As Mulheres de James Sirius Potter escrita por Lia Galvão, Miss Stilinski


Capítulo 13
Bônus: The Marauders Club


Notas iniciais do capítulo

WE ARE BACK, BITCHES!!!!!!!!
Ok,não bitches. Enfim, olha quem resolveu dar o ar de sua graça *abrindoosbraçosestiloLeoValdez* para poder postar um incrível e gigante bônus! Então, minhas hermosas, irei lhes explicar como vai funcionar nossas postagens.
Nosso hiatus demorou uma eternidade e não fizemos nem um terço do que queríamos fazer, já que a gente pretendia voltar a postar só quando faltasse um capítulo para finalizar a fic. Entretanto, isso não deu muito certo, já que eu trabalho de Lia faz faculdade. Portanto, nós iremos fazer o seguinte: vamos postar quando terminarmos cada capítulo. Pode demorar um mês, dois meses, mas a gente vai postar. Nós escrevemos conforme temos tempo. Por isso a demora será inevitável. Mas não será um hiatus. Sacaram? 
Esse capítulo iria ser postado só quando o próximo estivesse pronto. Mas a gente prometeu postar em junho e estamos cumprindo essa promessa. Então encarem isso como um bônus super especial por estarmos voltando ;) 
Agora... vamos ao que interessa. Boa leitura! - Miss Stilinski



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Dormir até tarde n'A toca era o que eu considerava uma tarefa impossível, naquele dia não poderia ser diferente, printicipalmente porque ao que tudo indicava alguém teve a brilhante ideia de brincar de guerra d'água.

Deixei o quarto que dividia com Fred e Albus e comecei a descer as escadas, bocejando e mexendo nos meus cabelos. Estava com tanto sono que mal conseguia manter os olhos abertos e, graças a isso, não vi ninguém correndo pela casa, o que resultou em uma fatal trombada assim que desci o último degrau.

Felizmente eu não era batedor à toa e meus reflexos eram invejáveis, graças a isso consegui segurá-la antes que caísse e, assim que abri os olhos meu esforço não serviu de nada, já que a surpresa fez com que eu a largasse.

— Potter! — Protestou levando a mão a cabeça e eu pisquei desacreditado.

— Saphira!? — Perguntei e ela rosnou, apoiando-se nos cotovelos e se levantando.

— Tá tudo bem aqui? — Albus perguntou se aproximando e Saphira bufou. — James! Vá se vestir, temos visitas. — Disse desgostoso e eu analisei Saphira.

— Por que ela pode e eu não? — Perguntei sem conseguir desviar os olhos dos seios parcialmente expostos da Malfoy, por mais que eu tentasse.

Ela cruzou os braços sobre o peito e então me livrei do transe, encarando Albus, que me olhava com tédio.

— Isto não é justo! Só porque ela tem peitos? Aliás, belos seios Malfoy. — Pisquei para ela e o braço de Severus foi o que a impediu de me atacar.

— James! Você não pode ficar zanzando de cuecas pela casa! Temos visita! — Vovó exclamou se aproximando e eu encarei minha velha.

— Mas eu só estou usando uma cueca. Viu? No singular. — Brinquei com um sorriso maroto e ela me bateu com o pano de prato.

— Suba e vista-se direito! E ande logo antes que eu tire a mesa do café! — Ordenou e eu ri, voltando a subir as escadas.

(...)

Quando eu terminei de tomar um banho e me vestir — também conhecido como colocar apenas um short —, chutei a cama de Fred para que ele acordasse. O que não adiantou muita coisa, então eu disse que a vovó iria tirar a mesa do café. Rapidamente Fred se pôs de pé.

Eu ri e joguei sua roupa, que estava ao pé de sua cama e desci novamente, indo para a cozinha. Só quando eu pisei no local onde todos faziam as refeições e vi a Doninha fêmea sentada ao lado de Rose que eu percebi que ela estava realmente ali.

— Mas o que diabos ela está fazendo aqui?! — Gritei parando na porta da cozinha.

— Eu a convidei. — respondeu Albus, me olhando como se eu tivesse problemas mentais.

— Pensei que fosse mais inteligente, Potter. — disse a doninha fêmea sem me olhar, passando manteiga na torrada. — Não deu em cima de mim mais cedo? — Provocou reprimindo um sorriso e eu encarei Albus.

— Quem deixou você convidá-la? Já percebeu que ela é super inconveniente.— Comentei bem na hora em que nossa avó entrava na cozinha.

— Isso é jeito de falar com as visitas, James Sirius?! — Ralhou.

— Qualquer coisa para a visita perceber que não é bem vinda. — Respondi e ela puxou minha orelha.

— Minha querida, eu sinto muitíssimo! — Desculpou-se. — James Sirius Weasley Potter, peça desculpas para a senhorita Malfoy agora.

— Eu. — Apontei para mim, ignorando a ordem de vovó. — Você. — Apontei para Albus. — Sala. — Apontei atrás de mim, com cara de poucos amigos. — Eu realmente não acredito nisso... não tem ninguém vendo essa palhaçada? — Reclamei enquanto andava.

Eu fui na frente, passando por Fed — que descia as escadas —, dizendo para guardar algo para eu comer, e escutei Albus se levantar e me seguir. Parei em frente à tv, de braços cruzados; Albus apareceu e ergueu uma das sobrancelhas.

— Por que raios ela está na nossa casa, Albus Severus? — perguntei entredentes.

— Primeiramente é casa dos nossos avôs. — Começou e eu rangi os dentes, ele continuou. — Segundo, ela está aqui porquê eu convidei, ela é minha melhor amiga e, você pode não ter percebido, mas eu passei as primeiras semanas de férias na casa dela.

— Ah! Então você já perdoou o doninha júnior? — Perguntei e ele apertou as pálpebras.

— Scorpius. — Pontuou para mostrar que o filhote de doninha tinha o nome de outra espécime. — Provou que estava arrependido, e ele está namorando nossa prima, é melhor você superar isso logo. — Mandou e eu ri.

— Pois eu não acreditaria no arrependimento dele nem se ele tivesse tomado litros de Veritasserum.

— O que tá acontecendo aqui? — Dominique perguntou, sentando no sofá e nos observando.

— Você já está sabendo quem seu priminho convidou para passar as férias conosco? — Perguntei encarando Albus, que mantinha o olhar em mim com aqueles olhos verdes de aparência tediosa.

— Quem? — Perguntou mordendo a manga de seus pijamas.

— Saphira Malfoy. — Denunciei e a manga foi esquecida, pois no segundo seguinte Dominique estava boquiaberta.

— É o quê? — Perguntou mas ninguém a olhou, eu e Albus estávamos ocupados demais vendo quem desviava a atenção primeiro. — O irmão dela apostou minha melhor amiga, Albus! Você sabe disso! Estava com raiva dele também.

— Entendam uma coisa. — Albus disse, ainda me encarando. — Apesar de muito parecidos Saph e Scorpius são pessoas diferentes. Aceitem isso, ela fica. — Ele sorriu e então olhou para Dominique, antes de sair da sala e voltar para a cozinha.

— Eu não acredito nisso. — A ruiva bufou se afastando do sofá e me encarando. — James? — Chamou cautelosa e eu a encarei. — O quê você tá pensando em fazer? — Perguntou estreitando os olhos e eu sorri.

— Você conhece o ditado, se não pode contra eles junte-se a eles. — Conclui e então refiz meu caminho até a cozinha, puxando uma cadeira e empurrando Rose para o lado, para poder sentar bem ao lado de Saphira.

— Sinto muito pelo meu mau humor matinal, Saph. — Acrescentei o apelido que meu irmão dera para ela há poucos minutos e sorri. — Aceita um pouco de suco de abóbora? — Perguntei piscando os olhos e, por baixo da mesa, colocando a mão em sua coxa, ela me encarou assustada.

— Tira sua mão de mim. — Silvou e eu fingi estar ofendido.

— Estão todos de prova que é ela quem está dificultando a convivência certo? Certo. — Sorri para meus familiares e então comecei a me servir.

(...)

Eu, simplesmente, não aguentava mais aqueles risinhos de felicidade do meu irmão com a Malfoy. E o pior, eu não tinha nada para fazer.

Sentei-me no sofá, ao lado de Fred, e fiz outra careta quando ouvi outra vez a risada deles. Ninguém merecia aquilo; gostaria de ter algo para ver, mas não podia, porque minha avó queria que eu fizesse amizade com a Malfoy.

— Estou preocupado com você — disse Fred.¹

— Valeu, irmão. Você é o único — dei uns tapinhas em seu ombro. Fred me olhou, franzindo a testa, e eu vi que ele estava com o telefone na orelha.

— Não estou falando com você, James. — Disse ele, como se eu fosse maluco.

— Obrigado por se importar comigo, Frederic II — revirei os olhos e afundei mais ainda no sofá.

— Não por isso — respondeu e murmurou mais alguma coisa no telefone.

— Não era essa a resposta certa. — Falei e ele voltou a me olhar, com uma das sobrancelhas erguidas.

— Então eu não sei responder a essa pergunta. Nada, não, Moranguinho. É só... o James — disse Fred, empurrando meu braço para longe, porque eu tentava alcançar o telefone.

— No quesito "sensibilidade da amizade", você acabou de... ser... reprovado — sentenciei, tentando tirar o telefone de suas mãos e acabei conseguindo tirar logo depois. — Me dá isso aqui. Aonde você se enfiou, Dominique Gabrielle Delacour Weasley?

O suspiro que ela deu no outro lado da linha indicava que ela estava cansada de explicar.

Na casa da Lisa. Vim para cá porque não aguentava ficar aí, com a Malfoy. Já que eu era a incomodada, preferi me mudar. — respondeu e eu me senti indignado.

— E não nos levou?! Isso é traição! E a casa da Lisa tem uma jacuzzi!

Sério mesmo que você queria passar um tempo com Elisabeth?

Fiquei em silêncio por alguns segundos.

— Pensando bem... foi melhor ficar em casa. Prefiro enfrentar uma cobra do que um leão. É mais fácil de matar. — Respondi e olhei para Fred, que estava com uma cara de bunda ao meu lado. — Ei, mas fique você sabendo que não vai levar Fred com você. Se eu vou ter que aturar, Fred também irá!

— Você só pode estar de brincadeira, James! — ele exclamou com raiva.

— Não, não estou. Se não ficar aqui comigo, tio Bill irá saber, anonimamente, o que você e Dominique fizeram na última semana de aula — ameacei, fazendo Fred me encarar boquiaberto.

— Você não ousaria...

— Vai ficar surpreso em saber o quanto eu sou ousado — sorri com malícia.

Meninos? Meninos? — eu não ouvia direito o que ela estava falando, estava mais ocupado em ameaçar Fred. — Ah, que se danem vocês dois. Vou desligar.

— Me dá esse telefone, James. Me dá agora — ele arrancou das minhas mãos. — Dominique? Dominique? Argh, ela desligou!

— Me ame mais, Frederic!

— Cale a boca, Sirius! — Ele subiu as escadas com firmeza e eu revirei os olhos. De jeito nenhum eu ia passar as minhas férias com Saphira Malfoy sem um acompanhante para me ouvir reclamar. Esse alguém sempre seria Fred II.

Ouvi mais risadas vindas do lado de fora. Peguei uma das almofadas e a coloquei em volta da minha cabeça, abafando a diversão da galerinha no quintal, que por sinal haviam recebido a Wood mais nova para uma divertida tarde entre cobras e leões, o que meio que me irritava ainda mais, aonde Albus havia enfiado o ódio pelas Wood e a parceria para comigo, afinal? Tentei pensar em qualquer coisa, cantarolei e até mesmo fiz uma lista falada de todas as garotas que eu lembrava o nome das quais já havia ficado, o que aparentemente foi muito parecido com contar carneirinhos já que eu só percebi que tinha dormido quando acordei.

Não sabia por quanto tempo eu dormira. Quando eu acordei, o sol já estava se pondo. Passei a mão no rosto e abri os olhos, encontrando quatro pares de olhos me encarando. Franzi a testa e me levantei, estranhando o fato de Lily, Hugo, Louis e Lucy estarem me olhando.

— O que foi? — perguntei e eles não responderam. — O. Que. Foi? — repeti a pergunta pausadamente.

— Antes de ter um treco... — começou Lily. — Por que não se junta a eles? Tipo: se não pode com eles, se junte-se a eles — sugeriu, olhando para os outros, pedindo apoio. Os três assentiram.

— E, antes que morra ou mate, saiba que não fomos nós — acrescentou Louis e os outros assentiram mais uma vez.

— O que querem dizer?

Lily, Hugo — que tentava prender a risada; aquilo não me cheirava bem —, Lucy e Louis fizeram uma careta e ergueram um espelho lentamente.

Assim que eu vi meu reflexo, uma fúria que não cabia em mim se apoderou do meu corpo. Eu tinha um bigode muito feio, uma barbicha e uma monocelha de canetinha. Lucy abaixou o espelho e se assustou. Provavelmente minha cara estava pegando fogo.

— Ele vai surtar — sussurrou Hugo e eu os olhei. — Três... dois... u...

— ALBUUUUUUUUUS! — Berrei à plenos pulmões. Eu sabia que eles tinham escutado o meu grito furioso, pois eu ouvi suas gargalhadas. Eu ia acabar com eles. Principalmente por causa da Malfoy.

Aquilo não ia ficar assim.

— Ei, querem me ajudar com uma vingança? — perguntei para os únicos que me amavam naquela casa.

Eles se entreolharam:

— Estamos nessa.

(...)

— Fodeu — ouvi Albus comentar para sua turma assim que me viu, de cara limpa, indo para o jardim, no dia seguinte.

Eu me aproximei e eles deram um passo para trás. Por dentro, eu estava sorrindo; Albus sabia aprontar, mas ele sabia, também, que eu sabia me vingar. Ele estava preparado para a minha vingança, não para o que estava por vir.

— Se você está aqui para se vingar com um feitiço só porque já é maior de idade, saiba que eu posso contar para a mamãe — ameaçou ele e eu sorri inocentemente.

— Do que você está falando, Al? — perguntei, querendo esganá-lo e suas comparsas ali mesmo. Mas, graças à Louise, eu ficara muito bom em teatro.

— Do berro que você deu? — tentou Mellody, com aquele ar de petulância. — Sim, fiquei sabendo.

— Minha querida Wood. Sua irmã passa bem? — alfinetei e ela respirou fundo. — Enfim. Depois do surto de raiva que eu tive, finalmente percebi que eu não posso com vocês.

— O quê? — perguntou Albus, arregalando aqueles olhos verdes de surpresa.

— Tudo bem, cara. Vocês são três e eu sou um só — ergui as mãos em rendição. — A irmã dela já tentou me matar uma vez. — Apontei para Mellody. — Eu tenho senso. Me juntarei a vocês.

— Não acreditem nele — disse meu irmão sensato. — Ele diz ser leão, mas é uma cobra traiçoeira. Porque se juntaria a nós? Você obviamente odeia dois terços do grupo e não está muito contente com o terço que você suporta por ser família.

— Ei, não me compare com uma cobra. Essa função é dos seus amiguinhos Malfoy — sorri e depois respirei fundo. — Desculpe, Saphira. Fui muito grosso.

— Me poupe, Potter. — Rebateu ela e eu fiz cara de pena. Como ela me irritava. Por sorte, ela estava seguindo o meu plano.

— Se não acredita...

— Por que deveríamos? — perguntou Albus, cruzando os braços.

— Porque eu sou bom em pegadinhas, algo que vocês, amadores, obviamente não são — respondi e Albus se calou. Ah, como eu adorava ter razão. — Então, posso fazer parte dessa turminha animada?

— Por que eu não confio em você, Potter? — perguntou a Malfoy, estreitando aqueles olhos acinzentados. Espera, como eu me lembrava da cor deles mesmo?

— Ah, Saphira, eu é que não deveria confiar em você — respondi com delicadeza. — Não sei, vai que decide apostar Albus também? Sabe, para ficar igual ao seu irmão.

