Wake me up escrita por


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Pensei nela por muito tempo antes de escrever, até ter coragem de postar mas... agora tive! haha
Well, hope you enjoy!
xoxo



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Hoje era algum dia da semana. Quarta, talvez... Terça? Isso, terça. Minha cabeça fica embaralhada quando durmo à tarde, mas dessa vez foi impossível resistir, depois de mais de um dia sem dormir de novo. Você me entende, né? Está tudo tão corrido e confuso... Olhei em volta, observando a bagunça do nosso apartamento. Meu notebook, parcialmente equilibrado em cima de uma pilha de roupas, estava aberto ainda naquela página de um tatuador seu amigo. Foi mais ou menos mês passado, depois de todos os acontecimentos, que eu decidi fazer uma tatuagem do seu nome. Do lado do computador, um pouco enterrado nas roupas estava meu passaporte. Eu tinha feito ele há muito tempo, teria que refazê-lo, mesmo sem ter o usado nenhuma vez.

Eu deveria tatuar a minha pele

Com o seu nome

E passear com meu passaporte novamente

Apenas substituí-lo

Estiquei minhas costas como um gato e passei as mãos no rosto, tentando clarear minhas ideias. Olhei para meu quarto dedo, imaginando nossa aliança ali. Esse era mais um dos hábitos que eu havia adquirido, mas por aflição de ter que abandonar esse “plano”. Levantei-me com pouca agilidade do colchão que estava no assoalho no meio de toda aquela bagunça. Agora era um ótimo momento pra um daqueles banhos quentes que eu tomava com você antes, ideais para soltar todos os músculos enrijecidos como estresse.

Veja, eu poderia viver

Sem um bronzeado em minha mão esquerda

Onde meu quarto dedo encontra minha articulação

Eu deveria preparar um banho quente para você

E enchê-lo de bolhas

Dei mais um passo bambo e senti um vidro quase quebrando debaixo do meu pé esquerdo, ao mesmo tempo em que fazia um barulho dele sendo forçado ao máximo. Era uma de suas fotos que ainda estavam espalhadas pelo lugar. Você estava no meio da neve, toda protegida com um dos casacos de seu pai. Os cabelos ruivos metidos num gorro vermelho que além de acender os seus cabelos ainda mais, contrastavam com os olhos, ora um verde vivo, ora cinzas e provocadores. Você mandava um beijo para a câmera enquanto enrolava uma mecha nos dedos, fazendo um charme tão característico seu. Soltei um sorriso involuntário.

Pois talvez você seja adorável

E talvez você seja meu floco de neve

E seus olhos mudam de verde para cinza

No inverno eu vou mantê-la em um lugar frio

E você nunca deve cortar seu cabelo

Pois eu amo o jeito que você o tira do ombro

E você nunca vai saber, o quão linda você é para mim

Mas talvez eu esteja apaixonado

Quando você me acorda

Tomei um banho longo, fazendo questão de passar por todos os detalhes seus, que eu conhecia tão bem. Pensei em fazer um café, meu favorito, mas eu estava tão nostálgico que decidi por um chá. Qual era a sua frase matinal? “Uma xícara de chá com dois torrões de açúcar, para começar bem o dia!” Passei pela sala voltando da cozinha e lá estava o último DVD que eu assisti com você. Era tão velho e com a capa surrada que qualquer pessoa mais organizada teria um enfarto do coração. Mas com certeza não era por desprezo que estava desse jeito, claro que não. Afinal, Shrek sempre foi seu filme favorito. Pensei em assistir, mas a TV não estava instalada ainda. Achei melhor assim, se eu me tornasse um pouco mais nostálgico, iria sumir como uma lembrança, e você brigaria comigo por eu estar chorando de novo sobre “coisas sem sentido”.

Você se sentiria culpada

Se fizesse o mesmo por mim?

Quer me fazer uma xícara de chá

Para abrir meus olhos do jeito certo?

E eu sei que você ama "Shrek"

Porque nós já assistimos doze vezes

Talvez você esteja esperando por um conto de fadas

E se o seu DVD quebrar hoje

Você deveria ter um vídeo cassete

Porque eu nunca tive um blue-ray, na verdade

Mas eu não pude evitar voltar mais um pouco no tempo, lembrando-se de nossa adolescência. Desde lá eu já te conhecia e já podia te irritar, você se tornando tão vermelha a ponto de eu esquecer o mundo a minha volta e beijava seu nariz e suas sardas, o que não contribuía em nada com a vermelhidão. Seu irmão, meu melhor amigo na época, ria de nós dois. E isso te deixava tão brava que já se voltava para ele e começava a ralhar.

E eu sempre fui horrível em jogos de computador

E o seu irmão sempre ganha de mim

E se eu perdesse, eu ficava bravo

E atirava todos os controles na TV

E então você ria de mim

E me perguntava se estaria em casa na próxima semana

E então você se deitava comigo, até que dormisse

E batia os cílios em minha bochecha entre os lençóis


“Você é tão... – a frase escapava da minha garganta, sem minha permissão. Então você virava em minha direção, como se estivesse surpresa com o tom apaixonado, mas eu tinha vergonha de terminar a frase, disfarçava e terminava com uma gargalhada –... pimentinha!” E você assumia novamente o vermelho no rosto delicado.

