As Mulheres de James Sirius Potter escrita por Lia Galvão, Miss Stilinski


Capítulo 14
Saphira Hope Malfoy (parte I)


Notas iniciais do capítulo

Não! Isso não é uma alucinação! Tem capítulo novo sim e se reclamar vai ser dividido em duas partes porque o Nyah não deixa com mais de vinte e cinco mil palavras. É, eu espero que o tamanho compense a ausência, deixemos a conversa sobre tamanhos de capítulos lá em baixo ok? BEM, aqui vos fala a sumida Lia Galvão, eu senti tanto a falta de vocês! É bom estar de volta... Não tenho muito o que dizer aqui, Laís já explicou toda a situação no capítulo anterior e, enfim, tentaremos retornar em breve com o próximo. Enquanto ele não vem, aproveitem esse aqui. Antes de liberar vocês para a leitura eu queria dizer o quão feliz estou e fiquei ao ver que tínhamos atingido os 100 acompanhamentos, eu realmente surtei! Muito obrigada a todos vocês que estão acompanhando e lendo e sejam muito bem-vindos todos os 'novatos'. Espero que gostem da história assim como gostamos de escrevê-la. Ok, certo, agora podem ir. ~Lia Galvão



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JULHO DE 2014 - Copa Mundial de Quadribol.

— Rita Skeeter está falando que vocês dois estão se agarrando. — Comentei de braços cruzados e forcei para não rir assim que Teddy se virou, desesperado, dando um soco no nariz de Victoire que cobriu o rosto com as mãos.

— Vic! Eu sinto muito! O que você tá fazendo aqui, seu pestinha?! — Teddy tentava se preocupar com Victoire e brigar comigo ao mesmo tempo, o que foi a gota d'água para que eu caísse na gargalhada.

— Eu tô bem, Teddy. — Vic garantiu com uma voz anasalada e eu ri mais ainda. — Vamos lá, James! O que você quer? — Perguntou voltando com a voz normal ao perceber que seu nariz não sangrava.

— Esperem um minuto. — Pedi ainda rindo. — Ok, ok. — Respirei fundo algumas vezes e evitei encará-los para não voltar a rir. — Eu quero sapos de chocolate. — Disse, enfim, e os ouvi protestando.

— Por que não pede pro seu pai? — Teddy perguntou e eu revirei os olhos.

— Porque ele está ocupado impedindo que Albus caia do camarote e torcendo para a Bulgária. — Expliquei.

— Ok, eu o levo. — Victoire se deu por vencida e caminhou até mim, passando o braço em meu ombro e começando a caminhar comigo para baixo.

— O que você e Teddy estavam fazendo? — Perguntei começando a descer as escadas.

— Eu achei que tinha trazido chocolate o suficiente para a viagem inteira. — Comentou desviando do assunto e eu sorri.

— Também achei, até Hugo descobrir meu esconderijo. — Disse e dei de ombros

— Tem tanta escada aqui. — Protestou após descermos o primeiro lance e eu ri.

— Vamos ser rápidos, então. — Sorri maroto e comecei a correr escadas abaixo.

— James! — A ouvi gritando e em seguida seus passos aumentarem de velocidade. — Você vai cair! — Avisou e eu ri, começando a pular um ou dois degraus.

Ela tinha razão, realmente tinham muitas escadas ali e eu cansei mais ou menos na metade, porém, como Vic estava na minha cola eu não diminui a velocidade.

— Eu... vou... te... esganar. — Disse tentando recuperar o fôlego assim que alcançamos o chão. Eu teria rido, se também não estivesse sem fôlego.

— A pior parte é a subida. — Disse ao normalizar a respiração e ela fez uma careta.

— Vamos logo com isso. — Pediu e eu concordei, começando a caminhar pela multidão até encontrar o quiosque de doces.

— Um sapo de chocolate. — Pedi e virei para o lado com o cenho franzido ao ver que minha voz ganhou um eco feminino.

Uma garotinha branca, de olhos cinzas e cabelos loiros me encarava assim como eu fazia com ela.

— Weasley. — Ergui os olhos e vi que a menina estava acompanhada de um cara quase do tamanho da Vic.

— Greengrass. — Minha prima rebateu com o mesmo tom de nojo na voz e eu voltei a encarar a garota, concluindo quem ela era.

— Potter.

— Malfoy. — Dissemos ao mesmo tempo e trocamos caretas.

— Crianças. — A mulher do quiosque chamou e rosnamos um para o outro antes de virarmos para ela. — Só tem mais um sapo de chocolate. — Informou balançando o doce.

— É meu. — Disse colocando a moeda na bancada e erguendo a mão para pegá-lo. — Eu cheguei primeiro.

— Uma ova! Eu quem cheguei. Além do mais, sou uma garota. —— Disse com nariz empinado também estendendo a mão.

— Rá! Muito engraçada, o doce é meu.

— Coloque-se no seu lugar, Potter. — Mandou e eu ri.

— Já estou voltando para o camarote do ministro. Mas você deveria se colocar no seu, achei que iriam aproveitar a copa para visitarem os amigos da família em Azkaban.

— Idiota!

— Mimada.

— Estúpido.

— Malfoy é ofensa suficiente. — Disse com um dar de ombros e ela gritou. — Você grita como uma garota.

— Eu sou uma garota! — Rebateu.

— Um sapo de chocolate, por favor. — Virei a cabeça bem a tempo de ver um cara pegar o doce e continuar seu caminho.

— Você me fez perder meu doce! — Gritou.

— Você me fez perder o meu. — Retruquei emburrado.

— Pelo menos eu sei quem é meu pai! — Ouvi Victoire gritar e então calei a boca, erguendo os olhos para os mais velhos. — Oh meu Deus, Caleb, eu sinto muito. Eu não…

— Vamos embora, Saphira, vamos achar seu doce em outro lugar. — O tal do Caleb disse, pegando a menina no colo e saindo dali.

— Você é má. — Comentei para Victoire que suspirou.

— Eu não queria... — Desculpou-se e eu revirei os olhos.

— Ele provavelmente mereceu. Agora vamos procurar meu doce. — Mandei começando a andar entre as pessoas, acompanhado por minha prima.

ATUALMENTE

— Isso. É. Tudo. Culpa. Sua. — Reclamou a doninha fêmea pela centésima vez. Eu estava contando.

Eu limpava e aproveitava para paquerar algumas garotas do sexto ano da Corvinal, sentadas à uma das mesas. Depois de dar tchauzinho, olhei para Saphira, suspirando ao ver que, pela centésima vez, teria que dar a mesma informação.

— Não, querida. — Falei com sarcasmo. — A culpa foi sua. Eu mandei você me seguir? — Ela não respondeu, mas eu respondi por ela em seguida. — Não. Eu falei para você ir até à cozinha comigo? Ah, é. Também não. — Eu a olhei, parando para pensar, franzi a testa e depois sorri. — O quê, Malfoy? Está querendo outro beijo caliente?

—- Se você acha que vai me intimidar, está enganado — retrucou Saphira. — E, depois, eu amo Vicent. Você é só um babaca que me embebedou para poder me beijar.

Eu quase larguei o pano no chão ao ouvir aquele tal ultraje. Saphira não havia dito aquilo.

— Não te obriguei a beber, Malfoy. Bebeu porque quis e você sabe que sim. — Segurei o pano entre os dedos, observando-a atentamente.

— Porque você me desafiou e colocou em prova a honra da minha casa!

— Pode ser que sim. — Dei de ombros. — Mas em momento nenhum eu a forcei a dançar e me seduzir. E, depois... — Inclinei-me em sua direção. — Me beijar. — confidenciei.

— Você quem me atacou com essa sua língua gosmenta e nojenta! — Ela arfou, querendo gritar comigo, mas com medo de alguém ouvir. Eu sorri.

— Você pareceu adorá-la, na verdade.

Saphira cruzou os braços, erguendo uma das sobrancelhas benfeitas. Cara... por que a filha de Draco Malfoy conseguia ser tão gata? Espere. O que eu disse?

— Eu não queria beijar você — disse ela. — Preferia beijar um sapo. E se em algum momento eu correspondi, foi por causa do álcool que você me fez tomar. — Respondeu virando-se para guardar o último livro daquela estante.

Dei um sorriso malicioso e fui para perto dela. Eu estava tão perto, que eu via seu peito subir e descer enquanto respirava. Fiquei olhando-a por alguns segundos antes de perceber que ela me encarava e a olhei nos olhos.

— Não foi o que suas mãos em minha calça fizeram parecer. — Sussurrei, para que ninguém ouvisse.

— O que está insinuando, Potter? Que eu queria você? — Saphira deu uma risada. — Nem em sonhos.

Estendi minha mão e peguei uma das mexas de seus cabelos. Saphira deu um tapa estalado em minha mão e me olhou, enfurecida. Eu ri. Provocá-la era ainda melhor do que quando eu fazia com Amber. Eu só não sabia o porquê.

— Ah, Malfoy, por que não admite que me queria antes mesmo de ficar bêbada? Assim, a gente pode pular essa parte e irmos para o que interessa. — Sugeri e Saphira fez algo que eu não esperava. Pediu para que eu chegasse mais perto.

Aproximei-me com um sorriso de triunfo nos lábios, sentindo seu corpo quase tão colado ao meu, que apenas uma pequena brecha de um centímetro nos separava.

— Nunca! — gritou, me assustando e me fazendo derrubar uma quantidade de livros no chão.

— Olha o barulho! — reclamou Madame Pince de algum lugar.

— Desculpe! — pedi. Eu olhei para o nada e depois para Saphira novamente.

— É melhor catar isso. Fui eu quem arrumou essa estante — ela mandou e se afastou para o mais longe possível de mim.

Eu a olhei desaparecer por entre as outras estantes e sorri, balançando a cabeça. Abaixei-me para pegar os livros, pensando em como eu conquistaria aquela cobra. Sabia que cobras não se domesticavam, mas sabia que podiam ser encantadas.

Coloquei os livros em seus devidos lugares, ainda mais determinado do que antes. Eu ia fazê-la gostar de mim e ia provar a mim mesmo que eu detestava as cobras da família dela.

(...)

— Eu estou tentando entender o motivo de você ter tomado banho para ir tirar poeira de livros velhos. — Fred comentou rebatendo uma bola que Edward tinha mandado em sua direção.

— O motivo é simples, meu caro Fred. Ao contrário de você, eu gosto de tomar banho. — Comentei passando a mão no cabelo para tirar o excesso de água.

— Hey! Eu não tenho nada contra banhos. Desde que só aconteçam uma vez por semana.

— Pobre Dominique. — Disse eu com uma careta e ele riu. — Você é nojento. Hey, Finnigan, meu perfume acabou, pode me emprestar o seu?

— O banho eu até entendo, mas perfume? — Edward perguntou, apesar de mexer em suas coisas para pegar o que eu havia pedido.

— Isso se chama detenção com a Saphira Malfoy, meu querido Edward. — Fred respondeu por mim e eu taquei minha toalha em sua cabeça.

— Isso se chama detenção na biblioteca onde ficam um monte de ravinas gostosas. — Rebati indo até Edward e pegando o perfume.

— Aham, tá. E Clarisse não tentou te matar. — Fred disse mandando a bola outra vez na direção de Finnigan, que conseguiu pegá-la com uma agilidade invejável. Ele bem que poderia ser um batedor, mas nunca fez testes.

— Isso já faz uns quatro anos, eu fui o único que superou este acontecimento? — Perguntei devolvendo o frasco para Edward e pegando minha varinha em cima da cama.

— Você entendeu meu ponto, Potter. — Fred afinou a voz ao dizer meu sobrenome e então fingiu jogar os cabelos para trás.

— Continue tentando. Após umas sessões de branqueamento e um aplique loiro platinado você poderá mudar seu nome para Frida Malfoy! — Encorajei, revirando os olhos e caminhando para fora do dormitório.

— James e Saphira, na biblioteca se b-e-i-j…. — Fred começou a cantar, mas eu fechei a porta antes de ele completar a cantoria e comecei a caminhar na direção da biblioteca.

(...)

— Você leva jeito para a coisa, Malfoy. Deveria pensar em uma carreira como elfo doméstica. — Anunciei minha chegada parando ao lado de Saphira e ela me fuzilou com os olhos.

— Achei que não ia chegar. — Foi o que ela respondeu antes de jogar o pano que usava na minha cara e se sentar em uma das estantes. — Sabe, estive pensando… Eu realmente não fiz nada, foi você quem aprontou aquele circo todo. Então, por que mesmo eu estou limpando isso aqui? — Ela não esperou uma resposta. — Isso mesmo, eu também não consegui pensar em uma razão plausível. Então eu continuarei vindo aqui, para que o professor Lupin não ache que eu estou sendo uma rebelde, mas você quem fará o trabalho sujo. — Ela sorriu. — Alguma dúvida?

— Hum.. nenhuma. Mas saiba que o “professor Lupin” deixou Madame Pince nos vigiando. — Sorri e acenei para alguém, quando Saphira se virou viu Madame Pince emburrada e andando, fingindo não ter nos visto. — Então aconselho pegar seu paninho e continuar sendo uma boa elfo. — Sugeri, devolvendo o pano para Saphira e tocando na ponta do seu nariz.

— Eu te odeio, Potter. — Ela rosnou antes de pular da estante em que havia sentado e continuar limpando a prateleira que limpava antes de eu chegar.