— Escuta aqui...

— Desculpe, fui rude outra vez — eu a interrompi. — Coisas assim são difíceis de esquecer, não é mesmo? Imagina se fosse com você?

— O que quer dizer?

— Que, na hora de defender seu irmão, o que é compreensível, não pensou em se colocar no lugar da Lisa. Teria sido triste, não é mesmo? Aposto que você falou que ela, provavelmente, merecia.

— Defendendo a Carter, Potter? — Mellody zombou.

— Felizmente, minha mãe me deu educação, Wood. Estou defendendo-a como defenderia qualquer garota, eu jamais seria tão covarde quanto a doninha que você chama de Scorpius foi. — Disse e ela não alterou a expressão prepotente. — Coloque-se você então no lugar dela. — Sugeri e ela riu.

— Ah, James! Eu não sou apostada, eu aposto. — Piscou e fora minha vez de rir.

— É… Oliver é um homem sem dúvidas bom, mas não teve sorte com as filhas. Sente-se orgulhosa disso? Bem, não deveria, só mostra que é tão baixa quanto Scorpius.

Saphira, Albus e Mellody ficaram em silêncio. Ai, ser o dono da razão era tão bom! A sensação de vê-la penalizada era realmente muito boa. Até Albus pareceu concordar.

— Me perdoe, não queria tocar tão fundo na ferida. — Fingi estar arrependido — Mas eu estou aqui para fazer amizade com as amiguinhas do meu irmãozinho!

— James... — Albus me repreendeu.

— Ah, Severus, relaxe! — falei, dando um tapa em suas costas, fazendo-o curvar-se para frente. — Vamos nos divertir!

Eles se entreolharam e eu sorri. Ah, eles não sabiam o que lhes aguardavam. Olhei para a janela e vi meus priminhos queridos levantarem os polegares. Assenti e sorri ainda mais. A vingança tinha gosto doce.

(...)

Fingir me divertir e ser bonzinho com Saphira Malfoy foi difícil. Mas tudo esta

ria terminado dali a alguns segundos.

Hugo estava posicionado do lado de fora da casa, Lucy no andar de cima e Lily no terceiro andar. Eu sabia que Albus ia lá para fora; Mellody ia ao banheiro tomar banho e Saphira para o quarto que dividia com Rose.

Dava até pena vê-los rirem daquele jeito. Eu era um ótimo amigo, mas não quando rabiscavam o meu lindo rosto. Eles nem saberiam o que os atingira.

Antes de Saphira ir para o quarto, ela perguntou à minha avó se podia comer algum biscoito. Minha avó adorava entupir todos de comida, então decidiu deixar que ela comesse o que quisesse. Ela ia mexer na geladeira. Corri até lá.

A Malfoy já estava se abaixando para pegar o que eu sabia que ela ia pegar, quando eu gritei:

— Tira as mãos dos meus sapos de chocolates!

Ela se virou, chocada. Depois, deu risinho.

— Ainda nessa, Potter?

— Nos meus sapos de chocolates ninguém toca. É sério — eu avisei.

— E o que vai fazer, bebezinho Potter? — ela perguntou, fazendo um biquinho. Lembro do meu pai contando a história de seu quinto ano, como a Bellatrix o chamara assim e matara o seu padrinho, cujo o nome eu carregava.

— Credo, garota. E quer que eu te respeite fazendo essa voz de Bellatrix? — Rebati e ela se calou.

— Eu não sou igual a ela — Saphira disse entredentes.

— Ainda bem que é só irritante e um desperdício de espaço — fui até ela e fechei a geladeira. — Nada de sapos de chocolate.

— Você é tão idiota!— ela avançou para cima de mim. — O que é seu tá guardado.

— Está mesmo, nessa geladeira. — Dei a volta, parando atrás dela. Coloquei seus cabelos para o lado e passei minha mão em seu pescoço. — Ah, se você não fosse uma Malfoy...

— O que iria fazer? — perguntou ela, me dando uma cotovelada na barriga, me fazendo afastar dela.

— Não se preocupe, Malfoy. A minha vingança pra você está planejada. — Eu sorri, colocando a mão na barriga.

— E o que seria?

— Se apaixonar por mim.

— Se enxerga, Potter. Nem em um milhão de anos — respondeu ela, se afastando e rindo.

Eu fiquei ali, parado, apenas esperando. Hugo aguardava Albus do lado de fora com um saco de ovos; Lucy aguardava Mellody com um balde cheio cheio de mel e penas e Lily aguardava Saphira com pó de mico. Ainda matinha alguns contatos com Louise.

Agora era só uma questão de tempo até eu ouvir o meu belo nome, proferido de três bocas diferentes, mas com a mesma intonação.

— JAMES! — Mellody gritou e a voz de Albus ecoou em seguida.

— SIRIUS! — E para finalizar em perfeita sintonia veio Saphira:

— POTTER!

Eu ri, tremendamente feliz. Ninguém mexia com James Potter II e saía impune.

Mais tarde, depois de recebermos um grande sermão dos nossos avós, ficamos sozinhos. Albus ainda cheirava a ovo, Mellody ainda tinha penas nos cabelos louros e a Malfoy se coçava um pouco.

Eles só estavam assim, porque Molly Weasley quisera pôr todos de castigo.

— Você nos enganou — disse Albus. Dei de ombros.

— Se uma coisa que eu tenho de agradecer sempre à Louise, foi me obrigar a fazer teatro. — Falei, assentindo para mim mesmo. — Foi bom falar com ela de novo.

— Falar, você quis dizer beijá-la — corrigiu meu irmão, ainda com raiva, cheirando as axilas.

— Você vai se surpreender, mas eu não a beijei. — Respondi. — Ela tá namorando um ator de meia tigela e magro como um vara pau. Mas tudo bem, foi bom vê-la. — Eu sorri e os olhei em seguida. — Eu não fui eleito o melhor em pegadinhas à toa, gente. Se tentarem revidar, não terão chances, ouviram? Não mexam comigo de novo. Deram sorte que eu fiquei de bom humor ao ver Louise de novo, porque seria pior. Agora, trégua. E, não, Malfoy. — Eu a encarei. — Essa foi a foi a primeira parte da vingança. A segunda, ainda está de pé. Para cama vocês três. — Eu suspirei, chamando-os de volta antes que subissem. — E, Albus, pode usar o meu shampoo de melancia. —Eu inspirei, fazendo uma careta. — E o meu sabonete de ervas finas. Você está precisando. Wood e sugiro que lave esse cabelo no riacho que tem atrás das árvores, sentido norte — apontei para fora da casa. Mellody assentiu e subiu as escadas. — Vai ser melhor lá por causa da água corrente. Se não funcionar, volte aqui que eu e Fred te ajudamos! Rose te acompanha! Malfoy, eu não sei o que faz parar de coçar. Tome outro banho e passe talco, talvez melhore. Se não melhorar, a gente te afoga no rio. — Ela arregalou os olhos e eu ri. — Brincadeira, Malfoy. Louis ajuda você se livrar da coceira. De nada... só não se acostume. Não sou de sentir pena assim. — Respondi e ela subiu as escadas, sussurrando alguma coisa que não ouvi, bem na hora que Fred vinha para o meu lado.

— Ei, você é de sentir pena, sim — Fred me lembrou sussurrando.

— Mas ninguém precisa saber. — Eu o olhei e ele ergueu as mãos. — Ótimo. Que bom que me conhece... quer ver um filme?

— Claro — concordou meu primo. Nós nos sentamos no sofá. — Cadê seus comparsas? Sei que teve ajuda.

— Comprei alguns doces para ele na ida à Londres. Devem estar comendo... sabem que eles não me pediram nada em troca? Mas, mesmo assim, eles se encrencaram também. E eles sabiam disso. Então, decidi agradá-los. Adoro aquelas crianças — eu sorri para Fred, que assentiu e depois se calou. — O que foi?

— Por que não me chamou?

— Pensei que estava com raiva de mim.

— Mas uma pegadinha? Com três de uma vez?! — Ele perguntou admirado. — Eu teria esquecido e feito um trabalho ainda mais perfeito. Ovos, cara? Ovos? Já ouviu falar na loja de logros da nossa família?

— Cala a boca, Fred — eu ri e dei um empurrão de leve em seu ombro. — Sempre terá novas oportunidades. Agora, vamos ver o filme.

Bem, nós tentamos, mas assim que a primeira frase foi proferida pelo narrador a cabeleira loira de Victoire tampou minha visão enquanto ela se sentava entre Fred e eu.

— Ela é insuportável feito o primo! Eu não vou aguentar isso! Até a droga da mania de ficar mordendo com o canto da boca, ela tem que ir! — Gritou frustrada cruzando os braços enquanto eu e Fred a encarávamos sem entender.

— Como? — Fred perguntou.

— Quem? — Acrescentei.

— Quê? — Victoire nos encarou e então tapou sua boca, indicando que havia pensado em voz alta.

— Victoire mostrando suas garras. — Provoquei rindo e ela suspirou.

— Okay, culpada. — Se rendeu e então me encarou suplicante. — Já perdemos Rose pra eles, Albus também não. — Pediu e eu arqueei uma sobrancelha.

— O que está sugerindo, senhorita Bell? — Perguntei já sorrindo.

— Você sabe exatamente o que eu estou sugerindo, eu não estou conseguindo aguentar um dia, imagina um mês! — Lamuriou-se e Fred gargalhou.

— Yeah! Isso aí loira, estou gostando de ver seu lado malvado. — Apoiou e eu ri.

— Você não viu nada, precisava de ver ela tentando impedir Rose de sair com Scorpius.

— James! — Ela repreendeu enquanto Fred se mostrava realmente surpreso. — Olha, não é isso ok?! Só que … — Ela suspirou. — Ninguém pode saber disso. — Avisou ameaçadoramente e assentimos. — Eu sei como é estar com um deles e o final não é feliz. Não quero isso para os meus primos. — Confessou e Fred nem tentou esconder a surpresa.

Comé? — Perguntou ainda tentando assimilar.

— Espero que entenda a definição de segredo, Fred. Ela tem que ir embora. — A última parte foi direcionada exclusivamente para mim, as vezes eu achava que Victoire me superestimava, mas como ela estava confiando em mim outra vez, desta eu não a decepcionaria.

— Me dê três dias. — Pedi enquanto ela subia as escadas.

— É tudo o que eu aguento!

— Eu meio que pensei que ela sempre foi do Teddy e vice-versa. — Fred disse, ainda tentando digerir o fato de que Victoire já tinha tido sei-lá-o-que com o primo dos Malfoy.

— Obviamente, é o que ela quer que todos pensem, e eu acredito que ela pode nos matar se essa notícia vazar, então vamos fingir que não ouvimos nada e pensar em como tirar você-sabe-quem daqui.

(...)

O filme foi melhor do que o esperado, já que ele meio que havia me dado uma ideia maligna para começar minha operação "Sem Malfoy n'A toca".

Depois de um bom banho sentei na cozinha para me deliciar com um sapo de chocolate e então esperei. Pode parecer difícil de acreditar mas ainda eram dez horas da noite, aquele foi, de longe, o dia mais longo da minha vida. Apesar de não ser exatamente tarde, vovó já havia mandado todo mundo dormir então a casa estava meio vazia fora dos quartos.

Lambia meus dedos sujos de chocolate, quando ouvi o ranger das escadas e, no instante seguinte, uma bela loira revirava os olhos e bufava ao me ver. Pude perceber que ela ainda coçava um pouco e sorri discretamente, Fred podia dizer o que quisesse, foi uma jogada de gênio.

— Boa noite pra você também, Malfoy. — Sorri e ela optou por me ignorar, indo até a geladeira. — Então, você estava planejando fugir para um encontro e eu estar aqui te impediu?

— Desculpe? — Ela se virou para mim antes de abrir o refrigerador e eu lambi meu último dedo sujo.

— Você está obviamente vestida para sair. — Comentei e ela arqueou uma sobrancelha, depois riu.

— Isso é meu pijama. Bem, não exatamente, mas o idi... pestinha do Hugo jogou meu pijama na lama e eu tive que improvisar.

— Tem um cinto e você está de salto. — Apontei e ela olhou para os próprios pés.

— É, não posso fazer nada se sou fabulosa em tempo integral. — Ela me ofereceu um falso sorriso e então mergulhou na geladeira. Revirei os olhos e então decidi executar o plano, mal ela sabia que o lance de ser fabulosa me dava 50% de trabalho a menos.

Silenciosamente me aproximei dela e, no exato momento em que ela se virou, fechando a porta com os quadris, eu a prensei na porta, impedindo-a de sair ao colocar um braço de cada lado de seu corpo. Eu já podia ouvir o grito de "o que significa isso, Potter?" mas não lhe dei tempo de produzir a pergunta.

— Achei que tinha dito que nada de tocar nos meus sapos de chocolate. — Comentei e ela arqueou uma sobrancelha.

— Eu não peguei nenhum dos seus ...

— Com licença. — Pedi com um sorriso e tirei a mão direita da porta da geladeira para, com o indicador e o dedão, pescar a embalagem do doce no decote de Saphira. Ela bateu no meu braço e me empurrou para um pouco longe.

— Você está tentando abusar de mim! — Acusou levemente assustada e extremamente ofendida.

— E você estava tentando me roubar. Além do mais eu não encostei em nada além do doce. — Defendi-me. — Agora, sabe o que fazemos com ladrões nessa casa?

— Eu não estava roubando nada. — Rosnou. — Apenas pegando o que me é de direito desde que você — ela apontou o dedo em minha direção — roubou o meu sapo de chocolate naquela copa na Argentina. Lembra? — Ela cruzou os braços e eu ri.

— É, acontece que era o meu sapo e por sua culpa aquele cara enorme roubou o meu doce. — Corrigi e ela balançou a cabeça em negativa, revirando os olhos. — O que logo diz que, mais uma vez, você estava tentando me roubar. — Acrescentei voltando me aproximar e ela voltou a me encarar.

— O q... o que você vai fazer, James Potter? — Perguntou tentando disfarçar seu medo e eu ri pelo nariz, me aproximando até que nossos corpos estivessem a poucos centímetros um do outro. Abaixei meu rosto perto do dela, encarando-a nos olhos enquanto nossos lábios estavam a milímetros de se tocarem e então subi a boca até sua orelha.

— Não grite. — Aconselhei e em um segundo havia a segurado pela cintura para, logo em seguida, estarmos sendo puxados em todas as direções.

O grito longo e agudo de Saphira quase me ensurdeceu assim que aparatamos em um beco de Londres. Ah, era maravilhoso ser maior de idade.

— Tinha certeza que eu disse algo sobre não gritar. — Disse pacientemente e fui forçado a tampar sua boca para que ela parasse, funcionou apenas o suficiente para ela morder minha mão.

— O que você vai fazer comigo, Potter? Aonde nós estamos? Eu vou gritar. — E pra dar credibilidade a sua fala, ela gritou.

— Cala a boca. — Pedi sem paciência e ela mudou o repertório de "a" para "alguém me ajuda". — Se você não parar eu te beijo. — Avisei e a encarei desafiadoramente, que se calou. — Eu vou fingir que não me ofendi.

— Você tem um minuto pra me explicar essa palhaçada ou eu volto a gritar. Um... dois...

— Hey, Hey! Para de contar! Deus, você é insuportável.

— Você me sequestra e eu sou insuportável?

— Eu vou embora se você continuar. — Avisei e ela cruzou os braços. — Só estou tentando ser um bom anfitrião. — Dei de ombros e ela arqueou a sobrancelha. — Eu tenho certeza que a filhinha do papai jamais foi em nenhuma boate londrina. — Arrisquei e por seu movimento desconfortável soube que estava certo. — Vem comigo.

— Eu não vou com você em lu...

— Então você pode ficar perdida em Londres sozinha. — Pisquei para ela e comecei a andar, sorrindo ao ver que ela me seguia.

(...)

Olhei para trás e vi que Saphira se encolhia ao passar por várias pessoas, como se fosse pegar uma doença contagiosa. Aquilo era a coisa mais ridícula que eu já havia visto.

