As Mulheres de James Sirius Potter escrita por Lia Galvão, Miss Stilinski


Capítulo 5
Clarisse Vane Wood


Notas iniciais do capítulo

Olá garotas *-* Sem atrasos dessa vez, sim?
Ah! Muitíssimo obrigada pelos 28 comentários é realmente inspirador saber que estão gostando e espero que gostem deste também. Enjoy ~Lia G.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/572348/chapter/5

 

Mas nem tudo são flores. Pouco antes das férias de verão eu estava nos jardins com Maya, escorado em uma árvore com ela deitada em meu peito enquanto observávamos a lula gigante dar o ar de sua graça.

— James... — Ela chamou docemente e eu baixei meu olhar para encará-la. Ela mordeu o lábio inferior, incerta se deveria dizer o que pensava e com um suspiro acabou decidindo que sim. — Eu te amo.

Vejam bem, eu congelei neste exato momento, acho que parei até mesmo de respirar tamanho fora o choque. Não me entendam mal, eu gostava da Maya, gostava de estar com ela e sem dúvida ela me ajudou a ver que eu não precisava ficar chorando pelos cantos por causa de uma garota, mas o que ela não havia feito fora retroceder minha opinião sobre o amor, porque quando Ruby quebrou meu coração eu decidi que eu não queria amar mais ninguém na minha vida e o que antes era uma meta para mim, virou um pesadelo.

Eu continuei a fitá-la, sem saber o que dizer. Minha mãe sempre me dissera para ser honesto com as pessoas e, na maioria das vezes, eu era. Só não sei porque que com as garotas eu era sincero até demais. Principalmente quando estas diziam que me amavam. E eu ouvi bastante essas palavras durante meus anos em Hogwarts.

Maya esperava uma resposta. E eu dei, tentando ser o mais sensível que um garoto de 12, quase 13, podia ser.

— Maya... eu... eu não amo você.

Ela se levantou, ficando de joelhos e me olhando com os olhos marejados. Ela podia ser forte em outras ocasiões - como quando me beijava -, mas ela era uma garota. E até as mais fortes garotas choram.

— É a Ruby de novo? — Maya quis saber um pouco triste e um pouco raivosa.

— Quê? Claro que não — respondi e depois suspirei. — Olha, foi você quem me fez ver que a Ruby... nunca vai acontecer. E que eu não a amava de verdade. Mas eu também não posso amar você.

— E por que não? — Ela cruzou os braços, reprimindo as lágrimas.

— Porque eu... eu não quero sentir mais isso. Quero dizer, eu gosto de você, Maya, mas amar... talvez eu não sinta mais isso — falei e enxuguei as lágrimas que caíram de seus olhos grandes e bonitos.

— Então você está terminando comigo?

Eu assenti e Maya ficou me olhando por um longo tempo. Eu pensei que ela ia me dar um tapa ou gritar ou me azarar... mas ela fez o contrário. Maya esticou a mão para que eu a ajudasse a levantar e eu a imitei logo em seguida. Ela era mais alta do que eu na época e Fred amava dizer isso para mim o tempo todo.

Maya limpou o resto das lágrimas e me encarou novamente. E eu esperava.

— Tudo bem — disse ela. Eu abri a boca, surpreso. — É isso que você quer, certo?

— Eu não quero enganá-la nem lhe dar falsas esperanças. Você é a última que eu enganaria. Então, sim. É isso o que eu quero. — Respondi, sendo cuidadoso para dizer com calma e para que ela visse que eu estava sendo sincero.

Maya mordeu o lábio inferior, assentindo com a cabeça o tempo todo, antes de finalmente dizer:

— É o que terá — ela começou a andar na minha frente, me deixando para trás estático.

Quando eu consegui recuperar a fala, Maya já estava quase entrando no castelo.

— Maya! — gritei e ela se virou para me encarar. — Obrigado por tudo.

Ela assentiu e desapareceu em Hogwarts. Lembro-me de ter ficado admirado por Maya reagir daquele jeito e só havia uma pessoa que eu sabia que reagiria da mesma forma que Maya. Senti falta de Maya, não vou mentir. Porém, era o certo a fazer. Eu tinha coração. Só não iria amar outra vez.

 

(…)

 

As férias de verão passaram com a mesma velocidade que eu usava para fugir de Ruby: bem rápido. Naquele ano, entretanto, eu tinha mais de um motivo para apreciar meu retorno à escola. Tinha superado a mágoa que eu tinha com a menina Park graças a Maya e eu estava mais confiante naquele ano, além do pequeno detalhe de que Albus estava prestes a embarcar para seu primeiro ano. Vejam só, eu era o irmão mais velho. Não sei se vocês sabem, mas sempre que um irmão mais novo nasce nós somos obrigados a assinar um contrato secreto da LIMIMAV (Liga Mundial dos Irmãos Mais Velhos) que diz que quaisquer demonstração de fraqueza ou acidente que acontecerem com nossos adoráveis irmãozinhos devem ser aproveitadas e usadas contra eles. E Albus não sabia disfarçar seu nervosismo e eu sabia exatamente o quê o deixava ansioso.

— Severus… — Comentei, Albus, que estava absurdamente recluso em seu canto, virou para olhar-me, acreditando que eu estava falando com ele. — Snape. — Concluí, vendo o rosto de Albus corar de raiva provavelmente já sabendo o que viria a seguir. — Diretor da Sonserina, você sabia Al? Ano passado fiquei sabendo a história dele. Comensal da morte.

— James! — meu pai repreendeu do banco da frente, estávamos a caminho da Kings Cross. — Snape foi um homem decente.

— Você sabia que ele queria dormir com a sua mãe né? — Ressaltei, Lily tapou a boca, Albus arregalou os olhos.

— Rapazinho! Onde foi que você aprendeu isso? — Minha cara de pimenta virou para mim com… fogo nos olhos.

— Quando um homem e uma mulher… — Mordi meu lábio. — Vovó Lily não amava ele, nunca ia rolar. Sabe quem amava ele Al? Ninguém. Porque ele era um sonserino nojento. — Afirmei e meu irmão se encolheu, eu sorri.

— James Sirius Weasley Potter onde foi que você aprendeu essas coisas?

— Eu tenho 13 anos mãe, eu já sou um homem. — Ginny engasgou e começou a tossir.

— James? — Meu pai chamou.

— O lance do bebê? Bem, vocês que falaram isso comigo lembra? Não tem nem três semanas. Quanto ao Snape… as pessoas falam. — Mamãe passou as mãos no rosto, eu dei de ombros. — Sabe de quem o pessoal gostava? James Potter. E Sirius Black. — Bati no peito, orgulhoso. — Grifanos, bonitos, heróis, simpáticos. Adivinha quem vovó Lily amou? Isso mesmo. Meu primeiro eu.

— James pare de provocar seu irmão.

— Você vai para a sonserina e vai ser expulso de casa, papai odiava sonserinos e mamãe mais ainda. Vai ter que morar com os Malfoy. — Sussurrei para Albus.

— Mãe! — Ele denunciou como o bebê chorão que era.

— James! — Ergui as mãos para o alto, alegando inocência e decidi ficar quieto, por enquanto.

 

A estação Kings Cross estava cheia como normalmente ficava naquela época do ano e àquela hora da manhã. Mamãe e papai caminhavam na frente, conversando entre si e eu diminuía meu passo para acompanhar Albus, esperando a oportunidade perfeita para provocá-lo. Lily, que andava atrás de todo mundo porque toda hora parava para amarrar os sapatos passou correndo por mim e Albus, agarrando-se à perna de papai.

— Não vai demorar muito para você embarcar também. — Meu pai disse, acariciando-lhe a cabeça.

— Dois anos! — Ela bateu o pé. — Eu quero ir agora. — Eu sorri.

— Você deveria dar seu lugar no trem para ela, sabe, Lily com certeza vai para a grifinória. Já você…

— Não vou! Não serei da sonserina! — Albus reclamou, alto demais.

— James dá um tempo! — Mamãe virou-se claramente irritada.

— Eu só disse que ele poderia ser. — Disse inocente, sorrindo de lado para Albus. — Ele pode ser da Sonse… — Interrompi minha explicação ao cruzar o olhar com minha mãe, era melhor parar por ali, teria toda a viagem para atormentá-lo.

Coloquei um sorriso convencido no meu rosto e peguei meu carrinho das mãos de minha mãe, olhando uma última vez por cima dos ombros antes de atravessar a plataforma nove e meia. Agora eu iria rever meus amigos, Albus ficaria para depois. E foi na minha busca pelos meus amados Fred e Dominique que eu vi Teddy e Victoire se beijando. Eu já tinha visto aquilo alguns anos atrás, durante a copa mundial de quadribol e eu tinha achado que a minha intromissão naquela época iria fazer efeito, aparentemente não fez. Eu estava perplexo e quase correndo atrás dos meus pais, quando eu ouvi uma voz irritante:

— Que coisa feia, James Sirius.