Duas horas depois a biblioteca estava quase vazia e só faltava uma estante para o fim da detenção. Saphira estava completamente disposta a fazer sua parte o quanto antes e se esforçava ao máximo para me ignorar.

Passos vieram ecoando da porta da biblioteca até aonde estávamos e Madame Pince apareceu nos observando por cima de seu nariz empinado.

— A biblioteca vai fechar. — Informou passando a encarar as estantes anteriormente limpas.

— Madame Pince. — Chamei assim que Saphira sussurrou um “finalmente” e largou seu pano de lado. — Estive pensando, falta apenas esta estante para terminarmos o castigo. Será que a senhora não poderia nos deixar aqui para finalizar? Prometo que seremos o mais rápido possível e, se quiser, podemos fechar a biblioteca. — Sugeri e ela me olhou por um momento. — Pense que daí você não terá mais que aguentar os gritos de Saphira. — Acrescentei e ela semicerrou os olhos.

— Senhorita Malfoy. — Chamou, passando a atenção por Saphira, que me olhava bufando. — O que a senhorita acha do senhor James Sirius? — Perguntou e eu franzi o cenho.

— O ser mais desprezível da face da Terra. A humanidade seria melhor se… isto, nunca tivesse nascido. — Disse com toda a sinceridade e nojo do seu ser.

— Que adorável! — Conclui sorrindo e mais disposto do que nunca a fazê-la mudar de ideia.

— Acho que podem ficar, então. Mas por garantia, voltarei em uma hora e meia. Se não tiverem acabado terão de terminar amanhã. E eu não quero um livro fora do lugar, entendidos?

— Sim, senhora. — Disse ainda sorrindo e a observei nos analisar friamente antes de virar-se e caminhar para fora da biblioteca.

Malfoy ficou olhando para as costas de Madame Pince. Quando os passos da bibliotecária desapareceram, Saphira largou o pano em cima da estante e começou a se dirigir para a saída.

Estranhei e puxei seu braço. Ela girou e eu consegui segurá-la pelos dois braços. Saphira já estava pronta para atirar pedras em mim, quando eu a interrompi.

— Aonde você pensa que vai? — perguntei, erguendo uma das sobrancelhas.

— Me... — ela disse puxando seu braço para baixo. — Solta! — E me deu um empurrão que me jogou nas estantes. — A Madame Pince não está aqui para nos supervisionar, o que me faz lembrar que eu não preciso estar aqui mais.

— Tão inteligente essa menina... mas seria uma pena se... eu a dedurasse quando a Madame Pince voltar. Até porquê, lembre-se, ela irá. — Provoquei, fazendo uma falsa expressão penalizada.

— Ótimo, então encherei minha noite de infelicidade enquanto te observo sendo um elfo. — Ela disse com um sorriso e eu sorri,

— Ah Saphira... sabe... A biblioteca vazia, nós dois sozinhos. — Me aproximei dela tão depressa que ela se assustou, eu sorri, encostando minha bochecha na dela e sussurrando. — Podemos brincar de coisas melhores aqui do que de sermos elfos.

— James... — Ela sussurrou, espalmando suas mãos em meu tórax... e me empurrando novamente. — Eu não brinco de nada com a ralé. — Disse com desdém e eu ri.

— Deixe-me lembrá-la daquela noite no verão...

— Eu estava bêbada! — Disse rapidamente em sua defesa.

— Você sabe que me queria bem antes disso.

— O único homem que eu quero é meu namorado! — Respondeu, me fazendo gargalhar.

— Eu não sou estúpido, Saphira! Sei que despreza aquele rapaz tanto quanto despreza trouxas!

— Eu não o desprezo! Eu desprezo você! Eu o amo, se não o amasse por que estaria com ele? — Retrucou me olhando furtivamente.

— Porque ele é o único que aceita ser seu fantoche. E porque você nunca achou um homem de verdade, como eu. — Conclui indo até ela e a segurando pela cintura, de maneira que ela não me afastasse tão fácil com mais um empurrão.

— Seu idiota prepotente! Me solta!

— Diga que me quer e eu solto.

— Eu vou gritar. — Avisou. — 1, 2… — Antes de chegar no três, entretanto, juntei meus lábios aos dela.

Ela começou a socar o meu peito, mas eu a segurei pela cintura, prensando-a contra uma das estantes, beijando-a com força. Em certo momento, as mãos dela pararam de me bater e se agarraram em minha blusa, devolvendo o meu beijo.

Então eu pude relaxar e beijá-la normalmente. Meus lábios se encaixavam nos dela, nossas respirações estavam aceleradas. Os lábios dela eram finos, mas conseguiam me provocar de tal forma que me fizera colocá-la em cima da mesa, que ficava embutida em um das estantes, pelos quadris.

O beijo era selvagem, como o primeiro. E, eu não sabia o porquê, era viciante. Não queria parar de beijá-la, não queria deixá-la ir. Saphira envolveu as pernas dela em torno da minha cintura, e eu senti que, cada vez mais, meu amiguinho ficava animado. E, estar entre as pernas dela, não ajudava.

Minhas mãos subiram por suas pernas, indo parar em cada lado de seu quadril, por baixo de sua saia. Àquela altura, eu beijava seu pescoço, dava pequenos chupões — que deixaria pequenas marcas mais tarde — e voltava para sua boca, enquanto Saphira gemia, com os braços em volta do meu pescoço, me deixando ainda mais louco por ela.

Então, resolvi inovar, pegando sua mão e levando até minha ereção. Saphira nem relutou e chegou a acariciar meu membro, fazendo-me gemer de prazer. Mas, quando uma das minhas mãos chegou até sua roupa íntima e acariciou seu clítoris por cima do pano, Saphira jogou a cabeça para trás, como se nunca houvesse sentido algo assim na vida.

Sorri entre o beijo e continuei a carícia, afastando meu rosto de seus lábios para sussurrar em seu ouvido.

— Nunca pensei que Saphira Malfoy aceitaria uma carícia minha... — eu fiz movimentos com os dedos, beijando e mordendo de leve sua bochecha. — E que iria gostar. — Movimentei mais rápido.

Ela exclamou, se inclinando para cima, e eu sorri, beijando a boca dela rapidamente.

— Não... não era nem para eu... me solta, Potter. — Mandou e eu sorri.

— Seus lábios dizem uma coisa, seu corpo pede outra. — Sussurrei em seu ouvido outra vez, mordiscando o lóbulo e fazendo-a gemer, ainda masturbando-a.

— O que eu... Merlin!... eu sou... eu sou virgem! — gritou, chegando ao ápice e fechando os olhos. Eu parei e a olhei, estupefato.

Saphira abriu os olhos e ergueu uma das sobrancelhas. Ao que parecia, eu ainda estava duro, mas surpreso com a revelação. Não que eu a achasse... rodada, entretanto, eu achava que ela já havia feito. Pelo comportamento e o jeito que ela me beijava.

Eu não podia fazer nada com ela. Eu queria, mas não podia. Quero dizer, eu era o pegador da escola, o James Sirius Potter... não podia tirar a virgindade dela se eu não estava apaixonado. Ela tinha que fazer com alguém que gostasse e não com um idiota como eu.

— Por que não me contou antes? — Perguntei e percebi que ela passava a mão pelos cabelos loiros perfeitamente arrumados.

— Porque não era da sua conta. — Respondeu com a voz rouca e olhando para os lados. — Tenha uma péssima noite. — Desejou e sem dizer mais nada começou a andar para longe de mim.

Quando eu deixei de ouvir o baralho de seus sapatos, suspirei e encostei-me à estante, colocando as mãos nos cabelos. Eu não queria ter feito aquilo. Mas, infelizmente, eu não me arrependia.

Abaixei-me para pegar o pano que havia caído e comecei a limpar a última estante que restava.

Quando Madame Pince voltou, eu já havia fechado a biblioteca e a esperava do lado de fora; ela perguntou onde estava Saphira e eu lhe disse que ela havia começado a sentir cólica e foi embora. Madame Pince pareceu acreditar e eu segui para a torre da Grifinória.

Chegar lá foi fácil. Difícil mesmo foi dormir.

(...)

A primeira coisa que imaginei ao entrar na sala precisa foi uma enorme cama. Felizmente Fred estava comigo e pensou no restante, do contrário só teria a cama.

— A Malfoy é boa assim? — Ele perguntou e eu o encarei com minha melhor cara de zumbi antes de ele continuar. — Quero dizer, eu vi que você chegou quase duas horas depois da biblioteca fechar e então você ficou… assim, o dia inteiro. Ou isso ou ela chamou as amiguinhas dela pra festa. — Sugeriu e eu juntei minhas forças para pegar um dos travesseiros e lançar em sua direção, infelizmente, ele desviou.

— Cala a boca. — Sugeri. Mas conhecendo Fred como conhecia, suspeitei que ele não seguiria meu conselho.

— Ah, qual é! Você já manteve segredo uma vez, eu mereço saber ok!

— Ela é virgem. — Resmunguei com o rosto enfiado entre os demais travesseiros.

— A escola toda sabe disso, e?

Virei-me para encará-lo. Fred era um amigo para todas as horas, a não ser, claro, que você esteja com sono. Eu realmente não tinha conseguido pregar o olho a noite inteira, o que significava que tudo o que eu queria era um pouco de paz e descanso, mas Frederic não estava disposto a me dar esse luxo, às vezes ele parecia aquelas tias fofoqueiras mais do que eu. E olhem que eu era bem curioso.

— Como assim a escola toda sabe?

— Não é como se ela não saísse gritando isso aos quatro ventos. Todo mundo sabe que a Saphira é a “santinha” entre as amigas...hum… atiradas, dela. — Disse.

Após a explicação dele, eu consegui ouvir perfeitamente a voz da senhora Ginevra gritando “você não é todo mundo, Sirius!”. Suspirei e passei a mão no rosto.

— Aparentemente eu era o único que não sabia.

— E isso interfere no quê?

— Como assim? Qual é, Fred! Eu não sou o tipo de cara que sai ficando com meninas virgens para ficar uma vez e até nunca mais.

— Não que você tenha se importado com isso quando ficou com a Raven, com a Nova e com a…

— Foi diferente. — O interrompi sentando-me na cama. — Só descobri que elas eram virgens quando já era tarde demais.

— Ainda não entendo.

— Eu não posso ficar com ela, Frederic! — Disse e torci para que o assunto acabasse ali.

— Sei que você é muito nobre e tudo o mais, mas quando você quer uma garota, você nunca ligou para as condições. A não ser que… — Ele parou por um momento, pensativo, e então fez a expressão de quem tinha chegado a uma conclusão brilhante. — Ah! — Assentiu positivamente para si e eu semicerrei os olhos.

— A não ser que o quê, Fred?

— Nada não. Você marcou com os rapazes que horas? — Perguntou olhando para seu relógio de pulso e eu aproveitei a distração para acertá-lo com um travesseiro.

— A não ser que o quê? — Perguntei outra vez.

— Você não vai gostar de saber. — Avisou e eu o encarei, esperando. — A não ser que você goste dela.

Abri a boca para respondê-lo mas no segundo seguinte a sala foi invadida por Ryan e Spencer. Encarei Fred, indicando que aquele assunto ainda não estava terminado e levantei dois dedos para cumprimentar os rapazes antes de me afundar nos travesseiros novamente.

E, mais uma vez, eu não consegui desviar meus pensamentos de Saphira.

(...)

— Ai, meu Merlin! Lily! Me deixa em paz! — ouvi Albus gritar enquanto eu descia as escadas da sala comunal. — Eu não vou sair com a Veronica. Ponto.

— Por que não? — perguntou Lily, com aquela vozinha que eu e Albus nunca resistíamos. Mas Albus continuou firme.

— Porque, provavelmente, ela não é loura e muito menos se chama Mellody. — Respondi pelo meu irmão, entrando no campo de visão dos dois.

— É isso aí... ei, espera! O quê? — O rosto de Albus adquiriu um tom vermelho. Lily olhou de mim para Albus e, por último, deu um sorriso malicioso. — Que sorriso é esse, Luna?

— Nada, não. — E saiu de perto do Sapinho, beijando-me na bochecha ao passar. — Hugo! Eu ganhei! — Gritou e ao virar-me para seguí-la com os olhos vi que Hugo a esperava na porta. Eu ainda não tinha superado aquele lance entre os dois então eu já iria me levantar para ir atrás dos dois quando Lily percebeu o que tinha dito e pegou o primo pelo braço, correndo com ele para fora dali.

Nós a olhamos sumir pelo retrato da Mulher Gorda e, eu suspirei, não estava afim de fazer exercícios então me sentei em frente ao meu irmão, que tinha a cara de que estava ferrado.

— A culpa é da Saphira, aquela louca. — disse Albus, frustrado. Por que ele tinha que falar nela? — Ela disse que eu estava solteiro e...

— Por favor, sapo, não fale da Malfoy perto de mim. — interrompi e Albus me olhou. — Não sei por que raios você fala com ela. O que ela tem? Não aguento mais olhar para aquela cara de doninha dela.

— Nossa, alguém acordou com o pé esquerdo. — comentou meu irmão.

— Ela que me faz... surtar. — Falei, realmente irritado. — Ela consegue me tirar do sério.

Albus ficou me observando por alguns segundos, antes de apoiar os cotovelos na mesa e batucar o tampo com as unhas curtas.

Ninguém entendia que eu tinha que tirar Saphira da minha cabeça. Ela era apenas mais uma em minha lista. Só não entendia por que ela estava em todos os meus pensamentos e não saía de lá.

— O que é?! — exclamei sem paciência ao ver que Albus ainda me encarava.