Parei e esperei que ela chegasse perto de mim.

— Escute aqui, Malfoy. — Eu gritei, pois já dava para escutar a música alta dali. — Eles são pessoas como nós. Têm carne, têm osso, têm dois olhos... apenas não tem poderes. Deixa de ser babaca quanto a isso.

— Você não sabe nada sobre mim. — Rebateu ela e eu ergui uma das sobrancelhas.

— De acordo com o histórico não muito limpo da sua família, eu acho que sei um pouco sobre você, sim. — Respondi. — E sei que está com nojo dessas pessoas.

Saphira não disse nada e foi na minha frente. Por que eu estava fazendo aquilo mesmo? Por Victoire e pela paz das minhas férias, certo, era por um bem maior. Balancei a cabeça e fui atrás dela. Empurrei algumas pessoas no processo e vi que ela havia sido barrada bem na entrada. O que era extremamente compreensível, já que éramos menor de idade no mundo trouxa.

Revirei os olhos e a afastei do enorme segurança que nos impedia de entrar.

— Então, irmãozão. Cara. — Corrigi ao ver a expressão descontente do brutamontes. — Nossos nomes estão na lista. — Apontei para a prancheta que ele segurava. O segurança me olhou com uma das sobrancelhas erguidas e eu sorri antes que ele falasse algo. — Bem aqui, olha... — Toquei com uma mão a prancheta enquanto eu pegava a minha varinha. — Confundus. — Sussurrei.

Eu a segurava pelo braço e a puxava comigo. A cada passo dado a música ficava ainda mais alta e eu não saberia dizer se a Malfoy havia parado de resmungar ou se a música havia abafado seu mimimi.

Após passarmos por uma cortina preta, as luzes igualmente negras invadiram nossas retinas e fomos barrados de entrar por uma menina colorida. Eu sorri, piscando para ela e ela nos disse que deveríamos nos pintar com tinta para que as luzes nos iluminasse. Percebi então que seus braços e rosto estavam com tintas laranja e verde.

Tirei a camisa e a garota pareceu contente por pintar o meu corpo. Quando ela terminou, me virei para Malfoy, que não havia conseguido escapar de mim.

— Sem chances de eu me sujar com isso. — Ela gritou com uma cara debochada.

— Sem chances, então, de voltar pra casa. Rebati, com aquela expressão triunfante que só aumentou quando ela rosnou pra mim e deixou a garota pintar seu braço.

— Eu odeio tanto você, Potter! — Choramingou quando ela começou a fazer desenhos em seu vestido, até então, branco.

Quando a menina finalizou o trabalho, a Malfoy me encarou.

— Satisfeito?

— Apenas quando eu tiver uma foto para enviar ao papai e ao vovô Malfoy.

— Faça isso e passará a viver a sete palmos da terra. — Ameaçou ela e eu sorri, erguendo os braços em rendição.

Havia muita gente naquela boate. Eu já havia vindo aqui uma vez, mas não era a "festa do neon". A música tocava alta e frenética e tinha tanta gente que eu pensei que eu e Malfoy não caberíamos ali. Entretanto, essa era a melhor parte.

Saphira ainda agia como se tivesse alergia às pessoas, mas parecia ter ainda mais alergia a mim, por isso assim que encontrou uma brecha tentou escapar, felizmente eu ainda a segurava pelo braço e ela não foi muito longe.

— Não tão fácil.

— O quê? Vai me seguir a noite toda? — Perguntou irônica.

— É meio que isso. — Dei de ombros, ignorando sua expressão indignada e a guiando até o bar, aonde pedi por dois drinks.

— Você não é meu pai! — Protestou ao mesmo momento que o barman entregava o pedido.

— Tome. — Ofereci um a ela que ergueu uma sobrancelha para mim após sentir o aroma de álcool no copo.

— Eu não bebo!

— Eu não sou pai, como você fez questão de pontuar. — Sorri, empurrando o copo em sua direção.

— Eu. Não. Bebo. — Disse pausadamente, cruzando os braços.

— Ah, pelas barbas de Merlin, Malfoy! Sempre achei que sonserinos eram covardes... isso só prova o que eu já sabia!

— Está me desafiando? — Perguntou desacreditada.

— Eu? — A encarei pegando meu próprio drink e tomando-o de uma só.vez. — Claro que não. Entendo que Sonserinos jamais terão o espírito livre dos grif...

Não pude completar a frase, pois o copo foi arrancado das minhas mãos. Saphira bebeu tudo de uma vez, deixando-me impressionado. Ela me devolveu o copo e me olhou desafiadoramente.

— Ok, leãozinho. — Gritou ela. — Me mostre o que você tem!

— Ah! — Exclamei sorrindo e me aproximando do ouvido de Saphira para que ela ouvisse. — Pode ter certeza que irei.

(...)

Eu já nem sabia mais o que estava fazendo. Quero dizer, uísque de fogo era mil vezes mais forte do que aquelas bebidas trouxas, eu ainda conseguia me manter em pé, mas, ainda assim, eu me sentia leve e muito risonho.

Eu dançava no meio da pista e, no extremo desta, Malfoy dançava como eu nunca havia visto. Era engraçado como ela dançava, mas me olhava ao mesmo tempo, como se me desafiasse a ficar olhando-a. Havia alguns caras em sua volta, porém, a Malfoy só se apoiava neles.

Já tinha ficado com tantas garotas naquela boate que eu já havia perdido a conta. A Malfoy, por sua vez, não tinha ficado com ninguém, já que sempre que algum cara chegava perto dela eu fazia questão de repeli-lo. Ela era nova demais pra qualquer um ali.

Quando mais um cara se aproximou dela, costurei entre a multidão para chegar até os dois e afastá-la dele.

— A mocinha está acompanhada camarada.

— Deveria cuidar mais dela se não quer perder. — Ele riu, piscando para Saphira antes de ir atrás de outra presa.

— Eu sei o que você está fazendo, Potti. — Sua voz estava embargada por causa da bebida e ela gargalhou ao errar meu sobrenome. — Você. — Disse ao se recuperar, encostando o indicador no meu peito. — Está com ciúmes de mim. — Ela fez um beicinho e eu ri.

— Ah estou? — Perguntei e ela concordou fervorosamente com a cabeça.

— Eu estou vendo como você está fazendo o possível para que nenhum outro cara chegue perto de mim. — Ela riu. — Mas tudo bem! — Garantiu deslizando seu dedo por meu abdome. — Eu danço só com você agora. — Sussurrou e eu parei seu dedo assim que ele alcançou o cós da minha calça.

— Não entre em um jogo no qual não tem condições de ganhar, Saphira. — Avisei usando os últimos resquícios de sobriedade que me restavam.

Ela puxou seu dedo do meu aperto e me encarou por alguns segundos, me oferecendo então um sorriso que só pode ser definido como pervertido.

— Ninguém te disse, Sirius? Eu também sei brincar.

O Dj quebrou a música que tocava colocando uma nova que pareceu ter agradado Saphira, ela virou de costas para mim e então deslizou pelo meu corpo até o chão, empinando sua bunda contra minha pélvis no caminho de volta. Eu suspirei e ela me encarou por sobre o ombro, puxando os cabelos para o lado e começando a se movimentar no ritmo da música contra o meu corpo.

Por cerca de cinco segundos eu tentei me conter, mas era um convite bom demais para ser negado e o quanto antes eu já a agarrava pela cintura enquanto distribuía beijos e lambidas em sua clavícula exposta. Se os murmúrios que escapavam de sua boca era sinal de algo, ela estava gostando daquilo.

Vochê... — ela riu. — Você tem um cheiro tão bom! Achou mesmo que eu não sabia jogar o seu jogo? Faço esse jogo desde os meus treze anos, Potter!

— Faço isso antes mesmo de você começar a compreender o que era beijo, Malfoy! — Gritei em resposta em seu ouvido. — Você não sabe de nada.

— Ah não? — Ela perguntou, apertando-se contra minha ereção e rindo triunfante ao me ouvir gemer.

— Você não dá conta, Malfoy. —Avisei mais uma vez.

— Não duvide da minha capacidade, Potter. — Disse parecendo mais sóbria do que realmente estava.

— É o meu jogo. — Pontuei colocando nossos rostos a centímetros e a encarando nos olhos.

— O que torna sua perda ainda mais humilhante. — Ela sussurrou, seu hálito era uma mistura estranha de menta e vodka.

Malfoy colocou as mãos em meu pescoço, dançando conforme a música e então decidiu repetir o movimento inicial. Eu sou um homem e não me culpem por ficar extremamente excitado com o contato. E eu estava na seca.

Em um primeiro momento ela pareceu assustada, o que me fez festejar internamente. Eu não perdia no meu jogo. Porém, no instante seguinte ela agiu contra as expectativas e o retribuiu ao invés de me repelir. Logo depois eu a guiava para um dos cantos mais escuros da boate, sem tirar minha boca da dela nem por um segundo.

Eu a encostei na parede e a peguei no colo. Saphira passou as pernas em volta da minha cintura e as prendeu ali. Seus lábios finos eram precisos, seus movimentos eram sexys e excitantes ao mesmo tempo em que o beijo era extremamente... selvagem.

Minhas mãos agarraram suas nádegas e as apertaram, fazendo seu corpo colar-se ao meu.

Soube que Saphira havia sentido minha ereção para valer quando ela grudou-se ainda mais em mim. Eu a espremi contra a parede, beijando seus lábios, seu pescoço, seu busto... e que busto! Coloquei uma das minhas mãos em um dos seus seios sobre o vestido e o massageei, sentindo-a gemer contra minha boca, rebolando para mais contato comigo, enquanto a música tocava ao fundo.

Quando suas mãos foram para o meu membro, eu voltei à realidade e a soltei. Saphira caiu do meu colo em pé, como um gato. Ela me olhou confusa por alguns momentos e depois colocou as mãos na boca, como se tivesse feito a maior besteira de sua vida.

O que provavelmente fora.

— Vamos voltar. — Foi só o que eu falei, antes de pegar sua mão com força e aparatar para A Toca.

(...)

Não foi o que eu chamaria de uma noite bem dormida, mas eu também não posso dizer que não dormi, já que estava bêbado feito um pinguim e mal conseguia manter os olhos abertos. Entretanto, ainda assim foi difícil mantê-los fechados, já que o pesadelo de ter beijado Saphira Malfoy me atormentava a cada meia hora.

Quando eu enfim consegui um pouco de paz interior já era manhã e o sono tão aguardado durou apenas até Albus resolver, tão delicadamente, jogar um balde d'água em mim.

— Que merda é essa? — Gritei, arrependendo-me disso no mesmo momento em que minha cabeça ribombou com o som da minha voz.

O que você fez? — Albus perguntou em um tom acusatório e eu sai da cama, tirando a blusa e bermuda exarcadas.

— Hã... nada? — Sugeri levemente recuperado da ressaca que me esperava graças ao banho forçado.

— Eu acordei de manhã e Saphira estava indo embora. Só vou perguntar mais uma vez. O. Que. Você. Fez?

Apertei minhas têmporas em uma tentativa falha de parar aquela dor de cabeça e respirei fundo, pegando uma toalha e saindo em direção ao banheiro.

— Sua amiga é uma patricinha mimada que não aguenta dormir em um quarto que não seja do tamanho do salão principal e a culpa é minha? — Perguntei antes de deixar o quarto e ouvi Albus resmungar algo, apesar de não saber exatamente o quê. — Não vou discutir mais com você, Severus. Se tem algo que você quer reclamar, reclame com ela. Afinal, não foi eu quem te deixou. — E fechei a porta.

(...)

O fim das férias trazia com ele o começo do meu último ano em Hogwarts. Eu decidi me convencer de que aquele probleminha com Saphira nunca aconteceu, o que foi fácil depois de ela ter ido embora e preservou várias das minhas noites de sono.

Embarcar para meu último ano em Hogwarts era... estranho. Nos últimos seis anos eu passei a maioria dos meus dias naquele castelo, onde evolui não somente como bruxo, mas também como pessoa. Fiz e descobri coisas que, antes de entrar ali, jamais imaginei que poderia e eu definitivamente aproveitei ao máximo cada um daqueles dias. Agora eu estava a caminho do meu último ano.

— Como vocês estão se sentindo? — Dominique perguntou com um quê de melancolia na voz.

— Ora por favor, ainda temos um ano inteiro pela frente, vamos deixar essa nostalgia para o próximo verão. — Respondi, olhando para minha prima.

— Não está se sentindo nostálgico? Pois eu estou. — Disse ela, encostando a cabeça em Fred e sorrindo. — Quero dizer, foram seis anos da nossa vida... analisando melhor, os seis primeiros anos em que pudemos nos conhecer como quem somos e evoluir! — Afirmou com um suspiro. — Anos em que descobrimos amigos que vão nos acompanhar para toda a eternidade... — Sorriu e seu olhar foi para o banco vazio ao meu lado. — Cadê a Lisa? — Perguntou perdendo o tom "mimimi" e parecendo perceber a ausência da amiga apenas agora.

— Perdida em alguma cabine com Stephen e alguns amigos dele, acho. — Fred comentou com um dar de ombros e Dominique fez uma careta.

— Ele parece um vampiro! Não a larga por nada no mundo! Deus, é irritante. — Resmungou e eu ri.

— Disse Dominique Weasley, namorada de Fred II. — Ironizei e ela me encarou descontente.

— Nós não somos assim. — Defendeu-se.

— Claro que não, vocês são piores. — Ri e ela revirou os olhos.

— Quer saber? Vou pegar minha amiga de volta. Esse Stephen não pode entrar no expresso andando e pegar uma cabine particular, volto em breve com um leão. — Prometeu e ao mesmo tempo que deixava a cabine, uma certa loirinha entrava com um bico desenhado nos lábios.

— Eu não acredito que vocês vão me deixar depois desse ano! — Choramingou Luna, se jogando na poltrona da cabine. Seus cabelos louros se espalharam pelo estofado, as pernas foram jogadas em cima das de Fred e uma das mãos pendeu para fora da poltrona enquanto a outra estava na testa, como se estivesse sofrendo.

— Quanto drama, Luna. — Disse eu, sorrindo. Ela se levantou, aumentando seu biquinho.

— Não é drama. Vocês vão embora e eu vou ficar sozinha por um longo ano nesse castelo de solidão. — Fungou e eu tentei não rir.

— Isso não é verdade. Tem suas irmãs, Rose, Albus...— Respondeu Fred.

— Não é a mesma coisa! Quero dizer, minhas irmãs são minhas irmãs e Albus e Rose tiveram mais de quatro anos para serem meus amigos e nunca fizeram. — Suspirou.

— Mas a Lily vai estar aí. E, pelo o que eu vi, ela também adora a Disney.

— Vocês podem parar de me dispensar e fingir que vão ficar mais um ano apenas para me fazer companhia?! — Pediu sentando-se direito e cruzando os braços.

— Mais um ano? Olha, eu amo Hogwarts mas não vejo a hora de me formar. — Fred disse recebeu um empurrão de Luna.

— Olha, não vamos sofrer antes da hora, ok? Ainda temos mais um ano inteiro pela frente e quando chegar nossa formatura... bem, depois disso podemos pensar em cartas e comunicações via lareira sempre que possível. — Sugeri sorrindo e ela pareceu aprovar.

— Todos os dias. — Pediu. — Prometa!

— Prometido. — Ri. — Mas deixe eu contar uma coisa para vocês, eu vou aproveitar esse último ano como se fosse o último da minha vida, e para começar com chave de ouro vou comprar doces, alguém aceita?

— Doces? Traga tudo o que puder. Preciso de chocolate para repor a perda de uma amiga. — Dominique retornou a cabine e se jogou na poltrona.

— Você parece com a Lisa quando você e Fred começaram a namorar. — Luna riu e eu concordei. — Eu quero doces, James! O que ainda tá fazendo aqui?

— Já vou, madame! — Informei deixando a cabine e começando a caminhar pelo corredor a procura do carrinho.