E você nunca vai saber, o quão linda você é para mim

Mas talvez eu esteja apaixonado

Quando você me acorda

Tomei mais um gole do chá e puxei de meu bolso um maço de cigarro. Estava a meio caminho da boca quando parei e o devolvi. Com todos os recentes acontecimentos, eu tinha decidido parar, como você pedia a séculos. Afinal, nunca é tarde demais pra te ouvir e tentar fazer a coisa certa. Mas me debrucei e pequei o uísque, que virei um pouco na xícara. Quanto a isso você não reclamava, já que antes você era minha companheira nas bebidas.

E eu acho que você odeia o cheiro de fumaça de cigarro

Você sempre tenta me fazer parar

Bebe tanto quanto eu, e eu fico bêbado frequentemente

Olhei pela janela e estava chovendo ainda. Você sempre dizia que queria morar na praia, porque mesmo se tivesse chuva, ela demoraria pouco tempo pra passar e o sol ia ficar ainda mais quente e confortável depois. Esse era sempre seu discurso sobre chuva, que começou logo que voltamos de um fim de semana perfeito na praia. Foi lá que eu te pedi em namoro. E o seu anel foi feito por mim, que colei duas conchas pra formar um coração e que servia como “pedra preciosa” da aliança. Éramos tão jovens. Eu queria ter voltado àquela praia com você qualquer dia. Que melhor lugar pra um pedido de casamento que lá?

Então, eu vou te levar para a praia

E caminhar pela areia

E eu vou fazer um pingente de coração para você

Com uma pedrinha que peguei

E eu vou dividi-la como um colar

Para que o pingente caia onde seu peito está

E agora um pedaço de mim, é um pedaço da praia

E cai exatamente onde ele precisa estar

E descansa em paz

Você só precisa respirar

Para sentir meu coração contra o seu agora

Contra seu agora

Mas agora estou tão ocupado para conseguir ir para aquele paraíso e ficar perto de você. Ouço um barulho na porta da frente e vou até lá. Muitas caixas estão empilhadas e eu não consigo ver a pessoa que deve estar do outro lado. Ri com a bufada que escuto ao mesmo tempo em que uma coisa pesada cai do outro lado da “muralha”. Tirei caixa que estava por cima de todas e consegui ver a cabeça da criatura do outro lado.

Vermelha de raiva e vergonha.

Como eu sempre te deixei, desde que nos conhecemos com onze anos e eu não parava de persegui-la para te importunar. Meu sorriso só cresceu quando você afastou o cabelo novamente do rosto e se abaixou com dificuldade. Movi as caixas pra conseguir chegar até você e te abraçar.

- Olá, minha ruiva. – proferi enterrando a cabeça no meio da sua juba. Cheirava a rosa, o que era uma enorme ironia que eu amava.

- Scorp – sua voz um pouco fraca com o esforço – me ajuda com as caixas, por favor. O elevador do prédio quebrou e os caras da loja não ficaram muito felizes de subir todas aquelas escadas.

- Aqueles... – minha voz tremeu de raiva – Você está grávida! Não pode carregar tanto peso, Rose! Eu vou lá ensinar aqueles filhos da mãe a tratar você com respeito, a se vou! – mas você me apertou com mais força, me mantendo no lugar.

- Só me ajuda seu esquentadinho! Nossa, parece até meu pai, pela amor de Deus! Acho que os genes do Sr. Rony Weasley passaram pra você.

- Só se for por osmose, Rose querida. Ou... Meu convívio com você!

- Doninha albina júnior – Soltei uma sonora gargalhada enquanto socava meu braço.

- Onde vão caber essas coisas no meio da bagunça?

-Anh... – ela me olhou indecisa – A gente devia ter arrumado tudo antes de eu comprar o berço e tudo mais né? – consegui me dar um tapa na cabeça enquanto conduzia ela para dentro.

- Assim você nem parece filha de Hermione Granger, Rose, “a melhor aluna de Hogwarts de todos os tempos” - recitei e você me deu a língua, o que fez meu sorriso aumentar.

- Só me ajude.

Depois de horas de trabalho, lá estávamos nós deitados no colchão novamente, tentando descansar de tudo o que tinha acontecido nesses últimos meses. Você descobrir estar grávida, seu pai quase me matar quando descobriu, comprarmos coisas pro bebê, ao mesmo tempo conseguindo hora extra no trabalho para pagar tudo. Eu quase não te via até a noite, quando deitávamos no colchão e dormíamos bem aconchegados. Então, quando chegava a manhã, você me acordava e ao te olhar, eu só percebia: eu não trocaria isso por nada. Eu não trocaria todas as nossas brigas no colégio, nossas batalhas para ficarmos juntos, o bebê a caminho, eu não trocaria nada disso por saber que quando eu acordar, você estará do meu lado.

Talvez esteja apaixonado

Quando você me acorda

Mas talvez eu esteja apaixonado

Quando você me acorda

Talvez eu tenha me apaixonado

Quando você me acordou

- Rosie... – sussurrei. Você se mexeu e eu insisti, fazendo você virar confusa pra mim – Rose... Eu te amo. Desde aquela vez que você dormiu do meu lado no acampamento e me acordou pela primeira vez. Eu te amo. Pela primeira vez que eu abri os olhos e vi os seus me fitando. Eu te amo... Cada vez que você me acorda de manhã, eu te amo mais.

- Scorp... – mas eu balancei a cabeça e sua voz quebrou. Tomei seus lábios num beijo calmo, como se relembrasse tudo o que aconteceu que fez estarmos ali juntos naquele momento. E assim dormimos, tendo certeza que você me acordaria amanhã de manhã.


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Notas finais do capítulo

E, aí? *-*



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