— O que houve com vocês na detenção? Sabe... Saphira costuma falar bastante, na maioria das vezes sobre as garotas que ela quer pisar, mas, depois da detenção, ela anda distante.

— Problema é dela. — Dei de ombros.

— O que houve... na detenção, James Sirius? — tornou Albus, lentamente.

— Eles se beijaram... pela segunda vez — respondeu Fred, descendo as escadas. Albus recuou e ficou em silêncio, com aqueles imensos olhos verdes arregalados de surpresa. Olhou para o meu primo traidor, que, agora, estava perto de nós.

— Ah. — Ele me olhou outra vez. — Ah! E você está assim por quê...?

— Não sei do que estão falando. — Respondi, cruzando os braços.

— James, eu estou sentindo algo. — E colocou a mão na barriga, fazendo-me o olhar preocupado. — Estou sentindo... espere.... estou sentindo que você gosta da Saphira! — acusou ele e eu me levantei da cadeira, ofendido e irritado.

— Você está louco igual ao seu primo Fred. — falei e saí de perto dele.

— Ei! Estou aqui, ok? — exclamou Fred e eu o ignorei, como estava fazendo com Albus.

— Como se ele não fosse seu primo também. — Albus disse com ironia. — Mas... há quanto tempo você gosta dela?

— Eu não gosto dela! — Resmunguei bufando.

— Você disse o mesmo sobre Teresa. — Ele comentou casualmente e eu poderia matá-lo ali mesmo, mas preferi não o fazer.

Eu andava depressa, tentando fugir do meu irmão, mas ele estava bem atrás de mim. Eu fui para o retrato da Mulher Gorda, bem na hora que Dominique e Lisa entravam, rindo de um Stephen todo sujo de uma gosma verde.

— Que cara é essa, James? — perguntou Dominique.

— Ele gosta da Saphira. — confessou Albus e então colocou o indicador sobre os lábios, como se fosse o maior segredo de todos os tempos.

— Eu. Não. Gosto. Dela. — Retruquei entre os dentes, antes que um deles falasse alguma coisa. — Ele está louco. Por favor, Albus Severus, não me siga. — Saí da sala comunal, indo o mais longe possível da minha família louca.

De jeito nenhum eu gostava de Saphira Malfoy. De jeito nenhum. Entretanto, por que havia uma parte de mim que ainda pensava em seus beijos?

(...)

Como não tinha muita coisa para fazer acabei passando na biblioteca para pegar alguns livros, como eu estava tendo um pouco de dificuldade em Runas aproveitaria para estudar. Acabei indo para os jardins. A chegada do inverno indicava que poucos alunos se aventuravam naquela parte do castelo e era exatamente isso que eu precisava, pouca gente por perto para me atormentar.

A ideia foi executada perfeitamente na primeira meia hora, depois disso eu ouvi três vozes que conhecia mais do que gostaria se aproximando. Ergui os olhos das páginas do livro bem a tempo de ver Freya Zabini, Mellody e Saphira sentarem-se em roda embaixo de uma árvore perto dali.

Suspirei, derrotado, e passei a mão sobre o rosto. Parecia que no único momento em que eu finalmente conseguia tirá-la da minha cabeça ela fazia questão de me lembrar que eu não conseguiria aquilo tão fácil.

— Nós deveríamos comemorar! — Ouvi Mellody dizer empolgada.

— Sim! Isso com certeza merece uma comemoração. Com direito a humilhação publica! — Freya acrescentou e a Wood bateu palmas, aprovando.

— Nada disso. — Saphira disse, desabotoando sua capa e soltando os cabelos, estupidamente eu me lembrei do quão cheirosos eram aqueles fios loiros. — Não é porque eu terminei com ele que vou deixar tratarem-no assim. Concordamos em ser amigos e eu ainda gosto dele como tal. — Disse com um tom que indicava que a conversa terminaria ali.

— Problema é seu. Eu e Freya nunca gostamos e nunca fizemos nada em respeito àquele seu namoro estranho com ele. Agora estamos livres. — Mellody concluiu e em seguida tocou na mão de Freya que aprovou fervorosamente a fala da loira. Saphira suspirou.

— O que Vicent fez para vocês?

— Nasceu. — Zabini respondeu com um falso tom melancólico na voz.

— Então, qual das três? — Assustei-me com a chegada repentina e olhei de cara feia para Kenton, que sorria e enfiava um doce na boca indicando com o queixo o local aonde o trio estava sentado.

— O quê? — Perguntei fornecendo minha atenção para ele, que se acomodou a meu lado e então começou a olhar na direção contrária.

— Esse seu olhar de derrota. De menino apaixonado. É para quem? — Perguntou me encarando por um minuto. — Eu chutaria a Mellody, é ela quem normalmente causa isso nos rapazes, mas você já disse que ela é carta branca no seu baralho. — Ele comentou casualmente. — Então pensei em Freya, mas ela não faz seu tipo, ela é mais o tipo vadia destruidora de lares do que a que te deixa morrendo de amores por ela. — Ele fez uma pausa dramática e então me encarou. — E então sobra a senhorita “já peguei e pegaria de novo”. Está caidinho pela Malfoy não é, Potter?

— Você lembra disso? — Perguntei surpreso com a fala dele. Fred me garantiu que estava todo mundo tão bêbado quanto eu.

— Tenho uma memória boa. — Kenton deu de ombros. — Fiquei sabendo que ela terminou com o namorado. Ryan disse que o gordinho não parecia muito contente e estava resmungando pelos cantos “maldito Potter”. Ele achava que era por causa do seu irmão, já que eles vivem grudados e tudo mais. Mas a cara que você estava a encarando… ah, com certeza Goyle estava te amaldiçoando. — Concluiu e eu voltei a atenção para o livro.

— Não sei do que está falando. — Disse somente e pude perceber que ele ria.

— Ainda está em fase de negação. Compreensível, James. Mas uma hora você vai ter que aceitar isso. — Ele disse se levantando. — Boa tarde. — Desejou antes de sair e eu bufei, virando com raiva uma das páginas do livro.

Eu não estava apaixonado por Saphira Malfoy e não ficaria tão cedo. Preferia a tortura a ter que me envolver com gente da família dela. Eu não me permitiria gostar de Saphira.

Mas, quando ela riu, me peguei a encarando outra vez.

Eu havia chegado a seguinte conclusão: eu realmente não gostava de Saphira e jamais gostaria. O ponto era que ela era a única garota da escola que eu queria, mas não podia ter. E não era fácil como as outras, na verdade eu já tinha conseguido atrair Saphira uma vez, o problema era outro. Eu apenas não podia fazer isso com ela. E não era porque eu gostasse dela, era porque eu não era um babaca.

Como ela era a única garota que eu quis, mas não tive, o universo parecia fazer questão de me lembrar disso toda hora. E era por isso que eu não conseguia tirar ela da cabeça. Não porque eu gostasse dela — eu não gostava da Malfoy — mas porque eu não podia tê-la e eu não estava acostumado com essa impotência.

Depois daquele dia, eu comecei a evitar todos os lugares em que Saphira frequentava, se eu não a visse e me mantesse ocupado eu superaria isso em breve e logo sairia atrás de alguma outra garota igualmente difícil para tirá-la da minha mente.

Acontece que ninguém dava créditos para minha teoria, que era a mais pura verdade e, em poucos dias, eu comecei a evitar todo mundo a minha volta.

As piadinhas de Fred já não surtiam efeito e eu fazia as minhas refeições na cozinha, com os elfos. Passei a estudar mais do que o costume e treinar o meu time com mais afinco. Tudo para que eu não pensasse em Saphira, ou a visse. E, para mim, aquilo estava funcionando perfeitamente.

Entretanto, meu plano foi por água abaixo quando eu a vi beijando Benjamin Nott. Ok, deixa eu dizer desde o começo o que aconteceu para eu ver essa cena desagradável.

Como já dito anteriormente eu estava fazendo de tudo para evitar qualquer um a minha volta, então o corredor do terceiro andar havia se tornado o meu preferido para caminhadas à tarde. Na época de escola do meu pai, o terceiro andar era proibido. E nada mudou, a não ser que todos usavam aquele andar para dar uns amassos. (Eu mesmo já havia usado aquele andar para ficar com umas garotas.)

Então lá estava eu, caminhando despreocupado e tentando pensar em novas táticas para o time quando eu ouvi respirações aceleradas e eu fui averiguar o que era, até porque eu ainda era curioso. Quando eu vi, desejei nunca ter estado ali. Uma dor que eu só havia sentido duas vezes na vida me deixou momentaneamente sem reação e com alguma coisa muito incômoda na garganta.

Encostada na parede e com as mãos dele puxando a camisa para fora da saia do uniforme, Saphira se agarrava com Benjamin Nott e fazia com que um enjoo brotasse em meu estômago.

Assim que consegui me recuperar da cena — o que foi exatamente na hora que Nott colocou as mãos para dentro da blusa dela — eu pigarreei. Os dois pararam de se agarrar e me encararam. Eu olhei bem para Saphira, cuja expressão era difícil de interpretar. Depois, com o maior desprezo e raiva, eu olhei para Nott, e então balancei a cabeça.

— Para uma virgem, você não parece se importar muito com quem fica passando a mão em você, Malfoy. — Disse e a expressão de Saphira quase me fez arrepender da fala, mas eu estava muito irritado com aquela maldita dor que eu tentava ignorar.

Forneci a ela um sorriso irônico e então virei-me e saí de lá. Assim que encontrei outro corredor vazio, gritei de frustração. Eu sabia o que aquela maldita dor significava e eu não queria sentir aquilo. Eu não podia e eu não me permitiria. Encarei uma armadura e consegui visualizar a cara de Benjamin, então a chutei, mas me arrependi disso no mesmo momento em que meu pé começou a latejar.

— O que foi que a estátua te fez? — Ouvi uma voz conhecida vinda de dentro da armadura que eu chutara, enquanto agarrava meu pé e olhei em volta. — Aqui! — Ela disse enfiando os dedos pelos buracos do capacete da armadura e depois tirando-o de sua cabeça.

— Luna! — Exclamei quando ela se revelou e me sentei no chão porque meu pé estava doendo e muito. — O que você está fazendo aqui?

— Eu estava dormindo, até você chegar gritando e chutando tudo. — Disse com um dar de ombros e eu balancei a cabeça, sorrindo.

Eu não havia percebido que sentia falta de conversar com ela até que ela se despiu da armadura e se sentou ao meu lado.

— Hey, sumido. — Ela deu um sorriso e tentei retribuir.

— Oi, Luna. — Respondi e ela me analisou por um minuto, odiava quando Luna me analisava.

— Por que está tão bravo? — Perguntou puxando meus sapatos e fazendo uma careta, como se eu tivesse chulé. Não tive como não rir.

— Não é nada demais. — Disse dando de ombros e tirando a meia. Minha vez de fazer uma careta, mas porque meus dedos estavam um pouco tortos.

— Sir Lancelot discordaria disso. — Ela disse indicando a estátua e enquanto eu a olhava a loirinha sacou a varinha e a apontou para meu pé. — Episkey.

— Luna… o quê? Aai! — Gritei e mordi até meu queixo para tentar abafar o som. — O que foi isso? — Perguntei indignado depois que a dor passou.

— Minha madrinha me ensinou esse feitiço. Para consertar ossos quebrados. Acho que você só deslocou os dedos, mas olhe, excepcionalmente comum. — Ela afirmou apontando para meu pé. Ele realmente tinha voltado ao normal e parara de doer.

— Obrigado, Luna. — Disse sincero.

— Não foi nada. — Ela sorriu e por um minuto ninguém falou nada. — Sabe... eu ouvi os boatos sobre você gostar da Saphira Malfoy...

— É claro que você ouviu. — Disse emburrado.

— Relaxe, Fred, Albus e Kenton não disseram para ninguém.

— Eu não gosto dela, Luna. — falei pela centésima vez.

— Mas não é o que seus olhos dizem, bobinho. — Rebateu ela, dando um sorriso. — Esse brilho tristonho e sonhador, eu só vi apenas uma vez: quando você descobriu que amava Teresa. E, quando ela te correspondeu, você era a pessoa mais feliz desse castelo.

Eu continuei em silêncio. Fazia realmente um tempo em que eu não pensava em Teresa. Às vezes, eu gostaria que Teresa fosse a certa; ela combinava comigo, ela era como eu. Mas ela foi embora. E eu fiquei.

— Aposto que o ataque de fúria foi porque você a viu com o Benjamin. — Arriscou ela e eu a encarei, surpreso. — Eles passaram por aqui. — Ela deu de ombros, continuei calado.

Luna continuou:

— James, você já se envolveu com a Amber, o quão pior Saphira pode ser? — Eu ergui uma das sobrancelhas para ela. — Não sou fã da Saphira e suas amigas, é verdade. Mas Amber era pior. — Eu consegui dar uma risada. — Você precisar admitir, James. Fale. Diga o que sente. Sou só eu, a Luna.

Eu não sei o que deu em mim que, finalmente, eu coloquei tudo para fora. Lembrando-me no dia em que eu disse que poderia me arrepender se não ficasse com Teresa. Ainda doía, mas nem tanto quanto foi no sexto ano. Eu não sabia o que Luna tinha, mas eu me senti seguro para dizer o que disse, por mais que eu mesmo não aceitasse aquilo muito bem.