— Ok, crianças, chega de açúcar por hoje. — Disse me aproximando e os observei me encarando, movimentando as mãos em um claro gesto que os mandava ir para outro canto, o que funcionou perfeitamente.

— Senhor Potter! — A mulher que administrava o carrinho me repreendeu e eu sorri para ela.

— Senhora Flume. — Sorri galante para ela que não pareceu ter o dia iluminado por meu lindo sorriso.

— Senhor Potter, esses doces foram feitos para ser vendidos. Crianças compram esses doces. Posso saber porque espantou as crianças?

— Para combater a sociedade capitalista que busca rendas através do abuso do apreço de pobres crianças por um pouco de doce! — Acusei e ela piscou os olhos lentamente. — Estudo dos trouxas é uma boa matéria, deveria tentar.

— Senhor Potter...

— Okay! Você me convenceu. Me dê todos seus sapos de chocolate, varinhas de alcaçuz e bombons explosivos.

— Todos?

— Até o último deles. — Sorri e ela pareceu mais contente com minha ação de espantar os mais novos.

— Eu não podia contar por cartas. — Ouvi uma voz conhecida e girei lentamente na direção de onde ela vinha.

— E eu com isso? Sinal de fumaça, fosse lá em casa, pedisse para eu ir na sua. Acho que tenho o direito de saber que você... ah, oi, Potter idiota. — Uma das loiras cumprimentou e eu sorri, parecendo reconhecê-la somente agora.

— Mellody! — Exclamei. — Quase não te reconheço sem as penas. — Ela forçou uma risada, curvando-se com a mão sobre estômago por um segundo antes de voltar a sua expressão fria de normalmente.

— Havia esquecido do seu humor ímpar, senhor bigodes. — Ela forçou um sorriso e eu optei por ignorar, focando na outra loira que parecia interessadíssima na cutícula de suas unhas do pé.

— Então Saphira, o que era tão importante que você só podia contar pessoalmente?

— Se fosse da sua conta eu teria te procurado para te falar. — Respondeu com um sorriso irônico e o canto de meus lábios tremeu.

— Ah, eu sei que você me procuraria para outras coisas. — Disse, o princípio de sorriso aumentando até eu perceber que estava flertando com Saphira Malfoy. — Senhora Mariah, já empacotou tudo? — Perguntei para a mulher virando-me rapidamente para ela.

— Não. — Comentou somente continuando a trabalhar.

— Então... — A voz de Mell voltou a soar e eu poderia dizer que ela tentava não rir. — Você e Vicent voltaram para valer?

— Nunca nos separamos, ele apenas teve uma crise no final do ano letivo. — Saphira respondeu presunçosa e eu ri.

— Qualquer um entraria em crise namorando você. — Comentei involuntariamente sentindo pena do pobre Goyle.

— Mas ele percebeu que me amava incondicionalmente e voltou se arrastando e implorando desculpas. — Voltou a falar, aumentando o tom de voz. — Você pode dar licença? Está impedindo o caminho para o carrinho de doces. — Pediu de forma rude e eu pisei para o lado, liberando o caminho. — Eu queria três sapos de chocolate, por favor. — Pediu.

— Sinto muito, senhorita Malfoy, acabou todo o doce. — Mariah informou e eu voltei a sorrir.

— Como assim acabou? A viagem começou há menos de cinco horas! — Saphira concluiu insatisfeita.

— O senhor Potter acaba de comprar todos os doces deste tipo.

— Como assim todos? O que ele vai fazer com todo esse chocolate? — Perguntou e eu voltei a encará-la.

— Uma festa na minha cabine. E vocês duas estão oficialmente proibidas de entrar no meu vagão. — Pisquei para elas pegando as sacolas que me eram estendidas.

— Seu vagão? — Mellody perguntou irônica.

— É, o com um grande leão desenhado na cortina, não tem como errar. Boa sorte para acharem doces melhores, garotas. — Despedi-me, entregando o dinheiro para a senhora Flume e fazendo meu caminho de volta para a cabine.

Abri a porta com um sorriso triunfal.

— Viram o que eu disse? O melhor ano da minha vida começou comigo deixando a Malfoy sem o doce que parece ser o preferido dela. — Comentei contente entrando na cabine.

— Tão maduro! — Me virei em direção a pessoa que percutiu o comentário a encarando com o cenho franzido.

— O que ela tá fazendo aqui? — Perguntei apontando para Lisa e encarando os demais.

— Ela ainda é uma boa amiga e voltou para o lado bom da força. — Dominique comentou feliz e eu revirei os olhos.

— Ela é uma traidora. Querem saber? Não aceitarei o tipo de pessoa que troca amigos por namorados na mesma cabine que eu! Podem sair Lisa, Dominique, Fred e Luna. — Ordenei apontando para a porta.

— Aí você ficaria tipo, sozinho. — Fred pontuou.

— Eu não troco vocês pelo Victor! — Luna defendeu-se.

— A loirinha fica. — Comentei e eles reviraram os olhos, continuando a conversa que mantinham antes de eu voltar.

— Vocês vão me ignorar? Ok! Todos ficarão sem doces então.

— Nós podemos comprar. — Dominique rebateu com tédio.

— Poderiam, mas eu comprei tudo. — Informei sorrindo e eles me encararam. — Ok, ok, eu perdôo vocês. Mas não atrapalhem enquanto eu planejo o resto do meu ano. — Pedi sentando e largando as sacolas de doces no banco ao meu lado.

Aquele realmente deveria ser o meu melhor ano e, até certo ponto eu consegui cumprir minha meta.

(...)

— Duas semanas de aula, James. Achei que já teria bolado um plano para aquele lance de aproveitar ao máximo e tudo mais. — Fred comentou ao entrar no dormitório e se deparar comigo rodeado de pergaminhos e vidros de nanquim.

— Quem disse que eu não fiz isso? — Perguntei erguendo uma sobrancelha para ele que deu de ombros ao sentar em sua cama.

— Você não andou fazendo nada desde que chegamos, além de ter acabado com metade dos doces do carrinho...

— Não agir não quer dizer não planejar. — Pontuei estendendo para ele um dos pergaminhos.

— O que é isso? — Perguntou, encarando-me desconfiado.

— Olha. — Balancei o pergaminho em sua direção e ele o pegou.

The maurauders Club? — Leu em voz alta antes de baixar a carta e me encarar. — O que é isso?

— Achei que o nome era auto descritivo. — Dei de ombros. — Eu vi um filme no verão e achei sensacional, então pensei: por que não? — Disse deixando um clima de suspense no ar. — Estamos no último ano, Fred. As pegadinhas, tudo que já aprontamos até agora, coisa de amadores! Vamos oficializar isso, vamos melhorar! Um clube para nos divertimos, apostas e jogos, aproveitar nosso último ano como nunca!

— Hum... — Comentou passando os olhos pelo pergaminho e vendo que minhas palavras estavam caligrafadas nele.

— Será um grupo seleto, seis anos são o suficiente para conhecer nossos colegas e duas semanas de análise me fizeram decidir quem entra. Então... o que acha? — Perguntei o encarando com expectativa.

— O que você tá pensando em fazer?

— Você não ouviu nada que eu disse?

— Você sabe qual foi a pergunta.

— Paciência, pequeno gafanhoto. Espere e verá. — E voltei a rabiscar os pergaminhos. — Agora me ajude aqui. — Eu o olhei, Fred de ombros e veio para o meu lado.

(...)

Não que eu não estivesse preocupado com as matérias e o quadribol. Aquele era o meu último ano e queria deixar o meu legado marcado na história de Hogwarts, assim como meu pai e meu avô. Era o meu último ano como capitão e, assim como Victor e o antecessor dele, eu queria segurar a Taça de Quadribol em minhas mãos.

Entretanto, meu plano de observar quem deveria entrar para o meu grupo seleto estava indo muito bem. Kenton Belby, da Corvinal, um cara alto e magro, de cabelos castanhos, olhos azuis e um sorriso que convencia até os professores, era um dos primeiros convidados. O cara conseguia convencer até a mim! E olha que eu não era fácil de se deixar levar. Aquele garoto era inteligente e simpático demais. Por isso, ele teve a honra de receber o primeiro convite.

— James, o que é isso? — perguntou Kenton depois de receber meu convite, enquanto eu corria para o treino de quadribol.

Eu derrapei pelo corredor e me virei para encarar aquele garoto. Ele não estava sorrindo, como de costume; estava confuso, na realidade.

— Ora, um convite. — respondi, sorrindo. — Para o meu grupo. — E pisquei um olho.

— Por quê?

Suspirei e coloquei minhas mãos em seus ombros.

— Você é um cara legal, eu sou um cara legal. Então, como somos caras legais em seus respectivos últimos anos, merecemos um sétimo ano decente. Vamos lembrar desse ano! — respondi e Keton me observou. — Agora, eu realmente tenho que ir. Meu time vai me matar. Até, Belby! — Saí correndo e depois me lembrei de algo. — Ah! Dê isto ao seu amigo Jackson Honeycutt. — E lhe dei o mesmo convite, porém com o nome de Jackson, partindo para o campo.

Graças a Deus, Kenton foi o único que me fez perguntas. No dia seguinte, Jackson — ele era o batedor, de cabelos pretos, olhos castanhos e forte, da Corvinal e fazia tanto sucesso com as meninas quanto eu — e Kenton confirmaram a presença.

Os outros convites foram entregues sem problemas. Por incrível que pareça, os da Sonserina pareciam empolgados com esse clube especial. Afinal, quem não iria querer participar de um clube clandestino com James Sirius Potter?

(...)

No dia em que a primeira "reunião" aconteceria, fui interrogado. Não por uma, mas por três garotas.

— Você está escondendo alguma coisa. — acusou Dominique, do sofá perto da lareira. Eu parei e a observei. — Você e o Fred. O que estão aprontando?

— Nada...

— Não acredite nele, Domi — disse Lisa, aparecendo do nada.

— Por que eu mentiria? — Coloquei a mão sobre o peito fingindo estar ofendido. — Mas querem saber uma coisa? Luna me perguntou a mesma coisa hoje de manhã. — falei, passando por elas. — Sabem a resposta que eu dei? — Nenhuma das duas respondeu. — Noite dos garotos. — Abri o quadro da Mulher Gorda, mas me virei para Lisa antes de sair. — Ah, o seu namorado está a salvo, leão.

— E o meu não está? — Dominique ergueu uma das sobrancelhas.

— Fred ama você, Dominique. — respondi, deixando-a sem fala. — Bem, boa noite, meninas. Não nos esperem acordadas. — E saí para o corredor.

Ainda não estava no horário do toque de recolher e eu fizera isso de propósito. Seria mais fácil e, na hora de voltar para a sala comunal, não haveria ninguém pelos corredores. Bem, haveria apenas o Filch. Mas eu sabia por onde ele fazia suas rondas a cada hora.

Quando cheguei ao sétimo andar, comecei a andar em frente a uma tapeçaria e, de repente, uma porta apareceu. Eu entrei e vi que Kenton — sempre pontual —, Jackson e Henry Smith — um garoto magro, louro e de olhos azuis e que parecia ser tão novo que eu quase não acreditei que ele era do sétimo ano —, da Lufa-Lufa já estavam ali. Além de Fred.

— Espero que Kenton não o tenha perturbado para chegar cedo, Jackson. — comentei ao entrar.

— Sabe que o Kenton é muito pontual. — Jackson respondeu, revirando os olhos. Eu ri e fui cumprimentá-los, enquanto Kenton retrucou ao amigo:

— E você é um atrasado.

— Tenho que ficar gato.

— Para um bando de garotos? — Kenton ergueu uma das sobrancelhas ao perguntar.

— Sem brigas meninas, deixe o Jack ser metrossexual, é o charme dele. — Pedi rindo e fui falar com Henry.

— E o seu amigo? — eu quis saber.

— Já deve estar vindo. Ele começou a namorar e a guria o interditou antes de sairmos. — Henry deu de ombros.

— E quem é? Desculpe perguntar.

— Er... Maya Jackson. — Ele disse assentindo. — Não pareceu muito contente com ele disse que era algo com você. — Fez questão de pontuar e eu tentei conter a surpresa ao saber que Maya estava namorando.

— O que posso dizer? Ela me conhece. — Ri sem muito humor e me afastei para perto de Fred.

Ele arrumava algumas coisas, provavelmente tentando manter-se ocupado. Parei ao seu lado e comecei a ajudá-lo como uma desculpa para sussurrar:

— Dá pra acreditar que a Maya está namorando? — Fred me olhou e riu.

— O quê? Não esperava que ela fosse ficar te esperando, não é? — meu primo balançou a cabeça. — Porque ambos sabemos que vocês dois jamais iriam acontecer. Não depois do que disse a ela.

— Mas ela sempre foi legal comigo...

Fred largou a almofada que segurava e colocou as mãos em meus ombros, me encarando profundamente. Eu ergui uma das sobrancelhas.

— James, Maya é legal com todo mundo. E ela não é sua namorada mais. Maya está livre para sair com quem ela quiser. — disse Fred solenemente. — Dê graças porque é com alguém legal e que a gente conhece.

— Mas... — tentei argumentar, só que Fred me interrompeu.

— Claro que gosto!

— Claro que gosta, a garota foi quem te fez ter a primeira ereção. Mas você terá que seguir em frente amigo, a fila dela andou. — Ele deu dois tapinhas cúmplices em minhas costas. — Agora se não quiser que Ryan e Spencer pensem que isso aqui é clube da dor de cotovelo, deixa isso pra lá.

— Tudo bem — Revirei os olhos e fui até os novos convidados, tentando sorrir. Ok, eu não sabia o que tinha dado em mim. Acho que eu sempre a veria como a garota que me amava.

Fui até os sonserinos, sorrindo como boas vindas. Spencer olhava a Sala Precisa como se avaliasse a decoração. Ele tinha cabelos louro escuros, olhos azuis e expressão de quem sempre estava com tédio. Mas, no fundo, era uma cobra legal. Sem ofensas. Já Ryan tinha cabelos pretos encaracolados, olhos azuis vivos e parecia ser o único da Sonserina que tinha bom humor. Acho que é pelo fato de que ele era um dos poucos sonserinos que eram mestiços.

— Está de parabéns, Potter — elogiou Spencer, com uma expressão de "finalmente algum bom gosto".

— Obrigado, tenho minhas decoradoras pessoais. — respondi, sorrindo. — E vindo de você...

— Poupe-me, Potter — Ele me interrompeu e eu ri.

— Ah, Spencer... algo me diz que vamos ser bons amigos. — Falei e ele revirou os olhos, indo se sentar longe dos lufanos e ravinos. Virei-me para Ryan. — Seja bem vindo, Ryan.

— Valeu, James. Não liga para o Spencer. Ele não estaria aqui, se não gostasse de você. — Ele apertou a minha mão.

— Quem é que não gosta de mim, Bole?

— Posso listar nomes de algumas garotas. — respondeu George, entrando de repente. Senti algo revirar em meu estômago, mas ignorei. — Clarice Wood, a irmã dela, Saphira Malfoy… eu posso continuar...

— Apenas espero que a Maya não esteja nessa lista

— Não há nenhuma. — Respondi.

— Sem querer ser chato, — Disse Jackson e eu o olhei — mas você não foi eleito o melhor em pegadinhas de Hogwarts atoa. — Pontuou e Fred suspirou inconformado.

— Depois das penas e do pó de mico eu inisto que este título seja revogado. — Disse e eu o encarei. — Eu li seu dicionário. — Deu de ombros.

— Foi genial! — Defendi-me e ele deixou claro que discordava.

— De qualquer maneira, não vou assinar nada. — Spencer disse com seu habitual tom de tédio.

Coloquei a mão no coração, fingindo estar ofendido.

— A falta de confiança de vocês me abala. Acha mesmo que, se tivesse alguma pegadinha, eu teria posto meu nome e o nome do Fred, que é um dos meus cúmplices em pegadinhas, no pergaminho? — perguntei, olhando para todos. — É só uma formalidade, para eu ter como recordação. — Dei de ombros.

