A senhora das Bolsas escrita por Senhorita Bela


Capítulo 1
Capítulo Único. - A procura de uma bolsa.


Notas iniciais do capítulo

Bom, essa história veio na minha mente enquanto eu estava com uma bala de menta na boca. Espero que gostem.



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A senhora das Bolsas

Juliane era uma mulher como qualquer outra, tinha suas ambições, assim como tinha sonhos, podia ser um pouco séria demais, mas nada que realmente fosse problemático. Ela era advogada, tinha trinta anos, estava noiva e achava que sua vida era perfeitamente correta. Até que sua bolsa decidiu que era o momento de se aposentar e então começou e se mostrar gasta demais para estar dentro de um tribunal. Juliane, compreendendo perfeitamente os argumentos da bolsa, saiu as ruas em busca de uma nova bolsa.

É claro que Juliane sabia perfeitamente que encontrar uma bolsa não era algo tão simples. A bolsa não poderia ser colorida, deveria ser bege, ou marrom, algo no estilo Vintage, também não poderia ser muito pequenina, precisava ter espaço para muitas coisas, livros, arquivos e de preferência, um cantinho especial para guardar canetas, afinal, canetas eram objetos que acreditavam que a coisa mais divertida a se fazer era sumir, simplesmente fazer puft enquanto ninguém estava olhando.

Juliane andou pela cidade inteira, olhou em lojas simples, caras, brechós e boutiques, mas nada. Nenhuma bolsa que ela via servia para todas as suas aquisições(as que foram descritas aqui, não são nem metade de todas as suas exigências). Ela andou e andou e por fim, desistiu, poderia usar uma pasta do noivo enquanto não encontrasse a bolsa perfeita. Andando para casa, se deparou com uma pequena loja que, em sua vitrine, mostrava bolsas pequenas e grandes, coloridas e básicas, engraçadas ou profissionais. “Devo encontrar uma bolsa aqui.” ela pensou satisfeita. Atravessou a rua que as separava e entrou na loja, notou que para onde olhasse, veria uma bolsa diferente. Estava encantada demais para notar a atendente da loja, uma senhora que aparentava já ter passado dos setenta, mas tinha uma postura reta e um sorriso estampado no rosto, os cabelos brancos estavam presos num coque que permitia que alguns fios caíssem atrás das orelhas da senhora.

-Bem vinda a Bolsaria pettit. No que eu posso ajudar minha querida?

-Eu estou buscando por uma bolsa para eu usar no trabalho, ela precisa ter algumas características específicas.

-Bom, tenho certeza que posso encontrar, uma que lhe satisfaça. - ela disse com um sorriso. - Posso perguntar qual seria o tamanho dela?

-Grande o suficiente para caber alguns arquivos, uma carteira, uma caixa para guardar meus óculos, um pote com meu almoço, um telefone, uma agenda, um livro que eu possa ler nas horas vagas e qualquer outra coisa que eu possa acabar colocando em algum dia qualquer. Ah, ela também precisa de um bolso que caibam algumas canetas, um bolso apenas para canetas.

-Sem dúvida é uma bolsa de porte grande, isso é fácil de encontrar. - a senhorinha disse dando de ombros. - A bolsa precisa de um bolso para um lenço senhorita?

-Um lenço? Por que eu precisaria de um lenço? - Juliane indagou, ela nunca pensou em colocar um lenço em sua bolsa.

-Bom, você podria precisar de um lenço caso espirrasse, não acha um pouco grosseiro quando alguém espirra e limpa suas mão na própria calça? Sem dúvida é uma barbaridade.

-Nunca havia pensado dessa forma, mas é verdade.

-E se ocorrer de uma gota de chá ou café cair em sua blusa? Ah guardanapos de papel nunca conseguem ser muito eficientes. - ela disse de forma prática.

-Nesse caso, poderia haver um espaço para um lenço em minha bolsa?

-Sem dúvida minha querida.- ela afirmou. - E quanto a cor? Se é para o trabalho, provavelmente não deve ser muito chamativa, geralmente eu iria sugerir um bege, mas você parece que combinaria com um tom de vermelho escuro.

-Eu prefiro bege, ou marrom, acho que vermelho não seria do meu gosto. - Juliane afirmou, ela, na verdade, nunca imaginara como ficaria com uma bolsa vermelha.

-Ah, besteira. É claro que combina com você, é uma mulher séria e bonita, que cor não combinaria mais com você do que um vermelho escuro? - ela disse movimentando as mãos no ar. - Olhe esta aqui. - ela apanhou uma bolsa da cor e deu-a para Juliane colocar no ombro. - Ela não tem o espaço nem para o lenço, nem para as canetas, mas olhe como o tom ficou bom.