— Eu... eu... — engoli em seco. — Eu gosto da Saphira. Quero vê-la toda hora, por isso evito estar nos mesmos lugares em que ela possa estar. Eu penso nela toda hora e não é só porque eu não consegui ficar com ela, é porque uma parte de mim gosta dela. — Fiz uma pausa. — Ela é Saphira Malfoy. Ela nasceu para me odiar. E era para supor que eu a odiasse também. E eu a odeio, para dizer a verdade. Eu a odeio porque ela me faz gostar dela. Eu a odeio porque ela não sente a mesma coisa. Não quero me magoar de novo, Luna. Não posso fazer isso. E eu não posso gostar de Saphira Malfoy. — Desabafei e senti aquele incômodo na garganta se aliviar um pouco. Eu odiava gostar.

Luna estendeu a mão e pegou a minha. Sua expressão era suave e compreensiva. Percebi que queria levá-la como minha melhor amiga para sempre.

— Você tem que entender que não é porque deu errado uma ou duas vezes que você tem que se fechar para o amor, James. Amar é isso, é quebrar a cara algumas vezes até encontrar a pessoa certa. Se você não deixar seu orgulho de lado, nunca saberá quem pode estar destinado a ser o amor da sua vida. E, eu sei, ainda tem um garotinho dentro de você que espera encontrar o amor verdadeiro. — Ela deu um sorriso encorajador. — Então se arrisque, o pior que pode acontecer é Saphira sentir o mesmo que você e vocês ficarem juntos. Como eu disse antes, não sou fã dela. E se não for bem assim, bem, você é James Sirius Potter, vai ficar bem. Você sempre fica. — Disse dando tapas solidários sobre a minha mão. — Além do quê, você não lê romances, James? Casais que não devem ficar juntos sempre estão predestinados a isso. É Romeo e Julieta, você participou desta peça, James, mas agora a Julieta é de verdade. Uma antiga rixa de famílias que será quebrada pelo amor verdadeiro entre dois jovens. — Disse com um tom sonhador.

— Ninguém vai morrer aqui. — Disse e ela riu.

— Claro que não, bobinho. Estamos no século XXI. — Balançou a cabeça e revirou os olhos indicando que eu era um bobão. — Mas então… — Luna ergueu uma das sobrancelhas. — O que vai fazer? Se esconder? Ou vai ser o James Sirius Potter que nunca desiste?

Eu a observei por muito tempo, pensando no que ela dissera. Quando eu descobri que amava Teresa, eu havia, de fato, ido atrás dela. Eu fui tudo o que eu sempre fora: eu mesmo.

Dei um sorriso para Luna e apertei sua mão com força.

— Obrigado, Luna. De verdade. — Agradeci e Luna ficou vermelha.

— Anos de prática. — Ela deu de ombros.

— Vendo os filmes e desenhos da Disney. — eu ri e ela me acompanhou.

— Sempre consigo tirar lições valiosas com a Disney. Achei que tinha aprendido isso — Luna sorria. — Agora vá atrás de quem você gosta. Não é possível que eu sempre terei que esfregar isso na sua cara?!

— Obrigado, Luna, mais uma vez. — Calcei meus sapatos de volta e segurei Luna pelas bochechas, dando eu beijo na testa dela, me levantando logo em seguida. — Eu amo você.

— Também amo você, bobinho. — Ela disse rindo e mandando um beijo no ar.

Então eu deixei o corredor quase correndo, já traçando um plano. Eu falaria o que eu tinha de falar para a doninha fêmea. Se ela não sentisse da mesma forma que eu, bem, eu ia ter meu coração quebrado mais uma vez desde Ruby Chang. E sofrer mais um pouco. Mas, como Luna dissera, eu era James Sirius Potter e ia ficar bem.

(...)

Então tudo bem, era isso. Eu gostava de Saphira Malfoy. Agora eu só precisava dar um jeito de contar isso para ela, já que depois do que eu disse ela nunca mais olharia na minha cara.

Era sábado e todos aproveitavam para passear nos jardins enquanto esperavam para ir à Hogsmead. Estava apenas eu, quando eu ouvi passos. Pensava que estivesse sozinho, mas quando me virei, vi leãozinho descendo as escadas, ajeitando a toca na cabeça. Assim que ela me viu, quase caiu.

— Se assustou com tanta beleza? — Perguntei e ela se recompôs.

— Sai para lá, assombração. — Ela fez um gesto com os dedos e eu ergui uma das sobrancelhas. — O que tá fazendo aqui?

— Pensando, mas parece que você me interrompeu. — Revirei os olhos.

— Ah. Ainda bem que eu tenho mais coisas úteis para fazer, então. — Deu de ombros e foi em direção para o retrato da Mulher Gorda.

Eu a olhei e eu sabia que ia me arrepender, mas a chamei de volta. Lisa me olhou, erguendo uma das sobrancelhas.

— O que é?

— Sabe, geralmente, eu perguntaria isso para Dominique ou para Luna, mas, como pode ver, só tem você aqui. — Disse e ela fez um gesto impaciente para que eu continuasse.

— Fale logo, Potter. Tenho que me encontrar com Stephen. Desembuche.

— Er... — cocei a nuca. — Como eu faço para que uma garota veja que eu me importo com ela?

Lisa me encarou por alguns segundos, longos demais. Depois, enfiou as mãos nos bolsos e se aproximou.

— Pensei que fosse expert em relacionamentos. — Ela zombou. — Ok, ok... Enfim... às vezes, quando gostamos de alguém... tem coisas que marcam vocês dois. Como alguma coisa do passado, que só vocês dois vivenciaram. — Lisa pensou. — Quando Stephen percebeu que gostava de mim, ele me comprou o meu sorvete favorito, que ele derrubou na nossa primeira visita a Hogsmead. Isso me mostrou que ele prestava atenção em mim. — Ela sorriu, como se estivesse lembrando-se do dia. Depois, voltou a me olhar, com aquela expressão de desdém. — Deve ter alguma coisa que você e a Malfoy compartilharam. Sempre tem. — Lisa fez uma pausa. — Agora, se me der licença, tenho alguém esperando por mim.

Ela se afastou e quando estava prestes a sair, eu a chamei mais uma vez. Lisa se virou, irritada.

— Pode pedir para Mini comprar uma coisa para mim?

— Sério mesmo? O que acha que eu sou, James? Não tenho cara de coruja, tenho? — Lisa perguntou com aquele temperamento dela.

— Por favor. — Implorei, juntando os braços em prece. — Eu... vou ficar lhe devendo um favor. Por favor!

Lisa ponderou por alguns segundos e suspirou, ainda irritada.

— Irei cobrar. — afirmou ela e eu assenti. — O que é?

— Um sapo de chocolate. — Respondi, fazendo Lisa concordar com uma revirada de olhos.

— Posso ir agora? Ou você tem alguma coisa para falar?

— Na verdade, tem. — Respondi e ela resmungou em voz alta.

— E o que seria, James Potter? Que saco.

— Obrigado. — falei e ela me encarou.

— Ah, pelo amor de Deus!, eu mereço. — Lisa exclamou indo novamente até o quadro. — Mas James… — Foi a vez dela de me chamar e eu a encarei. — Uma Malfoy? Que decepção. — Ela disse e eu pensei em argumentos de defesa, mas ao ver que ela sorria, mostrei a língua. Lisa revirou os olhos e fechou o retrato, fazendo-me rir.

(...)

Quando Dominique chegou com o meu sapo de chocolate, perguntou o que eu faria. Eu disse que fazia tudo parte de um plano. Dominique ergueu uma das sobrancelhas, mas não falou mais nada.

Eu não podia fazer nada aquela hora da noite. Meu plano seria posto de manhã, já que Saphira e as seguidoras dela adoravam ir para os jardins naquela hora. Eu estava ansioso. Fui dormir, pensando em Saphira.

Quando eu acordei, tomei um banho e fiquei apresentável. Eu precisava tirar tudo o que tinha preso em meu coração. E eu era James Sirius Potter; se Saphira não me quisesse, eu a faria querer. Peguei o sapo de chocolate e desci para a sala comunal, ignorando as perguntas de Fred.

Eu sabia por quais corredores aquelas três passavam. No penúltimo corredor que dava para os jardins, eu parei. Por estar ansioso, eu não havia tomado café. Mas o sapo estava bem seguro em minhas mãos. Eu o olhava, quando ouvi a voz de Mellody se propagar pelo corredor. Ela... ela falava do meu irmão. Isso seria interessante.

— Eu vejo como ele me olha, mas ele é tão... lerdo. E isso me irrita. Eu não sou obrigada a ir atrás de... — ela parou ao me ver ali, parado.

Não havia mais ninguém ali. A maioria ainda tomava café no Salão Principal e elas eram as únicas fazendo barulho.

— Ora, ora, Wood. Não pare por minha causa. — Eu dei um sorriso malicioso.

— Cale a boca, Potter. — Mellody puxou Freya e Saphira para longe de mim. Mas eu não podia deixar que Malfoy saísse da minha vista.

— Se eu fosse você, iria atrás do meu irmão. — Comentei. — Ele pode até ser lerdo mas está pensando seriamente em sair com a Veronica. Você não facilita e nem demonstra nada... — Era mentira, mas aqueles dois precisavam se resolver. E, pelo o que eu vi, eu havia acertado na mosca. — Não me olhe assim, foi Saphira quem disse que ele estava solteiro.

— Hope! — exclamou Mellody e Saphira deu de ombros. Ah, Saphira estava aprontando algo. — Argh! Venha, Freya, vamos consertar isso. Você também vem, Saphira.

— Ah, acho que isso não será possível. — falei, fazendo cara de pena. — Ela esqueceu algo comigo na detenção. Podem indo na frente. Não matarei sua amiguinha, pode deixar.

— Eu não esqueci nada com você, Potter. — disse Saphira, indo atrás das amigas, mas eu segurei seu braço.

— Você vai me escutar. — Mandei e ela ergueu uma das sobrancelhas, gargalhando logo em seguida. — Se não quiserem que eu me meta na vida de vocês, sugiro que saiam daqui agora. — Dirigi-me para Freya e Mellody. — E sei que vocês sabem que, uma vez que eu coloco algo na cabeça, ninguém me impede.

— Ah, James. Suas ameaçam não nos atingem, sabe que podemos ser piores do que você. Tenha em mente que eu só vou sair porque tenho que transformar a vida de uma certa grifana em um inferno. — Ela me forneceu um de seus sorrisos venenosos e então fez o caminho de volta.

— Eu adoraria ficar e ver isso, mas gosto mais de sangue. — Freya comentou e então seguiu a outra loira.

— O que você quer, Potter? — perguntou Saphira, nem um pouco disposta a me ouvir.

Eu suspirei. A hora era aquela.

— Antes de tudo, eu sinto muito por ter falado com você daquele jeito outro dia. Eu não sei o que deu em mim… — Pedi e ela cruzou os braços, me encarando impaciente. — Você me irrita. — Disse e ela ergueu uma das sobrancelhas.

— Se você me fez ficar aqui para me dizer...

— Calada! Não terminei. — fiz uma pausa. — Você me irrita. Você é mimada, você é nojenta e se acha melhor do que as outras pessoas. Ah, Merlin, como isso me irrita! Você tem tudo o que eu não procuro em uma garota.

Saphira me encarava enquanto eu andava de um lado para o outro.

— Mas, então, a gente se beijou. — Continuei. — E algo mudou. Mudou quando nós nos beijamos pela segunda vez e eu descobri que você é virgem. Até então, eu só a queria na minha lista. Mas você não merecia aquilo. Você merece perder sua virgindade com alguém que goste, por isso, eu sumi da sua vista. — Saphira cruzou os braços, aparentemente sem nada a dizer. — Só que eu não parava de pensar em você. Parecia que, quanto mais eu me afastava, mais você me perseguia. Então, eu passei a odiá-la. Eu odiava que você ficasse invadindo meus pensamentos todos os dias. Na verdade eu te odeio e eu te odeio porque… — Parei de falar, porque eu não conseguia falar aquilo? Droga!

— Ótimo, é recíproco. — Ela disse com desdém. Eu a olhei. Bem, acho que era aquilo: ela não sentia a mesma coisa, na verdade ela me odiava. Senti meu coração afundar mais ainda. Parecia que eu estava vivendo outra vez o caso de Ruby Chang.

— Sinto muito ter tomado seu tempo. — Disse tentando me recuperar e então estendi o sapo em sua direção. — E sinto muito por você ter perdido aquele sapo na copa de quadribol.

Suspirei e me afastei dela. Quando eu estava prestes a virar o corredor, eu ouvi passos apressados, como se estivessem correndo, e me virei. O que vi, foi Saphira correndo em minha direção. Quando chegou perto de mim, ela me fez encará-la nos olhos.

— Diga. — Ordenou e eu a olhei sem entender. — Diga, James! Três palavras, sete letras, diga e eu sou sua. — Pediu e então eu entendi.

Se eu falasse aquilo que ela estava pedindo não teria mais volta, eu estaria assumindo para o mundo e para mim mesmo aquilo.

— Eu te amo, Saphira Malfoy. — Que mal havia, afinal?

Ela sorriu e pulou em meu colo. Eu a segurei surpreso, mas precisei apenas de um segundo para devolver o beijo e segurá-la com firmeza. Eu sorri, não esperando por aquilo. E, pela primeira vez, Saphira também sorriu enquanto me beijava.

(...)

Luna tinha razão. Quando eu descobri que Teresa me amava eu era a pessoa mais feliz do castelo. Mas quem olhasse para mim naquele momento me daria o título de pessoa mais feliz do Reino Unido, ou então, do mundo.

