As Mulheres de James Sirius Potter escrita por Lia Galvão, Miss Stilinski


Capítulo 2
Dominique Delacour Weasley


Notas iniciais do capítulo

Aqui estamos de novo! Rápido não foi? Pois é, tentaremos manter esse ritmo de postagem então é provável que todo sábado e terça venhamos com posts pra vocês. E queria agradecer aqui a todos que estão lendo e comentando, então, obrigada! Boa leitura. ~ Lia G.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/572348/chapter/2

Quando meu pai me disse que demorou anos para perceber que amava minha mãe eu havia construído uma meta para descobrir quem eu amava, mas essa meta caiu por terra assim que eu entendi o que exatamente era amor. E minha mãe estava certa ao dizer que era complicado. Porém, naquela tarde de primavera debaixo de uma árvore nos jardins da Toca, eu soube que havia realizado minha meta. Ou pelo menos acreditei nisso.

Era tinha dez anos mas faltavam apenas alguns meses para eu completar 11, o que significava que eu só precisava esperar até setembro para entrar em Hogwarts. Victoire e Teddy tinham anunciado naquele dia que estavam saindo e eu a vi sentada na grama, fazendo uma de suas florzinhas que enfeitavam os cabelos louro avermelhados mover-se em suas mãos. Tínhamos a mesma idade, mas ela nunca havia passado tanto tempo n'A Toca como naquelas férias.

Dominique era delicada e bem... formosa. (Não liguem, tive a ajuda do vovô ao dizer um adjetivo legal.) Eu me lembro de olhar seus cabelos esvoaçarem com o vento, me deixando hipnotizado. Mamãe dizia que eu era atentado (talvez seja verdade), mas Albus também tinha seus momentos James Sirius.

— Mamãe, James está babando na Dominique! — Ele gritou para o mundo bruxo todo ouvir.

— É mentira, mãe! — falei, indo atrás do pirralho. Começamos a correr pelo jardim, com Albus rindo enquanto eu tentava alcançá-lo.

De repente, Ginny apareceu em nosso campo de visão, impedindo-nos de continuar correndo.

— O que houve? — ela perguntou, de braços cruzados.

— Mãe, o James esta...

Albus não completou a frase, pois eu tampei-lhe aquela boca enorme. Ele se debateu contra mim, rindo. Pilantra.

Nossa mãe tirou a minha mão da boca do fofoqueiro e olhou diretamente para mim. Sempre achei injusto como ela sempre deduzia que a culpa era minha. Ok, talvez na maioria das vezes fosse mesmo.

— O você fez dessa vez, Sirius?

— Eu juro solenemente que eu não fiz nada — respondi e minha cara de pimenta suavizou a expressão. Meu pai havia dito, depois que eu muito aprontara em minha infância, que se eu estivesse falando a verdade teria de jurar solenemente. E isso é válido até hoje.

— Tudo bem... agora largue seu irmão — ela pediu, pois havia apenas tirado a minha mão da boca dele. — E, Albus, deixa seu irmão. Dessa vez, ele não fez nada.

Eu olhei indignado para ela.

— Ei, o que isso quer dizer?!

Mas minha mãe apenas me olhou e levou Albus para dentro, dizendo que Rose havia chegado. Balancei a cabeça; depois daquele dia, eu soube que deveria dormir com um olho aberto se eu fosse implicar com Albus.

Assim que os dois sumiram dentro d’A Toca, eu me virei para ver Dominique novamente. Nós nunca nos falamos muito (até porque a França era bem longe) e eu não sabia como agir em frente a uma garota. Principalmente quando esta é sua prima e tem uma parte veela.

Acreditem se quiser, mas eu não sabia como chegar até ela. Deem-me um desconto, eu só tinha dez anos, e o que um garoto de dez anos sabe sobre garotas? Entretanto, meu coraçãozinho dava pulos apenas de olhá-la. Crianças. Eu fiquei muito bom nisso depois.

Então eu me lembrei do que o meu pai me dissera sobre saber quando eu estava em frente ao meu amor verdadeiro. Quando eu fiquei mais velho essa coisa de amor verdadeiro tornou-se um pouco piegas, mas, no fundo, eu sempre soube que eu precisava de um.

Dei um passo decidido em sua direção, mas vacilei ao ver o quanto me aproximei. Dominique respirou fundo e jogou os cabelos para trás, fazendo com que eu esquecesse meu nome.