Eles se entreolharam e depois assentiram.

— O pergaminho está em cima daquela mesa — apontei para uma mesa no fundo da sala. Eles se levantaram e foram para o fundo da sala. Fred veio para o meu lado.

— James... mas e os feitiços da Língua Presa e Dedo-Duro que você me fez fazer? — perguntou meu primo num sussurro. — sorri, apertando sua mão. — Bem, antes de começarmos, quero começar dizendo que eu fiz uma lista em que todos colocarão os nomes. Não se preocupem, meus queridos, meu nome e do Fred já se encontram no pergaminho.

— E qual é a pegadinha? — Perguntou Spencer, desconfiado. Eu ri, como se aquilo fosse uma piada.

— Eles não precisam saber disso, pequeno gafanhoto. — eu os olhei. — Eu irei lhes dar o voto da confiança. Vou acreditar neles. De qualquer maneira, isso é melhor para a segurança de todos aqui. — Sorri para os rapazes que assinavam e Fred assentiu.

— E agora? — George perguntou ao se afastar da mesa e eu suspirei triunfante.

— Agora meus amigos, a festa vai começar. — Disse e no segundo seguinte a sala precisa estava no mais completo breu.

Ouvi os resmungos de todos e vozes perguntando o que estava acontecendo. Felizmente eu havia uma memória fotográfica ótima e sabia exatamente aonde estava tudo que eu precisaria. Caminhei para um pouco longe de onde todos se encontravam e uma mesa a procura de alguns tecidos que não demorei a encontrar. Vesti-me com um deles e segurei os outros no braço.

— Sejam bem-vindos à primeira reunião do Maurauders Club. — Disse com a voz muito mais grave do que a de costume e os murmúrios cessaram por um breve momento.

— Que palhaçada é essa James? Acende a luz. — Ouvi a voz de Fred se sobrepor e optei por ignorar.

— Os marotos foi um grupo formado por quatro grifanos entre os anos 1970 e 1980. Foram considerados os deuses da pegadinha e os maiores quebradores de regras que esta escola já viu. Eles deixaram seu legado para as gerações futuras e sua marca neste castelo. — Disse mantendo a voz grave e floreando a varinha, fazendo com que o um pequeno ponto de luz branca surgisse no meio da sala. — Eu tenho o orgulho de carregar comigo o nome de dois dos fundadores deste grupo que, a partir de hoje, irá perpetuar para sempre em Hogwarts. Inauguro nesta noite o clube dos marotos. Fundado em tributo aos marotos originais, seguiremos seu exemplo e tornaremos esta escola o nosso maior playground, deixaremos a nossa marca e nossos nomes serão lembrados por nossos feitos não tão nobres. — Uma pequena pausa deu o tempo que a luzinha que fora lançada ao ar há pouco tempo preenchesse toda a sala com seu brillho quase cegante. Percebi que todos prestavam atenção no que eu estava falando e alguns estranhavam o fato de eu estar vestindo um capuz preto que se arrastava até o chão. — Frederic Weasley II, George Summers, Henry Smith, Jackson Honeycutt, Kenton Belby, Ryan Bole e Spencer Baddock. Vocês foram os escolhidos para uma segunda geração aonde a marotagem deve ser uma das nossas maiores preocupações. Sejam oficialmente bem-vindos ao The Maurauders Club. — Finalizei, oferecendo a cada um deles uma capa igual a minha.

— Cara… — Henry começou, pegando a própria capa e piscando.

— O que você bebeu? — Spencer finalizou, mantendo seus braços cruzados.

— Vocês podem não estragar a magia do meu ritual de iniciação?

— Isso é bizarro. Até mesmo para você, James. — Kenton disse apertando a ponta do nariz. — Sem ofensas.

— Você viajou legal. — George concordou.

— Alguém tirou foto disso? Por favor, digam que sim. — Fred pediu.

— Valeu a tentativa. — Ryan riu, em uma falha e estranha tentativa de me apoiar.

— Vocês são as pessoas mais sem graça do mundo. — Resmunguei. — Sabia que devia ter convidado o Finnigan no seu lugar, Fred. — Disse e ele riu sarcástico. — Bem, já que vocês estragaram o ritual que contaria com promessas de sangue e coisas mais macabras, vocês tem alguma pergunta? — Questionei tirando o meu capuz e jogando os demais de lado.

— Na verdade sim. — Jackson se pronunciou e ao ver que ele foi o único que não zombou de mim passei a simpatizar mais com ele. — Eu realmente gostei da ideia do clube, até da sua iniciação estranha. Mas eu tenho certos princípios James. — Disse e eu me encostei em uma pilastra, indicando que ele deveria continuar. — No convite você cita alguns tipos de aposta e eu gostaria de saber quais tipos seriam esses. — Disse e e eu pensei por um momento.

— Bem… eu não sei, creio que algumas coisas bobas, talvez não tão bobas. Furtar o chapéu seletor, por exemplo, acho que é uma ideia…

— Serei mais específico. — Kenton comentou. — Ele quer saber se você tem planos de apostar alguma ou mais garotas. — Disse e por um momento eu quase não acreditei que ele tinha feito aquela pergunta.

— Qual tipo de hipócrita você acha que eu sou? — Perguntei realmente ofendido com a pergunta. — Olha, eu não sai no tapa com o Malfoy para fazer igual. Eu posso ser um babaca e ficar com muitas garotas. Mas eu não sou esse tipo de babaca e muito menos preciso de uma aposta para conseguir qualquer garota que eu queira.

— Isso soou babaca. — Fred comentou e eu revirei os olhos.

— O que eu quero dizer é que eu não vou fazer isso jamais. E que se eu escolhi vocês para participarem comigo desta brincadeira é porque acredito que vocês tem os mesmos princípios que eu, pelo menos em relação a este tipo de coisa. — Disse me recuperando da ofensa inicial. — Além do mais, depois de mim vocês são os veteranos mais cobiçados deste castelo, e eu tenho meus contatos para saber disso, salvando talvez Fred e agora George, que namoram, de qualquer maneira nenhum de nós aqui precisa de apostar ninguém. E é por isso que vamos ao nosso primeiro jogo da noite. — Conclui, contente. — Fred, traga o firewhisky e as cartas.

Fred, que pareceu surpreso com a minha reação, foi até o fundo da sala e pegou um pergaminho de dentro da mochila. Depois, pegou a garrafa de firewhisky e veio até a mim. Ele me entregou ambos e foi buscar copos.

Enquanto Fred distribuía os copos, eu comecei a explicar o joguinho que eu bolara.

— É o seguinte, meus queridos...

— Detesto quando ele fala "queridos" em português. — sussurrou Spencer e eu continuei:

— Ouvi isso, Baddock. Enfim, eu aceito sugestões, mas também criei o meu próprio jogo. — Eles já tinham os copos nas mãos, menos Fred, já que ele não precisaria. — Não tenho nome para ele, mas tenho as regras... Em minhas belas mãos, tenho uma lista sagrada de cada garota nesse castelo, tirando as do primeiro, segundo, terceiro e quarto anos. Sim, isso foi necessário.

Todos pareciam prestar atenção em mim e não tive nenhum comentário que fizesse me interromper.

— Infelizmente, sabemos que algumas daqui dessa lista têm namorado. — Segui em frente. — Mas isso não será problemas já que é um jogo de... digamos... probabilidades.

— Diga logo as regras. — Apressou-me Fred.

— Tenho que ser claro, pequeno gafanhoto. Tudo tem que estar bem entendido, para que não haja problemas mais tarde. — respondi e Fred revirou os olhos, mas assentiu. — O jogo irá funcionar da seguinte maneira: Fred falará o nome de uma garota. Cada um terá que dizer se sairia ou se já saiu. Para quem está se perguntando para quê serve o firewhisky. Eu lhes digo, meus companheiros... se um de vocês já saiu com alguma garota, terá de beber um gole.

— E o copo de Fred? —quis saber Henry.

— Ah, ele não vai precisar, visto que namora Dominique desde os onze anos de idade e nunca a traiu. — respondi. — E isso, é claro, não impede que ele dê suas opiniões sobre as garotas. E, George, você pode beber. Sei que já saiu com várias, antes de Maya. — Fiz uma pausa para ver a reação dele. Como George apenas riu e deu de ombros, eu continuei: — Topam?

— Por que não? — disseram em uníssono. Menos Spence, Spencer deu de ombros.

— Ok. — falei, sorrindo. — Pode começar, pequeno gafanhoto.

Fred balançou a cabeça e pegou o pergaminho das minhas mãos e começou:

— Luana Davis, Corvinal. Hoje está no sexto ano.

— Já. — disse Kenton e eu ri, enchendo seu copo. Ele bebeu, enquanto Henry se pronunciava.

— Não. — respondeu Henry e os outros. E, por incrível que pareça, eu respondi a mesma coisa.

— Elena Brothback — listou Fred.

— Ah, já! — exclamei, enchendo o meu próprio copo.

— Sim, sou vizinho dela... ela foi meu primeiro beijo. Foi uns dois meses antes de virmos para Hogwarts. — respondeu Jackson e eu enchi o copo dele, assentindo.

— Sim. — Respondeu Spencer e eu o olhei, enchendo o seu copo. — O quê? Algumas lufanas são surpreendentes. — Defendeu-se e eu ri.

Os outros disseram não. Fred foi para a próxima da lista e riu antes de pronunciar seu nome.

— Luna Longbottom, Lufa-Lufa. Sexto ano.

Todos responderam não, menos eu.

— Eu já. Fui o primeiro beijo dela. — sorri, terno, e enchi o meu copo e bebi. — Mas não teve segunda vez.

— Sabia que essa amizade não vinha do nada! — exclamou Ryan, rindo. — Me deve um galeão, Spencer!

Eu fiquei admirado e balancei a cabeça, mas não falei nada.

— Maya Jackson, Lufa-Lufa. Sexto ano. — disse Fred.

— Eu sou meio óbvio. — respondi e enchi meu copo, bebendo em seguida.

— Desculpe, George, mas eu também. — admitiu Ryan. Eu não gostei de saber, mas enchi o copo dele também.

— Eu sou suspeito para falar. — Brincou George e eu enchi seu copo. Os outros disseram não.

— Lisa Carter, Grifinória. Sétimo ano. — Fred escolheu e riu logo depois. — Essa eu quero ver.

— Não! E eu nunca sairia com a leãozinho. — Afirmei convicto, como se a ideia fosse estranha demais para mim.

— Eu já, no terceiro ano. — disse George.

— Eu também. — confessou Spencer.

— Sim, no quarto ano. — disse Ryan.

— Alguém mais? — perguntei e Jackson levantou a mão.

— Primeiro ano. Ela deu seu primeiro beijo comigo. — Ele deu de ombros e eu concordei, surpreso em descobrir que Lisa era muito menos santa do que eu pensava enquanto servia os quatro rapazes.

— Gente, primeiro é Albus e agora vocês... — Fred balançou a cabeça. — Faltou algum? — Perguntou rindo.

— Bem que eu queria. — Lamuriou Kenton. — Pena que ela está com o Thomas.

— Huuuum… — Provocamos e ele revirou os olhos.

— Próximo nome. — Pediu e Fred riu.

— Ok... Ashlynn Smith, Lufa-Lufa. Sétimo ano. — disse Fred com um sorriso malicioso.

— Eu não. — Coloquei as mãos para o alto.

— Mas eu sim. — disse Kenton, como se estivesse sendo culpado. Olhei para Henry, que estava com uma expressão nada boa, mas não disse nada. Enchi o copo do rapaz e ele bebeu.

— Eu também - disse George e eu enchi o copo dele.

— Você o quê? — perguntou Henry, vermelho.

— Eu também. — entoou Ryan. Eu enchi o copo dele, vendo que Henry ia...

— VOCÊS O QUÊ? ELA É MINHA IRMÃ, SEUS SAFADOS! — explodir. — SE EU VER QUALQUER UM DE VOCÊS PERTO DELA, NÃO QUERO SABER SE SOMOS AMIGOS OU NÃO, VOCÊS VÃO PARAR NA ENFERMARIA! OUVIRAM BEM?

— Ah, chega, com isso, Henry. Se acalme. — disse Ryan. — Não saímos mais que duas vezes. — E deu um sorriso provocativo.

Henry se levantou, mas Jackson o impediu.

— Sem brigas garotas. Estamos aqui para nos divertir. — Avisei e Henry respirou fundo antes de se sentar novamente, apesar de não parecer nada contente com isso. — Continue, primo. — Fred assentiu.

— Hã... Mellody Wood. — disse Fred. — Sexto ano, sonserina. Ela é gata. — Comentou com um dar de ombros.

— Eu. — Jackson levantou a mão. Enchi seu copo e ele bebeu.

— Eu também. — disse Henry e eu ergui uma das sobrancelhas, mas enchi seu copo.

— E se peguei. — Kenton disse rindo.

— Ah.. gosto dessa Wood. Muito diferente da irmã dela. Um amor. — Jackson disse em um tom pervertido e eu ri, surpreso, enchendo seu copo e o de Kenton.

— Com certeza. — Ryan afirmou como se estivesse se lembrando de algo bom.

— A pergunta certa seria, quem não ficou com a Wood? — Spencer brincou erguendo o copo em minha direção.

— Eu. — Fred e eu respondemos.

— Caramba… essa daí… pobre do sapo. — Pensei em voz alta.

Se essa Mellody não havia me surpreendido antes, agora, eu estava chocado. Com quem mais ela já havia saído?

— Pelo amor de Merlin, não deixe que o Severus saiba. — olhei para o Fred, que concordou comigo.

— Como assim não deixar que seu irmão não saiba? — quis saber Kenton.

— Esses dois nutrem um amor secreto, Wood e Albus. Mas os dois são tão teimosos, que não falam nada. São só "amigos" — Fred fez aspas no ar e eu assenti.

— Fora que, apesar de serem amigos, ela é irmã da Clarisse. E digamos que... Albus ainda não a perdoou por ter me envenenado. — completei. — E eles tiveram muitos problemas por conta disso. — Comentei pensativo.

— Ah sim, verdade, um dia eles quase saíram no tapa na comunal. — Ryan disse com um dar de ombros.

— Isso é o que eu chamo de uma "friendzone complicada". — disse Spencer e eu ri. — Outro nome, Weasley.

— Achei que nessa altura do campeonato você soubesse meu primeiro nome, Baddock. — Fred olhou para lista. — Não acredito, James! Roxanne Weasley, Corvinal. Sétimo ano.

— Eu não, cara. — falei e Fred me encarou com tédio.

— Nunca. — disse Kenton, dando de ombros.

— Nop. — George se pronunciou.

— Também não. — Spencer disse.

— Não. — Ryan fez um bico, que eu não entendi. — Mas já quis. — E deu um sorriso para Fred, que ergueu uma das sobrancelhas para ele.

— Nunca. — Henry balançou a cabeça.

— Eu já, ano passado. — respondeu Jackson e todos o olharam. — Mas não deu certo... — ele olhou para o copo cheio. Bebeu e depois suspirou. — Alguns dias depois, eu a vi com saindo com a Raven Cadwallader, do quinto ano. — Jackson olhou para mim e depois para Fred, que estava sem reação. — Eu gostava dela... fiquei triste ao ver que ela também gosta de meninas. Mas eu guardei o segredo dela... até hoje.

— Ela... ela nunca me contou nada. — sussurrou meu primo, triste. — A gente sempre conta tudo um para o outro. Não entendo... não...

— Talvez ela estivesse com medo. — Kenton tentou consolar.

— Bobagem da parte dela! — exclamou Fred. — Eu não tenho preconceito. Nem James. Eu contei... eu contei que estava com Dominique. E ela não me disse nada...

— Talvez ela não soubesse o que era na época. — tentei ajudar. Também estava chocado e um pouco chateado, mas Fred precisava mais de apoio.

— Vou conversar com ela. — falou ele, decidido. — Não estou com raiva. Estou decepcionado por ela não ter confiado em mim.