Era estranho. Saphira e eu estávamos destinados a sermos inimigos. Todas as vezes que esbarrei com ela pelos corredores terminaram em brigas ou bate-bocas. Nunca tive nenhum tipo de interesse amoroso nela até ficarmos. No entanto, lá estava eu, sentado embaixo de uma árvore nos jardins, com Saphira segura entre meus braços para aquecê-la. O mais estranho de tudo? Eu tinha certeza, com todo o meu ser, que a amava. E esse amor inexplicável quase chegava a me assustar.

— E... Eu tenho medo de ser irrelevante sabe? Ninguém se lembrar de mim. — Saphira continuou. Estávamos fazendo uma espécie de jogo no qual tínhamos que falar coisas que não sabíamos um sobre o outro.

— Esse é ... o medo mais ridículo que eu já ouvi. — Disse sincero e ela me olhou, irritada.

— Ah! Tá bom então senhor patrono de pavão. — Zombou.

— Hey! O pavão é um animal muito bonito, ok? — Defendi-me e ela desdenhou. — Mas como eu estava dizendo... — Disse voltando ao assunto inicial. — Esse é o medo mais estupido que já ouvi Saphira, porque é impossível alguém não se lembrar de você. É uma coisa que nem mesmo se a pessoa tentar, ela consegue. — Disse sincero e ela virou-se para me encarar.

— James... — Ela suspirou e então juntou seus lábios aos meus.

— Mellody Wood, coloca ela no chão agora! — Ouvi a voz do meu irmão e Saphira e eu nos viramos para ver o que acontecia.

— O que foi, Severus? Não quer que a sua namoradinha se machuque? — Mellody gritou de volta.

A cena era a seguinte: Veronica Harper se contorcia e se debatia no ar enquanto Mellody apontava a varinha para ela. Albus vinha num misto de desespero e raiva enquanto Freya parecia assistir seu desenho animado favorito.

— Pela trigésima vez, ela não é minha namorada!

— Você acha que eu sou estúpida ou o quê ?

— Saphira! — Freya gritou ao nos ver, horrorizada com o quê via. — Você passa de Vicent Goyle para James Potter? Cadê seu bom gosto?! — Perguntou desacreditada.

O pequeno surto de Freya fez com que Albus e Mellody encerrassem a discussão para nos ver. Meu irmão ficou boquiaberto e Mellody ficara tão surpresa que a varinha caiu de sua mão, ao mesmo tempo em que Veronica caía no lago.

— Mellody! — Saphira gritou pra ela que então viu o que tinha acontecido e fez uma expressão de "ops!"

Freya comemorou o acontecido e Albus se recuperou do susto para ir ao resgate da garota Harper.

— Isso mesmo! Salve sua namoradinha! — Mellody desdenhou. — Desde quando vocês tão juntos? — Ela perguntou nos encarando.

— Trinta minutos? — Arrisquei e Saphira concordou.

— Você passou dos limites, Mellody! — Albus gritou, tirando sua capa e colocando em Veronica.

— Você é um idiota, Potter! — Ela berrou em resposta lançando a própria varinha na direção dele, acertando-o na cabeça.

— Louca, igual sua irmã!

— Eu vou matar você!

— Então tente! — Rebateu Albus e Mellody deu um passo para frente.

— Certo, eu adoraria ver isso, mas você precisa se acalmar. — Freya disse tentando acalmar a amiga enquanto Albus ia de volta para o castelo com Veronica, ignorando a ameaça de Mellody.

— A gente era assim? — Saphira perguntou, ainda observando a cena e eu dei de ombros.

— Talvez. Mas deixe eles se resolverem sozinhos, agora eu tenho coisas mais importantes pra fazer. — Disse voltando a encará-la e ela sorriu, beijando-me.

(...)

No dia seguinte a escola toda já sabia da novidade: James Sirius Potter e Saphira Malfoy estavam juntos. O surpreendente da coisa toda era que ninguém parecia muito surpreso com aquilo. Na verdade, grande maioria quando nos via caminhando de mãos dadas pelos corredores nos encarava com certo ar de “finalmente” e eu não podia deixar de pensar no que Luna falara sobre casais que tendem a ser inimigos estarem predestinados a ficar juntos.

Foi quando eu estava deixando uma aula de História da Magia que fui interceptado por uma certa lufana que tinha um novo penteado que eu achei muito divertido.

— Me ajude a entender sua lógica porque, sério, eu já tentei e não consegui. — Maya começou e então liberou o caminho, passando a andar do meu lado. — Você pega Scorpius de porrada umas... duas vezes? — Arriscou e eu assenti. — Grita para os quatro ventos que odeia a família Malfoy, em todas as suas gerações e então começa a sair com a princesa deles? — Concluiu confusa e eu ri.

— Acreditaria em mim se eu dissesse que também não sei explicar isso?

— Sabe de uma coisa? Eu saquei qual é a sua. — Disse parando na porta de uma sala e eu parei para ouvi-la. — Você gosta desta coisa de amores impossíveis. Primeiro Ruby, anos mais velha, se ela tivesse ficado contigo, em dois anos ela seria considerada praticamente uma criminosa. Então Teresa, estrangeira com passagem de volta já marcada. E então Saphira, filha do inimigo de escola de seu pai. — Ela pensou enquanto me encarava. — Não é o amor que é uma droga, James, é você quem é auto-destrutivo. — Concluiu e eu a encarei por alguns segundos, absorvendo o que ela dissera.

— Obrigado por isso, Maya! Também estou muito feliz por saber do seu namoro com o George. — Foi o que eu consegui dizer em resposta e ela riu.

— Não foi o que eu quis dizer. Só quis te fazer refletir antes de você voltar a culpar o mundo por suas escolhas, caso algo dê errado. Mas dê um jeito de fazer isso durar, esse é o menos impossível amor que você arrumou. — Terminou e eu concordei com a cabeça. — Boa tarde, é sempre bom te ver. — Disse jogando um beijo no ar e entrando na sala.

— Igualmente. — Resmunguei de volta e voltei meu caminho.

Apesar do que Maya dissera inicialmente ter me afetado um pouco, eu seguiria seu último conselho e faria aquilo dar certo. Uma rixa antiga entre meu pai e o pai de Saphira não iria abalar nosso relacionamento.

Parecia que, quanto mais eu transparecia estar tremendamente feliz, mais pessoas apareciam do nada para me criticar ou dizer que eu era hipócrita, ou para me irritar mesmo. Não eram todos, mas alguns conseguiam me tirar do sério.

Rose e Scorpius eram dois desses "alguns". O primeiro que veio falar comigo, foi o doninha júnior, Scorpius. Ele me pegou saindo do vestiário, depois de um longo treino de quadribol.

Todos já tinham ido embora, mas eu permaneci para fazer algumas alterações nas táticas de jogo, estava concentrado quando ele chegou então apenas dei conta de sua presença quando ele se pronunciou.

— Fica longe da Saphira. — Ele mandou e eu me virei para encará-lo.

— O que foi, cunhado? — dei um sorrisinho provocador.

— Fique longe da minha irmãzinha. — ameaçou ele e eu ri.

— Ná.. eu to legal pertinho dela. — Dei de ombros, ainda com um sorriso nos lábios.

— Ah, por favor, Potter. Não finja que gosta da minha família.

— Nunca disse que gosto da sua família, gosto de Saphira, é diferente. — Retruquei e ele bufou.

— Assim? De repente? Vocês estavam se matando semana passada naquela detenção, espera mesmo que eu acredite? — Indagou ele.

— Não foi de repente, Malfoy. — respondi, cansado. — E eu não espero que acredite em nada. Você me vê dando pitaco em sua vida com Rose?

— Mas já quis nos impedir.

— Você queria o quê? Que eu aceitasse numa boa? Depois de tudo que fizeram? — perguntei, começando a me irritar de verdade.

— Ainda com isso, Potter? Não vai esquecer? — ele ergueu uma das sobrancelhas.

— Você esqueceu? — Perguntei em resposta e ele ficou em silêncio. — Acha que ela esqueceu?

— Eu não vim aqui tratar dos meus erros no passado e sim impedir que minha irmã seja mais uma de suas conquistas. — Ele desviou de assunto e eu contei mentalmente até dez.

— Ela não será, mas eu ficarei com ela mesmo assim, Malfoy, você não vai conseguir nos separar. E sabe de uma coisa? Acho melhor ficar na sua antes que eu resolva interferir em seu namoro também...

Eu lhe dei as costas para sair dali, mas, antes de seguir em frente, eu me virei para encará-lo.

— Eu amo Saphira. De verdade. Acho que é melhor lidar com isso. Tenha uma boa tarde, cunhado. — E voltei a caminhar para longe dele.

Então, no mesmo dia, quando eu voltava do jantar, depois de acompanhar Saphira até a sala comunal da Sonserina, eu vi Rose sentada no sofá em frente a lareira. Dominique, Fred e Stephen estavam sentados à um canto, rindo e conversando. Eu ia me juntar à eles, quando Rose me chamou.

Dei meia volta e parei a sua frente, sorrindo.

— Ei, Rosinha. — cumprimentei, mas sua expressão me fez recuar. — O que houve? Está tudo bem?

— Sabe o que eu não entendo? — ela perguntou e eu a observei, sem entender mais do que ela.

— O quê? — inclinei a cabeça.

— Você. — Respondeu e eu ri.

— Ora, não seria a primeira. Às vezes até eu não me entendo. — Eu dei outra risada, entretanto, ela não me acompanhou. — Tá legal... agora quem não está entendendo sou eu.

Rose se levantou e eu percebi que o clima na sala comunal ficou pesado. Eu já sabia que havia gente observando. Parecia que havia pessoas que vivia para presenciar brigas e barracos.

— Você é hipócrita. — Acusou ela, vermelha, e eu a olhei, realmente ofendido.

— Posso saber o porquê de estar sendo acusado injustamente? — ergui uma das sobrancelhas.

— Você diz que odeia os Malfoy e agora aparece de mãos dadas, beijando em plenos corredores, uma?! — Rose exclamou e eu continuei a olhá-la. — Por que você me crucificou?

Eu fechei os olhos, apertando a ponta do nariz, irritado e cansado de baterem na mesma tecla. Eu não gostava do namoro dela com Scorpius, era verdade. Mas eu havia deixado para lá quando ela, Dominique e Lisa pareciam ter se entendido.

— Sério mesmo que eu preciso ficar lembrando você e o seu namoradinho o por quê? — perguntei em resposta, fazendo-a recuar.

— Certo, ok. Aí você tem o seu ponto. Mas você não é menos hipócrita por isso. Se lembra nas férias? Quando ficou histérico ao ver que Albus tinha levado Saphira em casa? Pois então! O quê mudou? — Acusou, quase aos berros.

— Tudo! — Devolvi na mesma entonação e respirei fundo. — Olha... você é minha priminha, minha rosa, mas isso o que você está fazendo... não tem necessidade. Eu fiquei disposto a deixar o erro de vocês dois no passado. E eu deixei, até que ambos vieram me coagir. Eu preciso gritar aos quatros ventos, que eu AMO a Saphira?

— Ela é uma Malfoy... isso não basta?

— Eu nunca falei que tinha algo contra os Malfoy. Eu tenho contra o Scorpius. — Expliquei e ela riu.

— Você mudou sua cabeça da noite para o dia James. E sim, Scorpius errou sim! Mas durante todo o tempo você creditou parte da culpa a Saphira. Você pode se convencer de que não, mas eu sei que sim. E isso que você está fazendo? É hipocrisia. — Ela pontuou e finalizou a discussão ali, virando-se e sumindo pelo buraco que levava aos dormitórios femininos.

Suspirei e me virei para o pessoal que havia se reunido para assistir.

— Se mais alguém vier falar "Ela é uma Malfoy..." vai parar na enfermaria. Levarei uma detenção por isso, mas ninguém vai abrir o bico para falar do meu namoro com Saphira. — Eu avisei, me dirigindo às escadas para o dormitório masculino. — Estejam informados. Boa noite.

(...)

Saphira suspirou.

Estávamos na torre de astronomia já há um tempo. Inicialmente subimos lá para ver o pôr-do-sol, mas depois que o astro se foi continuamos por lá, conversando. Aproveitei para colocá-la a par das constantes críticas que estava recebendo por estar com ela. Se o suspiro fosse indício de algo, ela entendia.

— Bem, pelo menos Fred e Dominique não falaram nada. — Ela disse tentando ser positiva.

— Ainda. — Fiz questão de acrescentar.

— Mellody está insana, não aprova de jeito nenhum. Ela não é muito sua fã, sabe? Por causa daquela coisa toda com a irmã dela. Acho que se não tivesse brigado com Albus talvez aceitasse melhor, mas no momento ela está desejando a morte dos Potter. — Disse e apoiou sua cabeça em meu peito. — Freya também não está muito contente, só hoje ela apareceu com quatro garotos diferentes mostrando que todos eles eram melhor que você em algum aspecto.

— Mas nenhum deles era eu. — Percebi que ela sorriu.

— Tinham este pequeno defeito… Pinho, bem, você bem viu, não está nada contente.

— Pinho? — Arqueei as sobrancelhas e ela começou a brincar com meus dedos.

— Scorpinho, Pinho. — Explicou e eu gargalhei. — Sabe, James, ele não é um monstro. Pode ser difícil e ter cometido muitos erros, mas ele é um bom irmão e uma boa pessoa. Ele acha que eu tenho que ser protegida, não o julgo por isso, você é… bem, você. Sem ofensas.