— Você parece um bobão parado aí. — Afirmou sem se preocupar em olhar na minha direção e eu abri e fechei minha boca feito um peixinho.— Eu não mordo, sabia? — Tornou a dizer ao ver que não havia conseguido uma reação imediata.

— M... ma... é claro que... oi. — Gaguejei e desejei mais do que tudo poder sair correndo.

Ela ergueu o olhar na minha direção, me avaliando com aqueles grandes olhos azuis e eu me mexi inquieto.

— Você ainda parece um bobão — concluiu voltando a atenção para as flores.

Senti que havia virado um peixinho outra vez e então me obriguei a falar.

— Minha mãe prefere o termo babuíno... — Isso mesmo, James, assim você vai longe. Mas talvez não tenha sido assim tão ruim, já que ela mostrou um singelo, porém visível, sorriso. Percebi que ela não falaria mais nada e decidi me aproximar realmente. — Posso? — Perguntei ao parar do seu lado, recebendo um dar de ombros em resposta. — Então você gosta de flores?

Seu perfil era tão perfeitinho que eu tinha de desviar o olhar para não ficar a encarando muito.

— Não exatamente... — Percebi que ela me encarava pelo canto do olho e tinha os lábios curvados.

Desviei minha atenção de seu rosto para suas mãos, só então percebendo que ela picava as flores que pegava. Assim que minha boca se abriu, a ruiva preveniu minha pergunta e impediu-me de colocá-la em palavras.

— Você sabe, Fleur, flor.. é tudo igual... Como não posso fazer nada com ela eu finjo que a flor é minha mãe. — Disse puxando outro ramo assim que o que ela estava segurando se desmaterializou.

E lá estava o peixinho outra vez. Observei por mais alguns segundos até conseguir dizer a única coisa sensata que consegui pensar:

— Por que você faria isso com ela? — O olhar furioso que Dominique lançou em minha direção fez com que eu quase me arrependesse de ter perguntado.

— Não é da sua conta, Potter.

— Ok — levantei os braços para o ar, rendendo-me. — Se não quiser falar nada, tudo bem. Mas é você quem está perdendo. Tenho sapos de chocolate que eu roubei do meu pai hoje mais cedo, o suficiente para dois... ou até mais.

Levantei-me da grama, limpando a minha calça com as mãos, mas Dominique me impediu. Eu sorri. Virei para olhá-la e seus olhos brilharam ainda mais. Lembro-me de sentir que meu coração bateu freneticamente em meu peito.

— Sapos de chocolate? — sua voz estava esperançosa e sua expressão gulosa. Eu assenti e ela deu um sorrisinho. — Acho que eu posso conversar um pouquinho com você.— Eu estreitei os olhos.

— Isso é interesse — falei, mas sorri. — É uma das minhas. — Ela riu mais uma vez e sentei-me novamente na grama, ao seu lado. Tirei uns seis sapos de chocolate do bolso e dei três a ela, ficando com três restantes. — Então... — encarei-a esperando pela resposta da pergunta já feita.

Dominique suspirou e mordeu um pedaço de seu sapo de chocolate, colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha mas sem falar absolutamente nada.

— Sabe, sei ser um bom ouvinte quando quero. E hoje eu estou afim de uma boa história — dei um sorriso, olhando-a de lado e colocando as mãos atrás da cabeça enquanto me encostava na árvore.

Dominique demorou tanto a responder que eu pensei que ela não diria nada. Talvez, ela estivesse ponderando se poderia confiar ou não em mim. Acho que, no fim, ela acabou por concordar que sim.

— Acho que você já sabe que meus pais estavam em Londres desde segunda-feira — ela me olhou e eu assenti, mesmo não sabendo de nada sobre isso. Eu só prestava atenção no que meus pais e meus tios conversavam quando me convinha. Se eu soubesse que Dominique estava junto, talvez eu teria prestado atenção. Ou não. — Eu fiquei com o nosso tio George lá na loja. Eu que escolhi ficar lá, sabe? Gosto dos logros e das brincadeiras. — Eu ri.

— Quem é que não gosta? — Dominique assentiu, permitindo-se a rir mais alto. Eu gostei do som.

