A resposta apesar de vaga foi o suficiente. Aos poucos uma porta surgia a minha frente e assim que ela parou de se expandir conclui que deveria entrar, antes que ela fechasse.

Assim que ultrapassei a porta, deparei-me com uma enorme e bagunçada mesa, com Luna sentada em um ponta, com um coelho em seu colo.

— Você estava certo, senhor Orelhas. — Ela disse contente e oferecendo uma cenoura para o bicho. — Está atrasado... como sempre — e sorriu para mim.

— Mil perdões, senhorita — pedi, interpretando e fazendo uma mesura. — Mas gostaria de saber como a Sala Precisa arranjou esse coelho?

Luna sorriu e acariciou o bichinho. Devo confessar que eu não gostei muito de ver um coelho, mas não disse nada.

— Tenho os meus truques... não acreditaria onde eu o consegui se contasse — ela sussurrou essa última parte, como se fosse um segredo. Cara, se aquilo não era um flerte, eu não sabia mais o que era.

— Experimente — pisquei um olho e Luna desceu da mesa, a saia levantando um pouco. Fingi não ter visto.

— Não merece saber — respondeu ela, caminhando em minha direção.

— Diz que eu estou errado, mas você também está... Alice — enfatizei, cruzando os braços. Luna ergueu uma das sobrancelhas e eu continuei: — Você esqueceu de me dar parabéns.

Luna parou a apenas quatro centímetros longe de mim. Eu estava eufórico e ansioso. Eu queria tanto beijá-la!

— Pensei que o seu aniversário fosse em agosto.

Inclinei-me para frente e sussurrei:

— É, mas tenho 364 dias de desaniversários... e hoje é um dos poucos dias em que eu estou cobrando. Luna deu uma risada gostosa e se aproximou de mim. Passou as mãos macias e pequenas em meu rosto e, respirando fundo, fez minha boca encaixar-se na sua.

Suspirei, finalmente sabendo como era a sensação de beijá-la. Fechei os olhos e coloquei minhas mãos dos dois lados de seu rosto e a fiz ficar na ponta dos pés. Eu sabia que Luna nunca havia beijado um garoto, então eu tentava ser o mais gentil possível com ela.

Lentamente, minha língua pediu passagem; Luna ficou um pouco receosa, mas não a pressionei. Deixei que ela se acostumasse com a ideia de ter meus incríveis lábios beijando os dela. Então, Luna cedeu e minha língua acariciou a dela levemente.

Ela fez algo, suspirou, creio eu, e me fez arrepiar. Minhas mãos desceram para a sua cintura e a apertou contra meu corpo, fazendo-a soltar um gritinho de empolgação e surpresa. Eu estava gostando de beijá-la, não vou mentir. Mas não havia aquele desejo (fiquei excitado, sim.) de tê-la para mim sempre.

Era apenas uma experiência para nós dois; apenas dois amigos que estavam tentando algo novo. Quando nos separamos, Luna me fitou, como se avaliasse meu beijo. Depois, começou a rir. O engraçado é que eu não fiquei ofendido. Na verdade, eu ri com ela. E rimos bastante, se querem saber.

— Feliz desaniversário, bobinho — Luna desejou, ainda rindo. Sentamos no chão, sem parar de rir, um ao lado do outro. Eu pensava que iria gostar e querer ficar com todas as garotas que eu beijasse; como se eu tentasse ficar com elas. Mas com Luna... não, eu não queria nada com ela. Luna era minha amiga. Amiga de verdade. Eu nunca estivese tão contente por isso.

— Então, sou seu príncipe Eric? — perguntei, afastando aquele coelho de perto de mim.

— Não... Eric tem olhos azuis. Com certeza você não é. — Respondeu ela e eu soube que ela sentia a mesma coisa que eu. Éramos amigos. — Confesso que seu beijo é surpreendente, mas não é quem eu procuro. Eu passei meu braço em torno de seus ombros e a puxei para perto de mim, como eu fazia com Lily.

— Sempre soube que minha boca tinha mel — afirmei e ela riu.

— Sabe... — Luna levantou os olhos para me olhar. — Você não é o Eric... você é melhor do que isso. Você é meu melhor amigo. E, quando achar a garota certa, vai ser o melhor amigo dela também. No fundo, você não é cafajeste assim.

Fiquei em silêncio, enquanto digeria o que ela havia acabado de dizer. Aos treze anos, eu pensei que era bobagem; que eu sempre seria idiota com todas as garotas que passassem em minha vida. Não acreditei nela, mas eu concordei apenas para agradá-la. Afinal, eu era seu melhor amigo.


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Notas finais do capítulo

¹: Para quem não entendeu "aonde raios". Piadinha fail, eu sei, mas não resisti.
Ela não é a coisa mais fofa do mundo?! Outro capítulo generoso para vocês, nossos presentes de fim de ano, que tal? Bem, espero que tenham gostado e, como não custa nada pedir, vale deixar reviews? Estamos nos esforçando bastante para fornecer essa história para vocês e é sempre bom saber o que estão achando. Feliz ano novo ~tenho a impressão de já ter dito isso antes~ para todas vocês, que 2015 traga muita saúde, sucesso, felicidade, dinheiro, amor e que os personagens que vocês amam ganhem vida! Tudo de bom para vocês e que o ano que vem seja melhor que os anteriores