Fora a minha vez de suspirar. Ela visivelmente estava tentando me fazer simpatizar com Scorpius e isto era algo ao qual eu nunca estive disposto.

— Saphira, acredito que eu e seu irmão nunca seremos bons cunhados. Nós definitivamente não vamos marcar de sair no fim de semana para assistir um jogo de quadribol e tomar cerveja amanteigada, isso não vai acontecer.

— Não custa tentar. — Ela se defendeu e eu sorri, beijando o topo de sua cabeça.

— Mas farei o possível para conter a vontade de espancá-lo sempre que o vejo, ok?

— James!

— Brincadeira. Desde que ele coopere, farei o possível para manter uma boa relação com ele. O que eu não faço por você?

— Gostei disso. Será muito bem recompensado. — Ela se virou para me encarar. Eu tinha um sorriso malicioso no rosto.

— Gosto de recompensas. — eu ainda sorria. — Quando poderei tê-la?

Saphira sorriu e passou as mãos em meu peito, fazendo-me estremecer. Ela esticou o pescoço e beijou minha clavícula, depois meu queixo e, logo depois, meus lábios. Foi um beijo sedutor e calmo. Saphira se afastou e sorriu, inocente. Ok, como se eu acreditasse naquilo.

Ela esperou e eu a puxei de volta para mim, fazendo com que ela se encaixasse em meu colo. Sua saia subiu significativamente e eu passei minha mão direita pela extensão de sua perna, enquanto minha mão esquerda segurava seu peso. Os cabelos louros dela estavam pendurados e o seu rosto virado para cima, olhando para mim, sorrindo.

Eu gostava de quando Saphira me olhava. Eu não sabia como, mas eu via que ela também gostava de mim. Que também estava apaixonada. Eu abaixei o rosto e a beijei com mais intensidade.

Eu sustentava seu peso com facilidade. Saphira passou os braços pelo meu pescoço e passou os dedos levemente pela minha nuca. Eu não resisti, nunca resistia quando uma garota fazia aquilo, e a apertei mais contra mim. Tornei-me mais ousado, passando os dedos na parte interna de sua coxa, sentindo-a se retesar por causa da sensação.

Sorri entre o beijo, subindo mais a minha mão e roçando os dedos no pano de sua calcinha. Suguei seus lábios, aumentando um pouco a pressão de meus dedos. Saphira gemeu por entre meus lábios e eu adorava aquilo.

Então, eu a levantei e a fiz sentar-se de frente a mim, passando as pernas uma de cada lado do meu quadril. Aumentei a intensidade do beijo, apertando sua bunda com as duas mãos, fazendo com que seu corpo fosse para frente. Senti meu amigo se animar ainda mais. E, para me provocar, Saphira começou a subir e descer, roçando em meu membro por cima da calça.

Ela sorria enquanto me beijava, como se gostasse daquela provocação. Saphira continuou a fazer os mesmos movimentos, me enlouquecendo aos poucos. Ela se agarrava à minha nuca, beijando-me com ardor.

Como vingança, minhas mãos afastaram sua calcinha. Mas, na hora em que eu ia começar, ouvimos um barulho vindo das escadas. Ela se afastou de mim e me olhou, assustada. Eu também havia levado um susto, então a ajudei a se levantar e a se ajeitar.

Peguei sua mão e Saphira olhou para baixo. Mais exatamente para minha ereção e riu.

— Então seu amiguinho fica animado quando me vê, é? — ela sussurrou e estreitei os olhos para ela e, com cuidado, fomos para o canto da parede, nos escondendo entre uma pilastra e a parede.

A porta da Torre de Astronomia foi aberta e eu esgueirei a cabeça para ver quem entrara ali e interrompera um momento marcante. Ao meu lado, Saphira se aproveitava de mim. Ela passou as mãos em minhas costas e depois na minha barriga... indo para uma direção em que eu achava perigosa naquele momento.

Eu estava quase me envolvendo, quando sua mão envolveu meu membro. Então, eu ouvi a voz de alguém que eu não gostaria de conhecer tão bem.

— Fred... — suspirou Dominique e eu coloquei a minha cabeça para fora e presenciei a cena mais horrível da minha vida: Fred segurava uma das pernas de Dominique em sua cintura, apoiando-a na amurada, e beijando-a apaixonadamente.

Aquilo era nauseante demais, então eu resolvi sair das sombras.

— MEU MERLIN, EU NÃO SOU OBRIGADO A VER ISSO! — gritei, fazendo ambos pularem de susto. Fred ficou tão abalado, que quase perdeu o equilíbrio. Se não fosse Dominique a segurá-lo, Fred teria caído lá embaixo.

— James! — exclamou Dominique.

— Dominique!

— James! — foi a vez de Fred.

— Frederic! — rebati e ele me olhou.

— Eu não sou obrigado a ver isso. — Ele disse com nojo e eu percebi que ainda estava excitado. Bendita Malfoy!

Coloquei as mãos entre as pernas e olhei para trás. Como não dava para escapar sem que Dominique e Fred a visse, eu sabia que ela estava rindo à minha custa atrás da pilastra.

— Eu... estava aqui com a Saphira. — Expliquei. Meus primos olharam em volta, à procura da minha namorada. — Ela está escondida ali, atrás. Está tirando uma com a minha cara.

— Que mentira, Potter! — Ela sussurrou só para mim e eu fiz um movimento com a cabeça. Sabendo que não tinha saída, Saphira apareceu, rindo como se não houvesse amanhã.

— Ah, admita, Sirius. Foi engraçado. — Ela colocou a mão na barriga, ainda rindo.

— Não, não foi.

— Bem, para mim, foi. — E riu mais uma vez. — Acho que devia esconder isso daí também, Weasley. — Ela coçou o nariz, despistadamente apontando para as pernas de Fred e Dominique se colocou a frente do namorado. Saphira riu novamente. — Só para deixar bem claro, eu cheguei aqui pouquíssimo tempo antes de vocês. James estava com uma revista trouxa... lamentável… — Ela comentou com uma careta e eu a encarei, indignado. — Você não vai me corromper, Potter. — Avisou, jogando seus cabelos para trás. — Estamos de saída, sejam felizes. — Desejou para Dominique e Fred que não exibiam muita reação.

Ela pegou meu braço e começou a me guiar escadas abaixo. Eu a olhei, indignado e impressionado. Se eu não soubesse que ela estava ali comigo desde o começo teria acreditado no que ela dissera.

— Como você pode mentir tão descaradamente? — Perguntei, mas sem nenhuma repreensão, apenas maravilhado com essa habilidade dela.

— Mentir sobre o quê? Eu sou pura, Potter! E sempre serei. — Disse e eu arqueei a sobrancelha. — Se continuar fazendo perguntas ficará sem sua recompensa. — Avisou e eu sorri.

A cada dia que passava eu gostava ainda mais de Saphira Malfoy.

(...)

Outro mês havia se passado e aquele ano parecia estar indo mais rápido do que eu esperava. Já estávamos no final da primeira semana de dezembro, os professores haviam pegado leve nos deveres e todo o castelo já sentia aquela ansiedade e expectativa para o feriado.

Meu namoro com Saphira havia entrado nos trilhos. Ninguém mais dava pitaco em nossa vida e aos poucos íamos nos conhecendo mais e mais. As amigas dela pareceram se render, Rose havia voltado ao normal e Scorpius percebeu que não teria outra escolha.

Estar com Saphira me fazia bem, quando estava em sua presença eu basicamente esquecia de todo o mundo, os garotos do clube faziam questão de me atormentar por isso mas a verdade é que eu não ligava. Era como se eu tivesse encontrado o amor da minha vida. Aquele ao qual eu sempre quis achar, mas depois do primeiro ano fiquei com medo de procurar.

Deixei a sala de história da magia empolgado. A Grifinória começou bem no campeonato de quadribol mas estava em segundo lugar, com uma diferença de quarenta pontos para a Lufa-Lufa, e eu acreditava ter a solução para que voltássemos com tudo ao fim das férias.

Havia convocado uma reunião de emergência com o time, a última naquele ano, para passar para eles o que estava planejando e agora estava a caminho da citada reunião. Pouco antes de deixar o castelo em direção ao campo, entretanto, ouvi três vozes que me fizeram dar meia volta e ir em sua direção.

— Eu só vou repetir mais uma vez. Curve-se perante suas rainhas. — Freya disse em um tom ameaçador e eu observei uma garota de cabelos castanhos se ajoelhar a frente delas.

A garota era pequena, parecia ser, no máximo, do segundo ano. Eu conhecia ela, lembrava de sua seleção ela era… Marion Bole! Entrara ano passado e foi selecionada para a Sonserina.

— Como é que se diz? — Mellody perguntou segurando o queixo da garota e obrigando-a a encará-la. Marion permaneceu calada.

— Ela perguntou como é que se diz, sua sujeitinha de sangue ruim. — Saphira disse em um tom raivoso e eu pisquei incrédulo.

— O que é que está acontecendo aqui? — Perguntei me aproximando mais, caminhando até a garota e ajudando-a a levantar.

Freya ergueu tanto uma sobrancelha para me encarar que esta quase saltou de seu rosto, Mellody tinha o rosto vermelho e estava a um passo de me bater e o que Saphira fez me surpreendeu mais do que tudo.

— Santo Potter! — Cuspiu as palavras com um certo tom de desgosto. Eu a encarei.

— Como é?

— Não se meta no que não é da sua conta, Potter. — Mellody aconselhou, puxando Marion por um braço. Felizmente eu era mais forte e o puxão dela não fez a garota arredar nem um centímetro.

— James, certo? — Freya perguntou se aproximando e tirando minha mão do ombro da garota. Fiquei surpresa com a força dela. — Nunca nos metemos em seus negócios, não se meta nos nossos. — Avisou com um falso sorriso, passando a garota para o lado delas. Eu ri sarcástico.

— Que tipo de negócios são esses? — Ri de novo. — E que porra é essa, Saphira? Sujeitinha de sangue ruim? Eu achei que você fosse melhor do que isso!

— James… — Ela suspirou, apertando as pálpebras.

— Essa não é a garota por quem me apaixonei. — Afirmei convicto dando as costas. — Ela vem comigo. — Avisei segurando Marion pelo braço outra vez. Quando Freya e Mellody fizeram um mínimo movimento para me impedir eu saquei a varinha. — Eu disse que ela vai comigo. — Avisei e elas recuaram, furiosas.

— James Sirius Potter! Larga esta garota agora! Você disse que me ama e é assim que vai ser? — Saphira gritou e eu virei para encará-la.

— Você tem razão. Eu disse que te amo, mas se essa é a real você, eu prefiro não amar. — Disse desapontado e suspirei, deixando os corredores sem olhar para trás.

(...)

Assim que eu acompanhei Marion até as masmorras, eu a olhei com atenção.

— Você está bem? — perguntei, preocupado.

— Sim, estou. — Respondeu a menina e eu assenti. — Eu não sou muito de fazer isso, mas... obrigada. Elas têm sido terríveis comigo já tem um tempo. E eu sou menor, então sabe como é.

Quando ela disse aquilo, meu coração pareceu despencar do meu peito. Quem era aquela garota no corredor? Será que, quando ela estava com o pessoal da Sonserina, ela desdenhava de mim também? Enquanto eu a defendia pelas quatro Casas?

Não me entendam mal, o fato de eu amá-la só piorava as coisas. Era assim que ela agia quando não estava comigo? E sem motivo? Se tinha algo que eu não suportava — não suporto — era bullying. Destrato, descaso... isso me fazia ficar puto. Eu estava borbulhando de raiva.

— De nada. — Eu tentei sorrir. — Se elas tentarem fazer mais alguma coisa contra você, deixe o seu orgulho sonserino de lado e venha até a mim. Está bem?

Ela assentiu, dando um meio sorriso, e se virou para dizer a senha para a parede. Depois que ela sumiu, eu segui para os gramados, eu ainda tinha uma reunião a fazer. E, quando eu cheguei lá, meu time pareceu perceber que meu humor não estava muito bom.

— Boa noite, pessoal. — Falei, um tanto rude.

— Boa noite... — Eles responderam um pouco desconfortáveis.

— Você está bem, Jay? — Perguntou Fred, ignorando os outros.

Eu não queria falar sobre o que acabara de acontecer no corredor. Eu sabia que tanto Fred, quanto Stephen e Lisa e o resto da minha família, iriam acabar falando: "Nós te avisamos". Mas eu ainda tinha esperanças de que aquela imagem de Saphira fosse apenas uma miragem.

Não confundam ter esperanças com raiva. Eu estava, sim, puto da vida. Entretanto, eu tinha um lado romântico, o lado que amava aquela Malfoy, e ele tinha esperanças de que Saphira jamais voltasse a fazer aquilo novamente.

— Sim, claro que estou. Quem disse o contrário?

— Você. — Disse Lisa, erguendo uma das sobrancelhas e eu a encarei. — Olha, se não está se sentindo disposto para fazer a reunião, sugiro que remarque para quando estiver mais calmo.

— Eu estou calmo! — Exclamei e vi que não havia soado nem um pouco com uma pessoa calma.

— E eu estou sem sono — rebateu ela e eu permaneci olhando-a.

— Ela tem razão, James — disse minha irmã, preocupada, me fazendo desviar o olhar de Lisa. — Não vai fazer bem nem a você nem ao time. Só vai fazer com que todos fiquem estressados.