Virei-me e vi Lisa parada, dando aquele sorriso maléfico. Ela era uma coisinha minúscula, com os cabelos cacheados e mais volumosos do que os de tia Hermione e uma voz que me dava vontade de mandar calar a boca toda hora.

— O que é dessa vez, Lisa? — perguntei e ela pousou as mãos na cintura.

— Você, olhando os outros. Bisbilhoteiro — acusou-me, estreitando os olhos.

— E você é uma chata fofoqueira. Vai procurar a Dominique. — Mandei e ela riu.

— O que vem de você não me atinge. E eu vou mesmo procurar a Nique. — Ela respondeu no mesmo tom que o meu. — Tomara que caia enquanto corre. Te vejo por aí.

Ela se afastou e foi atrás de Dominique, que provavelmente já estava sentada em alguma cabine. Voltei a observar e decidi que aquilo já era demais.

— Mas o que é que vocês estão fazendo?! — Perguntei, anunciando minha presença ali. Victoire escondeu o rosto no peito de Teddy, que virou-se para me encarar com uma expressão de frustração evidente no rosto.

— Tinha que ser você. — Ele resmungou. — Eu vim me despedir dela, agora some daqui tá bom?

Eu o encarei por uma fração de segundo e então saí correndo (e eu realmente caí no caminho, mas ninguém viu e não deixaria Lisa saber) até meus pais para contar sobre Teddy e Victoire.

— Teddy está lá atrás! — Afirmei tentando recuperar meu fôlego, apontando o dedo para trás de mim. Acabei de vê-lo. E adivinha o que ele está fazendo? Beijando Victoire! — Soltei, acenando um breve tchauzinho para meus tios e primos. Recuperei meu fôlego e ao notar que ninguém compartilhava da minha indignação eu olhei para o lugar que apontara e olhei de volta para eles. — Nosso Teddy! Teddy Lupin! Beijando a nossa Victoire! Nossa prima! E eu perguntei o que ele estava fazendo...

— Você os interrompeu? — minha mãe perguntou — Você é tão parecido com o Rony...!

— ... e ele disse que estava aqui para vê-la partir! E daí ele me mandou embora. Ele a estava beijando! — Disse, um pouco mais alto dessa vez, não achei que eles tinham entendido.

— Não seria lindo se eles se casassem. — Lily comentou, dando pulinhos. — Daí sim o Teddy realmente faria parte da família.

— Ele já janta em casa umas quatro vezes na semana. — Meu pai pontuou. — Por que não o convidamos para morar conosco e acabamos logo com isso?

— Boa! Eu não me importo em dividir o quarto com o Al....Teddy poderia ficar com o meu! — Disse, esquecendo-me do fato de que Teddy estava se agarrando com minha prima.

— Não. Você só irá dividir um quanto com o Al quando eu decidir demolir a casa. —Meu pai afirmou bem convicto e olhou para o relógio. — Já são quase onze, é bom subirem a bordo.

Como minhas malas já estavam no trem, só me restava dizer tchau.

— Não se esqueça de dar um abraço em Neville! — Mamãe mandou, enquanto beijava minha testa.

— Mãe! Eu não posso dar um abraço num professor! — Resmunguei.

— Mas você conhece o Neville…

— Fora de escola sim, mas lá, ele é o Professor Longbottom, né? Eu não posso entrar na aula de Herbologia e lhe oferecer carinho...! — Revirei os olhos, balançando a cabeça e então chutando a canela de Albus. — Te vejo mais tarde, Al. E cuidado com os testrálios! — Ao ouvir o tom amendrontado de Albus eu sorri, abracei meu pai e pulei para o trem, dando um último aceno antes de buscar a cabine onde Fred estava.

 

— Não, eu estou dizendo — Fred se inclinou para frente. — Theodor jamais iria chegar aos pés de Taylor. A Grifinória perdeu ano passado por causa dele. O pomo estava bem na cara dele! A viagem já tinha começado há algumas horas e Lisa, Fred e eu conversávamos sobre os testes de quadribol daquele ano.

Lisa bufou.

— Fred, seu insensível filho da mãe. — Eu ri, mas rapidamente parei. Ninguém notou. — A irmã dele estava hospitalizada! Claro que ele não ia pegar o pomo. Idiota.

— Nossa, como você é delicada — ele apertou a bochecha dela, que afastou a mão do meu primo com um tapa.

— Ei, mas podiam tê-lo substituído, não? — Pronunciei-me, tentando defender Fred.

Lisa me olhou, fuzilando-me com aqueles olhos grandes.

— Vocês dois são estúpidos.

Dominique deu um empurrão de leve no ombro da amiga.

— Ah, vamos lá, Lis — disse minha prima. — Vamos combinar que o Taylor era melhor. Theodor é bom, mas Taylor tinha o talento.

— Obrigado, prima — agradeceu Fred, sorrindo. Espera, eu conhecia aquele olhar! Olhei para Dominique e ela sorria para ele também... O que diabos era...?

A porta da cabine foi aberta, interrompendo as minhas conclusões de que houve muito mais do que apenas uma dança naquele baile do primeiro ano entre os dois. Não acreditava que já tinha passado mais de um ano e nenhum dos dois me contara nada!

Uma menina loura entrou junto de duas meninas e eu soube imediatamente quem era. Clarisse Wood. Filha de Oliver Wood, o maior goleiro de todos os tempos. Todo mundo o conhecia, assim como todos conheciam a mim e aos meus irmãos. Ela tinha olhos claros e cabelos curtos, estava no quarto ano. Era da Grifinória também.

Lisa e Dominique pararam de conversar para olhar quem havia entrado na nossa cabine exclusiva. As duas olharam para Clarisse e rapidamente desviaram o olhar. Vai entender as garotas.

— Olá, meninas — sorri, porque Clarisse era gata. — Posso ajudar?

— James... posso fazer uma pergunta? — Clarisse deu um sorriso.

— À vontade.

— Você não está mais com a Maya, está?

Eu franzi a testa:

— Terminamos. Por quê?

Mas, ao invés de me responder, Clarisse deu uma risadinha e saiu da cabine na mesma velocidade que entrara. Eu olhei para os meus amigos, sem entender nada.

— O que acabou de acontecer aqui? — perguntei, olhando para a porta da cabine fechada e depois os olhando novamente.

Dominique fez uma cara de desgosto, Fred deu de ombros... então sobrou o leãozinho. Lisa não olhava para nenhum de nós e parecia que estava tentando evitar me encarar com superioridade. E, pelo o que eu a conhecia, Lisa nunca perdia a oportunidade de me encher o saco.

— Lisa?

Dominique e Fred a olharam. Lisa me olhou, tentando agir normalmente. Mas ela estava agitada demais.

— O que você quer, James Potter? — quis saber ela.

— Você sabe de al...

— Eu não sei de nada, falou? Domi, vamos ao banheiro? — Lisa se levantou e Dominique a imitou, pedindo licença.

Quando ambas desapareceram, eu me virei para Fred.

— Quando ia me dizer que está enfiando a língua na boca da Dominique? — ergui uma das sobrancelhas. Não era ciúme, só estava chateado por eles não terem me contado nada desde o primeiro ano.

Fred me encarou com a boca aberta.

— Eu... qual foi a pergunta?

— Idiota! — e lhe dei um tapa na cabeça.

 

(…)

 

Depois do episódio no trem as coisas ficaram diferentes e estranhas. Toda vez que eu passava por alguma garota, eu era mais paparicado do que quando eu só era o filho de Harry Potter. Agora eu era o filho de Harry Potter com bônus.

Não que eu não gostasse. Albus não gostava de atenção, mas eu amava. E ter todas aquelas meninas aos meus pés era maravilhoso. Agora eu andava acenando e sorrindo para todas. Fred achava graça, Dominique não ligava e Lisa... bem, eu não me importava com ela.

A seleção foi um borburinho, meninas de todas as mesas olhavam para mim e cochichavam, eu quase perdi o momento em que Albus foi selecionado para a grifinória. Assim como Rose. Eu nunca iria dizer (talvez anos depois), mas eu estava orgulhoso por meu irmão ter ido para Grifinória também. Toda aquela brincadeira de ele ir para Sonserina na verdade era o meu medo de que ele realmente fosse para lá e a gente ficasse distante um do outro. Outra cláusula do contrato da LIMIMAV é sempre proteger e cuidar de seus irmãos, na sonserina ele estaria longe do meu alcance, mas graças a Merlin, isso não aconteceu.

Não que isso seja relevante, mas Scorpius Malfoy e sua irmã gêmea, Saphira, haviam ido para Sonserina. É só para vocês ficarem sabendo. Não que isso surpreenda alguma pessoa.

Maya de vez em quando sorria para mim e eu retribuía o sorriso. Era bom saber que ela não guardava nenhuma mágoa.

Quando eu passei pelo retrato da Mulher Gorda, não tive tempo nem de respirar o ar familiar, pois Fred se pendurou no meu pescoço.

— Me solta, seu maluco! — gritei, enquanto algumas pessoas riam. — Tá me enforcando.