-É verdade, ficou muito bonito. Mas tem certeza que consegue achar uma bolsa tão específica?

-É claro que sim! Nunca desapontei sequer um cliente, todos encontraram exatamente o que queriam, por que você seria uma exceção? - ela disse franzindo o cenho.

- Não sei. - Juliane respondeu confusa, aquela senhora conseguia fazer ela pensar em detalhes que nunca pensara, mas fazia isso de um jeito bom.

- Vamos continuar. - ela disse alisando a blusa com pequenos botões. - Quantas balas de menta costuma colocar na bolsa?

-Balas de menta? - Juliane perguntou um tanto espantada. - Por que eu teria balas de menta na bolsa?

- Oras! Para o caso de ter mal-hálito! Que pergunta boba.

-Mas por que eu precisaria de mais de uma?

-Para oferecer para quem precisasse! Eu , por exemplo, carrego sempre três balas na minha bolsa. Uma para mim, outra para oferecer e mais uma para substituir a que eu já usei.

-Mas o que faz quando resta apenas uma?

-Vai depender da situação. - ela deu de ombros. - Se eu precisar, eu uso, mas se alguém precisar antes de mim, eu dou. Quando eu voltar para casa a noite, pego mais três balas no pacote e recomeço o ciclo.

- Por que a senhora não recoloca a bala que usou a noite? Então só precisaria de duas.

-Porque uma bala provavelmente nunca seria usada, é a mesma coisa que colocar seu caderno para a professora vistar primeiro, ele deveria ser o primeiro, mas haverão muitos cadernos acima do seu.

-Bom, é verdade. Nesse caso, preciso comprar um pacote de balas. - Juliane refletiu em voz alta. - Pode ter espaço para mas três balas em minha bolsa?

-Pode e deve! - ela disse sorrindo. - Acredito que a alça seria para o ombro. Ninguém suporta o peso do almoço no braço.

-Exato.

-Estamos esquecendo algum detalhe?

-Acredito que não.

-Bem, então eu vou ir ao estoque olhar se encontro a bolsa. - ela disse enquanto ia em direção a uma cortina que escondia uma passagem.

Juliane esperou apenas cinco minutos pela senhora, enquanto isso, ficou olhando as bolsas na loja, começou a olhar uma bolsa azul escura de camursa, era pequena, Juliane estava começando a pensar que sua bolsa provavelmente seria como a bolsa de Mary Poppins para caber tantas coisas. Ela pensava que nenhuma bolsa seria capaz de ser tão boa quanto a antiga que tinha, ela haia ganhado a bolsa de sua tia Adrielle, era sua tia mais querida, sempre quis saber onde a havia comprado, mas hoje, não poderia, pois sua amada tia havia falecido há poucos anos atrás, mas sempre estava em seu coração.

Quando a senhora voltou, estava com a bolsa enrolada num papel de seda, com uma expressão de satisfação estampada no rosto.

-Encontrei sua bolsa. - ela cantarolou alegre, em seguida, abriu o pacote. Juliane simplesmente ficou boquiaberta, não só não ser uma bolsa como a de Mary Poppins, mas por ser exatamente como ela pedira, tinha todos os bolsos que ela pedira e sem dúvida tinha espaço para tudo que ela precisava levar, era bontia e combinava com ela. Agora, quem estava sorrindo era Juliane.

-Imagino que ela não seja muito barata. - Juliana comentou. - Mas compro ela de qualquer forma.

-Bobagem. - ela disse movendo as mãos no ar. - Fique com a bolsa como presente.

-Não posso aceitar. - Juliane disse indignada.

- É claro que pode aceitar! É só pegar a bolsa e ir. - ela disse com um sorriso. - Um senhora da minha idade já não liga para quanto vai receber. Eu tenho minha maneira de viver e gosto de fazer as pessoas sorrirem com suas bolsas. Fique com ela como presente.

Juliane não compreendeu o que ela realmente quis dizer. Mas aceitou a bolsa. Se despediu da senhora e saiu, satisfeita e feliz com sua bolsa, passou em uma conveniência, comprou um pacote de balas de menta e foi para casa. Ao chegar contou tudo ao seu noivo, detalhe por detalhe, esse, respondeu com um sorriso e disse que ela deveria continuar feliz, pois a chance daquilo acontecer novamente seria mínima. Ambos riram do acontecimento e enfim dormiram.

Juliane nunca se esqueceria daquilo. Nunca se esqueceria da senhora das bolsas.




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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado.
Beijos.
Bela