Eu olhei para cada um dos membros do time e suspirei. Eles tinham razão. Eu não podia falar sobre o nosso bom desempenho, se eu estava morrendo de raiva.

— Ok... quando eu me... acalmar, eu realmente remarco a reunião.

— Vai ser antes dos feriados? — quis saber Harry Silver, ele havia ficado com o posto de Daniel.

Com essa, eu tive que rir.

— Sim, será antes dos feriados — respondi. — Estão liberados.

Todos saíram e quando Albus ia acompanhá-los, eu o puxei para perto. Ele me olhou, estranhando. Assim que ficamos sozinhos, eu me virei para encará-lo.

— Você sabia?

—- Não sou bom em enigmas, Sirius. — Respondeu ele e eu suspirei.

— Você sabia que Saphira, Mellody e Freya... faziam aquilo? Maltratam as pessoas? — perguntei, com decepção na voz.

— Ah! — disse Albus e eu esperei. — Pensei que soubesse, não é exatamente um segredo.

— Nunca pensei que fosse ao extremo. Fazer uma pessoa se ajoelhar? — eu não conseguia entender.

— Eu nunca aprovei isso, James. Jamais aprovarei. Por que você acha que a minha relação com Mellody está sempre oscilando? — Ele fechou os olhos. — E com Saphira, nunca consegui colocar alguma consciência nela. Freya não adianta falar.

— E continua a falar com elas?

— Nem sempre são assim... acho que fomos criados para ver o melhor em cada pessoa. E é por isso que eu falo com elas. — Albus me olhou. — Você viu, não é? Por isso que está com raiva.

— Não acredito que estou com uma pessoa que me tratou como se eu fosse nada. — Eu bati o punho ma parede. — Tratou uma pessoa menor de idade, da própria Casa, como se fosse algo descartável!

— Saphira gosta de você. — Disse meu irmão e eu o encarei.

— Não tenho certeza disso.

— Tenho certeza de que vão superar isso. — Albus colocou a mão em meu ombro. — Vamos, você precisa dormir. Amanhã vamos ver o que acontece.

Eu assenti e acompanhei meu irmão para a sala comunal.

(...)

Saphira veio me procurar na manhã seguinte, como se nada tivesse acontecido. Eu a olhei realmente incrédulo e resolvi ignorá-la. Nem pedir desculpas, ela pediu.

— Não vai falar comigo? — Ela me fez parar e eu a olhei.

— Acha que eu falei aquilo de brincadeira, Saphira? — Indaguei, sério. Saphira me observou como se tivesse engolido um sapo.

— Ainda pensando nisso, James?

— Eu penso em como você dorme bem todas as noites ao destratar as pessoas; eu penso se você me defende, como eu te defendo; eu penso em várias coisas. — Respondi, voltando a caminhar.

— Aquilo não foi nada demais, Potter. Não é a primeira vez. — Justificou e eu ri sem humor.

— O fato de você ter admitido isso, torna tudo mil vezes pior. — Eu parei e a olhei outra vez.

— E o quer que eu faça?

— Cresça! — Gritei, fazendo algumas pessoas se assustarem. Até a própria Saphira se assustou. — Essa atitude de garota mimada e que se acha a rainha da escola pode funcionar com os menininhos que você já namorou. Comigo as coisas funcionam de outro jeito.

— Então vai ser assim, senhor maior de idade? — Quis saber.

— Sim. Quando você aprender a ser alguém melhor, me procure. E, quando aprender, peça desculpas. Pense no que você fez. Depois, volte para mim. Estarei de braços abertos. — Me virei para sair dali.

— Você nunca foi santo! — Gritou e eu ri.

— Claro que sou! Você mesma me chamou de Santo Potter ontem. — Retruquei. — Mas de uma coisa você tenha certeza, Saphira, nunca pisei e nem pisarei nos outros para me sentir melhor.

Dei-lhe as costas, com o coração já no fundo do poço, e fui para a aula de Estudo dos Trouxas. Não me virei para ver sua expressão, mas realmente tinha esperanças de que ela visse que havia feito coisas erradas.



(...)

Irritado. Puto. Frustrado. Com ódio de mim mesmo. Querendo quebrar todos os dvd's de Luna e gritar para ela que tudo aquilo era uma mentira. Era assim que eu me sentia e foi assim que me senti por quase duas semanas.

Saphira não demonstrou nenhum tipo de arrependimento pelo que fez. Ela não me procurou, ou deu a entender nada. Na verdade ela estava me ignorando. Não nos esbarrávamos mais pelos corredores, nunca a via saindo das salas quando minha turma substituía a dela e nos jantares ela nem mesmo olhava na direção da mesa. Aparentava estar muito bem, obrigada, com seu grupinho de veneno. Vicent tinha voltado a fazer parte deste grupo.

— Vai falar com ela! — Lisa bufou, dando um tapa em minha cabeça.

— Não! — Gritei e ela estreitou os olhos.

— Eu realmente não entendo. — Dominique comentou, lambendo os dedos sujos de molho. — Vocês estavam felizes e apaixonados. Casal 20 de Hogwarts e blablablá e então isso. — Ela fez um movimento indicando o fato de não estarmos nos falando.

— Olha, se fosse da sua conta você saberia. — Disse bufando e me concentrando na minha sopa.

— Eu não tenho nada a ver com sua vida ruim, então olha como você fala comigo! — Ameaçou e eu revirei os olhos. Se ela estava irritada eu estava o dobro.

— Vamos parar com isso agora. — Fred interveio. — Só queremos saber o que aconteceu parar poder ajudar. — Explicou.

— Olha, por que vocês não tomam conta de suas próprias vidas? — Perguntei, sem mais um pingo de paciência, levantando-me a caminhando para fora dali.

Eu não queria ter de falar para eles o que Saphira fazia, como ela era. Não queria ter que ouvir todos os "eu te avisei" que eu sabia que jogariam na minha. Apenas não queria.

Ao sair do salão eu não sabia ao certo para onde ir. Talvez eu fosse arrumar minhas malas para a viagem, talvez eu subisse em alguma vassoura e voasse ao redor do castelo.

Estava parado nas escadas decidindo que caminho seguir quando percebi que alguém parou atrás de mim, esperei pacientemente e ao ouvir um suspiro virei-me para a escada, decidindo ir arrumar as malas.

— James... — Ela chamou e eu me virei para encará-la, descendo da escada antes de ela mexer.

— O que foi? Não estou com tempo. — Disse cruzando os braços e a encarando, que semicerrou os olhos por um minuto, mas então suspirou e assumiu uma feição que eu, particularmente, nunca tinha visto.

— Eu sinto muito, ok?! — Saphira disse também cruzando os braços. — Olha, James, eu amo você certo? Mas… aquilo, era o que eu fazia. Você me fez pensar e eu estou arrependida do que fiz. Eu não posso apagar meu passado James, mas se você realmente me ama, você vai o deixar para trás e prestar atenção só no presente e futuro. — Disse de uma só vez, como se alguma coisa nela quisesse a impedir de proferir aquelas palavras e ela teria que falar rápido para conseguir.

Fora a minha vez de suspirar. Pelo que Albus havia dito, Saphira era assim desde sempre e, por mais que fosse perceptível que não era cem por cento sincero, ela estava se esforçando para parecer arrependida e meio que tinha deixado implícito que não faria aquilo novamente, tudo isso porquê ela me amava. Dar-me conta disso chegou a melhorar consideravelmente meu humor, apesar de eu ter optado não mostrar imediatamente.

— Você está realmente arrependida? — Perguntei, soltando os braços ao lado do corpo.

— Bem, sim. Até porque você falou que eu não deveria te procurar até isso. — Ela deu de ombros.

— Então prove. — Desafiei e ela arqueou uma sobrancelha.

— Como é? — Perguntou deixando a entender que não ouvira direito.

— Prove. Vá até a garota e peça desculpas para ela. — Disse e por um momento ela pareceu desconcertada.

— James... isso não é necessário. — Ela falou com uma voz mansa que supostamente deveria me fazer mudar de ideia.

— Claro que é! Você viu o que fez com aquela garota? Ela só tem doze anos, Saphira. Peça desculpas e então eu aceito a proposta de esquecer seu passado. — Decretei e a observei. Saphira havia claramente entrado em um conflito interno, quando enfim pareceu se resolver, bufou.

— Certo, ok! Você venceu. Quando eu a ver na comunal eu peço desculpas. — Se deu por vencida e eu sorri.

— Para quê deixar para amanhã o que você pode fazer hoje? — Perguntei caminhando até ela, passando a mão por sua cintura e começando a guiá-la de volta até o salão. — Tenho certeza que a vi em algum lugar da mesa da Sonserina. — Comentei, procurando-a pela dita mesa.

— James! — Ela protestou no mesmo momento em que eu identificava Marion não muito distante das amiguinhas da Malfoy.

— O quê? Você não está arrependida? Não precisa fazer isso, Saphira, mas então eu vou entender que você mentiu descaradamente para mim minutos atrás. — Disse e ela me encarou, suspirando.

— Você vai me perdoar se eu fizer isso? — Perguntou, me olhando nos olhos.

— Vou fingir que nunca aconteceu. — Prometi e ela balançou a cabeça, caminhando até onde a garota estava, eu fui atrás.

— Marion… — Ela chamou e então parte da mesa que estava por perto a encarou, ela respirou fundo e alternou o peso de uma perna para a outra. — Eu… eu… — Ela me olhou, como se perguntasse “isso é mesmo necessário?” e eu fiz um movimento com as mãos que a incentivava. Ela suspirou mais uma vez. — Eusintomuitoporterfeitotudoaquilocomvocê. — Disse tão rápido que quase não dava para entender o que ela tinha dito.

Mas todo mundo entendeu perfeitamente.

Enquanto os queixos de quem havia presenciado a cena caiam, pude perceber que uma das pessoas ali não ficou apenas surpresa, como também furiosa.

— Ele. NÃO. FEZ. ISSO! — Freya pensou em voz alta, conseguindo parte da atenção para si. — VOCÊ É UM HOMEM MORTO, JAMES POTTER! — E então ela pulou da mesa na minha direção.

Tão rápidos quanto a própria Freya, Mellody, Benjamin e Vicent entraram em ação, mas para impedir que ela concretizasse as palavras que tinha dito. Mellody passara um dos braços sobre o ombro da amiga, tentando detê-la, Benjamin se colocara em seu caminho enquanto Vicent tentava a puxar de volta, pela cintura.

— Eu vou ACABAR COM VOCÊ! VOCÊ NÃO PODE FAZER UMA MALFOY SE DESCULPAR! — Avisou, se debatendo e gesticulando em minha direção. — Se vocês não me soltarem vai sobrar para todos vocês! — Gritou para os amigos.

— Corre antes que ela se solte. — Saphira avisou e eu a encarei. — Corre! — Mandou e Freya gritou, enfurecida.

Entendi o recado, mas, antes que eu pudesse escapar dali com vida, Freya soltou-se das mãos que a seguravam e pulou em cima de mim como um bicho descontrolado.

Ela me derrubou no chão e eu tentei segurar suas mãos, enquanto um aglomerado de pessoas se acumulava entre nós. Freya se debateu e conseguiu libertar suas mãos do meu aperto e começou a me bater, a arranhar meu rosto, a rasgar meu uniforme enquanto eu gritava:

— TIREM ESSA LOUCA DE CIMA DE MIM! ALGUÉM DÁ VACINA CONTRA... RAIVA PARA ESSA GAROTA!!!

Era a minha única salvação. Eu não batia em mulheres, por mais psicopatas, como Freya, que fossem. Derrubar com um feitiço do corpo preso, ou Protego, eu até faria. Só para contê-la. Mas eu não conseguia chegar até a minha varinha e muito menos me desvencilhar daquela maluca.

Eu ainda apanhava, quando ela finalmente foi tirada de cima de mim. Com um dos olhos inchados e todo dolorido, eu olhei para os meus salvadores. Teddy, Fred, Hugo e Stephen seguravam aquela doida. Dominique, Lily, Lisa, Albus e Saphira vieram ao meu socorro. Mas, quando Saphira encostou em mim, Dominique e Lily afastaram a mão dela com um empurrão.

Eu vi que Saphira ficou estarrecida e um pouco sentida ao meu olhar. Se eu conseguisse me movimentar direito, eu até falaria para minha prima e minha irmã que ela não tinha culpa de nada. Quem era a culpada mesmo, era Freya.

Albus e Lisa me ergueram e eu gemi, sentindo dor. Eu vi Lisa levantar o olhar para Dominique e assentir. Dominique se levantou e olhou para Teddy.

— O que houve aqui? — perguntou Teddy, seriamente.

— Essa psicopata atacou meu irmão, só porque a Malfoy pediu desculpas por ser uma vaca! — exclamou Lily. Teddy ergueu uma das sobrancelhas e olhou para Saphira.

— É verdade, senhorita Malfoy?

Ela olhou para mim e eu vi que ela estava realmente preocupada comigo. Depois, ela voltou seu olhar para a amiga. Eu sabia que ela não queria entregá-la. Então ela ficou quieta.

Teddy observou Freya se debater novamente, mas como tinha mais três a segurando, ela não conseguiu se soltar. Lágrimas de ódio escorriam pelo rosto daquela maluca. Teddy olhou para Saphira.

— Vou considerar esse seu silêncio culpado como um sim, senhorita Malfoy. — Ele voltou seu olhar para Freya. — Isso foi grave e sem motivo, senhorita Zabini. — disse Teddy. Nunca o vi tão sério. — Ficará em detenção com Hagrid por tempo indeterminado. E creio que a diretora irá aprovar.