— Já saiu o dia dos testes para a equipe de quadribol! — exclamou ele, ainda pendurado no meu pescoço.

— Sai, Fred! — tirei os braços dele de mim e fui até o mural, onde estava o aviso dos testes. — Caracas, vaga para batedor!

— O quê? — ouvi a voz da leãozinho lá perto da lareira. — Batedores? — pulei no mesmo lugar, quando eu a ouvi falar atrás de mim. Eu olhei para trás e vi Daniel McLaggen jogado no chão, enquanto Dominique tentava parar de rir para ajudá-lo.

— Credo, garota. Pare de empurrar os outros — mandei, olhando-a com desgosto.

— Ah, cale a boca. Vou fazer os testes! — Lisa bateu palmas e saiu de perto de mim e de Fred para contar a Dominique.

Eu bufei.

— Mereço.

Fred jogou os braços em volta dos meus ombros, batendo em meu peito amigavelmente.

— Quem se importa, Jay? Vamos fazer os testes!

 

(...)

 

Eu estava tão ansioso para fazer os testes, que eu fiquei disperso a aula toda. Até a professora de Transfiguração reparou nisso. Fred quicava no banco e Lisa parecia estar calma.

Eu tentei prestar atenção, mas não consegui; então eu apenas desisti. Não, eu não estava com medo. Eu só queria fazer logo os testes e mostrar que eu era o melhor em tudo. Que eu sou melhor em tudo.

Assim que a professora liberou, taquei minhas coisas dentro da mochila e esperei Fred sair. Lisa veio logo atrás. Não podia impedi-la, já que ela também iria fazer os testes, então tive de aturar sua presença que, por incrível que pareça, estava quieta. Naquele dia, a juba estava preso em um coque perfeito. Sempre fiquei impressionado com a habilidade das garotas fazerem os cabelos tão impecáveis.

Depois que eu reparei na leãozinho, foquei no que eu queria: ser batedor do time da Grifinória. Ser igual ao meu pai nunca esteve na minha lista - fora que eu era realmente um péssimo apanhador -. Um grupo de adolescentes também se dirigia para o campo de quadribol, mas eu, Fred e Lisa ficamos um pouco para trás para pegarmos nossas vassouras.

Quando chegamos ao campo, ventava um pouco. Mas era um vento bom e que favorecia quem iria fazer o teste para goleiro — embora eu soubesse que Clarisse não iria sair de seu posto. Ela era realmente boa naquela função. Fred faria o teste para artilheiro e eu e Lisa para batedores. E havia duas vagas, por isso nem eu nem ela estávamos disputando para o posto.

O capitão do time, Victor Gregor, um dos artilheiros, avançou para frente e nos olhou como se avaliasse um por um, esperando ver talento apenas pela cara.

— Por favor, aquelas que estão aqui somente por causa de James Potter, retirem-se do campo e vão para as arquibancadas — pediu Victor e eu fiquei em choque ao ver a quantidade de garotas que saíram do campo dando risadinhas. E bem surpreso por saber que elas estavam ali por minha causa.

Fred deu tapinhas em minhas costas, Lisa revirou os olhos e eu sorri. Parte de mim estava vibrando por ter a atenção de todas aquelas garotas; a outra parte... bem, estava se perguntando por que raios elas estariam ali por mim.

Essa pergunta foi deixada de lado por algum tempo, pois Victou voltara a falar.

— Bom — ele olhou para mim rapidamente. — Daniel Hanson e Magnus Jenkins estavam em seu último ano, logo, há duas vagas para batedores. Hannah Petterson se mudou e agora temos vaga para um artilheiro. — Victor andava de um lado para o outro, nos olhando. — Irei ver o desempenho de cada um, avaliarei suas habilidades e, ao final do jantar, o resultado estará pregado no mural da Grifinória. Agora, quero uma fila para os apanhadores! Os outros, esperem à margem do campo, fazendo uma fila para cada posição que deseja fazer o teste. Aqueles que irão fazer teste para batedores, formem uma dupla! — terminou, montando em sua vassoura.

Nos afastamos para onde Victor mandara. Houve uma pequena confusão, mas conseguimos formar filas de acordo com as posições que queríamos. Fred havia ficado longe da gente. Depois, foi a vez de formar uma dupla. Eu estava rezando para que alguém pedisse para ser minha dupla e que não fosse a Lisa. Entretanto uma garota histérica me assustou quando veio me pedir para fazer dupla com ela e eu acabei dizendo que eu já estava com Lisa.

Lisa olhou para a garota, confirmando. A garota saiu de cabeça baixa, arranjando dupla com um garoto cheio de espinhas.

— Frouxo — disse Lisa.

— E você é uma chata. Aliás, como você sabe jogar quadribol se é filha de trouxas? — perguntei, porque eu queria manter a louca longe de mim.

— Agora lhe devo satisfações? — Lisa ergueu uma das sobrancelhas.

— Olha, se nós passarmos nesse teste, terá de colaborar. Que tal?

Lisa bufou, se apoiando na vassoura.

— Meus pais são trouxas — “dã”, pensei, mas não disse nada. Ela provavelmente me lançaria uma azaração potente se eu dissesse. — Meu pai tem uma irmã que, por coincidência, casou-se com um bruxo. Fiquei com o sobrenome do meu pai, enquanto Maya ficou com o sobrenome dele. Gabriel é um tio muito legal e ama quadribol, e me fez amar também... além de me ensinar a jogar. Mas Maya não se interessou, portanto ele ficou contente quando eu disse que queria jogar.

— Que legal! — exclamei, sorrindo. Mas pensar em Maya, me trouxe um pensamento que eu não queria que voltasse agora. — Hã... Lisa?

— O que é, Potter? — reclamou Lisa, virando-se para me olhar novamente.

— O que você estava escondendo lá no trem? Sabe, quando a Clarisse saiu correndo de lá — eu esperei e Lisa crispou os lábios.

— Olha, eu gosto da Maya. Ela é legal e tudo o mais. Maas, todos temos defeitos e o defeito dela é de se vangloriar — respondeu, por fim. — Não que você vá se importar com isso, só que Maya tem a mania de colocá-lo num pedestal e dizia para mim que eu era idiota por não gostar de você. Entenda... ela gosta de você de verdade, mas também gostava de tirar vantagem por estar com você. Um Potter! — Lisa exclamou, abrindo os braços e batendo na cabeça de um garoto atrás dela, sem pedir desculpa. — Ela recebia mais atenção do que quando o pai dela dava. E isso a atingiu. E agora só lhe resta apenas dizer o quanto você é maravilhoso! — Lisa disse com desdém.

— Mas eu sou mesmo — falei, rindo e recebendo um tapa no braço dela. — Ai, sua bruta! — Lisa revirou os olhos e olhou para frente. Depois de algum tempo em silêncio, observando a vez dos artilheiros jogarem, eu toquei seu ombro. — Obrigado por me dizer a verdade, Lisa.

Lisa ergueu uma das sobrancelhas e vi quase um lampejo de sorriso em seus lábios.

— Não me agradeça ainda, Potter. Temos que passar nesse teste primeiro — ela voltou a olhar para frente. — Ah — Lisa virou-se para me olhar —, e é melhor a gente passar.

Eu sorri, abrindo a boca para provocá-la, mas Victor me interrompeu.

— Quero duas duplas de batedores aqui!

Lisa me olhou e eu assenti. Estava na hora do show.

 

(...)

 

Sem querer me gabar, mas me gabando. Eu era mesmo bom em tudo o que eu fazia. E Lisa também tinha um talento especial e eu ficaria com muita raiva se nós dois não fôssemos escolhidos.

Fred disse que fora bem — e tinha ido —, mas admitiu que nosso colega de quarto, Stephan Thomas, um garoto de pele negra e alto, havia se saído melhor e por isso não esperava que seu nome estivesse na lista dos titulares. Eu sabia que ele queria que eu amaciasse seu ego, como bom amigo, e eu o fiz.

Eu sentia que Lisa estava apreensiva durante o jantar. Não tivemos uma conversa civilizada, além daquela na hora dos testes. E agora, se fôssemos escolhidos, seríamos parceiros. Portanto, teríamos de parar de brigar.

Assim que o jantar terminou, eu e ela subimos as escadas às pressas, chegando à torre da Grifinória em tempo recorde. Atravessamos o retrato da Mulher Gorda e já havia um aglomerado de gente em volta do mural. Como eu e Lisa éramos pessoas delicadas, saímos empurrando para trás quem estava na nossa frente.

Paramos em frente à lista e ofegamos. Eu a olhei ao mesmo tempo que ela virava o rosto para mim.

— Acho que é agora que nos tornamos amigos — falei, um pouco chocado e feliz.

Lisa revirou os olhos.

— É, pelo bem da Grifinória — respondeu ela saindo do aglomerado e eu a segui.

Estendi a mão e ela a apertou.

— Ei, agora eu posso perguntar sobre garotos e de quem você gosta? — eu quis saber e ela revirou os olhos.