— Pois é, a minha mãe não é muito fã. — sempre achei a tia Fleur um pouco chata, mas não comentei sobre isso. — Mas eu fiquei mesmo assim. Durante a semana, uma menina apareceu lá. Uma nascida trouxa, e nós ficamos super amigas. Ela é meio doidinha, por isso nos demos bem.

— Ué, e o que isso tem a ver?

— Bem, conversamos sobre diversas coisas e uma dos assuntos não tinha como deixar de ser Hogwarts. Ficamos um dia inteiro conversando sobre a escola, sobre os fantasmas, passagens secretas, casas e eu percebi que antes mesmo de entrar para o ano letivo, já tinha feito uma amiga e não seria julgada só como "mais uma Weasley", pelo menos não por ela.

Dominique suspirou e eu percebi que seus olhos estavam marejados, senti vontade de abraçá-la, mas queria que ela terminasse primeiro.

— Bem, hoje quando fui conversar com minha mãe, ela começou a gritar em francês e disse que nem em sonho eu estudaria em Hogwarts, que dessa vez ela havia ganhado no par ou ímpar e eu iria para Beauxbatons querendo ou não. — Ela rematerializou a flor para poder despedaçá-la mais uma vez. Eu tinha certeza de que ela não se dava conta do que estava fazendo. Dominique revirou os olhos. — Não é apenas porque eu fiz amizade com uma nascida trouxa. Ela não entende que todos da nossa família vão estudar em Hogwarts. Todos que eu conheço estarão lá.

Mais uma vez, fiz biquinho de peixe, pois eu não sabia o que fazer ou o que dizer. Eu tinha todas as respostas, menos algo coerente para dar algum consolo a ela. Então eu me saio com essa:

— Então hoje é seu dia de sorte — sorri, presunçoso. Dominique levantou uma das sobrancelhas. — Até ontem, você não conhecia James Sirius Potter. E, quando uma pessoa me conhece, a sorte dela muda. E a sua está prestes a mudar.

— Duvido — ela parou de despedaçar a flor.

— Querida, até Albus saber quem eu era, ele era um azarado da vida. Quando ele aprendeu a me distinguir das outras pessoas, até parou de comer a tinta das paredes — confessei e ela riu com gosto. — E de cair da cadeira. — Acrescentei, pensativo, fazendo-a rir de novo.

Eu sorri também e, quando eu fui falar mais alguma coisa, nossa tia Hermione nos chamou para jantar, com Hugo agarrado à sua perna... literalmente. Eu ajudei Dominique a se levantar e segui tia Hermione que mancava por causa de Hugo. Sinceramente, eu já o teria empurrado para o chão há muito tempo. Quem vai entender as mães, não é? Eu não entendia a minha.

Nós caminhamos até onde uma enorme tenda fora posta para caber todos da família, pois A Toca era pequena demais por dentro para comportar centenas de Weasleys (e Potters). Pode ser exagero meu, mas os Weasley tinham mais filhos do que coelhos.

Por terem muitas crianças uma outra mesa foi posta para caber todas elas (incluindo a mim) ao lado da mesa dos adultos. Afinal, éramos pequenos e travessos (principalmente eu, e eu sempre levava as criancinhas para o mal caminho), então eles eram obrigados a ficarem de olho.

Vovó pôs as mesas magicamente (eu amava magia) e começamos a comer. Como sempre, eu não prestava atenção no que os adultos falavam. Era como se eu tivesse um... bloqueio. E, também, Dominique estava sentada ao meu lado. Por que eu prestaria atenção em outra coisa?

Eu implicava com os mais novos, quando eu senti que Dominique me cutucava. Eu a olhei com a boca cheia de sobremesa.

— O quê?

Ela apontou com a cabeça para a mesa dos adultos. Franzi a testa e tirei o bloqueio dos meus ouvidos. Eram os pais de Dominique que estavam falando agora.

— Todos sabem que eu estava aqui resolvendo algumas coisas...

— Coisas secretas — desdenhou tio George. Acho que ele estava um pouco magoado porque o irmão não quis contar o que era, ou porque um de seus produtos não funcionou para descobrir o que o tio Gui guardava.

— ... e eu finalmente consegui. — Terminou ele.

— O quê? — perguntou tio Ron, curioso.

— Vamos nos mudar para Londres. Consegui um posto em Gringotes, que foi difícil recusar. Nós vamos ficar! — E todos começaram a comemorar.