— Com aquele meio gigante?! — gritou Freya, com desdém.

— Experimente ir sozinha à Floresta Proibida de noite. — Teddy reprimiu um sorrisinho.

Freya calou-se e olhou furiosamente para minha família. Teddy e os meninos a guiaram para fora, provavelmente para a sala da diretora. Mas, antes que Teddy, Hugo, Stephen e Fred sumissem pela porta do Salão Principal, a voz de Dominique foi ouvida.

— Isso tudo é culpa de vocês! — gritou ela na direção de Mellody e Saphira. — Todas vocês já haviam passado dos limites, mas agora ultrapassaram essa linha. Se acham que são as rainhas da maldade, esperem só até eu transformar a vida de vocês num inferno!

Todos no Salão Principal pareceram prender a respiração. Ninguém nunca havia visto Dominique Delacour Weasley ficar furiosa daquela maneira. E Albus ainda me amparava.

Então, uma risada foi ouvida. Dominique virou-se para Mellody que era a dona da risada. Ela se aproximou de Saphira, que havia se levantado, enquanto Dominique erguia uma das sobrancelhas.

— E quem vai transformar nossas vidas num inferno? — perguntou Mellody em desafio. — Você e sua amiguinha de sangue ruim?

— Você me chamou de quê? — Lisa saiu do meu lado e se levantou.

— Não ouviu? — Saphira juntou-se a Mellody.

Lisa deu uma risada mais do que mortal. Eu estava sentindo uma dor desgramada, mas senti minha espinha gelar com aquele riso.

— Espero que estejam preparadas, minhas queridas. — completou Lisa com um sorrisinho demoníaco no rosto. — Porque vocês só vão ter paz quando a gente sair dessa escola. Nisso vocês podem apostar.

Saphira abriu a boca para responder, mas Teddy resolveu interromper:

— CHEGA! Se eu ouvir a voz de mais alguma de vocês, não somente a Zabine vai levar uma detenção. Estejam avisadas. — E saiu para fora do Salão Principal. — Ah, — ele voltou. — podem levá-lo para a enfermaria, por favor?

Dominique e Lisa encararam firmemente Saphira e Mellody. Depois, o pessoal do time me levantaram e me carregaram para fora dali. Porém, depois daquilo, não lembro de nada, porque apaguei.

(...)

Eu estava meio grogue quando eu acordei. E, quando virei meu rosto para o lado, vi a pessoa mais bonita dormindo ao meu lado, sentada em uma cadeira.

Eu sorri para Saphira e levantei a mão para tocá-la. Ela se assustou e deu um tapa na minha mão, cuja eu recolhi, sentindo dor.

— Sou só eu, Saphira. Meu Deus. — Reclamei e ela pareceu se arrepender.

— Desculpe. — Ela colocou as mãos na boca. — Foi sem querer. — Saphira deu uma risada. — Foi sem querer também. Machucou?

— Tudo bem. Já estou todo arrebentado mesmo — respondi e ela chegou mais perto.

— Ah, Potter...

— Sua amiga precisa ir para St. Mungus. Ela é doida, Saphira. Doida. — Afirmei e Saphira riu. — Não ria. É a verdade.

— Certo. Foi mal. É só que… Ela não é louca, Freya é … intensa. — disse Saphira.

— Eu tenho um monte de adjetivos e intensa não é nenhum deles. — Contrapus e ela entortou a boca.

Suspirei. Freya e Saphira eram amigas desde que se entendiam por gente, graças a amizade de seus pais, logo era esperado que a Malfoy a defendesse, por mais que estivesse evitando fazer isso já que sabia que a amiga estava errada. Ficamos em silêncio e eu continuei a encarando.

— Sabe o que é pior? — Ela negou com a cabeça. — Mesmo que eu a tenha perdoado, ainda assim, você, implicitamente, chamou minha amiga de sangue ruim.

— Mellody quem chamou! — Defendou-se e eu a encarei.

— Você iria repetir se Teddy não tivesse interrompido.

Saphira revirou os olhos.

— Você está na enfermaria e está defendendo a Carter? Não quero brigar, James. Não força.

— Muito menos eu quero brigar! — Exclamei, sentindo meu rosto arder por causa dos arranhões. — O caso é que ela não é da minha família, ainda que a minha família a tenha "adotado". Mas e aí? O que vai dizer quando olhar para os meus pais e tios? Sabe que a melhor amiga do meu pai é uma nascida trouxa.

— Você quer me apresentar a sua família? — perguntou Saphira, surpresa.

— Claro! Mas se você não respeita ninguém, como vai respeitar a minha família? — questionei, olhando-a atentamente. Era incrível como, mesmo sabendo que estava errada, ela não abaixava o olhar. Saphira me olhava sem nenhuma expressão.

Nós ficamos nos encarando por alguns minutos, até que ela resolveu quebrar o silêncio com um suspiro cansado.

— Olha, James, eu... é difícil, está bem? — Ela se levantou e andou de um lado para o outro. — Eu nunca precisei mudar por ninguém, meus pais sempre acharam digna as minhas atitudes e até aprovavam. Eu sempre fui a princesinha. E, por mais que Scorpius seja da Sonserina por causa de apenas uma característica, ele sempre foi o meu oposto. Ele liga para o que as pessoas pensam, ele se importa até. Você vive o condenando, mas a verdade é que ele se arrepende até o último fio de cabelo por ter feito a nascida trouxa sofrer. — Fiz uma careta e ela viu. Eu acreditava nela, mas a imagem de Scorpius sempre ficaria manchada em minha mente. — Ah, você é muito cabeça dura para ver isso. Talvez um dia.

— Duvido muito. — Murmurei e ela parou à minha frente e se apoiou na grade da cama.

— Pense o que quiser sobre ele, James. Um dia você irá ver.

— Não culpo apenas ele, Saphira. Para que esteja consciente, eu sei que a culpa é dividida com minha prima. — Respondi. — A atitude deles foi precipitada. Eles deveriam ter visto o problema de outra maneira. E não magoando uma pessoa.

— Não vou discutir isso de novo com você, James. — Ela disse e eu concordei com a cabeça. — O que eu quero dizer, é que eu nunca me importei em machucar os outros; nunca me importei em infernizar as pessoas; nunca me importei em ser a superior. — Ela deu uma risada amarga. — Mas então você apareceu, com essa sua postura nobre, que defende causas reais e que jamais faria alguém de elfo doméstico, fazendo com que eu me sentisse mal pela primeira vez.

Saphira voltou a se sentar na cadeira e pegou as minhas mãos.

— É a primeira vez que eu vou tentar mudar, fazer algo, por alguém. E talvez por isso que Freya tenha reagido daquela maneira aquilo… o que eu fiz, não é algo normal, mas daqui em diante eu vou tentar fazer com que seja. — Prometeu Saphira. — E eu vou tentar respeitar seus amigos e, com certeza, vou respeitar a sua família.

— É só o que eu peço, Malfoy. — sorri e ela revirou olhos, mas sorriu.

— Vê se não me assusta mais. — Ela repreendeu, mas se aproximou e uniu seus lábios aos meus.

— Então interne Freya. — Sugeri assim que ela se afastou, esperançoso, pensando em como em algum dia eu consegui beijar aquela louca.

— Isso não vai rolar. — Saphira riu. — E, pelo o que eu vi, vai ter três guardas costas se acontecer alguma coisa.

— E você não quer ser a líder? — perguntei com malícia.

— Eu? Claro que não. — Respondeu ela. — Até porque eu quero assisti-las se ferrarem... talvez até ajudar. — Eu ergui uma das sobrancelhas e ela bufou. — Amiguinhas antes dos galinhas. — Ela disse erguendo os ombros e eu tive que gargalhar. Tudo bem ela defender as amigas delas, mas eu ainda a convenceria a não fazer nada com minhas leoas.

Freya, por incrível que pareça, havia começado uma guerra. Mas eu não me preocuparia com isso; afinal, eu estava com o apoio e a garota que eu amava.

(...)

Os feriados chegaram e meu time fizera um trabalho perfeito. E, como eu havia prometido a Harry, meu humor melhorou consideravelmente. E, como Lily dissera, o humor do time refletia o meu.

Eu os estava avaliando em segredo, já que eu iria sair naquele ano. Minha primeira opção seria, não acredito que iria admitir isso, Lisa. Mas, infelizmente, Lisa era do mesmo ano que eu. O que me sobrava Lily, Albus e Harry. Os três eram muito bons em jogo, mas Lily conseguia pôr ordem em todos — e até em mim. Por isso, ela estava no topo da minha lista para comandar o time nos anos seguintes.

Eu não iria comunicar a nenhum deles quem eu estava cobiçando para ser o próximo capitão ou capitã. Não agora. Eles iriam acabar gerando competições que eu estava tentando evitar. Só anunciaria quem ficaria com o meu posto quando o ano estivesse no fim.

Era estranho pensar que era o meu último ano em Hogwarts. Eu vivenciara tantas coisas aqui... havia quase morrido, tinha conhecido a garota que fizera com que eu me amasse, fui espancado, me apaixonei duas vezes (e agora uma terceira), fiz amigos e fiz inimigos, conheci pessoas que eu levaria para o resto da minha vida. E agora eu iria embora... Não, James Sirius. Nada de ficar nostálgico.

Terminei o treino e olhei para o meu time sair, quando uma Saphira entrou pela porta, transtornada, quase encostando em Lily, que desviou — com nojo — dela. Lily me olhou, reprovando-me com o olhar e se juntou com Lisa, desaparecendo com a nova amiga para a escuridão.

Suspirei e passei as mãos em meu rosto. Acho que veria aquela expressão dos meus familiares por um longo tempo. Então olhei para Saphira, que parecia bem preocupada. Franzi a testa.

— Está tudo bem, Malfoy? — eu a olhei atentamente. Ela esfregava as mãos e olhava para todos os lados, menos para mim. — Sabe o que eu detesto? — Ela parou e me encarou.

— O quê?

— Detesto quando eu estou falando e a pessoa evita me responder, não me olhando. — Respondi e Saphira ergueu uma das sobrancelhas. Mas, antes que ela retrucasse, eu continuei: — Você não é assim, então trate de me olhar. O... que... aconteceu? — tornei a perguntar.

Saphira respirou fundo, encarando-me com aqueles olhos cinzas e desafiadores.

— Scorpius contou ao meus pais que estamos juntos e... — ela engoliu em seco. — Meu pai quer que você jante conosco na véspera de Natal.

— É por isso que está nervosa? — Ergui uma das sobrancelhas e ela bufou.

— Sim, James Potter. Meus pais são os Malfoy, lembra? — Saphira chegou mais perto de mim. — E nós estamos juntos. Esse jantar vai ser um desastre, já posso prever.

— Acalme-se, Saphira. Primeiro, eu é quem deveria estar preocupado. — Eu segurei suas mãos. — Segundo, como não contou para o seus pais que estamos juntos?

— E você contou para o seus pais que estamos juntos? — Ela cruzou os braços, irritada.

— Claro que contei e é claro que a metade da minha família não gostou. — Respondi, deixando-a surpresa. Não gostava nem de lembrar o que minha Cara de Pimenta havia mencionado na carta, enquanto meu pai havia escrito apenas: "Não mando no seu coração, meu filho. Apenas tome cuidado para não acabar sendo magoado no fim... não tenho nada contra os Malfoy mais. Entretanto, tome cuidado com essa família. Ainda é um Potter, Sirius. Mas se está mesmo apaixonado, quero que seja feliz. E... convide-a para passar o Natal com a gente. Eu converso com Ginny."

Não sabia nem o que responder e nem o que era pior: a carta dele ou a da minha mãe — que havia surtado mais dessa vez, do que quando eu havia dito que amava Ruby Chang.

— Ótimo saber que você tem um bom relacionamento com seus pais e não tem problema em não ser perfeito. — Ela disse, esfregando as mãos uma na outra, evidenciando seu nervosismo.

— Você parece Victoire falando. — Conclui e então ela me encarou com uma careta. Algo me dizia que a careta tinha alguma coisa a ver com o lance de Victoire com o primo dela, ainda descobriria o que tinha acontecido entre aqueles dois. — Saphira, preste atenção. Minha família não aprova isso, alguns aceitam porque sabem que não adianta de nada tentar me convencer a te deixar, outros estão profundamente decepcionados comigo. Minha mãe me mandou ir atrás de Ruby Chang, acredita nisso? Ela disse que agora que sou mais velho pode dar certo. — Eu ri, balançando a cabeça e então segurando o rosto dela entre as mãos. — Mas eles terão que aceitar. E, quando eu disse que ia apresentá-la à minha família, eu falei sério. — Eu toquei seus braços. — No Natal, você irá até A Toca. E eu irei até sua casa na véspera. Tudo vai dar certo.

— James, você não está entendendo...

— Eu entendi perfeitamente. Se seu pai pode aceitar Rose e Scorpius, pode me aceitar também. — Eu sorri.

— Não é como se ele aprovasse. — Ela comentou.

Eu ri e a abracei, beijando o topo de sua cabeça loura.

— Mas ele terá de aceitar como todo mundo, irei o vencer pelo cansaço. — Rebati, ainda abrançando-a.

FIM DA PARTE I


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Notas finais do capítulo

Eu tô bem revoltada com esse lance de limite de palavras, vou ali postar a segunda parte, mas já deixem falando o que acharam dessa aqui, ok?



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