— Não força, James — ela deu um sorrisinho. — Essa função é da Mini — Lisa riu.

— Está tirando sarro de mim, Lisa? — Perguntei enquanto ela corria na direção dos dormitórios femininos. Só eu chamava Dominique de Mini!

Revirei os olhos e voltei a encarar o pedaço de pergaminho com o nome dos alunos que passaram no teste.

Eu sorri feito um bobo. Eu estava no time!

Meus amigos, deixe-me lhes dizer uma coisa: a partir do momento que seu nome aparece no quadro de avisos como um dos jogadores do time, sua vida muda. Ainda estava entorpecido pela novidade quando montes de garotas surgiram a minha frente me abraçando e puxando em diversas direções enquanto gritavam felicitações e parabéns. E deixem-me dizer mais uma coisa, para um garoto na puberdade isso só perde na escala de "o melhor momento da minha vida" para quando o Harpias ganhou o Campeonato Europeu de Quadribol.

— Hey, James. — Uma voz me chamou mas não consegui identificar de onde vinha até sentir uma mão em minha gravata me arrastando para longe da confusão.

— Ah! Oi, Clarisse. — Ela deu um risinho e mordeu o lábio.

— Então quer dizer que você entrou para o time?

— É o que parece. — Outra risada, como se eu fosse o melhor humorista do mundo.

— Ah, James. — Ela se aproximou um pouco e eu fiquei a encarando meio sem reação. — Bem vindo ao time. — Disse enfim e eu sorri em agradecimento, eu estava no time! — Vamos ver como se sai no jogo contra a Lufa-Lufa mês que vem. — Ela beijou o canto da minha boca e depois saiu, deixando-me meio surpreso e meio em êxtase no canto da comunal, estar no time seria maravilhoso.

 

Quando a movimentação de garotas diminuiu consegui raciocinar um pouco e decidi espalhar a notícia. Subi para meu dormitório e fechei as cortinas do meu dossel, pegando embaixo do colchão minha preciosidade também conhecida como mapa do maroto. Havia adquirido o item nessas férias de verão, quando mamãe e papai saíram para comemorar mais um ano de casados e deixaram Victoire cuidando de meus irmãos e eu. Como se eu precisasse de uma babá, ou melhor, como se uma fosse capaz de me segurar.

Vic estava muito ocupada dando dicas de garotinhas para uma Lily que não se cansava de filmes de romance trouxa, então não percebeu quando, afirmando que iria dormir, escapei para o quarto dos meus pais e comecei a fuxicar.

Nos meus grandes achados, podem ser listados uma carta de mamãe para papai que cita algo como sapos cozidos, um pomo de ouro realmente peculiar, um álbum de fotos com imagens de pessoas que reconheci como meus avós, entre outros. O que realmente me chamou a atenção foi um envelope com os escritos "para James".

Óbvio e evidente que eu abri para ver o que tinha, não ligava muito se havia um motivo para ainda não me ser entregue, mas o que havia dentro foi quase decepcionante. Um pergaminho enorme que dobrava e desdobrava de várias maneiras, completamente em branco. Mexi no envelope outra vez e encontrei um pequeno bilhete:

"James, creio que, enfim, encontrou o mapa, do contrário não estaria lendo isso. Não se sinta surpreso ou fracassado, sou seu pai, conheço você e sei que hora ou outra o encontraria, por isso aqui estão os passos de como desfrutar dele.

Jure solenemente que não fará nada de bom e, quando o mal feito estiver feito, esconda seus segredos. Não leve esse juramento tão a sério, do contrário, dependendo das informações que a mim chegarem por Neville, poderei te privar de um outro item que tenho certeza que adoraria obter.

Use com sabedoria e moderação."

Pelas semanas seguintes eu tentei interpretar as pistas que meu pai havia dado, sem saber muito bem o que fazer. Até que em uma tarde enquanto estava sentado em minha cama, com os montes de pergaminho a minha frente e tamborilando a varinha sobre ele, pensei em voz alta:

— Juro solenemente que não farei nada de bom. — Tentava decifrar o que aquelas palavras queriam dizer, quando o pergaminho magicamente começou espalhar nanquim em todas as direções. Olhei assustado e depois admirado quando a tinta formou as palavras em minha frente:

"Os senhores Moony, Wortmail, Padfoot e Prongs tem o prazer de apresentar: O Mapa do Maroto."

As páginas de pergaminho mostravam cada canto de Hogwarts, descobri assim que voltei para o ano letivo que mostrava também aonde as pessoas estavam.

Mas voltando para o que estava acontecendo, procurei pelas pegadas de Fred, não o havia visto na comunal e vi que ele fora aceito no time como artilheiro reserva, mas não consegui disfarçar a surpresa ao ver que as pegadas de Fred e Dominique estavam ao lado uma da outra, quase ocupando o mesmo espaço!

Balancei a cabeça, decidindo que iria azará-lo caso ele não me contasse e mudei as buscas para meu adorável irmão, apesar das brigas constantes se tem uma coisa que une irmãos, essa coisa é quadribol. Desfiz o feitiço do mapa que voltou a virar um pergaminho em branco e corri na direção da biblioteca, onde as pegadas de Albus zanzavam de um lado para o outro.

— Severus! — Saldei ao encontrá-lo em uma mesa no canto e sorri para a ruiva ao seu lado. — Rosinha. — Joguei um beijo no ar em sua direção, que revirou os olhos assim como eu fiz ao identificar o terceiro integrante do grupo. — E doninha albina júnior, eu suponho. — Disse na direção de Scorpius mas a resposta veio por trás, de uma voz aguda e nervosa.

— Não tem doninha alguma por aqui. — Virei-me e sorri perante Saphira Malfoy, que segurava mais livros do que parecia aguentar ao lado de uma loira que encarava as unhas com desinteresse e eu reconheci como Mellody Wood, irmã de Clarisse.

— A doninha fêmea também veio para a festa! — Conclui sorrindo.

— James! — Albus pigarreou e eu o encarei. — O que quer?

— Ah! Adivinha quem está no time de quadribol? — Perguntei exibindo um largo sorriso.

— Tsc, pobre Grifinória... — Ouvi a voz de Saphira atrás de mim e optei por ignorar, por pouco tempo. — Diga que não é o apanhador, Potter. — Suplicou como se realmente estivesse ligando para o futuro do quadribol grifano.

— Não que seja de seu interesse, mas na verdade serei batedor. Eu avisaria para o Higgs tomar cuidado daqui para frente. Falo com vocês na comunal, até mais miladies. — Disse para Albus e Rose e depois para a dupla de loiras, voltando saltitante para a torre.

 

(...)

 

O dia do jogo havia chegado e eu havia acordado estupidamente confiante. Não me venham com esse papo de "mas todo mundo fica nervoso no primeiro jogo" é tudo uma questão de análise de dados. Sou filho e neto dos maiores apanhadores que a Grifinoria já viu, minha mãe é mundialmente conhecida por suas performances no Harpias, meu tio Ron recebeu o título de rei ao ser goleiro da casa e meus tios Fred e Jorge foram uma das melhores duplas de batedores do século passado. Eu não tinha razões para estar nervoso, quadribol estava no meu sangue, por outro lado, Lisa parecia estar prestes a devolver todo seu café da manhã e isso se resumia a um copo d'água.

— Eu juro que se você não se acalmar lançarei meu primeiro balaço na sua cabeça. — Ameaçei começando a ficar irritado com aquilo, como uma dupla eu dependeria do bom desempenho de Lisa para conseguir mostrar 100% do meu valor.

— James! — Dominique ralhou e lançou um olhar feio na minha direção, revirei os olhos e bufei.

— Ora, por favor! Vamos jogar contra a lufa-lufa! Eles nem sabem o que a palavra título significa, taça para eles é onde se toma vinho, eles só continuam jogando por costume! — Disparei e ouvi um pigarreio ao meu lado, dei de cara com Maya ao me virar e abri e fechei a boca como um peixinho na tentativa de me explicar, mas foi dispensável.

— Eu vim desejar boa sorte para vocês, mas mudei de ideia. — Ela olhou rapidamente para mim, provando que não havia gostado da maneira a qual me referi a sua casa.

— Tanto faz, Kaya — falei e ela me olhou furiosa.

— Boa sorte, Lisa. — Fez questão de destacar o nome da prima antes de jogar os cabelos presos em um rabo no meu rosto.

Dramatizei nos dois minutos seguintes fingindo estar cuspindo cabelo da minha boca e quando me contentei, bati a palma de ambas as mãos na mesa e levantei-me.

— Vamos exterminar alguns texugos! — Rugi recebendo a aprovação de toda a mesa da Grifinória, que mostrou seu apoio com vivas e socos no ar.

 

Estávamos reunidos em um círculo enquanto Gregor dava as recomendações finais. Fred estava a postos a minha direita e Lisa a minha esquerda, meu primo havia sido convocado minutos atrás em decorrência da impossibilidade de Klaus Caudwell jogar, graças ao mau preparo de uma poção.