Olhei para Dominique, um pouco surpreso. Mas sabia que eu tinha algo para quando fosse falar com uma garota: eu trazia sorte. Dominique sorriu, tão radiante, que eu poderia ter caído no chão com tanta beleza.

— Viu? Quando se está comigo, você sempre terá sorte. — Falei, com o peito estufado.

Na hora, Dominique riu e me deu um rápido abraço, mas que foi tão longo para mim. Ela se levantou da cadeira e pulou no colo de Victoire, que estava ao lado de Teddy. A irmã ficou um pouco irritada, mas viu que não era preciso. Victoire morava com os nossos avós, n’A Toca. E agora iria morar com os pais.

Ela não percebeu, porém, meu rosto ainda estava em brasa. Albus até tentou dizer alguma coisa, mas ninguém estava prestando atenção. Nem eu, para falar a verdade.

Mais tarde, quando eu estava sentado na vassoura de brinquedo que meu pai comprara para mim, Dominique apareceu na varanda. Todos estavam espremidos dentro d'A Toca, rindo alto para perceberem que tinha duas crianças do lado de fora. Sozinhos.

Eu não a vi chegando e minha cabeça voava para o abraço que ela me dera. Apenas uma outra garota me deixara arrebatado com um abraço inocente. Mas ela não vem ao caso agora.

— Sirius — não sei por quê, mas gostava quando os outros me chamavam de Sirius. Não que eu não gostasse de James. Ele era o meu avô, afinal.

Eu me virei e quase caí da vassoura, que planava a alguns centímetros, pois Dominique já estava preparada para dormir. Eu nunca tinha visto uma garota de pijama (minha mãe e minha irmã não contavam) e eu fiquei bem impressionado com a visão.

Os cabelos dela estavam soltos e voavam com o vento; a camisola dela era de estrelinhas amarelas e tinha mangas compridas. Ela tinha um chinelo nos pés, enquanto os meus estavam pretos e descalços. Ela estava linda demais.

— Oi, Nique — respondi, guiando a vassoura até ela. Dominique estava um pouco corada e eu estava começando a ficar nervoso.

— Eu não lhe agradeci adequadamente, sabe, por me dar sorte — ela revirou os olhos, com um sorriso no canto dos lábios.

Eu fiz uma mesura para ela, ainda na vassoura. Ela riu mais um pouco e chegou mais perto e eu fingi que não havia visto.

— E como pretende me agradecer, milady? — perguntei, imitando um daqueles filmes trouxas medieval.

Dominique me olhou, hesitando. Mas eu esperei e a espera valeu a pena. Ela encurtou os passos e parou em frente a mim. Engoliu em seco e fechou os olhos, aproximando o rosto do meu. Eu estava suando em bicas, pois ainda não estava preparado para um beijo. Eu a amava, mas não queria um beijo.

Eu fechei os olhos e, dois segundos depois, senti uma pressão leve nos lábios. Ficamos assim por alguns segundos, enquanto eu sentia o gosto de morango de seu brilho labial (ou seria o creme da torta que a vovó fizera?). Dominique, então, se afastou.

Foi rápido e mais doce do que eu esperava. Quando eu abri os olhos, ela me encarava firmemente. Eu sempre a admirei por isso. Quando eu beijei uma outra garota, ela saíra correndo. Mas Dominique ficou.

— Bem... — a cara de peixinho voltou. — Por essa eu não esperava. — Eu dei uma risadinha. Estava afobado. Vidrado.

— E não espere por outra, James — disse ela, daquele jeito especial.

— Não disse que esperava — rebati, mas sem ser arrogante, apenas criança. Dominique assentiu.

— Obrigada — sua voz amenizou um pouco. — Boa noite, James Sirius. — Ela entrou novamente em casa e eu flutuei um pouco mais alto na vassoura. Eu estava nas nuvens.

Realmente, não houve outro beijo e eu também não tentei que ela me desse. Queria ter o meu primeiro amor. E eu achei que tive. Até ver aquela que realmente roubara o meu coração.

Eu realmente estava desesperado por um amor verdadeiro naquela época. Pena que, depois, eu já não sabia mais o que era isso: amar de verdade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem e deixem duas autoras felizes, sim? E.. é isso, não sei o que dizer nessas notas sos ~Lia G.