That kiss... escrita por Pedro Fukae


Capítulo 1
Capítulo único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/571721/chapter/1

Bom, o negócio é o seguinte, mesmo falando todas essas coisas a respeito do primeiro beijo, eu tinha essa mesma opinião, antes de finalmente conseguir o tão esperado e sonhado primeiro beijo. Na verdade eu ainda era um pouco pior do que isso, realmente sonhava com algo parecido com um conto de fadas. Uma pessoa que eu tenha alguma tipo de sentimento forte, em um lugar especial, talvez com uma musica de fundo, só nós dois e a melodia. Então ele se aproximava de mim lentamente, nossos olhos se fechando gradativamente até que nossos lábios se tocassem e nossas línguas fizessem o que foram predestinadas a fazer. Sim, acredite se quiser, esse era um dos meus sonhos de primeiro beijo. E repare que eu disse “um dos meus sonhos”, sim, não escrevi errado... Realmente tive alguns sonhos de como isso poderia acontecer. Se eu tinha problemas? Olha, creio que sim. Mas, acho, que superei esses problemas. Ta que provavelmente adquiri alguns outros, mas quem é que ta contando ou ligando pra isso? Eu não estou.

Sei que já deve perceber que meu tão esperado beijo não foi lá essas coisas, acho que ficou meio óbvio, mas não vou começar a falar sobre isso ainda, não antes de falar um pouco sobre mim mesma. Hoje eu tenho vinte e dois anos e, acreditem se quiser, faz apenas dois anos que dei o meu primeiro beijo. Sim, caros amigos, perdi o meu “bv” com vinte anos. Olha... Quase não consigo. Lembro que de inicio, durante a minha adolescência, achava que o problema era minha aparência. Nunca fui o exemplo de beleza feminina, então minha autoestima sempre era baixa. Mas, perto dos meus dezenove anos notei que o problema não era exatamente esse. Sim, o problema continuava sendo eu, mas não por conta de minha aparência e sim por conta de minha tamanha timidez.

Bem, vamos lá. Sempre fui um pouco acima do peso e com algumas sardas espalhadas pelo rosto e, por conta disso e outras coisas, não me achava bonita nem nada do tipo e, como já disse anteriormente, achava que esse era o motivo de ainda não ter beijado ninguém. Mas não era. Se tem uma coisa que fica mais e ênfase do minha beleza, é a minha timidez. Eu não sou, quer dizer, não era capaz de manter uma conversa com mais de três pessoas. Sempre ficava envergonhada e sempre arrumava um motivo pra sair de fininho. Mas enfim, não vou ficar explicando meu grau de timidez, porque senão isso começaria a ficar mais dramático do que já está sendo e esse não é o propósito. O ponto é, eu era extremamente tímida.

Que tal irmos ao ponto chave dessa história toda? Bom, um novo semestre tinha começado na minha faculdade (artes cênicas) e com o decorrer do mesmo acabei por fazer ótimos amigos e, por conta deles, minha timidez diminuiu bastante. Em um certo dia, perto do final do semestre, decidimos ir à uma festa, que aconteceria na mesma faculdade. Um happy hour. Vale lembrar que, nesse pontos, todos eles já estavam ciente de boa parte da minha vida, inclusive o fato de ainda não ter beijado ninguém, mas voltando. Chegamos no lugar e começamos a beber e beber e beber, como qualquer jovem o faria, ou não. Dançamos bastante, cantamos e até viramos doses de algumas bebidas. Estava tudo muito ótimo e perfeito. Éramos um grupo com quatro pessoas: eu, mais duas amigas e um amigo. Em um determinado momento, decidimos parar um pouco de dançar e sentar pra descansar um pouco.

- Gente, vou andar por ai, não quero sair daqui sem ter pego ninguém. – Esse é Marco, o cara que adora beijar. Tipo, muito mesmo.

- Vai lá menino beijoqueiro.

Estávamos longe de onde a festa estava acontecendo, sentados em um banco na praça da faculdade onde, por um acaso, estava acontecendo outra festa. Continuamos ali, bebendo, conversando e até tentando dançar. Marco já tinha voltado e foi quando tudo começou.

- Indie. – Esse é o meu apelido. – Você precisa logo perder esse bv, mulher. – Essa era a Carla. – Assim não dá, né amiga. – Foi quando Izis se levantou e ficou na minha frente.

- Vamos resolver isso, amiga. Senta. – Eu não tive outra escolha, porque ela me empurrou para o banco e, quando eu tinha finalmente me sentado, ela se sentou no meu colo. Os outros dois estavam sorrindo, já eu começava a corar e ter o coração quase saído pela boca. – Calma mulher, isso não é nada demais. É tranquilo... Vai, vamo. – Então ela se aproximou rapidamente e não tinha nenhum lugar para eu correr.

Eu não sabia muito bem o que fazer e, quando menos esperava, seus lábios já tinham se encontrado com os meus. Não ousei mover a minha língua, exceto quando senti a dela indo de encontro com a minha. Aquilo estava acontecendo e eu não podia evitar. Nossas línguas se tocaram e continuaram daquele jeito durante um tempo, porque os movimentos que eu fazia com a mesma eram mínimos. Não conseguia ficar com os olhos fechados e, muitas vezes, acabava por abrir, porém quando via os olhos de Izis fechados, voltava a fechar os meus. Aquilo não durou muito tempo e logo nos afastamos. Não sabia onde enfiar a minha cara, estava totalmente se graça.

- Nossa amiga, seu beijo é muito gostoso... Eai, como foi? – Não sei, realmente não sei. Não senti absolutamente nada com aquele beijo, foi algo... Normal. Cadê toda a magia que eu esperava, cadê os sinos tocando e a sensação de que só existíamos nós duas em todo o mundo? Nada disso aconteceu. Mas claro que eu não iria falar isso para ela.

- Gostei, foi bom. – Foi tudo que consegui dizer e ainda acho que disse demais.

- Que bom, gata... Agora bem, vamos mais uma vez. Só que dessa vez com mais língua.

A verdade era que não precisava mais daquilo, a magia já tinha sido completamente destruída e não viria acontecer. Agora que já tinha dado o tão esperado primeiro beijo, não me segurei no segundo e fiz o que tinha que fazer, como todos os detalhes possíveis. Mas esse não é o ponto. Ainda me pergunto porque não tinha sentido nada fora do normal naquela noite... O motivo mais plausível que me vem à cabeça é o fato de eu não ser lésbica e ter beijado uma mulher, talvez por esse motivo não tenha sido nada especial. Uma pena... Foi quando perdi as esperanças de ter realizado todos aqueles sonhos adolescentes que vinha nutrindo a bastante tempo. Mas acontece que esse “choque” acabou por ser uma coisa boa pra mim, me deixou mais pé no chão. Beijo não é nenhum bicho de sete cabeças, na verdade não chega perto nem de ser um bicho com apenas uma. É a coisa mais simples e natural do mundo. Ainda não entendo porque as pessoas o levam tão a sério. Não entendo porque eu levava isso tão a sério.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "That kiss..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.