— Mais calma? — Perguntei inclinando levemente na direção de Lisa enquanto Victor falava uma baboseira qualquer sobre o trabalho em equipe.

— Não graças a você! — Ralhou visivelmente irritada com minha ameaça de mais cedo.

— Senhorita Carter, temo que não esteja compreendendo a importância de sermos um time harmonioso. — Gregor repreendeu e eu omiti um sorriso enquanto Lisa murchava e pedia desculpas.

— Desculpas aceitas. — Provoquei e, se ela tivesse poder para isso, teria me matado com aquele olhar.

— Cinco minutos até entrarmos em campo. — Avisou batendo as palmas uma na outra algumas vezes e nos liberando para a preparação pessoal.

— Potter! — Ouvi a voz de Clarisse e assim que virei a sua procura fui surpreendido por um par de braços me envolvendo e me puxando ao encontro de lábios quentes e macios.

Meus olhos se arregalaram por um momento, surpreso com a iniciativa da garota, mas não demorei a me deixar levar e enlaçar meus braços em sua cintura, intensificando o beijo.

Havia a encostado na parede e minhas mãos começavam a percorrer a lateral de seu corpo quando os socos do brutamontes do Fred obrigaram-me a encará-lo.

— Hora do jogo, garanhão. — Avisou e foi se juntar ao restante do time sorrindo.

Clarisse riu e prendeu os cabelos, selando seus lábios nos meus por um rápido instante antes de procurar sua posição.

— Um beijo de boa sorte, Potter. — Informou antes de virar e parar ao lado de Victor com a vassoura em mãos.

Eu. Amava. Estar. No. Time.

Olhei para o lado, ainda meio abobado, e vi que Lisa tentava transparecer calma. Entretanto, eu sabia que ela só estava querendo que Victor não falasse com ela outra vez.

Suspirei, esquecendo por um momento que eu havia ganhado um beijo muito bom e cheguei um pouco mais perto da leãozinho.

— Lembra quando fizemos o teste? — Lisa me olhou assustada, mas assentiu. — Fomos ótimos, sabe disso. Fomos escolhidos para o time porque, de alguma forma que desconheço, somos uma boa dupla. Sabe que esse nervosismo vai passar assim que subir nesta vassoura. Preciso de você. E o time precisa de nós. Estamos juntos nessa?

— Odeio quando está certo — Lisa respirou fundo. — Precisa de mim, é? — Ela riu, parecendo ser ela mesma.— Espera todos ficarem sabendo disso.

Antes que eu pudesse retrucar ou algo assim, o campo foi liberado. Eu empurrei Lisa para frente e a fiz andar até o gramado. Victor apertou a mão do capitão da Lufa-Lufa e madame Hooch soou o apito. Eu e Lisa, ao mesmo tempo, voamos para o meio do campo.

No pódio, narrando o jogo, estava Kyara Cauldwell. Ela era irmã gêmea de Klaus e tinha ido para Lufa-Lufa. Apesar disso, era bem imparcial e por vezes parecia torcer para o time rival.

— Lá vem o Vanderwood com a goles na mão... ou será que é o balaço?... agora quem está com a goles é Victor Gregor, da Grifinória. Ele desvia de um... oh, meu Deus, um balaço vai acertar... Mas Gregor foi salvo por James Potter e Lisa Carter, que arremessaram o balaço na cabeça de Lopes! — exclamava Kyara. Eu ofegava enquanto Lisa voltava para o meu lado. — O que é aquilo...? É o pomo perto do goleiro da Grifinória? É, é sim! — Eu olhei para Theodor, já querendo esganá-lo. Vi que havia um balaço indo em direção a ele, mas Lisa o interceptou para mim, que o lançou para perto do apanhador da Lufa-Lufa. Ele se desequilibrou e se atrasou.

— Não pegue esse pomo agora! — gritou Gregor voando perto de mim. Olhei o placar e estava 30x40 para Lufa-Lufa. Gregor tinha razão. Se ele pegasse, nós não teríamos a dianteira no placar da Copa das Casas.

Outro balaço foi na direção de Gregor e eu o salvei outra vez. O balaço foi para Lisa, que o lançou pelo campo, desequilibrando o artilheiro da Lufa-Lufa que estava com a goles.

Enquanto isso, Kyara continuava a narrar.

— E a Lufa-Lufa tem novamente a posse da goles e está indo em direção aos aros da Grifinória, ele vai... mas a goles é interceptada por Fred Weasley! — Kyara vibrou. — Desse jeito meu irmão tem que tomar cuidado!

— Senhorita Cauldwell — disse McGonnagall.

Kyara a ignorou.

— Fred Weasley passa a bola para Stephan Thomas, que passa novamente para Fred, que passou para Gregor e... é mais um ponto para Grifinória! Ei, espera aí! Isso não vale, produção! Um balaço está indo em direção ao rosto de Lisa Carter! Isso é intencional! — Kyara estava com raiva. — Nós da LufaLufa não fazemos isso! Vocês estão sujando o nome da nossa casa! Vai ser falta...

Não se depender de mim. Voei o mais rápido que eu pude até Lisa. Ela estava pronta para sair dali, quando eu peguei o meu bastão e, quando o balaço estava prestes a acertar o rosto dela, eu lancei o balaço para longe.

Lisa me olhou meio agradecida, meio irritada. E eu entendi o por quê. Eu havia deixado o nosso apanhador desprotegido.

— Seu idiota, eu estava bem! — Ela gritou para mim, enquanto voávamos em disparada até Theodor.

— Não estava, não! Você ia cair da vassoura! — gritei de volta, arremessando o balaço para longe de Theodor. — Pode me agradecer depois!

— E a Grifinória marca mais dez pontos! — comemorou Roxanne do pódio. Olhei para o placar: 60x50.

Passei voando perto de Theodor e disse:

— Pega esse maldito pomo! — gritei e ele saiu em disparada atrás de qualquer sinal do pomo.

— E Alex Santana, da Lufa-Lufa, pegou a goles da mão de Fred e ele está indo em direção a... Mas Clarisse Wood pegou a goles e a devolveu para Fred, que agora está levando a goles para o outro lado do campo, passou para Gregor, que passou para Thomas e... mais dez pontos para Grifinória!

Balancei a cabeça e vi o pomo perto das arquibancadas da Sonserina. Olhei para Theodor, que estava vindo em minha direção.

— Perto da Sonserina! — gritei quando ele passou por mim e fez uma curva. Rebati outro balaço, que Lisa recebeu e o lançou para o time adversário.

— Boa, James! — ouvi a galera gritar e Kyara rir. — Parece que temos fãs de Potter! Não se preocupem, meninas, vocês podem tietá-lo após o jogo! E Theodor Greysson avistou o pomo! — Ela voltou a narrar o jogo. — Isso, mais rápido! Theodor se inclina para frente e estica a mão... Luiz Denison está na cola de de Theodor... vai, Theodor!... o apanhador da Grifinória estica mais um pouco a mão e... ELE PEGA O POMO! A GRIFINÓRIA VENCEU!

Eu só ouvia gritos. O pessoal da Lufa-Lufa desceu das vassouras e foi reclamar com madame Hooch mas logo Victor Gregor interviu e a treinadora/professora deu a vitória para a grifinória. Todos pulamos em comemoração e a arquibancada da grifinória explodiu em vivas.

 

Quando a Grifinória quer comemorar algo, ela faz com grande estilo. Ainda mais comigo presente; eu conseguia melhorar tudo e arranjar comida e bebida que não tinha na cozinha, graças ao Mapa do Maroto. Deus abençoe meu avô e seus amigos!

A sala comunal estava apinhada de gente. Eu não conseguia passar pelo local, pois recebia abraços e votos de parabéns. Eu me sentia o máximo. Me sentia no topo do mundo. Eu olhei para a equipe e vi que todos sorriam. Victor estava tão feliz e animado, que quase beijou minha boca e fez um discurso tão demorado, que foi preciso que Clarisse o parasse para que todos pudessem comemorar direito.

Lisa ganhava olhares dos garotos e eu ergui o polegar para ela quando um menino do quarto ano foi parabenizá-la. Não sabia o porquê, mas eu tinha certeza de que, agora em diante, eu poderia contar com Lisa. Ela revirou os olhos para mim e voltou a conversar com o garoto, com um sorriso no canto dos lábios.

Albus e Rose tiveram de admitir que eu fora brilhante. E eu sabia que Albus me idolatrava antes de dormir; eu era uma inspiração para ele e eu ficava cheio de orgulho. Rose deu beijinhos na minha bochecha, mas aquilo era totalmente fraternal. Rose sempre seria a minha flor.

Assim que ela se distanciou, uma menina passou por mim e me abraçou por um tempo indeterminado. Eu, como não era bobo, aproveitei a situação. Ela cheirava a rosas e seus cabelos eram vermelhos e curtos. Ela parecia pegar fogo.

— Ótimo trabalho, James — ela me lançou um sorriso e piscou um olho, se afastando. Eu não sabia em que ano ela estava, só sei que eu a segui.