— Não diga isso, Fred. — falei e ele balançou a cabeça.

— Ei, não diga que eu contei. — pediu Jackson e Fred assentiu.

— Vou... Vou continuar... Hummm, essa já não está mais aqui. Amber Skeeter, ex-sonserina. Formada... Graças a Merlin.

— Cara... devemos seguir o exemplo que Spencer deu para Mellody e perguntar quem não saiu com ela? — Henry disse e apenas Fred levantou a mão.

— Se a Dominique não tivesse quase dado uns tapas na Amber, você teria caído no bote dela. — disse Spencer e, depois, olhou para mim. — Cara, aquela sua prima...

— Minha namorada... — lembrou Fred, olhando bem para o sonserino.

— ...tem fibra. — Spencer voltou a olhar para o meu primo. — E, sim, Fred. Sua namorada é incrivelmente sexy.

— Só não bato na sua cara magra, porque eu concordo completamente com você. — Fred respondeu, estreitando os olhos. Depois voltou a se concentrar na lista. — Mellany Blenchley, recém-formada, ex-sonserina.

— Eu não - dei de ombros. Os outros concordaram, menos Ryan, que me pareceu triste e irritado ao mesmo tempo.

— Ela foi minha namorada. — respondeu ele, enquanto eu enchia seu copo outra vez. — Mas, ao ler uma carta da minha mãe por cima do ombro, descobriu que eu sou mestiço. Tivemos uma briga feia e ela terminou comigo. — Concluiu e Spencer deu tapinhas no ombro do amigo, solidário. A amizade deles parecia com a minha e do Fred.

— Ela terminou com você só porque é mestiço? — perguntou George, como se aquilo fosse o cúmulo. E, na minha opinião e a dos outros, era mesmo.

— Estamos em 2022 pessoal, essa coisa ainda existe? — Kenton perguntou com tédio. Aparentemente existia sim.

— Segundo ela, que é Sangue-Puro, "Lugar de mestiço é na Grifinória ou Lufa-Lufa. Lá é onde eles aceitam todo o tipo de ralé". — Ele deu de ombros e bebeu o firewhisky em seu copo. — Babaca.

— Sentimos muito, Ryan. — disse Henry. Ryan abanou a mão.

— Não gosto mais dela mesmo. Depois do que ela disse para mim, o encanto se acabou. Espero que ela seja muito feliz com o primo abusivo e puro- sangue dela. — ele disse com desdém, dando um sorriso característico da Sonserina. Maldoso e malicioso. — Próximo nome, Fred II.

— Minerva Vardon, formada há dois anos, ex-grifana. — disse Fred. — Ah, uma grifana, finalmente.

— Eu. — Spencer falou primeiro. Todos o olharam. — O quê? Ela era muito... fogosa - e deu um sorriso malicioso.

— Nisso, eu tenho que concordar. — Servi mais firewhisky para ele e para mim.

— Nisso, eu tenho que concordar — repetiu Henry, estendendo seu copo para mim. Eu ri e o servi.

— Nunca vou me esquecer dela. — suspirou Kenton e eu enchi seu copo, rindo. — Próxima! — pediu, depois de tomar a bebida.

— Ok... Hope Dawlish, Corvinal. Sétimo ano. — Fred nos olhou.

— Foi minha namorada até o terceiro ano. — respondeu Kenton, assentindo. Enchi o copo dele e depois enchi o meu.

— Saí com ela no quarto. — Disse bebendo o líquido, como ninguém mais se pronunciou, Fred prosseguiu.

— Beth Finnigan, recém-formada. Grifinória. — disse Fred.

— Quinto ano, antes de saber que... que Teresa me... correspondia. — falei, enchendo o copo e bebendo de uma vez. Eu sabia que todos estavam trocando olhares, mas foram sensíveis o suficiente para não dizerem nada.

— Eu também saí com ela. — Jackson falou e estendeu o copo, que eu enchi. Já estava começando a senti os efeitos do álcool.

— Vou fazer o quê? Gosto de umas Grifanas. — Spencer sorriu e eu enchi o copo dele também. Eu balancei a cabeça, sorrindo.

— Alice Longbottom II, Grifinória. Sexto ano. — falou Fred.

— Jamais - eu balancei a cabeça.

— Eu. — disse George. Eu enchi seu copo.

— Eu também. — Kenton admitiu e eu enchi seu copo, erguendo uma das sobrancelhas.

— Alguém mais? — perguntei e os outros disseram que não.

— Ginevra Longbottom, Sonserina. Sexto ano. — continuou Fred.

— Eu. — disse Spencer e eu servi mais firewhisky. Eu olhei para os outros, que negaram com a cabeça.

— Ok... Sum... Summer Hobday, Sonserina. Sétimo ano. — Fred nos olhou.

— Tem vezes que algumas cobras prestam. — confessei e enchi meu copo, tomando outro gole.

— Tem razão, James... enche aí. — disse Ryan e eu fiz o que ele disse.

— Enche o meu. — Spencer estendeu o copo e eu servi a bebida.

— Achei que já estariam bêbados. Estou decepcionado. — comentou Fred. — Hã... Deborah Ridgebit, Corvinal. Sétimo ano.

— Culpado. — Jackson levantou as mãos, sorrindo. Eu enchi o copo dele, rindo também. Eu já estava meio alto.

— Cara, agora eu vejo porque Maya me deu um corretivo. — George chegou para frente e servi uma dose para ele, apesar de ter odiado o comentário sobre Maya.

Sem ciúmes, James. Sem ciúmes. Você terminou com ela no segundo ano. Idiota.

— Eu também. — admiti e bebi mais firewhisky.

— Hã... James, foi você que fez a lista? — perguntou Fred.

— Não... vi a lista na mesa da McGonnagall e fiz um feitiço para replicá-la, em minha última detenção. — dei de ombros. — Por quê?

— Rose Weasley, Grifinória. Sexto ano. — respondeu Fred e eu entendi. Olhei para os meninos, que coçaram os braços, olharam para o alto... tudo, menos nos encarar.

— Eu - George disse e eu o olhei. Enchi seu copo e logo Fred passou para o próximo nome.

— Rowena Condrey, Corvinal. Sexto ano.

— Minha ex-namorada. — Disse Jackson, que hesitou por alguns segundos. O que quer que ele estivesse guardando para si, ele resolveu colocar para fora. — Namoramos por quase um ano, quando eu conheci Tyler Entwhistle. Eu... eu meio que comecei a gostar dele... me sentir atraído por ele e resolvi terminar. Ou seja... saí com Tyler por alguns dias. Mas não durou muito.

— Então você é...? — começou Ryan, sem saber como terminar.

— Sou bissexual. — respondeu Jackson.

Por alguns segundo todos ficaram calados, surpresos. Mas, depois, deram de ombros de deram tapinhas amigáveis em suas costas.

— Eu também já saí. — Falei, me servindo de firewhisky.

Todos me olharam. Pararam o que estavam prestes a fazer para me olhar. Até Fred deixou cair a lista no chão. Então eu entendi.

— Não, gente. Eu saí com Rowena... nada contra quem saí com homens, mas isso não é para mim.

— Ah. — esse som foi uníssono.

— Está bem... Felicity Acklerley, Lufa-Lufa. Sexto ano. — disse Fred, depois do choque.

— Culpado. — falei e bebi mais firewhisky.

— Eu também. — Spencer ergueu as mãos e depois estendeu o copo para mim.

— Estou nesse clube. — disse Kenton e eu enchi seu copo.

— Nossa. — disse Henry parecendo surpreso. — Não sabia que ela tinha saído com tantos caras. E ela se fazia de boa moça.—- Quando notou nossas expressões indagadoras, Henry esclareceu. — Ela foi minha namorada. Terminamos no final do ano passado. Agora ela está com um qualquer do ano dela. — Ele deu de ombros e eu enchi seu copo.

— Bem, querido Henry, ruivas nunca são boas moças. — Brinquei. — A não ser Dominique e Lily, é claro. — Fiz questão de pontuar e Ryan tentou disfarçar uma risada que me deixou muito irritado, mas eu preferi ignorar.

— Riley Pritchard, Sonserina. Sexto ano. — disse Fred. — Não é aquela nossa prima de quarto grau? — Ele perguntou, me olhando. Eu demorei um segundo tentando ligar o nome à pessoa e então assenti. — Ela não gosta da gente. — Ele comentou com um dar de ombros.

— Eu já saí com ela, para o azar de vocês. — riu Ryan e vi que o álcool já fazia efeito. Mesmo assim, eu tornei a encher seu copo.

— Eu também já. — falou Spencer. Eu enchi mais uma vez seu copo.

— Descobri que ela dorme no dormitório dos garotos do sexto ano, quando fui pegar o meu chinelo favorito dos pés do idiota do Higgs e a vi lá. Se arrumando... foi quando a gente... vocês sabem... e daí eu perguntei o que ela estava fazendo lá. — confessou Ryan, como se aquilo fosse segredo. — A querida Riley dorme nos dormitórios dos garotos desde o primeiro ano, quando Mellody, Freya e Saphira a expulsaram e lá. Não quis dizer o motivo.

— Isso é novo... — Comentei, anotando-a mentalmente em meu caderninho. Se ela me odiava, quando conhecesse os meus poderes, não ia resistir.

— Amara Goyle, Sonserina. Quinto ano — continuou meu primo.

Levantei a mão e bebi outro copo de firewhisky.

— Eu. — Henry disse e eu servi mais bebida.

— Eu também. — Jackson ergueu o copo e eu o enchi.

— Para caras que são de Casas diferentes, vocês gostam de uma sonserina, hein. — comentou Spencer quase deitando nas almofadas.

— Adooro veneno. Você não sabe que eu sou conhecido como James Sirius Potter aka Garoto Veneno? — perguntei e eles riram.

Vi Fred balançar a cabeça e continuar:

— Bunny Summers, Lufa-Lufa. Quinto Ano.

— Nu-nunca. — disse Jakson, soluçando por causa do firewhisky. Àquela altura, a gente nem sentia o fogo da bebida.

— Claro que nunca — respondeu George. — Ela foi minha namorada por cinco e curtos meses. Descobriu que gostava de meninas e me deu um pé na bunda. — ele bateu nas próprias mãos, fazendo com que uma das mãos fosse para frente, para demonstrar. — Triste, rapazes. Triste.

Ouvi a risada de Fred ao meu lado e eu o olhei.

— Não tem gracha, Fredxi — disse Jackson.

— Claro que não. — mas eu vi o meu primo segurando o riso. — Eileen Cavendish, Lufa-Lufa. Quinto ano.

— Ela é um amor, essa Eileen. — falei e Kenton assentiu.

— Tão amorosa... nunca fui tão bem tratado. — disse ele e eu o servi também.

(...)

Eu não sabia quantas doses eu já havia tomado quando aconteceu. Soube de muitos segredos daqueles caras e já ríamos quando descobríamos que havíamos saído com as mesmas garotas.

Eu estava bêbado, era verdade. Mas, eu sempre tinha uma boa memória, mesmo quando bebia muito. Então, aquele ditado: "Vou beber para esquecer os meus problemas" não funcionava comigo. Não importava o quão bêbado eu estivesse.

Ouvi a voz de Fred outra vez. Ele havia dito que algumas das garotas eram bonitas. Mas não citarei nomes pelo bem de Dominique. Espero que não fique chateada, já que ele só tem olhos para você.

— Fre... Freya Zabine... Sonserina. Sexto ano — anunciou Fred. Era impressão minha, ou meu primo estava nervoso?

— Bem, eu. — Disse Spencer e eu servi mais firewhisky.

— Eu também. — disse Ryan, rindo à toa. Enchi seu copo outra vez. Ele bebeu e deixou cair um pouco na blusa.

— A quem eu quero enganar? Aquela menina sabe seduzir — confessei e enchi meu copo.

— Concordo — disse Kenton e eu o servi. Ele bebeu e esperei Fred continuar.

Entretanto, ele fez algo que surpreendeu a todos: como eu estava mais perto dele, Fred agarrou meu copo e a garrafa - que já era a terceira e estava quase no fim - das minhas mãos e serviu um pouco de firewhisky, bebendo de uma vez só logo em seguida.

Quando percebeu que nós o estávamos olhando com cara de pastel, Fred sentiu necessidade de explicar, devolvendo-me a garrafa e o copo.

— Lembra no nosso quarto ano? Quando as meninas estavam descobrindo o que era TPM? — perguntou e os garotos gemeram, sabendo como era. Eu assenti. Nunca me esqueceria daquele terror psicológico. — Dominique e eu terminamos por uma semana... lembra quando fez as pazes com a Lisa depois daquela briga ridícula no vestiário?

— Sim — e olhei para os meninos de rabo de olho. — O que tem?

— Voltamos naquele dia, quando eu disse que preferia que ela fosse mulher. Foi uma boa reconciliação... mas, voltando, Freya viu quando eu e Dominique brigamos e ela pediu um tempo. Ela veio... hã... me consolar. — Ele passou as mãos nos cabelos. — Foi bom, não vou mentir. Mas... eu pensava na minha moranguinho. Não consegui esquecê-la. Então, mesmo que Freya tenha voltado para pedir mais, eu disse não. Acredite, foi a pior semana da minha vida.

— Que roman... hic... tico Weashley. — disse Spencer, quase caindo da cadeira. Eu ri e Fred também.

— Dominique e Fred estão se beijando... b-e-i-j-a-n-d-o. — cantarolou Ryan, rindo.

— Ok, Ryan. Ok. — Disse Fred e olhou para a lista. — Humm.... Saphira Malfoy, Sonserina. Sexto ano.

— Ahhh — suspirou Spencer. — Como eu a queria. Mas ela não deixa eu nem chegar perto. Parece que foi feita de ouro. — Todos concordaram.

— Peguei — confessei e Fred me olhou, deixando cair o pergaminho. — Ah, e, com certeza, pegaria de novo. Ela sabe enlouquecer um cara. — Enchi outro copo de firewhisky.

Toda a Sala Precisa ficou em silêncio, me olhando.

— Que foi? - Perguntei os encarando de volta como se não fosse nada demais.

— Cheimes, Cheimes, quem diria. — George disse parecendo extremamente divertido com isso.

— Potter e Malfoy. Sabe quem iria gostar disso? Amber! — Spencer voltou a falar. Ele bêbado era muito diferente do normal.

— Vocês estão com inveja porque eu fui o único que conseguiu a Malfoy. — Rebati, virando o copo de uma só vez. — Próximo nome! — Pedi erguendo o copo.

— Ér... acho que já chega por hoje. — Fred comentou enrolando o pergaminho.

— Poxa vida! Agora que estava ficando legal. — Kenton murchou. — A próxima descoberta poderia ser que James já ficou com a Dominique.. — Riu acompanhado pelos outros?.

— Quem te contou? — Perguntei surpreso e bebi no gargalo da garrafa o resto de líquido que ela guardava.

— Já chega! — Fred gritou e pelo susto eu soltei a garrafa, molhando-me com a bebida que caiu dela e gargalhando.

— Uhhh... agora a coisa vai ficar feia. — Henry disse interessado.

— Briga, briga, briga. — Jackson começou pedindo apoio aos demais.

— Quando foi isso? — Spencer quis saber. — Não é justo, ela tem alguma coisa de só ficar com primos?

— Baddock, é melhor para sua saúde você calar essa boca. Reunião encerrada. — Fred declarou. — Você vem comigo. — Disse para mim tirando a garrafa que estava pousada em meu peito e me erguendo pela gravata frouxa. — Tenham uma boa noite. — Desejou arrastando-me para fora dali.

— Foi antes de ... hic ... vocês namorarem. — Defendi-me enquanto ele ainda me arrastava pelo castelo. — E foi só um beijinho. Nem foi um beijo de verdade! — Me exaltei e Fred me soltou, deixando-me cair no chão. — Foi assim ó. — Fiz um bico e dei um beijo estalado no ar. — Só isso. — Afirmei balançando a cabeça.