Consegui um beijo dela e, sim, agora entendia porque meu pai adorava a minha mãe. E porque ele tinha ciúmes até da unha quebrada da minha cara de pimenta. Ruivas eram fogosas. Eu adorava aquilo e eu só estava no terceiro ano.

Eu mal tinha acabado de sair do canto mais remoto da sala, quando Clarisse apareceu em meu campo de visão. Ela era bem bonita. Seus cabelos louros eram curtos e seus olhos eram hora verdes, hora castanhos, o que era bem bonito; a maquiagem que ela usava realçava-os, deixando-a com um ar inocente, porém irresistível. Ela estava limpa e usava um vestido vermelho e dourado, que a deixava maravilhosa.

Algo dentro de mim ferveu. E não era por causa da cerveja amanteigada.

Clarisse apoiou as mãos na cintura fina; agora que eu havia reparado... para uma garota que tinha 14 anos, quase 15, Clarisse tinha seios fartos. Quando eu era menor, eu não me importava com isso. Mas os seios dela...

— James...

— Oi — eu estava hipnotizado. Será que ela me deixava segurá-los?

— Pare de olhar os meus peitos — disse e eu acordei do transe. Eu a olhei, pedindo desculpas com o meu olhar, mas Clarisse ria.

— Eu... me desculpe — pedi e Clarisse chegou mais perto de mim. — Olha, assim fica difícil eu não olhar.

— Não me importo que olhe — Clarisse sorriu e eu engoli em seco. Louras também podiam pegar fogo, certo? Clarisse mordeu o lábio inferior e me puxou pela gravata até o mesmo canto em que a ruiva me conduzira. — Acho que o meu beijo deu sorte, afinal.

Eu a encostei na parede, surpreendendo-a.

— Querida, eu que dou sorte.

E, então, a beijei. Uma das minhas mãos foram para cintura dela enquanto a outra eu segurava sua nuca. Eu sentia seus seios fartos sendo esmagados contra o meu peito e parecia que ela fazia isso de propósito. Não que eu estivesse reclamando.

Abri meus lábios, dando permissão para que sua língua invadisse a minha boca. Ela era ousada e não tinha medo de tomar a dianteira. E eu gostava disso. Apertei seu corpo contra o meu, escorregando minhas mãos para seus quadris, inclinando-a mais para perto da minha ereção. Clarisse suspirou entre meus lábios e eu estremeci.

Com a sua ousadia grifana, Clarisse pegou a minha mão e a guiou até seus seios. Se é que era possível, eu fiquei ainda mais excitado. Garotos de 13 anos ficam duro por qualquer coisa, mas aqueles seios...

Eu o massageei, sentindo-o em minha mão. Eu nunca havia tocado no seio de uma garota antes e aquilo era muito bom. O beijo ficou mais intenso e eu estava prestes a surtar, quando Clarisse resolveu tomar ar. Mordi seu lábio inferior e ela se segurou para não voltar a me beijar.

— Espero que seja o nosso segredinho — Clarisse piscou e segurou a minha nuca, beijando-me antes de me deixar ali, sozinho.

 

(…)

 

Clarisse não manteve o segredo. Fiquei sabendo disso assim que eu acordei dois dias após a comemoração da vitória da Grifinória.

Eu estranhei que todos soltavam risinhos quando eu passava. Os garotos sorriam e levantava os polegares, como se aprovassem alguma coisa. Foi assim durante dois dias inteiros e aquilo estava começando a me incomodar.

Foi no dia em que estávamos no vestiário, depois de usar o campo de quadribol para treinar, que eu finalmente perguntei por que raios os garotos ficavam aprovando algo que eu não tinha a mínima ideia do que era. Eu gostava de atenção, mas acho que tudo tinha limites e aquela ovação não era normal.

Clarisse saiu do vestiário, de toalha, e piscou para mim. Lisa veio logo atrás, porém já vestida. Ela secava o cabelo. Sentou-se ao lado de Stephen, empurrando Fred para o lado. Victor estava colocando as luvas dentro do baú, em silêncio. Ele já havia dado seus sermões e o discurso de motivação.

Clarisse sumiu num dos banheiros e, logo depois, saiu para fora do vestiário. Eu olhei para Fred, que me olhava de maneira estranha.

— Tá legal, o que está acontecendo com essa escola? — perguntei, exasperado.

— Pronto, pirou de vez — provocou Lisa, com um sorriso e deixando a toalha que secava o cabelo de lado.

— É sério. Estão me olhando de forma esquisita, cochicham por aí e eu juro que Bob, do sexto ano, me parabenizou por ter feito alguma coisa... e não foi porque a gente venceu a Lufa-Lufa — passei as mãos pelos meus cabelos, tirando-os de meus olhos, irritado.

Victor e Fred trocaram olhares, enquanto Lisa penteava os cabelos. Lisa nunca viraria o rosto, então eu a pressionei, assentindo com a cabeça.

— Contem logo para esse garoto! — mandou ela e os garotos me olharam.

— Desembuchem!

— Clarisse contou o que rolou entre vocês dois no dia da comemoração — disse Fred rapidamente. — Ela espalhou para, tipo, a escola inteira.

Eu estava chocado. Como uma pessoa pedia segredo, quando ela própria parecia não saber guardar um? Segredos são segredos.

Eu me virei para meus amigos:

— Olha, eu não sei qual era o conceito de segredo da Clarisse, mas obviamente é completamente diferente do meu — falei depois de algum tempo em silêncio, digerindo o que eu acabara de saber.

— Provavelmente é porque ela não tem nada na cabeça — disse Lisa, revirando os olhos. — A irmã dela é bem ruinzinha e adora sair falando pelos cantos que Clarisse é louca.

— Albus tem uma queda por essa Mellody — Fred fez um bico estranho. — Coitado do Oliver.

— Eu não sabia disso — eu olhei para Lisa.

— O que é? — perguntou ela, se levantando do banco.

— O que eu faço agora? Quero dizer, em relação a Clarisse? Eu mantive segredo, por que raios ela não pôde ficar com a boca fechada?

— O que tem, cara? Você tocou naqueles seios, James — Fred levantou-se, dando tapas em meu ombro. Eu estreitei os olhos. — Faça a mesma coisa, mas pior.

Lisa apareceu novamente e jogou a toalha, acertando Fred em cheio no rosto. Stephen, Victor e eu rimos.

— Ai, Lisa! — ele jogou a toalha na cara dela, que desviou rapidamente. Era por isso que ela era uma ótima batedora.

— Seu babaca imbecil — Lisa cruzou os braços. — Ainda bem que vocês têm a mim, porque com os conselhos que dão um ao outro, irão de mal a pior.

— E o que tem em mente, leãozinho? — perguntou Fred, com desdém.

— Converse com ela e veja o que ela tem a seu favor. E se ela espalhou isso de propósito... bem, lembre-se de quem você é filho — ela ergueu os ombros e depois desapareceu novamente no vestiário.

— Vocês realmente não sabem ajudar — falei, impressionado.

— Ah, faça-me o favor, James. Agora tá todo amiguinho para cima de Lisa? — perguntou Fred, desgostoso.

— Não é como se nós pudéssemos ser inimigos jogando no mesmo time. — joguei a toalha na cara dele novamente e saí do vestiário.

 

(…)

 

Clarisse quando queria sumir, ela sumia de verdade. Aquela garota era mais escorregadia do que as cobras da Sonserina.

Eu ainda era congratulado por ter pego nos seios de Clarisse por onde eu passava. Não, naquele dia, eu não estava nem um pouco feliz por isso. Eu estava irritado por Clarisse ter pedido algo e feito exatamente o contrário. Quando eu dava a minha palavra, era verdadeira. Eu cumpria as promessas.

Eu a achei passando um laço nos cabelos, perto do lago com suas amigas que eu não sabia e nem queria saber quem eram. Eu me aproximei e ela se virou no mesmo momento. Que droga, ela era muito gata. Clarisse sorria, com seus olhos verdes brilhando. Ela amarrou o laço e o passou para baixo da cabeça e veio até a mim.

— James! — assim não era fácil ficar com raiva dela.

Assim que ela se aproximou de mim, eu peguei seu braço e a levei para longe das amigas fofoqueiras.

— O que houve? — Clarisse fez biquinho e eu não olhei em seus olhos. Eu estava irritado demais para me importar com a sua carinha de cachorro que caiu da mudança.

— Por que você espalhou para todo mundo que eu... peguei nos seus seio? — eu quis saber e Clarisse deu uma risadinha.

— Ah, James Sirius... você não vê? — Ela passou a mão em meu rosto. — Eu lhe fiz um favor — eu ergui uma das sobrancelhas, duvidando. — Pensa comigo — como se ela soubesse pensar. — Antes, você só era conhecido por ser filho de Harry Potter. Agora todos sabem que você mais do que isso e está comigo.

Eu franzi a testa.

— Mas eu não... — não pude completar a frase, pois Clarisse me beijou, fazendo com que eu esquecesse momentaneamente o que iria dizer.

Eu sou humano, então não me culpem por eu a puxar para perto, vergando seu corpo para trás. Enrolei minha mão em seus cabelos curtos, sugando-lhe os lábios com leveza. Clarisse meio que gemeu, meio que suspirou e eu entendi o que ela quis dizer por ser conhecido.

Beijei seu pescoço, sua bochecha e outra vez seus lábios. Ela era realmente muito gostosa.

Quando nos separamos, Clarisse estava corada e seus cabelos um pouco despenteados. Eu sorri, provavelmente com a boca manchada de batom e ela estava sem fôlego. Eu adorei a sensação.

Eu fiquei a olhando, pensando no que ela havia me dito. Eu era um homem, realmente (ou pensava que era), e se eu estava sendo congratulado por ter segurado os seios de alguém, por que não usar isso ao meu favor? Quero dizer, não iria obrigar ninguém a deixar que eu massageasse seu peito; mas se ela quisesse, quem seria eu para negar?

Eu sorri, esquecendo-me de que ela dissera, também, que estávamos juntos. Passei a mão em seus cabelos curtos.

— Clarisse, não espalhe mais nada por aí, ok? Só isso que eu quero.

— Eu faço tudo por você, James — ela sorriu e me deu um selinho rápido. — Agora, eu sei que você tem que ir. Vejo você mais tarde.

Clarisse voltou à margem do lago, para suas amigas. Suspirei e passei as mãos no cabelo, afastando-me dali. Se ela não fosse tão atraente...

Fred me esperava do lado de dentro do castelo. Parecia até uma garota fofoqueira, querendo saber o que havia acontecido enquanto ela estava fora. Mas vou fazer o quê? Ele era meu primo e melhor amigo. Eu deveria começar a arranjar novos amigos.

— E aí? — perguntou assim que me viu.

— Nada demais — respondi, pensando no que ela me disse. — Só sei que eu tenho que dizer que eu não estou namorando com ela.

— Por quê? — nós começamos a andar, a fim de chegar às masmorras para a aula de Poções.

— Ela espalhou isso também né? Eu ia pedir para ela retirar esse boato, mas, na hora, ela me beijou e eu não resisti — balancei a cabeça. — Eu não sabia que ser tão bonito seria tão difícil. É um fardo.

Fred riu.

— Cara, desde quando você sabe o significado de "fardo"?

— Rose me deu um dicionário.

Fred foi rindo até as masmorras, onde encontramos Dominique e Lisa já sentadas nas carteiras na frente das nossas.

 

(...)

 

Eu descobri que era realmente um fardo ser bonito quando àquela tarde fatídica chegou. Ainda dava uns beijos em Clarisse, que parara de espalhar para todos o que fazíamos quando estávamos a sós.

Tentei dizer centenas de vezes que nós não estávamos namorando, mas Clarisse não queria escutar. Parecia que ela tinha um sexto sentido quando eu tentava lhe dizer que não estávamos juntos de verdade, e acabava me beijando. E eu era um idiota e esquecia o que ia falar.

Entretanto, eu presumia que Clarisse sabia que eu não gostava dela de verdade e acabava ficando com outras meninas. Ora, ela sabia! Eu sentia isso, portanto, eu não me importava com esse fato. Mas eu estava errado ou ela se fizera de desentendida.

O corredor do sétimo andar estava vazio. Eu estava ali pois eu ouvira meu pai falar sobre a Sala Precisa em suas histórias aqui em Hogwarts - e devo acrescentar de que fora muitas -, tentando decifrar aonde ficava, porque no Mapa do Maroto, a sala não aparecia. E como entrar também era uma ótima pergunta. Queria mostrar a Fred que poderíamos nos esconder quando fizéssemos alguma besteira que nos fizesse levar a uma detenção.

Então ouvi passos vindo em minha direção e guardei o Mapa do Maroto dentro do bolso do meu casaco. Olhei para trás bem quando uma menina do terceiro ano da Corvinal estava passando. Murmurei "Malfeito, feito" e tentei disfarçar o que estava fazendo ali.

Ela parou assim que me viu e abriu um sorriso. Nunca soube seu nome - também, nem deu tempo de perguntar -, mas me lembrava de seu sorriso. Era bonito e cativante, e eu fiquei um pouco encantado por ela.

— O que está fazendo aqui, Potter? — Ela ainda sorria.

— Eu lhe faço a mesma pergunta — retorqui, acompanhando-a no sorriso.

— Bem... fui liberada da aula. Por ser mais inteligente do que a professora — talvez seja, também, pela arrogância que ela tinha. Mas eu não me importei. Ela era bonita com aqueles cabelos castanhos claro até a cintura e o seu sorriso.

— Fico impressionado com isso — eu falei, como se estivesse mesmo. — Eu estou matando aula, não é segredo. — Eu nunca contaria a ninguém o que estava fazendo realmente ali. Apenas Nique e Fred saberiam.

Ela riu e se aproximou, ficando bem em minha frente. Ela usava um perfume de laranja e era ótimo! Lembro-me do aroma e de como fiquei extasiado com a presença dela.

— Estou curiosa... — ela deu a volta em mim e parou novamente à minha frente. — Você está namorando a Clarisse Wood?

— Não, claro que não — respondi, tirando uma mecha de seu cabelo do rosto.

— Engraçado, ela diz que está com você para escola toda — comentou a garota. — Está mentindo?

— Não sei por que Clarisse vive dizendo isso — resmunguei. — Não estou namorando com ninguém...

Inclinei para frente, mas não fui muito longe pois ouvi o grito mais estridente em toda a minha vida. Nem os gritos de Lisa e Dominique chegavam aos pés do de Clarisse.

Assustado, virei para trás e vi que Clarisse estava parada no meio do corredor. Eu posso jurar que vi fumaça sair de seus ouvidos e nariz. Que merda! Meu pai, quando estava no terceiro ano estava atrás de Sirius Black. Seria mil vezes melhor enfrentar um lobisomem do que ver Clarisse Wood berrando e soltando fumaça por aí.

A garota, cujo o nome eu não sabia, recuou e olhou para Clarisse, que ainda berrava em fúria. Coitado do Oliver Wood.

— MAS O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI, JAMES SIRIUS POTTER? — Clarisse gritou e eu fiz uma careta, porque doeu os tímpanos.

— E não é sua namorada, uh? — a garota falou e eu me irritei seriamente com Clarisse.

— Clarisse...

— Não me venha com "Clarisse", James Potter! Como pôde fazer isso comigo?! Eu sempre fiquei ao seu lado, te apoiei ao ser escolhido para o time, te coloquei ainda mais alto no conceito de popularidade... eu lhe dei amor! E assim que você me retribui?! — Ela me interrompeu.

— Eu não sou seu namorado! — gritei, realmente com raiva. — Tenho tentado lhe dizer isso há tanto tempo!

— Mas...

— Não! Você achou isso, você que quis fazer tudo aquilo por mim. Eu não pedi nada! Você fez o que fez porque quis. — Eu dei uma risada. — E sobre a parte do amor? As únicas mulheres que eu realmente sempre amarei são a minha mãe e minha irmã. Eu não amo mais ninguém.

Eu via o peito dela subir e descer, seu rosto ficar ainda mais vermelho e, então, Clarisse explodiu. Ela gritou, fazendo eco por todo o corredor e pegou a varinha. Eu dei um passo para trás, puxando a minha varinha também. Clarisse ia me azarar e eu sabia disso. Quando ela começou a dizer o feitiço eu já havia dito:

— Protego!

Um escudo se formou entre nós dois e Clarisse bateu nele, caindo para trás. Eu arfava enquanto ela se levantava. A garota desconhecida, já esquecida.

Apontei minha varinha, mas Clarisse apenas me encarou. Seus cabelos estavam bagunçados e seu rosto vermelho.

— Isso não vai ficar assim, Potter — ela se virou e saiu dali, correndo.

Eu fiquei ali parado, pensando que ela não teria coragem de aprontar mais nada. Que realmente nada poderia ficar pior do que já estava.

Clarisse Wood me odiava.

 

(…)

 

Apesar da promessa de Clarisse, eu não havia tido o menor sinal dela nas semanas seguintes e não sabia se isso era uma coisa boa ou ruim. Levava sustos cada vez que uma menina loura chegava perto de mim, cheguei a gritar com Mellody e Saphira certa vez, nos rendendo uma bela detenção depois, mas acabei aos poucos concluindo que Clarisse havia feito uma ameaça da boca pra fora e retornei aos poucos a minha rotina normal.

Fred estava presente em todos os treinos, Caudwell ainda estava impossibilitado de jogar e meu primo estava por pouco se tornando titular definitivo. Naquela noite íamos para o salão principal com a fome de dois leões que não viam comida há semanas. Tínhamos passado toda a tarde e princípio de noite treinando para que Victor realmente o colocasse no time, não só como um reserva, então estávamos famintos.