— James. Cala essa boca. — Ele pediu e eu dei outro beijo estalado no ar, porque havia achado aquilo muito divertido. —Eu sei que foi só isso ok? Dominique me contou. Agora você pode cooperar? O que eu quero saber você não está em condições de me contar.

— Nada além de um beijinho! — Voltei a afirmar enquanto me levantava e me jogava no ombro de Fred.

— Você precisa de um banho frio. — Meu primo resmungou e não lembro de muita coisa depois disso. Fred disse que eu dormi e ele acabou me largando no sofá da comunal.

(...)

Acordei com um certo incômodo e virei o rosto para o lado para livrá-lo da claridade. Estava completamente disposto a voltar a dormir mas ao ouvir passos por perto a curiosidade foi maior.

Arrependendo-me quase imediatamente pelo feito, abri os olhos dando de cara com uma ruivinha que me encarava nada satisfeita, com os braços cruzados e olhos castanhos semicerrados.

— Você deveria se envergonhar. — Ralhou Lily e eu fechei os olhos porque começava a sentir os efeitos da ressaca. — Você está fedendo. E intoxicando toda sala com seu cheiro pútrido. Vá tomar um banho e impeça que mais pessoas vejam essa cena deplorável.

— Bom dia maninha. — Disse com a voz rouca e ela não pareceu gostar.

— Estou falando sério, James. Não ligo para o que você apronta desde que não fique largado por aí nessas condições. Você já é um homem. Aja como tal. — Disse dando a volta pelo sofá e caminhando para a saída da comunal.

— Ótimo dia para você também! — Desejei apenas alto o suficiente para que ela ouvisse.

— Uma péssima ressaca para você! Te amo. — Disse e depois desapareceu pelo quadro que guardava a torre da grifinória.

Eu não tinha a menor ideia do meu real estado e estava com tanta dor de cabeça que tudo que queria fazer era voltar a dormir, mas a descrição de Lily não me pareceu nem um pouco promissora então decidir levantar e ir para o dormitório, afim de tomar um bom banho gelado.

Era domingo então não havia nenhum motivo para qualquer pessoa acordar antes das 10:00, o que me fez estranhar o fato de Lily ter feito isso, mas não estava em condições de investigar.

Após meu banho entrei no quarto ainda com a toalha enrolada na cintura e um pouco mais disposto que há alguns minutos e vi Fred e Edward conversando de suas respectivas camas, Stephen e Klaus não estavam ali.

— Bom dia James. — Edward desejou ao me ver.

— Uhum. — Respondi balançando o cabelo para tirar um pouco do excesso de água e jogando-me na cama.

— Ele está de ressaca. — Fred se desculpou por mim e identifiquei uma exclamação vinda do Finnigan.

— Bem, não quero perder o café da manhã. Até mais. — Edward disse e eu levantei a mão em despedida para ele, mas não consegui a sustentar em pé por muito tempo.

— Até. — Fred despediu-se e no segundo seguinte eu ouvi a porta fechando.

O silêncio que no quarto e eu não podia ignorar aquela maravilhosa oportunidade de voltar a dormir. Porém, como dizia o ditado, estava muito bom para ser verdade.

Fred, e afirmo com convicção que era ele já que só tinha nós dois no quarto, me agrediu indelicadamente com um severo golpe de travesseiro no rosto.

Eu fiquei realmente furioso com aquilo, mas estava ciente que gritar não ajudaria em nada na minha ressaca, por isso apenas gruni.

— Precisamos conversar. — Ele declarou e eu me virei na cama para encará-lo.

— Não sou eu, é você. Eu conheço esse discurso Frederic, já o usei várias vezes. Mas você não vai conseguir se livrar de mim. — Afirmei. — Eu vou ser aquelas namoradas psicopatas. Colocarei uma cama do lado da sua, frequentarei as mesmas aulas que você e até mesmo os mesmos lugares aonde passa as férias. Eu vou...

— Cala essa boca. Até porque tudo o que disser pode e será usado contra você no tribunal.

— Como é?

— O que você tem em dizer em sua defesa?

— Cinco palavras. Firewhisky foi uma péssima ideia. — Afirmei pensando que um suquinho de abóbora causaria menos efeitos colaterais.

— Você sabe do que eu tô falando.

— Na verdade...

— Quando você ficou com Saphira Malfoy? — Jogou e eu fechei a boca digerindo a pergunta.

— Eu não sei do que vo...

Como eu disse anteriormente, eu tinha uma ótima memória mesmo estando bêbado. E por mais que ela demorasse um pouco, uma hora ela funcionava.

— Merda! — Declarei me sentando na cama e dando um soco no ar. Fred assentiu. — Quão bêbado eu estava?

— Bastante. Rolou até um "e pegaria de novo". — Informou e abaixei a cabeça, suspirando derrotado.

— E os outros?

— Igualmente. Agora responda minha pergunta. — Disse e eu sabia que ele não me deixaria sair dali sem uma resposta.

— Nas férias. No dia em que Vic veio me pedir para dar um jeito de fazê-la ir embora. — Comecei. — Eu aparatei com ela em uma boate, bebemos um pouco além da conta... Foi por um bem maior. — Expliquei e ele riu.

— E por qual bem maior seria a sua esperada segunda vez? — Provocou.

— Cala a boca, Frederic. — mandei o travesseiro para ele de volta, que pegou por reflexo. — Mas que ela é gostosa, isso é. — murmurei, tentando esconder um sorriso.

— Ahhh! — Fred deu um berro e eu tapei meus ouvidos. — James está ca-i-di-nho pela Malfoy fêmea!

— Nunca disse isso, cabeção. Só digo os fatos. — justifiquei, mas meu primo não quis saber, começou a cantarolar.

— James e Saphira se beijando... se b-e-i-j-a-n-d-o! — eu revirei os olhos, ainda com a cabeça latejando. E a voz de Fred era pior do que a voz da minha mãe quando ela cantava no chuveiro. — James quer namorar a Malfoy fêmea, quer ter doninhas como filhote...

— Fica quieto, Fred! - sibilei, olhando para a porta, com medo de alguém ouvir.— Calado.

— Nop! Vou te infernizar para sempre. — E gargalhou. Dessa vez, joguei meu travesseiro na cara dele, atingindo-o no rosto em cheio. — Só por que me acertou, não quer dizer que eu vou parar.

— Eu mereço. — deitei de volta em minha cama e fechei os olhos, talvez fosse um sonho.

— Pode levantando seu traseiro magro daí, senhor Malfoy. — mandou Fred e eu abri um olho.

— Quero um motivo.

— Eu não vou ficar de olho naqueles caras, para ver se eles vão ou não dar com a língua nos dentes sozinho, portanto, você vai tomar café. — ele explicou, estufando o peito depois, como se tivesse dado o melhor motivo.

— Se eu for, você não toca no assunto proibido, ou seja, Malfoy? — perguntei e Fred pareceu ponderar.

— Não tocarei no assunto na frente de outras pessoas. — Prometeu ele.

— Nem das meninas. — Apontei para ele, que pareceu frustrado.

— Nem para as meninas. — respondeu e eu me levantei, ainda tonto, e fui vestir uma muda de roupa limpa.

(...)

Depois que minha cabeça melhorou um pouco, eu não conseguia parar de pensar que eu queria sair com a Saphira de novo. Eu não sabia o por quê, talvez fosse para provar a mim mesmo que eu conseguia domar aquela cobra. O engraçado é que cobras são traiçoeiras e Malfoys eram a mesma coisa.

A verdade é que eu nunca confiei naquela família. E, quando Scorpius apostara Lisa, só me fez confirmar que Saphira seria do mesmo jeito. Talvez eu estivesse errado sobre os dois, mas eu era um tolo na época. Nunca veria a verdade a um palmo de distância do meu belo rosto. E fiquei sem vê-la durante anos. Entretanto, eu ainda consumia uma grande raiva pelos Malfoy.

Mas eu não conseguia parar de pensar naquela loura nojenta, que se achava a maioral de Hogwarts. E esse posto era meu.

— Nossa, parece que você quer ir ao banheiro. — comentou Dominique, aparecendo de repente.

Eu estava deitado no maior sofá da sala comunal da Grifinória, em frente a lareira. Eu sempre tentava sentar ali, antes que qualquer um o fizesse.

Dominique deu a volta, levantou minhas pernas com a mão e se sentou, colocando meus pés em cima do seu colo.

— Você está bem? — perguntou ela, preocupada.

— Ainda com um pouco de dor de cabeça. — apertei os olhos para enfatizar. Ela soltou um "Ah" e ficamos em silêncio. — Como teve certeza de que amava Fred?

Ela me olhou por alguns segundos.

— Com o tempo, eu acho. Até o segundo ano, eu ainda tinha uma queda por você — ela revirou os olhos, mas eu estava surpreso. — Mas Fred começou a me conquistar com o jeito meio lerdo e engraçado. Eu não o amei logo de cara. Foi surgindo durante o tempo... foi brincadeiras e flertes... foi a dança sem música... — Dominique sorriu. — Então não havia porque eu ter uma queda por você. Fred é maravilhoso a sua maneira. É perfeito para mim. É estranho, mas é como eu me sinto.

Eu assenti. Nunca havia pensado em perguntar como os dois haviam, de fato, começado a gostar um do outro. Sinceramente, não me importava em ficar de vela às vezes e nem que eles eram primos. Dominique e Fred sempre seriam meus melhores amigos.

— A verdade é... — continuou ela. — A verdade é que a gente ama uma pessoa de verdade com o tempo. Não é da noite para o dia, não é apenas um olhar. O tempo faz com você veja os defeitos da pessoa e aprenda como encaixá-los em suas qualidades; o tempo faz com que você conheça a pessoa e aprenda a enxergá-la profundamente; e é o tempo que faz você ver quem é a pessoa certa para você. Nunca vai saber logo de cara.

— Só para você saber, quando eu te vi pela primeira vez, eu achava que sabia que você era para mim. — admiti e ela deu uma risada.

— É... também achava. — Ela suspirou. — Amar não é fácil, James. Eu digo, amar de verdade. Quando você só pensa naquela pessoa. E, quando se pensa naquela pessoa, ela afeta sua vida. E é aí que você se dá conta que a ama. Então você enfrenta obstáculos...

— Acha que eu não amava Teresa?

— Amou Teresa. Se ela aparecesse aqui outra vez, você ficaria abalado. Mas não sei se seria a mesma coisa. — Dominique deu de ombros.

— Amar é uma bosta. — Afirmei e ela riu outra vez.

— Você sabe que não.

— Não quero amar de novo. Para o quê, perdê-la outra vez? — eu balancei a cabeça. — Não... chega de magoar meu coração.

— E por isso machuca o das garotas? Garotas têm o coração frágil... — minha prima se inclinou para o meu lado. — E, sobre você não amar outra vez, sabe que não manda no coração. Nem no destino.

Suspirei. Não queria que aquele pensamento obsessivo sobre a Malfoy se tornasse amor. Seria um desastre! Era por isso que eu tinha que sair com aquela garota insuportável outra vez. Eu precisava dizer a mim mesmo que eu só queria que ela entrasse na minha lista, que Saphira não era nada para mim. Apenas uma Malfoy intrometida.

Eu não ia amar Saphira Malfoy. Nunca.

(...)

— Sejam bem-vindos de volta, rapazes. — Saudei quando Jackson, George e Henry chegaram, completando o grupo que só esperava por eles

— Por favor, diga que não teremos mais jogos como aquele. — Henry pediu.

— Maya cortou meu coro pela manhã. — George lamentou e eu suspirei. Até Fred parava de falar da Dominique quando estávamos ali, será que ele não conseguia controlar?

— Relaxem, concordo que não podemos mais brincar com álcool e número de garotas que já ficamos. Por isso a partir desta semana entraremos no ramo mais.. sério desse grupo. — Comentei e percebi que Ryan riu.

— Sinto muito James, mas é que não dá pra colocar seu nome e sério em uma frase sem um "não” ligando uma coisa a outra. — Deu de ombros e eu forcei uma risada.

— É. Certo. Continuando... o sério que eu estava falando é o patamar de sério que este clube pretende alcançar, deixando claro, vamos começar a deixar nossa marca. — Expliquei e os observei.

— Certo... mas me diga que nossa marca não tem nada a ver com o que está debaixo dos panos. — Kenton pediu encarando um canto isolado da sala aonde um lenço cobria uma caixa que começava a se mexer e produzir barulhos ainda indescritíveis.

— Oh! Eles acordaram. — Conclui feliz.

— Acredito que isso seja um "a marca tem exatamente a ver com isso". — Suspirou o ravino e eu ri.

— Eles são adoráveis, vocês irão amar! — Garanti caminhando até lá e então puxando o pano.

Uma gaiola, uma enorme gaiola, prendia dentro de si centenas de pragas azuis voadoras, também conhecidas como diabretes da cornualha.

— James! Esses bichos são uns diabinhos!

— Oh George! Muito obrigado! Eu estava mesmo querendo saber de qual palavra diabrete derivou. — Disse fingindo surpresa e ele fez uma careta.

— Ok James, você está insano. Ninguém controla esses bichos, é muito arriscado. — Ryan pontuou e eu suspirei. Eles estavam me decepcionando.

— Vocês estão ofendendo meu dom para pregar peças.

— Pódemico. — Fred disso em um falso espirro que eu decidi ignorar.

— Vocês já deveriam ter percebido que eu estou fadado a tornar o impossível possível. — Conclui contente os observando. — Por isso, desde que capturei essas pestinhas tenho... hum... as treinado. — Conclui feliz.

— James, se houvesse um jeito de domesticar essas praguinhas alguém já teria o feito. — Spencer pontuou.

— Mais uma vez, vocês estão me ofendendo. Eu estou com eles já há um tempo e ontem soltei um desses camaradas e pedi para que ele, obedientemente, me buscasse uma xícara de chá. Ele voltou com o chá eee um bolo. —Disse orgulhoso e eles se entreolharam. — Ah, qual é, vocês já foram mais divertidos. — Resmunguei e discretamente fiz a portinhola da gaiola abrir, liberando as pestinhas de lá.

— James! — Se eu conhecia bem aquele grito, e eu podia garantir que sim, Fred não pareceu nada contente com a infestação repentina de diabretes na comunal, e os outros também não gostaram muito da ideia.

— Prende esses bichos! — Spencer gritou e eu observei a cena.

— Parem de mexer! Vocês estão os assustando!

— James! — Foi a vez de Jackson. Eu suspirei.

— Okay pestinhas, prestem atenção, fiquem calmos. — Pedi elevando um pouco o tom de voz. Todos os animais pararam o que estavam fazendo e me olharam, sorri contente. — Muito bem, o negócio é o seguinte, vocês também devem… — Não cheguei a terminar a frase. Em uníssono todas as pragas disseram algo que eu entendi como “atacar” e metade deles voou para cima de mim, enquanto o restante se dividia para atormentar os outros rapazes presentes.

— Muito bom James! — Identifiquei Henry se debatendo e correndo pela sala.

— Qual é o feitiço para parar essas coisas? — Jackson gritou.

— Você é o ravino aqui! — Fred lembrou.

— Abram a porta! — Gritei, começando a correr naquela direção, eles estavam me mordendo!

Nem precisaram falar, a Sala Precisa imediatamente ofereceu uma porta suficiente para que nós oito passássemos sem trombar uns nos outros. E, então, o caos reinou por Hogwarts.

Centenas de Diabretes da Cornualha se espalharam pelo castelo. Tinham vários em meu encalço e no de Kenton; eu via Fred e George combaterem mais alguns enquanto Henry e Ryan desciam as escadas com outros diabretes em suas cabeças. Já Jackson e Spencer estavam correndo e dizendo para capturar esses bichos antes que chegassem a alguma sala.

Mas era tarde demais. Quando os diabretes perceberam que estavam livres, se espalharam por todos os lados, deixando o que restou do nosso grupo no meio do corredor. Fred e George chegaram mais perto de mim e de Kenton. Logo depois, Jackson e Spencer vieram para o nosso lado, correndo.

— Ok... estamos fodidos. — disse Spencer. — Onde estão Ryan e Henry?

Ficamos em silêncio e olhamos para as escadas. Assim que os gritos começaram, trocamos olhares.

— O Salão Principal! — dissemos em uníssono e saímos em disparada para o térreo.

Os gritos e os passos de milhares de alunos desesperados ficava cada vez mais alto e o pandemônio já havia sido estabelecido. Quando chegamos ao Salão Principal - depois de sermos empurrados, chutados e mais algumas coisas que doeram para caramba -, havia comida espalhada por todo o salão, crianças escondidas debaixo das mesas e o diabretes fazendo a maior baderna que eu já vira desde o quarto de Teddy Lupin na casa dos meus pais.

Neville, que nos viu parados, tentando pensar em alguma coisa, desceu as escadas de onde a mesa dos professores ficava e veio em nossa direção, furioso. Contudo, pobre do meu querido tio Neville, vários diabretes o viram. Eles sorriram uns para os outros e foram atrás do nosso professor.

— Olha esse aqui! — gritou um dos diabretes, rindo.

— Conheço ele! — riu outro. E, então, vários deles se juntaram, pegaram Neville pela capa e o alçaram para cima, prendendo-o pela capa em uma tocha no alto da parede.

— Não! De novo não! — O professor protestou tentando se livrar dos bichos, mas já era tarde. Se não fosse trágico, seria cômico.

Quando consegui me lembrar do maldito feitiço para pará-los, ergui a varinha afim de pará-los mas alguns deles pareceram prever meus movimentos e me atacaram. Minha varinha foi furtada e assim que me preparei para os golpes seguintes, nada aconteceu.

Lentamente ergui os olhos e percebi que as pragas estavam congeladas no ar. Suspirando aliviado, vi Teddy e Rose com as varinhas erguidas. Pisquei para meu “irmão” e então caminhei até o diabrete que tentava quebrar minha varinha ao meio, tomando-a dele e dando um peteleco que o fez voar até o outro extremo da sala. Já ia me virar parar acalmar a todos quando outra pessoa tomou a dianteira.

— Obrigada, senhor Lupin e senhorita Weasley. — A diretora Minerva se aproximava com uma expressão severa no rosto. Mais severa do que o normal. — Quem foi que teve a ideia brilhante de fazer isso? — Ela nos olhou. — E por que, pela segunda geração seguinte, tem de ter um Potter e um Weasley envolvidos? — Suspirou compartilhando de um sofrimento interno.

— Fred não tem nada a ver com isso desta vez, professora. — Tomei a dianteira e podia sentir os olhares em mim. Que foi? Eu sei assumir meus erros quando necessário. — Achei que poderia controlá-los, mas não deu muito certo. — Dei de ombros. — Era um projeto de Trato das Criaturas Mágicas. — Menti com um arrependimento visível na voz, apesar de não ser completamente verdadeiro, minha marca já estava ficando para trás.

Minerva me observou por longos minutos e então suspirou.

— Uma semana limpando a ala hospitalar, senhor Potter. —Disse ela por fim. — E, pelo amor de Merlin, ajudem o Longbottom, por favor. — Ela agitou a varinha e uma enorme gaiola aonde ela colocou os diabretes dentro apareceu, enquanto Teddy ajudava Neville. Antes da professora sair, ela me olhou. — Que isso não se repita, senhor Potter. Tenham uma boa noite.

(...)

Um mês havia se passado desde aquela fatídica noite com os diabretes. O clube ainda acontecia todo final de semana, mas havia sido reduzido a jogos bobos na sala precisa e apostas ainda mais tolas durante a semana, como por exemplo desafiarem um a outro a pular no lago negro ou então entrar na floresta proibida após a meia noite. Qual é pessoal, isso eu fiz no meu primeiro ano!

Enchi um copo de firewhisky para mim e então observei o que acontecia a meu redor.

Kenton colocava o rei de Spencer em cheque durante uma partida que já durava quase uma hora de xadrez bruxo. Fred, Jackson, George e Ryan jogavam algumas partidas de snap explosivo e Henry estava rodeado de pacotes de feijõezinhos de todos os sabores e tentava classificar os gostos de acordo com a cor e formato do doce.

A visão quase me deixou em depressão e eu tomei de uma só vez a bebida que havia servido para mim. Aquele clube não se parecia em nada com o qual eu havia planejado e eu estava completamente frustrado com isso.

— Okay rapazes! — Gritei chamando a atenção de todos. — Eu não sei vocês, mas eu não estou nem um pouquinho disposto a passar meu último ano tentando achar semelhanças entre os feijões de todos os sabores.

— Hey! — Henry protestou.

— Sem ofensas. — Dei de ombros. — Mas continuando, por isso, enquanto vocês estavam ai fazendo… isso, eu tive uma ideia brilhante.

— Sou só eu ou mais alguém odeia quando ele fala isso? — Kenton perguntou ficando sem uma resposta.

— Diga James. — Ryan incentivou e eu sorri.

— O que vocês acham de jogarmos um pouco de verdade ou desafio? — Sugeri e todos, sem exceção, reviraram os olhos.

— Super maduro. — Fred debochou e eu ri.

— Ah gafanhoto. Prestem atenção. O que estamos aprendendo em poções, alguém? — Jackson ergueu o braço e eu ri, apontando para ele.

Veritasserum.

— Ponto para a corvinal! Eu sabia que você não era apenas mais um rostinho bonito Honeycutt. — Brinquei. — Pois bem, Veritasserum. Ela demora um ciclo completo da lua para ficar pronta e, pelas minhas contas, já que estamos trabalhando com isso há cerca de um mês…

— Elas ficam boas hoje. — George concluiu minha linha de raciocínio.

— Ponto para a Lufa-Lufa! — Conclui contente. — Então basicamente seria um jogo de verdade e desafio sem o desafio.

— Então você está sugerindo que tomemos poção da verdade para ficar contando da nossa vida um para o outro? — Ryan perguntou com o cenho franzido.

— Nop, eu estou sugerindo que o estoque de Veritasserum que estamos produzindo suma misteriosamente e que, sem nenhum tipo de explicação, todo líquido que será servido no jantar esta noite seja batizado com no mínimo vinte gotas desta. — Conclui e os observei enquanto captavam a informação.

— Estou dentro! — Spencer exclamou. — Francamente Potter, achei que nada de decente sairia deste grupo, estava cogitando parar de comparecer. — O loiro disse eu sorri.

— Eu prometi para vocês que não seríamos mais amadores, não seremos. — Dei de ombros. — Quem mais? — Perguntei, mas era visível que todos estavam levemente animados com aquilo.

— Mas esperem, isso não é ilegal? — Fred perguntou e eu suspirei.

— Não, ilegal seria se os professores estivessem fazendo isso. Somos alunos inocentes brincando de fazer poções na cozinha. — Comentei como se não tivesse ideia do que falava e Fred balançou a cabeça em negativa.

— Hum, ok, mas se você quer isso para o jantar, não temos muito tempo. — Henry apontou. — Já são 18:30, o jantar será servido em trinta minutos. — Disse olhando para o relógio.

— Bem, teremos que nos dividir então. — Sorri. — Spencer e George, vocês vão para a sala de poções para pegarem as poções, peguem tudo o que puder carregar. — Fiz uma pausa e caminhei até uma mochila no canto da sala. — Usem esta, até onde sei está expandida por mágica. Nos encontre na entrada da cozinha. — Sorri e George pegou a mochila, deixando a sala logo em seguida com Spencer. — Kenton e Ryan, vocês vão na frente e deem um jeito de distrair os elfos para que Fred e eu possamos colocar a poção nas bebidas. — Eles assentiram e também saíram. — Jackson e Henry... certifiquem-se de que todos estarão jantando. — Sorri para os últimos que sobraram e depois estávamos todos pelos corredores de Hogwarts.

(...)

Tudo foi bem rápido. Fred me forçou a invadir a sala do professor para que roubássemos um pouco de antídoto e em vinte minutos estávamos eu, ele, Spencer e George reunidos na porta cozinha. Kenton e Ryan fizeram mágica e quando entramos não tinha nenhum elfo por perto, o que nos deu total liberdade de nos separarmos entre as quatro casas, cada um com cerca de dez frascos nos bolsos e pingar a poção em cada jarra espalhada pela mesa. Assim que a última bebida foi contaminada, a voz de dezenas de elfos começou a ecoar da cozinha e deixamos esta, subindo as pressas para o salão principal.

— E agora? — Spencer perguntou tentando fingir desinteresse mas estava evidente que ele estava animado com aquilo.

— Agora a brincadeira começa. — Respondi.

— Hey, rapazes. — Ouvimos uma voz atrás de nós e nos viramos. — Então? — Ryan perguntou.

— Tudo certo. — George garantiu.

— Espalhamos por aí que Minerva faria um pronunciamento. — Jackson surgiu de sabe-Deus-aonde. — Os que ainda não estão aqui irão chegar. — Garantiu e eu sorri satisfeito.

— Certo, ajam naturalmente garotas. E lembrem-se não bebam nada. — Ri antes de sair na frente e caminhar até a mesa da grifinória.

— O que é esse sorriso? — Lily perguntou animada me encarando com expectativa.

— A vida é linda, não acha irmãzinha? — Perguntei dando de ombros e ela deu gritinho.

— Você está apaixonado! — Concluiu e eu ri.

— Sim eu estou, pela vida. — Pontuei e ela não pareceu ter ouvido, pois perguntou por quem era. Não dei muita atenção para sua tagarelice pois a comida surgiu a mesa e eu sorri. — Passei na cozinha hoje mais cedo, este suco de abóbora está divino. — Comentei despreocupado pescando uma asinha de frango da bandeja em minha frente.

— Arrã. — Ouvi algum resmungar a meu lado e sorri para Dominique, que fazia questão de se servir do suco de maça. — Te conheço, Potter. — Justificou e eu ri.

— Não sabe o que está perdendo. — Dei de ombros e mordi a asinha, observando as pessoas a minha volta. Assim que vi Hugo pousar seu copo na mesa vi a oportunidade perfeita para começar. — Então, Hugs! — Chamei atraindo a atenção do garoto. — Como vão as namoradinhas?

— Bem… — Ele começou e ficou tão vermelho quanto seus cabelos. — Lily me fez jurar que não contaria nada a ninguém.

— Hugo! — Minha irmã ralhou.

— Como é que é a história? — Perguntei vendo que o tiro saiu pela culatra.

— O quê James? Você pode rodar a escola inteira e sua irmã não pode namorar? — Lisa se intrometeu e eu ri sarcástico.

— E você não sabe cuidar da sua vida? — Retruquei e ela riu.

— Sei, mas cuidar da vida de uma pessoa só não é tão divertido.

— Me ame menos, Carter.

— Não consigo.

— Rá rá. — Disse passando a ignorá-la porque eu tinha um primo para matar. — Quem vai me explicar o que está acontecendo? — Perguntei e, para fugir, Lily enfiou a cara em um copo de suco. — Deixe-me ser mais específico. Lily, desde quando você e Hugo estão saindo?

— Desde as férias. — Ela respondeu ao mesmo tempo, cuspindo um pouco de suco ao falar.

— Como ninguém sabia disso? — Perguntei ainda a encarando.

— Rose sabia.

— E você não me disse nada? — Perguntei para a ruiva.

— Claro que não! Você é um grande babaca, se fez o que fez comigo, imagina com ela. — Ela soltou e eu realmente passei a ver grande desvantagem na brincadeira.

— Vocês já… beijaram? — Perguntei incapaz de imaginar minha adorável irmãzinha fazendo esse tipo de coisa.

— Mas é claro. — A resposta veio de Hugo e eu respirei fundo pra não socar o pestinha ali mesmo.

— E … a outra coisa?

— Não. Mas eu estava pensando que talvez poderia acontecer ainda esse mês. — Lily soltou e tampou sua boca assim que a última palavra saiu, ficando de olhos arregalados.

— Lily! — Hugo disse surpreso e maravilhado. Eu estava surpreso.

— Eu vou contar tudo para o papai. — Conclui e lentamente virei-me na direção de Hugo. — E eu ainda conversarei com você, rapaz. — Disse

Eu estava completamente em choque. Minha irmãzinha, minha doce e inocente irmã que não fazia mal a nada além das grades de seu berço estava pensando em fazer… não, não! Eu não deixaria aquilo acontecer. Ela tinha que morrer virgem!

— James! — Fred me alcançou na saída do salão e eu o encarei. — Neville está batendo boca com Teddy e tem alguém duelando na mesa da Sonserina. Acho melhor dar um jeito de aplicar o antídoto antes de destruir outra família ou matar mais alguém. — Aconselhou e eu concordei, mas ainda estava em choque com as revelações de Lily.

— Certo, ok. Eu… ok. — Disse acenando com a cabeça e então segui os rumos para a cozinha.

Estava parado na porta da cozinha tentando lembrar qual fruta deveria ser acariciada quando ouvi um grito.

— Eu sabia! Eu sabia! — Ela afirmou e eu pisquei duas vezes.

— Saphira? — Perguntei, ainda estava anestesiado pelos acontecimentos de minutos atrás.

— Eu tinha certeza que aquilo lá em cima tinha algo a ver com você. Sim, quando Scorpius começou a se engalfinhar com o Nott eu vi que tinha algo estranho e então te vi saindo da comunal e … ahhh! Eu sabia! — Ela disse contente com aquilo.

— Por que você está aqui e não com o seu namoradinho? — Perguntei e ela revirou os olhos.

— Porque apesar de amar o meu namorado é mais legal ver você se ferrando. — Disse sorrindo e eu semicerrei os olhos.

— Então você ama o Vicent? — Perguntei.

— Claro que amo! — Respondeu, fingindo estar ofendida com a pergunta.

— Então você não bebeu? — Perguntei rindo.

— O quê?

— Os sucos..

— Claro que não! Faz mal, só tomo líquidos trinta minutos antes ou depois da refeição. — Ela disse.

— Okay, certo, fiquei aí e eu já volto. — Disse rindo e então cocei a pera, entrando as pressas na cozinha e garantindo que a porta se fecharia antes de Saphira passar por ela. Como uma Malfoy ela jamais saberia como entrar ali.

Assim que pisei na cozinha uma dezena de elfos me rodeou perguntando que eu poderia ser servido e eu demorei um segundo até me concentrar em apenas um deles.

— Eu preciso da ajuda de vocês, prestem atenção. Alguém muito mal colocou veritasserum nas bebidas, lá em cima está um caos. Eu preciso que vocês coloquem isto aqui em novas bebidas. — Disse tirando do bolso os frascos de antídoto e oferecendo para eles. — e retirem todas as que estão lá em cima. É um antídoto. — Garanti e os elfos concordaram, espalhando-se para fazer o que havia pedido.

Virei-me, afim de ir para o corujal, mas não fui muito longe ao ver que Teddy estava entrando com Saphira em seu encalço.

— Claro que foi você. — Ele disse em um suspiro.

— Eu não fiz nada! — Disse na defensiva e ele revirou os olhos.

— Claro que não. Vão passar o próximo mês organizando e limpando todo e cada livro na biblioteca. Os dois. Durante os horários livres e finais de semana. Começaremos na segunda após o almoço, sei que os dois não fazem nada. — Ele sorriu.

— Mas eu não fiz nada! — A loira se defendeu e eu ri.

— Claro que não. — Teddy repetiu e ela ficou emburrada.

— Potter, diga para ele que eu não fiz nada! — Exigiu.

— Ela ficou de vigiar a porta, mas é péssima nisso. — Dei de ombros e ela abriu e fechou a boca diversas vezes, sem conseguir mostrar sua indignação em palavras.

— Espero que já tenha cuidado do antídoto James. Vejo vocês na segunda. — Teddy decretou saindo da cozinha e eu sorri.


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Notas finais do capítulo

¹: Diálogo baseado em fatos reais. Lia me ama muito, cara. A preocupação dela para comigo é o que fortalece nossa amizade.
Bem, espero que tenham gostado da surpresa e...
Comentem! ~Miss Stilinski



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