Quando tomamos nosso lugar de costume na mesa da Grifinória percebi que pouquíssimas pessoas estavam lá, mas não dei importância e me uni a Fred para devorar os pratos oferecidos à nossa frente.

Apesar da fome só um nome poderia descrever a maneira como estávamos agindo: gula. Eu enfiava tanta comida na boca que tinha dificuldade de mastigar e tive que fazer isso com o auxílio do suco, o que não foi uma boa ideia, afinal.

Assim que engoli a comida parei um segundo para respirar e a mão pesada de Fred me puxou para o chão. Estava prestes a reclamar quando o vi caído e tendo convulsões a minha frente. Antes que pudesse fazer qualquer coisa para ajudá-lo e bem a tempo de ver que pessoas próximas também caiam, senti minha boca espumar, minha garganta se fechar e meus músculos tremerem antes de minha visão ficar escura e eu não lembrar de mais nada.

 

(…)

 

Quando eu abri os olhos, não sabia onde eu estava. Mas ouvi um ofego e um gritinho de surpresa misturado com alívio. O que acontecera mesmo?

Olhei para os lados e não tive tempo de saber quem estava ali e se havia mais alguém... Meu Merlin! Fred!

— Fred. Cadê o Fred? — perguntei num sussurro, comendo um monte de cabelo vermelho. Minha voz estava fraca e rouca. Parecia que minhas forças para fazer piada e ser chato foram sugadas por um dementador. Sim, eu estava péssimo.

— Oh, querido! Ficamos tão preocupados — a voz de Ginny estava embargada; parecia que ela andara chorando. E Ginny Potter nunca chorava, então a coisa tinha sido realmente feia. Mas eu estava preocupado com Fred.

— Mãe, o Fred. Onde ele está? — insisti e ela se afastou, meio receosa.

— Ele ainda não acordou — e se afastou para que eu visse Fred deitado em uma cama em frente a minha. Tio George, tia Angelina estavam segurando a mão dele. Roxanne, junto com Lisa e Dominique, também estavam ali e parecia que não haviam percebido que eu acordara.

Senti meu peito afundar e procurei os olhos de meus pais e meus irmãos. Precisava saber se ele ia viver e acho que eles viram o meu olhar suplicante e desesperado, pois Albus falou:

— Ele não vai morrer, Jay. Acho que ele ingeriu mais do que você, só isso.

Acho que eu respirei melhor naquela hora.

— O que houve? — sussurrei, tentando não chamar atenção para mim. Mas Lisa percebeu que havia movimentos onde eu estava e veio correndo com a sua juba presa num rabo de cavalo.

— James, seu idiota! — ela quase não conteve o grito. E tudo o que eu vi depois foi cabelo, pois Lisa se jogara em meus braços. Logo depois senti Roxanne e Dominique ao lado da amiga, me abraçando também.

Eu sorri.

— Acho que vou ficar doente com mais frequência... mas o que houve mesmo?

Elas se afastaram e se sentaram na ponta da minha cama. Tio George e tia Angelina não saíram de perto de Fred, mas sorriram para mim. Eu compreendi e assenti para eles.

— Então, você e quase um terço da Grifinória comeram comida envenenada. — Respondeu minha mãe. Suas mãos ainda faziam carinho em minha cabeça.

— Quê? Como...? Quem? — eu estava espantado. Algumas camas ainda estavam ocupadas por alunos acordados e desacordados. — Por quantos dias eu dormi? — olhei novamente para a minha família.

— Não sabemos quem foi, mas que foi intencional isso foi. — respondeu Dominique. — A diretora McGonnagall está louca e furiosa para saber quem foi que fez isso. Sei que ela não pode ter preferidos, mas ela foi, por anos, a diretora da Grifinória. Então ela pode ter se exaltado mais do que quando acontece algum acidente com alguma outra Casa. — Ela parou para pensar. — Se a situação não fosse preocupante, teria sido cômico.

— Hagrid veio aqui duas vezes — acrescentou Harry. — Ele ajudou a trazer a maioria dos alunos para cá. Ficamos sabendo na mesma hora e viemos para cá o mais depressa que o Pó de Flu permite.

— Há quanto tempo eu estava desacordado?

— Uma... semana — respondeu minha mãe. —Não saímos daqui desde então.

— Tivemos que afastar essas duas daqui quase todos os dias — disse meu pai, apontando para Lisa e Dominique. — Não saíam daqui e não deixavam que mais nenhuma outra garota entrasse aqui. Só Luna.

Eu olhei para minha prima e para Lisa. Aos poucos, eu estava melhorando, e eu não perdia a oportunidade de tirar sarro da cara da Lisa.

— Não sabia que eu era importante na sua vida, Lisa — disse eu e ela revirou os olhos, cruzando os braços e saindo da cama.

— Eu só não queria ter de jogar com Peter Gray. Ele é terrível — ela respondeu e eu ergui uma sobrancelha. — Ok, posso ter ficado um pouco preocupada. Mas fiquei com os dois! Fred e você, idiota.

— Awn, temos uma fã — meu pai podia dizer que era quieto, mas tinha seus dias, como aquele.

Lisa jogou a juba para o lado e já ia sair, quando a porta da ala hospitalar abriu-se. Lisa chegou para trás, surpresa.

— Preciso falar com a diretora. Onde ela se encontra? — perguntou Mellody.

— Eu estou no caso também, senhorita Wood. — meu pai olhou para um dos ajudantes. — Chame Minerva, por favor. — O garoto assentiu e saiu. Harry voltou a olhar Mellody. — O que tem a dizer?

Mellody ergueu uma das sobrancelhas e hesitou por alguns segundos. Olhei para Albus e ele estava olhando para o chão; ah, mas eu ia falar... quando essa minha fraqueza passasse.

No fim, Mellody assentiu. Saiu da ala hospitalar e demorou alguns minutos. Mellody era alta para sua idade, então só me surpreendi por um fato: ela voltou segurando o braço de Clarisse. A expressão dela era assustada e a da Mellody era de raiva.

Meu pai ergueu uma das sobrancelhas quando Mellody sacudiu a irmã; nem parecia que ela era a mais nova.

— Conte a eles o que contou para mim — gritou Mellody. Clarisse resmungou e tentou se afastar. — Conte!

— Não... eu não tenho nada a falar — disse Clarisse, me olhando e depois desviando o olhar.

— Nosso pai ficará tão desapontado! — Mellody estava com a voz embargada agora. — O que ele dirá? Você deveria ser a filha que dá orgulho para ele!

— Diga o que falou para sua irmã, senhorita Wood — a voz de Minerva McGonnagall ecoou pela enfermaria. — Estou curiosa.

Clarisse olhou temerosa para a diretora e depois olhou novamente para mim. Seu olhar era de arrependimento e eu soube. Só que eu não conseguia perdoá-la. E nem sabia se um dia eu iria.

— Eu... eu queria me vingar de James Potter — ela começou e minha mãe me olhou. Eu encolhi os ombros. — Fiquei semanas pensando no que fazer; minha raiva não ia embora. No início, eu cogitei fazer Amortentia. Mas, quando cheguei às masmorras para fazê-la, não consegui segurar minha raiva e acabei misturando ingredientes para um envenenamento sem... riscos. Depois coloquei na maior parte da mesa da Grifinória. — Ela olhou para Mellody, que tinha a expressão de desgosto, e depois para McGonnagall.

A diretora ficou em silêncio por um tempo e seu olhar foi o que fez Clarisse começar a chorar. Naquele dia, eu fiquei grato ao ver o olhar de desprezo e decepção de Minerva McGonnagall.

— Me acompanhe, senhorita Wood. — Disse a diretora. — Chamarei seus pais e conversaremos o que acontecerá com a senhorita. Mellody Wood, a senhoria fez o certo ao vir fazê-la contar a verdade. Sei que é difícil para a senhorita. — Ela nos olhou. — Que bom que acordou, senhor Potter. — E saiu, com um meio sorriso no rosto.

Mellody ficou ali por mais alguns segundos e saiu, quando sentiu-se deslocada. Fiquei olhando a porta se fechar e permaneci calado. Eu ficara surpreso no início, mas, depois, eu percebi que eu esperava por isso. Quero dizer, não ser envenenado. Mas a vingança de Clarisse.

Ao meu lado ouvi três exclamações.

— Que... — começou Dominique.

— Vaca — terminou Lisa. As duas mais Roxanne me olharam. Lá vinha bomba...

— Mas a culpa é sua! — as três disseram e saíram de perto de mim.

— Qual é, meninas! Eu quase morri — pedi, mas sorrindo.

— Mas não morreu — disse Dominique.

Eu olhei para os meus pais e sorri e eles souberam que aquele era o jeito das minhas garotas dizerem que estavam contentes por eu ainda estar vivo e fazer piadas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso! Terça tem mais, se tudo der certo. Mas como eu estarei viajando na terça, desejo desde já um próspero ano novo a todas vocês. Beijinhos e deixem um review de presente de fim de ano, pode ser? ~Lia G.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Mulheres de James Sirius Potter" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.